Justiça recusa US$ 35 milhões de Abadía

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SickBoy
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Justiça recusa US$ 35 milhões de Abadía

Mensagem por SickBoy »

A Justiça recusou a oferta do megatraficante colombiano Juan Carlos Ramírez Abadía de entregar US$ 35 milhões (R$ 60,7 milhões), que estariam escondidos no Brasil, em troca de benefícios. Entre os pedidos, Abadía queria que o juiz não determinasse que ele cumpra a pena no Brasil, o que facilitaria a sua extradição para os Estados Unidos, e que sua mulher fosse anistiada e expulsa do país.

Além de dar “aproximadamente US$ 35 milhões”, como está na proposta, o traficante disse que delataria um brasileiro que o ajudou, e três colombianos de sua quadrilha se entregariam à Justiça dos Estados Unidos. Como último pedido, o colombiano quer a extinção da pena de sua mulher, Yessica Paola Rojas Morales.

O juiz federal Fausto Martin de Sanctis não quis se pronunciar sobre as razões da recusa. A reportagem apurou, porém, que ele considerou que a proposta, se aceita, passaria a impressão de que o traficante comprara a Justiça brasileira. Sanctis queria mais detalhes (quem ajudou a trazer o dinheiro para o Brasil, como lavava os recursos), mas o traficante não respondeu.

O juiz considerou que a proposta avançava sobre suas atribuições ao determinar em um acordo prévio quais seriam os benefícios. A regra nos crimes de lavagem de dinheiro é o juiz determinar ao final da delação quais são os benefícios que o réu terá.

A procuradora Thaméa Valiengo era favorável ao acordo e disse lamentar a recusa do juiz. Segundo ela, a Justiça brasileira não seria ultrajada porque Abadía deve ser extraditado para os EUA e lá a pena deve ser mais rigorosa.

Os EUA acusam-no de tráfico internacional e de ter ordenado 15 homicídios – na Colômbia, ele é acusado como o mandante de mais de 300 mortes. Ele é apontado pelos EUA como um dos maiores traficantes do mundo, dono de uma fortuna estimada em cerca de US$ 1 bilhão.

O advogado de Abadía, Luiz Guilherme Battaglin Macieal, disse que a prova da legalidade da proposta era o fato de ser sido endossada pelo Ministério Público Federal.

“O Abadía já contribuiu com a Justiça, já entregou R$ 10 milhões em bens, R$ 4 milhões em dinheiro e não recebeu nada em troca. Ele quer colaborar, mas isso (a falta de benefícios) dá muita insegurança”, afirmou.


Gazeta do Povo, 17 de janeiro de 2008

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RicardoVitor
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Re.: Justiça recusa US$ 35 milhões de Abadía

Mensagem por RicardoVitor »

Nas raras ocasiões em que recusam, viram notícias de capa de jornal... Triste realidade :emoticon8:
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Ilovefoxes
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Re: Re.: Justiça recusa US$ 35 milhões de Abadía

Mensagem por Ilovefoxes »

RicardoVitor escreveu:Nas raras ocasiões em que recusam, viram notícias de capa de jornal... Triste realidade :emoticon8:
Em terra de cego, quem tem um olho é rei.

Ele quer colaborar, mas isso (a falta de benefícios) dá muita insegurança
Tão comovente, já tô sentindo pena dele...

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SickBoy
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Re.: Justiça recusa US$ 35 milhões de Abadía

Mensagem por SickBoy »

Juiz ordena que Abadía entregue os US$ 40 MI

A tentativa de acordo do megatraficante Juan Carlos Ramírez Abadía com a Justiça Federal custou nova decretação de prisão contra ele e a intimação para que indique e entregue em 48 horas os US$ 35 milhões a US$ 40 milhões que admite ter escondidos no País. O juiz Fausto Martin De Sanctis, da 6ª Vara Criminal Federal, justifica na sentença que, mesmo estando detido no presídio federal de Campo Grande (MT), Abadía deu “claras evidências de continuidade da atividade delitiva” que “denotaram a reiteração criminosa” do narcotraficante, “afetando a credibilidade do Poder Judiciário Federal”.

A ordem judicial foi proferida anteontem, mesmo dia que Abadía veio a São Paulo oferecer “informações valiosas a serem prestadas sobre o tráfico internacional de drogas” e entregar “a quantia de US$ 40 milhões que se encontraria no Brasil”. Mas, na audiência solicitada por Abadía, o traficante mediu as informações e reduziu o valor previamente ofertado para US$ 35 milhões, condicionando a entrega do dinheiro e do paradeiro de comparsas a garantias que o juiz teria de dar, como reconhecer e formalizar a delação premiada - pedia a absolvição da mulher, transferência de presídio e que deixasse de cumprir a pena no Brasil assim que saísse sua extradição para os Estados Unidos.

Além de rechaçar o acordo, De Sanctis valeu-se das confissões de Abadía para dar a nova sentença. Nela, ele também determina que a Polícia Federal dê continuidade às investigações sobre outros integrantes da quadrilha do colombiano e adote “as providências necessárias para a localização do numerário” ocultados por Abadía no Brasil. Cobra formalmente do Ministério Público Federal “providências (...) diante da notícia da conduta criminosa de lavagem de valores”, o que pode resultar em novas acusações ou na abertura de um novo processo contra o colombiano - ele já responde por lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, corrupção ativa e uso de documento falso, crimes cujas penas vão de 8 a 31 anos de prisão. E também decreta “o seqüestro dos valores mencionados pelo acusado”, mesmo sem ter qualquer pista sobre onde estariam escondidos.

Sobre as informações prestadas no depoimento, o juiz afirma que “não vigora o direito ao silêncio”. “Ao contrário, cuida-se de afirmação relevante (admissão de fato criminoso) perante a Justiça Federal como forma de obtenção de benefício que se mostrou inadequado.”

Para decretar a nova prisão, De Sanctis avocou “a garantia da ordem pública (...) como forma de resguardar a credibilidade e respeitabilidade das instituições públicas, que se vêem seriamente ameaçadas pela atuação do acusado”. “Não se trata de atuação desmedida, (...) mas de obrigação de repressão e prevenção eficaz e célere contra condutas dessa natureza, em tese atribuídas ao acusado e demais auxiliares”, concluiu De Sanctis.

O Estado de São Paulo, 18 de janeiro de 2008

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Apo
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Re.: Justiça recusa US$ 35 milhões de Abadía

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Negociar com bandido é fogo..
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