Demarquia - democracia sem eleições

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zumbi filosófico
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Demarquia - democracia sem eleições

Mensagem por zumbi filosófico »

Demarquia (em inglês: Demarchy) é um termo cunhado pelo filósofo australiano John Burnheim para descrever um sistema político sem Estado ou burocracia. Em seu lugar, este sistema político se basearia em grupos de decisores escolhidos aleatoriamente. Estes grupos, chamados "jurados políticos" (policy juries), "jurados civis" (citizens' juries) ou "Conferências de consenso" (Consensus Conferences), deliberariam e tomariam decisões sobre políticas públicas do mesmo modo que os jurados alcançam vereditos nos casos penais.

A demarquia tenta superar alguns dos problemas funcionais das democracias representativas convencionais, que na prática tem sido sujeitas à manipulação por parte de lobbies e que uma divisão entre políticos profissionais (incluindo nessa categoria os lobbistas) e um eleitorado basicamente passivo, descomprometido, inativo e freqüentemente desinformado. Segundo Burnheim, a eleição aleatória dos decisores políticos facilitaria aos cidadãos comuns participarem de forma significativa, e dificultaria que lobbies corrompessem o processo.

A democracia ateniense fez muito uso de sorteio de decisores, com praticamente todos os oficiais do governo preenchidos dessa forma em vez de eleições. Nas províncias canadenses de Columbia Britânica e Ontário, um grupo de cidadãos foi sorteado para criar a Assembléia sobre a Reforma Eleitoral para investigar e recomendar mudanças nos sistemas eleitorais das províncias.


Mais em:

http://en.wikipedia.org/wiki/Demarchy

___________________________________________

Fora os fatos inegáveis de ser maniqueísmo esquerdista e/ou RACISMO, o que acham?
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Herf
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Re.: Demarquia - democracia sem eleições

Mensagem por Herf »

Interessante.

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Anansi
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Re.: Demarquia - democracia sem eleições

Mensagem por Anansi »

Interessante. Mas o que garantiria que esse conselho de cidadãos escolhidos aleatoriamente iria cumprir as metas que lhe foram impostas?

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André
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Re: Demarquia - democracia sem eleições

Mensagem por André »

zumbi filosófico escreveu:Demarquia (em inglês: Demarchy) é um termo cunhado pelo filósofo australiano John Burnheim para descrever um sistema político sem Estado ou burocracia. Em seu lugar, este sistema político se basearia em grupos de decisores escolhidos aleatoriamente. Estes grupos, chamados "jurados políticos" (policy juries), "jurados civis" (citizens' juries) ou "Conferências de consenso" (Consensus Conferences), deliberariam e tomariam decisões sobre políticas públicas do mesmo modo que os jurados alcançam vereditos nos casos penais.

A demarquia tenta superar alguns dos problemas funcionais das democracias representativas convencionais, que na prática tem sido sujeitas à manipulação por parte de lobbies e que uma divisão entre políticos profissionais (incluindo nessa categoria os lobbistas) e um eleitorado basicamente passivo, descomprometido, inativo e freqüentemente desinformado. Segundo Burnheim, a eleição aleatória dos decisores políticos facilitaria aos cidadãos comuns participarem de forma significativa, e dificultaria que lobbies corrompessem o processo.

A democracia ateniense fez muito uso de sorteio de decisores, com praticamente todos os oficiais do governo preenchidos dessa forma em vez de eleições. Nas províncias canadenses de Columbia Britânica e Ontário, um grupo de cidadãos foi sorteado para criar a Assembléia sobre a Reforma Eleitoral para investigar e recomendar mudanças nos sistemas eleitorais das províncias.


Mais em:

http://en.wikipedia.org/wiki/Demarchy

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Fora os fatos inegáveis de ser maniqueísmo esquerdista e/ou RACISMO, o que acham?



Concordo com as críticas a democracia representativa e a corrupção dos processos, e atuação de lobbys tem demonstrado claramente seus problemas. Porém para mim a ampliação do poder do cidadão, o alargamento da participação popular, é uma solução melhor.

Pq o individuo sendo mais responsável pelo seu destino ele é pressionado a criar educação política, e ao longo do tempo é isso que vai acabar fazendo. Além disso, nada mais democrático que a própria população decidir os caminhos. Respeitando certos limites constitutivos das democracias obviamente. O alargamento seria relativo as esferas cultural, econômica, social... porém estaria obviamente vetada qualquer medida que rompa com os princípios formadores das democracias.

Os benefícios são muitos, melhor fiscalização dos políticos, esses podendo diminuir de numero, e havendo representação por região (distritos), melhor controle da decisão, e por conseqüência a diminuição dos bodes expiratórios. Pois qualquer um sabe a prática comum de colocar a culpa em alguém e se eximir, em um processo mais aberto, que a população controla,as pessoas terão que culpar a si mesmas. Se o processo for periódico vai com o tempo levar a decisões amadurecidas. Explico, quando se muda de governo é comum o novo destruir o que o velho fazia, ou o velho dificultar na transição, a competição faz isso, especialmente em quem não vê sentido no serviço público. Já um sistema mais aberto, isso não seria tão fácil de fazer, os políticos não teriam tanto poder, além disso, as propostas aprovadas pela população não poderiam ser descartadas, assim projetos de infra-estrutura, que podem levar décadas para ficarem prontos, estariam imunes as mudanças de quem está no poder. Eu já pensei muito sobre isso, o número de vantagens é gigantesco, e a única desvantagem o temor da população com poder pode ser contornado firmando as bases e os princípios que não cabe alterar, para manter o regime democrático.

Os erros, esses podem acelerar o aprendizado e a educação política, diferente dos erros dos políticos, que levam a uma responsabilização individual, que embora necessária é insuficiente, pois ao se colocar a culpa nele, se desvia dos problemas do sistema, e se aposta, com esperança, em outro "salvador da pátria" uma visão messiânica, idiota, péssima para educação política da população, mais danosa, e que estabelece os parâmetros da adoração ao chefe, ou frustração com ele, sendo tudo isso lixo político.
Visite a pagina do meu primeiro livro "A Nova Máquina do Tempo." http://www.andreteixeirajacobina.com.br/

Ou na Saraiva. Disponivel para todo Brasil.

http://www.livrariasaraiva.com.br/produ ... 0C1C301196


O herói é um cientista cético, um pensador político. O livro debate filosofia, política, questões ambientais, sociais, bioética, cosmologia, e muito mais, no contexto de uma aventura de ficção científica.

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zumbi filosófico
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Re.: Demarquia - democracia sem eleições

Mensagem por zumbi filosófico »

André escreveu:Porém para mim a ampliação do poder do cidadão, o alargamento da participação popular, é uma solução melhor.


Mas qual seria maior ampliação do poder do cidadão, da participação popular, do que este método, em que essencialmente os cidadãos é que "viram" os políticos?

É como se nem existisse mais a categoria "políticos", só "cidadãos".
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Ilovefoxes
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Re.: Demarquia - democracia sem eleições

Mensagem por Ilovefoxes »

Prefiro o sistema atual. Você vota no político com as propostas certas.
Se não dá certo, a culpa é sua por ter votado errado. Não venham me dizer que o povo é lá inocente depois de reelegerem Lula ou Hugo Chavéz.

"Maior participação" popular, como o André colocou, nunca funciona. Acabaria na mesma. As propostas seriam tão idiotas quanto os políticos que essas pessoas, que continuam as mesmas, escolhem.
As propagandas das propostas seriam tão populistas quanto as campanhas políticas.

E um grupo gigantesco de pessoas (povo) controlado por um menor (políticos) continua no mesmo princípio. Então fica a suscetível a problemas principais:

- O que impede cada parte da população criar líderes informais que coordene grupos com mesmas opiniões? Se isso acontecer, a tendência seria que as pessoas iriam querer esses líderes no lugar das pessoas escolhidas aleatoriamente. O poder estando na população, simplesmente lhes dá escolha de optar por isso ou não. Se você imaginar uma população coordenada por indivíduos escolhidas sem nenhum critério, com seus líderes populares por região, você já deve de imaginar uma "reforma constituinte" vindo da população.
Eu não estou dizendo simplesmente que as pessoas podem optar por outro sistema, e sim que isso ocorrer é praticamente garantido, devido ao jeito com que as pessoas funcionam em grupos.

- O que impede que no grupo aleatório de pessoas comece a criar grupos pequenos se tornando grupos grandes? Você não pode impedir duas pessoas de se encontrarem e trocarem opiniões, o que torna suscetível agrupamentos, em outras palavras, ditos partidos. Não é porque não há eleições e coisas parecidas, que o poder de grupos se torna menos superior na política.

- Isso não toma como partida que a população é mais honesta e justa? Se você olhar bem a população brasileira de hoje, você escolhendo aleatoriamente alguns patos acabaria com um grupo mais corrupto que o atual. Afinal, 60% das pessoas disseram que aceitariam o mensalão.
O que faz desse grupo menos suscetível ao suborno de uma empresa privada? Veja bem -- Hoje temos um presidente que teve uma das vidas mais luxuosas possível, passando 40 anos sem trabalhar, sendo líder sindical e presidente que ganha milhões ou bilhões por trás dos panos, e as pessoas acreditam que ele é um "coitadinho" como diz em sua campanha. Não só isso, o dinheiro que circula em uma órbita ao seu redor é impressionante, mas desculpas para crianças de 5 anos como "eu não sabia de nada" ou sabe-se lá o que já resolvem o problema diante da população -- como é possível acreditar que "a população estar monitorando" vai melhorar algo?

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André
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Re: Re.: Demarquia - democracia sem eleições

Mensagem por André »

zumbi filosófico escreveu:
André escreveu:Porém para mim a ampliação do poder do cidadão, o alargamento da participação popular, é uma solução melhor.


Mas qual seria maior ampliação do poder do cidadão, da participação popular, do que este método, em que essencialmente os cidadãos é que "viram" os políticos?

É como se nem existisse mais a categoria "políticos", só "cidadãos".


O critério aleatório não garante decisões democráticas pela maioria, seria comum um grupo minoritário aproveitar que é maioria entre os escolhidos, mas não é na população em geral, para realizar escolhas corporativas.

O alargamento da participação popular, e a diminuição do poder dos políticos é, para mim, uma solução melhor. Responsabiliza todos de forma clara pelas escolhas. Imagine o cara perder o emprego por uma decisão que realizou, ou perder dinheiro, isso vai ser suficiente para que ele se interesse pelo processo, se informe, e procure se organizar. Quando não se tem ninguém a culpar a não ser se próprio além de um sistema mais justo, levaria ao amadurecimento progressivo da população. Diminuiria e muito as personalizações da política, as campanhas focadas nos indivíduos, teriam que ser de disputa de idéias, de diferentes caminhos para solucionar os problemas. O que aumentaria um debate mais programático e de conteúdo, não o debate que leva a disputa de qualidades individuais, que é estéril, ridículo, e é apenas um entretenimento de massa, não agrega nada em termos de cultura política.

O fator “simpatia”, ou se identificar pessoalmente, acaba pesando para muitos o que é péssimo para democracia. Além disso, delegar poder para políticos é perigoso. Em termos de corrupção já vem demonstrando que não merecem esse poder todo, e é a concentração de poder que permite a corrupção. Além disso, agora está cada vez mais comum o Congresso, Senado... ser de pessoas compradas, o financiamento das campanhas determina muitas decisões, pois quem paga quer compensação, o lobby pró privados faz o Estado um instrumento de quem tem poder financeiro, mais especificamente dos conglomerados que tem poder financeiro, nos EUA a industria farmacêutica, entre outras, conseguem que leis formuladas por eles cheguem e sejam aparentemente formuladas por um congressista comprado, e essas leis são aprovadas. Contrariando o interesse da maioria da população. Como diria Rousseau, o povo pensa que é livre, mas não é, o é apenas no dia das eleições, depois volta a sua posição submissa sem poder.
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André
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Re: Re.: Demarquia - democracia sem eleições

Mensagem por André »

Ilovefoxes escreveu:Prefiro o sistema atual. Você vota no político com as propostas certas.
Se não dá certo, a culpa é sua por ter votado errado. Não venham me dizer que o povo é lá inocente depois de reelegerem Lula ou Hugo Chavéz.

"Maior participação" popular, como o André colocou, nunca funciona. Acabaria na mesma. As propostas seriam tão idiotas quanto os políticos que essas pessoas, que continuam as mesmas, escolhem.
As propagandas das propostas seriam tão populistas quanto as campanhas políticas.

E um grupo gigantesco de pessoas (povo) controlado por um menor (políticos) continua no mesmo princípio. Então fica a suscetível a problemas principais:

- O que impede cada parte da população criar líderes informais que coordene grupos com mesmas opiniões? Se isso acontecer, a tendência seria que as pessoas iriam querer esses líderes no lugar das pessoas escolhidas aleatoriamente. O poder estando na população, simplesmente lhes dá escolha de optar por isso ou não. Se você imaginar uma população coordenada por indivíduos escolhidas sem nenhum critério, com seus líderes populares por região, você já deve de imaginar uma "reforma constituinte" vindo da população.
Eu não estou dizendo simplesmente que as pessoas podem optar por outro sistema, e sim que isso ocorrer é praticamente garantido, devido ao jeito com que as pessoas funcionam em grupos.

- O que impede que no grupo aleatório de pessoas comece a criar grupos pequenos se tornando grupos grandes? Você não pode impedir duas pessoas de se encontrarem e trocarem opiniões, o que torna suscetível agrupamentos, em outras palavras, ditos partidos. Não é porque não há eleições e coisas parecidas, que o poder de grupos se torna menos superior na política.

- Isso não toma como partida que a população é mais honesta e justa? Se você olhar bem a população brasileira de hoje, você escolhendo aleatoriamente alguns patos acabaria com um grupo mais corrupto que o atual. Afinal, 60% das pessoas disseram que aceitariam o mensalão.
O que faz desse grupo menos suscetível ao suborno de uma empresa privada? Veja bem -- Hoje temos um presidente que teve uma das vidas mais luxuosas possível, passando 40 anos sem trabalhar, sendo líder sindical e presidente que ganha milhões ou bilhões por trás dos panos, e as pessoas acreditam que ele é um "coitadinho" como diz em sua campanha. Não só isso, o dinheiro que circula em uma órbita ao seu redor é impressionante, mas desculpas para crianças de 5 anos como "eu não sabia de nada" ou sabe-se lá o que já resolvem o problema diante da população -- como é possível acreditar que "a população estar monitorando" vai melhorar algo?


Nunca funciona...HUm. A tradição da maioria dos países é autoritária. Já Países como a Suíça, que tem Democracia semi-direita, desde do sec. XIX, fez um caminho diferente. As democracias mais avançadas estão justamente fazendo o caminho para maior participação popular, em alguns casos a população já é tão consciente e tem tanta educação política, que não permitiria mudanças que vão contra seus interesses.

Duvido que algum político conseguiria acabar com medicina socializada na Inglaterra. Se tentasse seria derrotado, o povo tomaria as ruas, pressionaria, e fim. França idem.

Países como o nosso precisam acelerar o processo de educação política, e nossa classe política já mostrou que não merece confiança. As pessoas que tem mais conteúdo que conheço cada vez se afastam mais da política, votam nulo, pois não vêem quem apoiar, até pq não há. A solução não está em apostar em indivíduos como se eles pudessem resolver, e sim nós coletivamente, buscarmos soluções, tendo mais responsabilidade, poder, sobre Estado e Mercado. Se cada individuo for soberano, não apenas alguns poucos, decisões acima das mudanças de quem está no poder são possíveis, claro, que seria necessário tempo para o debate, 2 anos é um tempo bom, já que de 2 em 2 anos votamos nos políticos, deveríamos escolher tb entre projetos relevantes. Exemplo queremos que o Estado saía da saúde, ou queremos socializar a saúde? Os partidos seriam obrigados a se dividir com base nisso, não por interesses, mas o que pensam diante de uma questão muito real.

E a população depois do debate, escolheria o caminho que entende melhor. Depois de um tempo poderia inclusive reverter a decisão, se entendesse que errou. E alguns que lamentam o erro como se fosse uma morte, eu, como vejo mais em longo prazo, a percepção do erro, teria um valor que ultrapassa, e muito, o erro em si.


P.S Sobre ser culpa do povo ter votado errado. Primeiro que não se aplica aos casos que vc citou pois o povo ainda não chegou a conclusão de forma absolutamente majoritária que errou. Vamos a outro exemplo Collor. Acabou deposto, se vc acha que as pessoas que votaram em Collor fizeram uma auto-analise, eu admiro seu otimismo. A grande maioria responsabilizou ele, isso é claro, assim como outros corruptos, a responsabilidade é dele. È assim que a maioria pensa. Se for vc a decidir não vai ter como fugir, vai ter que assumir a responsabilidade.

Repare, eu concordo que temos responsabilidade sobre nossos votos, mas a maioria não se auto-responsabiliza pelos atos de outros, prefere dizer que foi iludido, enganado e tira o seu. Logo responsabilizar mais direitamente, vai evitar isso.
Visite a pagina do meu primeiro livro "A Nova Máquina do Tempo." http://www.andreteixeirajacobina.com.br/

Ou na Saraiva. Disponivel para todo Brasil.

http://www.livrariasaraiva.com.br/produ ... 0C1C301196


O herói é um cientista cético, um pensador político. O livro debate filosofia, política, questões ambientais, sociais, bioética, cosmologia, e muito mais, no contexto de uma aventura de ficção científica.

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Ilovefoxes
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Re.: Demarquia - democracia sem eleições

Mensagem por Ilovefoxes »

Nunca funciona...HUm. A tradição da maioria dos países é autoritária. Já Países como a Suíça, que tem Democracia semi-direita, desde do sec. XIX, fez um caminho diferente. As democracias mais avançadas estão justamente fazendo o caminho para maior participação popular, em alguns casos a população já é tão consciente e tem tanta educação política, que não permitiria mudanças que vão contra seus interesses.
Peraí, mas você diz "consciente" e "educação política", então o problema são as pessoas ou o sistema político?
Duvido que algum político conseguiria acabar com medicina socializada na Inglaterra. Se tentasse seria derrotado, o povo tomaria as ruas, pressionaria, e fim. França idem.
Sim.
Meu professor de Biologia viajou para Portugal e contou, diferente do Brasil, caso no imposto haja algo que eles não saibam o que é, reúnem a comunidade e vão até a prefeitura.

Novamente, isso é questão de como as pessoas são. Não tem a ver com o sistema político.
Países como o nosso precisam acelerar o processo de educação política, e nossa classe política já mostrou que não merece confiança. As pessoas que tem mais conteúdo que conheço cada vez se afastam mais da política, votam nulo, pois não vêem quem apoiar, até pq não há. A solução não está em apostar em indivíduos como se eles pudessem resolver, e sim nós coletivamente, buscarmos soluções, tendo mais responsabilidade, poder, sobre Estado e Mercado. Se cada individuo for soberano, não apenas alguns poucos, decisões acima das mudanças de quem está no poder são possíveis, claro, que seria necessário tempo para o debate, 2 anos é um tempo bom, já que de 2 em 2 anos votamos nos políticos, deveríamos escolher tb entre projetos relevantes. Exemplo queremos que o Estado saía da saúde, ou queremos socializar a saúde? Os partidos seriam obrigados a se dividir com base nisso, não por interesses, mas o que pensam diante de uma questão muito real.
Mas que diferença faz?
Queremos um governo honesto ou corrupto? E o que temos aí?
O que leva a acreditar que as mesmas pessoas que escolhem um governo corrupto, vão optar melhor em sabe-se lá o que?
E a população depois do debate, escolheria o caminho que entende melhor. Depois de um tempo poderia inclusive reverter a decisão, se entendesse que errou. E alguns que lamentam o erro como se fosse uma morte, eu, como vejo mais em longo prazo, a percepção do erro, teria um valor que ultrapassa, e muito, o erro em si.
Mas esse mesmo argumento pode ser usado quanto a política atual.
Que depois do debate, depois da campanha, as pessoas estão no caminho para escolher o melhor candidato - o que no Brasil acontece exatamente o oposto.
E o mesmo poderia se dizer quanto corrigir o erro, quando parece que a coisa não pode piorar, quando vem a próxima eleição reelegem o que foi ruim ou escolhem alguém muito pior.
P.S Sobre ser culpa do povo ter votado errado. Primeiro que não se aplica aos casos que vc citou pois o povo ainda não chegou a conclusão de forma absolutamente majoritária que errou. Vamos a outro exemplo Collor. Acabou deposto, se vc acha que as pessoas que votaram em Collor fizeram uma auto-analise, eu admiro seu otimismo. A grande maioria responsabilizou ele, isso é claro, assim como outros corruptos, a responsabilidade é dele. È assim que a maioria pensa. Se for vc a decidir não vai ter como fugir, vai ter que assumir a responsabilidade.
Ih, não tenho esperança nenhuma que o brasileiro pense que ele tem culpa em algo que acontece no congresso.
Mas você sabe, é o irônico pensamento terceiro mundista, gente que vota amarelo e reclama que agora tem só amarelo. Quanto de corrupção tem entre os deputados? 90% dos mensaleiros e sanguessugas foram reeleitos, indefinido de auto-análise ou não das pessoas, vá me dizer que elas não tem culpa?
Repare, eu concordo que temos responsabilidade sobre nossos votos, mas a maioria não se auto-responsabiliza pelos atos de outros, prefere dizer que foi iludido, enganado e tira o seu. Logo responsabilizar mais direitamente, vai evitar isso.
Vai nada. Indefinido da situação, quem não quer assumir, não assume.
Já é ridículo dizerem que foram iludidos. Depois de tudo que o PT fez, as pessoas mantém os adesivos de estrelas vermelhas nos carros. Isso é iludir a si mesmo, não ser iludido.
Porque você acha que elas não se submeteriam ao ridículo, e dizer que a culpa é só desse grupo selecionado aleatoriaente, ou que a culpa é das propagandas na televisão ou de videogames violentos?

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André
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Re: Re.: Demarquia - democracia sem eleições

Mensagem por André »

Ilovefoxes escreveu:
Nunca funciona...HUm. A tradição da maioria dos países é autoritária. Já Países como a Suíça, que tem Democracia semi-direita, desde do sec. XIX, fez um caminho diferente. As democracias mais avançadas estão justamente fazendo o caminho para maior participação popular, em alguns casos a população já é tão consciente e tem tanta educação política, que não permitiria mudanças que vão contra seus interesses.
Peraí, mas você diz "consciente" e "educação política", então o problema são as pessoas ou o sistema político?
Duvido que algum político conseguiria acabar com medicina socializada na Inglaterra. Se tentasse seria derrotado, o povo tomaria as ruas, pressionaria, e fim. França idem.
Sim.
Meu professor de Biologia viajou para Portugal e contou, diferente do Brasil, caso no imposto haja algo que eles não saibam o que é, reúnem a comunidade e vão até a prefeitura.

Novamente, isso é questão de como as pessoas são. Não tem a ver com o sistema político.
Países como o nosso precisam acelerar o processo de educação política, e nossa classe política já mostrou que não merece confiança. As pessoas que tem mais conteúdo que conheço cada vez se afastam mais da política, votam nulo, pois não vêem quem apoiar, até pq não há. A solução não está em apostar em indivíduos como se eles pudessem resolver, e sim nós coletivamente, buscarmos soluções, tendo mais responsabilidade, poder, sobre Estado e Mercado. Se cada individuo for soberano, não apenas alguns poucos, decisões acima das mudanças de quem está no poder são possíveis, claro, que seria necessário tempo para o debate, 2 anos é um tempo bom, já que de 2 em 2 anos votamos nos políticos, deveríamos escolher tb entre projetos relevantes. Exemplo queremos que o Estado saía da saúde, ou queremos socializar a saúde? Os partidos seriam obrigados a se dividir com base nisso, não por interesses, mas o que pensam diante de uma questão muito real.
Mas que diferença faz?
Queremos um governo honesto ou corrupto? E o que temos aí?
O que leva a acreditar que as mesmas pessoas que escolhem um governo corrupto, vão optar melhor em sabe-se lá o que?
E a população depois do debate, escolheria o caminho que entende melhor. Depois de um tempo poderia inclusive reverter a decisão, se entendesse que errou. E alguns que lamentam o erro como se fosse uma morte, eu, como vejo mais em longo prazo, a percepção do erro, teria um valor que ultrapassa, e muito, o erro em si.
Mas esse mesmo argumento pode ser usado quanto a política atual.
Que depois do debate, depois da campanha, as pessoas estão no caminho para escolher o melhor candidato - o que no Brasil acontece exatamente o oposto.
E o mesmo poderia se dizer quanto corrigir o erro, quando parece que a coisa não pode piorar, quando vem a próxima eleição reelegem o que foi ruim ou escolhem alguém muito pior.
P.S Sobre ser culpa do povo ter votado errado. Primeiro que não se aplica aos casos que vc citou pois o povo ainda não chegou a conclusão de forma absolutamente majoritária que errou. Vamos a outro exemplo Collor. Acabou deposto, se vc acha que as pessoas que votaram em Collor fizeram uma auto-analise, eu admiro seu otimismo. A grande maioria responsabilizou ele, isso é claro, assim como outros corruptos, a responsabilidade é dele. È assim que a maioria pensa. Se for vc a decidir não vai ter como fugir, vai ter que assumir a responsabilidade.
Ih, não tenho esperança nenhuma que o brasileiro pense que ele tem culpa em algo que acontece no congresso.
Mas você sabe, é o irônico pensamento terceiro mundista, gente que vota amarelo e reclama que agora tem só amarelo. Quanto de corrupção tem entre os deputados? 90% dos mensaleiros e sanguessugas foram reeleitos, indefinido de auto-análise ou não das pessoas, vá me dizer que elas não tem culpa?
Repare, eu concordo que temos responsabilidade sobre nossos votos, mas a maioria não se auto-responsabiliza pelos atos de outros, prefere dizer que foi iludido, enganado e tira o seu. Logo responsabilizar mais direitamente, vai evitar isso.
Vai nada. Indefinido da situação, quem não quer assumir, não assume.
Já é ridículo dizerem que foram iludidos. Depois de tudo que o PT fez, as pessoas mantém os adesivos de estrelas vermelhas nos carros. Isso é iludir a si mesmo, não ser iludido.
Porque você acha que elas não se submeteriam ao ridículo, e dizer que a culpa é só desse grupo selecionado aleatoriaente, ou que a culpa é das propagandas na televisão ou de videogames violentos?


Não há bons políticos. Ou melhor, na verdade há e são uma minoria presente em diversos partidos, não concentrada em nenhum. Não há dessa forma como eleger os certos sempre, eu voto no menos pior, mas já houve eleição que as alternativas eram tão ruins que me vi obrigado a anular meu voto. Logo eles optam por um governo corrupto pq não há outro, a nossa direita, vide um PFL da vida, é pior do que PT, PSDB... Não que esses se salvem, mas enfim.

PMDB é partido de oportunistas. Para ficar em 4 grandes.

Logo não é mudança de quem está no poder, isso não vai levar a nenhuma grande mudança, mas sim de como se exerce o poder. Para mim a maioria dos brasileiros é constituída de pessoas honestas, e trabalhadoras, logo se elas tiverem o poder isso vai se refletir, com o tempo, na administração do poder. Lógico que tem pouca cultura, e educação, mas a educação política um sistema mais direto vai inclusive acelerar.

O problema é o sistema e as pessoas. Porém a mudança de sistema, para um mais democrático, vai pressionar uma mudança nas pessoas, em assumir mais responsabilidade pelo seu destino e dos outros. É mais justo e mais educativo, ao mesmo tempo.

Alguns dos outros benefícios já falei em n mensagens. Poderia escrever 50 paginas defendendo. Já devo ter escrito até mais que isso. Tudo que estudei de História, e política, apenas fortaleceu essa posição. Alias foi em aulas com debates que fui adotando essa posição aos poucos, e quanto mais via os problemas da democracia representativa mais ficava convencido, diferentemente dos autoritários e elitistas que viam solução em sistemas onde poucos têm o poder, percebi que a descentralização do poder, aumentar o poder dos cidadãos, limitando de todas as elites, sejam elas políticas ou econômicas, era o melhor caminho. Isso fortaleceu a minha rejeição a todos os projetos de concentração de poder.

Alias nisso concordo muito com Jefferson, presidente americano, quando diz que é o governo que deve temer o povo e não o povo temer o governo. Liberdade de fato há apenas assim, quando a população tem o poder.

O poder apenas de eleger, quando o sistema está corrompido, é insuficiente. Como Rousseau já apontava. Não havendo boas alternativas, e os representantes agindo em nome próprio ou dos seus financiadores, os ideais da democracia representativa não se materializam, fica apenas nisso, ideais, bons para discurso.
Visite a pagina do meu primeiro livro "A Nova Máquina do Tempo." http://www.andreteixeirajacobina.com.br/

Ou na Saraiva. Disponivel para todo Brasil.

http://www.livrariasaraiva.com.br/produ ... 0C1C301196


O herói é um cientista cético, um pensador político. O livro debate filosofia, política, questões ambientais, sociais, bioética, cosmologia, e muito mais, no contexto de uma aventura de ficção científica.

Trancado