Anansi escreveu:A atitude mais misericordiosa, e você nem aventou essa possibilidade, seria não matar todos os malditos pais, mães, tios, avós, primos e irmãos mais velhos dessas crianças!
É claro!
Mas minha análise partiu do ponto em que foi decidido que os adultos amalequitas deveriam ser executados. Resolvido isso, sobra a questão: e o que fazer com as crianças?
Resolvi abordar esse ponto porque ele é usado como argumento independente para criticar as ações divinas. Jeová pode ser criticado, e o é com freqüência, por ter ordenado a matança dos amalequitas. Mas a inclusão das crianças no rol das vítimas é citado como agravante. O Acauan, por exemplo, ao tratar do caso certa vez, ignorou todo o resto e citou apenas a questão da morte das crianças de peito. Na certa o fez para ser seletivo e sucinto. Optou assim por usar apenas o caso mais extremo. O ponto que estou defendendo é que não necessariamente a inclusão das crianças deva ser reputada como um agravante, podendo, dependendo do ângulo que se olhe, ser vista até como atenuante.
Quanto à questão primitiva, que origina as demais, que é porque afinal os amalequitas deveriam ser mortos, você observou que o mais misericordioso seria poupá-los. Irrefutável.
Fazendo agora o papel de advogado do diabo (ou melhor, de Deus, nesse caso
), o que os crentes diriam é que Deus é não apenas misericordioso, como também justo. E que um ser perfeito necessariamente precisaria usar tanto a justiça quanto a misericórdia, conforme o caso (ou o uso combinado de ambas); sendo impossível um Ser agir com perfeição usando sempre (e apenas) a misericórdia ou a justiça. Ou seja, que só dá para ser perfeito sendo ora misericordioso, ora justo, dependendo da situação. (Ou, em outras palavras, é impossível ser perfeito sendo sempre apenas misericordioso ou sempre apenas justo.)
A continuação do raciocínio é que no caso dos amalequitas Deus precisava ser justo, em vez de misericordioso. E que eles haviam cometido faltas tão graves que a retribuição justa para o caso deles era a morte. Acho que terminariam concluindo que Deus foi justo para com os adultos e misericordioso para com as crianças.
O que restaria seria provar a gravidade das faltas e a justiça de sua pena. (Pouco, né?
)