Projeto libera interrupção da gravidez até 3 primeiros meses

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RCAdeBH
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Re: Projeto libera interrupção da gravidez até 3 primeiros meses

Mensagem por RCAdeBH »

Apo escreveu:Não tem , não. Passeie pelo Brasil e veja o quanto é difícil achar estes tais anticoncepcionais que o governo diz que distribui. E se for comprimido, vai ficar procurando em vários lugares todo mês?


Olha, Apo, desculpe a insistência mas tem sim. É só procurar. Mas mesmo que não tenha, estes mesmos anticoncepcionas são vendidos a 3 reais a cartela ou a 7 reais a injeção para 3 meses. Seria absurdo falar que o preço é proibitivo?

Apo escreveu:Além deste problema, vamos falar de aborto, já que anticoncepção não é o único problema? Tem educação do povo antes, gente doida desparafusada, problemas mentais graves, desemprego, abandono ....


Sim, mas isso é exceção. A grande maioria das mulheres sabem o que estão fazendo. E mulheres com problemas mentais são laqueadas na primeira gravidez. Desemprego seria mais um motivo para não quererem filhos.

Apo escreveu:Pois é, parece que injeção na veia faz a gente ter acesso mais rápido a umas coisas bem interessantes. :emoticon4:


:emoticon5:

Apo escreveu:Não. É a mesma. Parece que você só conhece mulheres normais, dentro de todos os padrões de discernimento e intelectualizadas. Todas adultas e com famílias bem formadas...que bonitinho...


Não. Qualquer mulher sabe como fazer filhos e como evita-los, isso não é questão de cultura.
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Acauan
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Re: Projeto libera interrupção da gravidez até 3 primeiros meses

Mensagem por Acauan »

Apo escreveu:Já foi dito aqui e explicado por gente muito mais gabaritada que eu para tal, em que se baseia a questão do direito de um embrião ( tendo ele SNC ou não). É absurdo que um ser que ainda não tenha o mínimo conhecimento do que seja existência e dos riscos que pode estar correndo sem ser desejado ou viável , tenha mais direitos de dar seu parecer do que aqueles que pré-existem a ele civil e juridicamente. Não é possível simplificar. Se fosse assim, seu filho escolheria desde cedo (a você caberia a abstenção e a lei o endossaria ) tudo o que diz respeito a ele: onde vai, com quem vai, o que fazer, o que não fazer, se quer se jogar pela janela ou não brincando de homem Aranha. Ele seria independente para todos os efeitos. E não é assim.


Obviamente não é assim.
A única coisa que a proibição do aborto garante é o direito do feto a vida, tudo o mais são outras questões.
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Apo
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Re: Projeto libera interrupção da gravidez até 3 primeiros meses

Mensagem por Apo »

RCAdeBH escreveu:
Apo escreveu:Não tem , não. Passeie pelo Brasil e veja o quanto é difícil achar estes tais anticoncepcionais que o governo diz que distribui. E se for comprimido, vai ficar procurando em vários lugares todo mês?


Olha, Apo, desculpe a insistência mas tem sim. É só procurar. Mas mesmo que não tenha, estes mesmos anticoncepcionas são vendidos a 3 reais a cartela ou a 7 reais a injeção para 3 meses. Seria absurdo falar que o preço é proibitivo?


As mulheres que eu vi falando na TV e algumas "funcionárias " minhas, estariam inventando coisas para justificar os filhos que insistem em brotar dentro delas? Não acho caro, não, mas isto quando se tem emprego ou quando o marido não se opõe. Tem homem que quer filho ou então vai ter confusão dentro em breve.
Mesmo assim, este assunto da anticoncepção não é o único que resolve a questão de ter ou não filhos, e muito menos disponibilizar o medicamento resolve o problema. Tem gente que pega a cartela e perde no momento seguinte.

Apo escreveu:Além deste problema, vamos falar de aborto, já que anticoncepção não é o único problema? Tem educação do povo antes, gente doida desparafusada, problemas mentais graves, desemprego, abandono ....


Sim, mas isso é exceção. A grande maioria das mulheres sabem o que estão fazendo. E mulheres com problemas mentais são laqueadas na primeira gravidez. Desemprego seria mais um motivo para não quererem filhos.


Maioria? Sei lá. Não tenho assim esta certeza. O ser humano é bizarro. Os homens que fazem estes filhos nas mulheres, mais ainda. Temos cabos de força agindo por todos os lados. E os embriões é que pagam a conta.

Apo escreveu:Pois é, parece que injeção na veia faz a gente ter acesso mais rápido a umas coisas bem interessantes. :emoticon4:


:emoticon5:


Brincadeirinha, poxa.

Apo escreveu:Não. É a mesma. Parece que você só conhece mulheres normais, dentro de todos os padrões de discernimento e intelectualizadas. Todas adultas e com famílias bem formadas...que bonitinho...


Não. Qualquer mulher sabe como fazer filhos e como evita-los, isso não é questão de cultura.
[/quote]

Não. Não sabem. Não tem idade para saber. Não estão preparadas para dizer não na hora. Não sabem como pedir ajuda em casa. Não há educação e nem ambiente para tal. Tem medo. São ignorantes . São criadas como inferiores. São bobinhas. São adolescentes ou adultas que acham que nunca vai acontecer com elas.
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Re: Projeto libera interrupção da gravidez até 3 primeiros meses

Mensagem por Apo »

Acauan escreveu:
Apo escreveu:Já foi dito aqui e explicado por gente muito mais gabaritada que eu para tal, em que se baseia a questão do direito de um embrião ( tendo ele SNC ou não). É absurdo que um ser que ainda não tenha o mínimo conhecimento do que seja existência e dos riscos que pode estar correndo sem ser desejado ou viável , tenha mais direitos de dar seu parecer do que aqueles que pré-existem a ele civil e juridicamente. Não é possível simplificar. Se fosse assim, seu filho escolheria desde cedo (a você caberia a abstenção e a lei o endossaria ) tudo o que diz respeito a ele: onde vai, com quem vai, o que fazer, o que não fazer, se quer se jogar pela janela ou não brincando de homem Aranha. Ele seria independente para todos os efeitos. E não é assim.


Obviamente não é assim.
A única coisa que a proibição do aborto garante é o direito do feto a vida, tudo o mais são outras questões.



Ah bom. "Outras questões" fazem parte deste pacote. Sinto dizer.
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O ENCOSTO
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Re: Projeto libera interrupção da gravidez até 3 primeiros meses

Mensagem por O ENCOSTO »

Apo escreveu:
O ENCOSTO escreveu:Tá facil mesmo. E as tais farmacias populares vendem injeções por algo em torno de R$3,00.

Porém, estou sempre a disposição para verificar possiveis provas desta sua denuncia.



Passeou direitinho pela Brasil? Tem certeza?



Fico no aguardo de provas. Quem afirmou que há tal dicifuldade foi você. Eu posso falar pelo Rio Grande do Sul.

Se há aqui, não vejo motivos para não exitir em cidades mais afastadas dos grande centros.


Só afirmar não adianta.
O ENCOSTO


http://www.manualdochurrasco.com.br/
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Onde houver fé, levarei a dúvida.

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RCAdeBH
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Re: Projeto libera interrupção da gravidez até 3 primeiros meses

Mensagem por RCAdeBH »

Apo escreveu:As mulheres que eu vi falando na TV e algumas "funcionárias " minhas, estariam inventando coisas para justificar os filhos que insistem em brotar dentro delas?


Acho que sim, elas estão passando a conversa em voce.

Apo escreveu:Não acho caro, não, mas isto quando se tem emprego ou quando o marido não se opõe. Tem homem que quer filho ou então vai ter confusão dentro em breve.


Isso é interessante... agora a culpa é dos homens que "querem" filhos? Bem, se eles querem filhos com certeza esses não serão abortados. Fica todo mundo feliz.

Apo escreveu:Mesmo assim, este assunto da anticoncepção não é o único que resolve a questão de ter ou não filhos, e muito menos disponibilizar o medicamento resolve o problema. Tem gente que pega a cartela e perde no momento seguinte.


Aí é complicado... estranho é que elas não perdem uma nota de 50 reais nem a pau.

Apo escreveu:Não. Não sabem. Não tem idade para saber. Não estão preparadas para dizer não na hora. Não sabem como pedir ajuda em casa. Não há educação e nem ambiente para tal. Tem medo. São ignorantes . São criadas como inferiores. São bobinhas. São adolescentes ou adultas que acham que nunca vai acontecer com elas.
" Saber " é uma coisa. Colocar em prática na vida é outra, bem diferente.


Não acredito que uma mulher que está disposta a transar não saiba o que é ou como se dá uma gravidez. Esse discurso acima cabia bem a 20 anos atras. Hoje a responsabilidade maior é da mulher, porque ELA tem a liberdade sexual que não tinha, não o homem. Não estou falando que o homem não tem culpa numa gravidez indesejada , claro que tem, mas a escolha é sempre primeiro da mulher.
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Re: Projeto libera interrupção da gravidez até 3 primeiros meses

Mensagem por Apo »

RCAdeBH escreveu:
Apo escreveu:As mulheres que eu vi falando na TV e algumas "funcionárias " minhas, estariam inventando coisas para justificar os filhos que insistem em brotar dentro delas?


Acho que sim, elas estão passando a conversa em voce.


É. Vou deixar de me preocupar tanto com a gravidez, os filhos e a vida alheia. Mentoroso e cara de pau merece jogar filho na vala e a criança também merece os pais que teve. O problema não é meu.
Apo escreveu:Não acho caro, não, mas isto quando se tem emprego ou quando o marido não se opõe. Tem homem que quer filho ou então vai ter confusão dentro em breve.


Isso é interessante... agora a culpa é dos homens que "querem" filhos? Bem, se eles querem filhos com certeza esses não serão abortados. Fica todo mundo feliz.


Você tá brincando, só pode. Homens que querem filhos são por acaso responsáveis depois do ato feito? Geralmente são são os que dão no pé, em busca de outro depositário de seus gens. Feliz o quê...

Apo escreveu:Mesmo assim, este assunto da anticoncepção não é o único que resolve a questão de ter ou não filhos, e muito menos disponibilizar o medicamento resolve o problema. Tem gente que pega a cartela e perde no momento seguinte.


Aí é complicado... estranho é que elas não perdem uma nota de 50 reais nem a pau.


Pra você ver. Filho pode ser rentável e pode ser um estorvo. Dependo do tamanho do oco na cabeça.

Apo escreveu:Não. Não sabem. Não tem idade para saber. Não estão preparadas para dizer não na hora. Não sabem como pedir ajuda em casa. Não há educação e nem ambiente para tal. Tem medo. São ignorantes . São criadas como inferiores. São bobinhas. São adolescentes ou adultas que acham que nunca vai acontecer com elas.
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Não acredito que uma mulher que está disposta a transar não saiba o que é ou como se dá uma gravidez. Esse discurso acima cabia bem a 20 anos atras. Hoje a responsabilidade maior é da mulher, porque ELA tem a liberdade sexual que não tinha, não o homem. Não estou falando que o homem não tem culpa numa gravidez indesejada , claro que tem, mas a escolha é sempre primeiro da mulher.


Romantismos eu não discuto. São licenças poéticas. Mas realmente, quem se ferra é a mulher, nos casos de homens irresponsáveis e crápulas ( ainda a maioria circulantes). Nos demais casos, como gravidez de filhas menores, ou com síndromes ( como Down), estupros em geral ( nem todo estupro é reconhecido como sendo) e outros casos , em que mais pessoas da família estejam envolvidas ( como crianças com mal formação), eu acho que todos se machucam, se estressam, e até se isolam uns dos outros. Não vê estas coisas quem não quer.

E acho que enquanto ficarmos a olhar para o fato com olhos tão inocentes, muita criança vai aparecer em saco plástico e muitas mulheres e famílias sofrerão porque o Estado assim quis, e porque anti-abortistas ( que não vão se envolver no caso, apenas dão palpite onde não deveriam) também insistem em ficar empacados.
Poucos de nós estão livres de algo assim.
Mas uma coisa é certa: se acontecer com uma filha minha, as decisões serão tomadas entre nós (ela, um bom médico e aqueles que estiverem envolvidos). A menos que o Estado se importe realmente e nos dê ouvidos, ele e todos os estranhos que se danem.
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spink
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Re: Projeto libera interrupção da gravidez até 3 primeiros meses

Mensagem por spink »

quanta querela!!
minha mulher - casada comigo - já fez 2 abortos...
e dai???
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Re: Projeto libera interrupção da gravidez até 3 primeiros meses

Mensagem por Apo »

spink escreveu:quanta querela!!
minha mulher - casada comigo - já fez 2 abortos...
e dai???



E agora que você está assumindo ser um assassino criminoso pois é cúmplice desta monstruosidade.

Eu já acompanhei uma amiga que engravidou porque a pílula ficou na outra bolsa e ela estava envolvida com o cara. Mas ele era casado ( sem ela saber, o que a fez imediatamente optar pelo aborto). Fui junto e me senti mal. Mas passou. Ela não teria a menor chance, solteira e filha única, com pais extremamente religiosos e opressores, de continuar com aquilo.
Sou cúmplice, perante a lei. Fazer o quê?
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RCAdeBH
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Re: Projeto libera interrupção da gravidez até 3 primeiros meses

Mensagem por RCAdeBH »

spink escreveu:quanta querela!!
minha mulher - casada comigo - já fez 2 abortos...
e dai???


Parabéns !!!
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spink
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Re: Projeto libera interrupção da gravidez até 3 primeiros meses

Mensagem por spink »

Apo escreveu:
spink escreveu:quanta querela!!
minha mulher - casada comigo - já fez 2 abortos...
e dai???



E agora que você está assumindo ser um assassino criminoso pois é cúmplice desta monstruosidade.

Eu já acompanhei uma amiga que engravidou porque a pílula ficou na outra bolsa e ela estava envolvida com o cara. Mas ele era casado ( sem ela saber, o que a fez imediatamente optar pelo aborto). Fui junto e me senti mal. Mas passou. Ela não teria a menor chance, solteira e filha única, com pais extremamente religiosos e opressores, de continuar com aquilo.
Sou cúmplice, perante a lei. Fazer o quê?


nesse quesito sou tão amoral como o capitalismo. :emoticon12:
se bem que a primeira nação a aceitar o aborto foi a urss.
talvez daí venha tanto ódio...
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Claudio Loredo
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Re: Projeto libera interrupção da gravidez até 3 primeiros meses

Mensagem por Claudio Loredo »

Acauan escreveu:
Suas afirmações são contraditórias entre si. Se você acha que não se pode cobrar certas responsabilidades dos pobres, isto implica que eles devem ser tutelados quanto a estas responsabilidades, o que, em última instância, significa que pobres não têm capacidade para assumir as responsabilidades em questão e assim devem transferi-las a outros, abrindo mão das liberdades que são contrapartida destas responsabilidades.

Um pensamento extremamente perigoso, inconsciente e involuntariamente cheio de ideologia totalitária.




Não tem nada a ver com totalitarismo o que eu disse. Simplesmente acho que todos nós estamos sujeitos a cometer erros, a sermos desprevenidos, seja porque somos muito jovens ou porque estamos em situação difícil. Então se alguém comete o erro de engravidar sem poder criar um filho, este alguém deve ter o direito de consertar o seu erro. Ter um filho só irá prejudicar uma mulher que já tem uma vida difícil.

Simplesmente quero que as pessoas tenham o direito de decidir se um embrião tem ou não direito a vida. Decidir entre continuar ou não uma gravidez indesejada, deve ser um direito da mulher.



Então explique porque os índices de natalidade caem há décadas no Brasil.



Os índices de natalidade estão caindo, mas o problema é que ainda há muitas adolescentes engravidando e tornando-se mães solteiras. A mulheres faveladas que já tem vários filhos e põe um outro no mundo porque não puderam tomar o anticoncepcional que fazia mal a sua saúde.









Cláudio, de onde são os pobres que você conhece. De Mwagambosi na África do Tarzan?

Vamos pegar um favelada de morro do Rio de Janeiro típico?
Não há dúvida que é uma padrão representativo da mulher pobre urbana brasileira.
Você sinceramente acha que aquelas garotas são mocinhas ignorantes e desconhecedoras dos métodos anticoncepcionais, tal como seriam roceiras do interior na época em que os pobres do país eram agricultores analfabetos?

Mas de jeito nenhum.
Além de a grande maioria dos pobres urbanos hoje ser alfabetizada, ter cursado pelo menos o ensino fundamental – uma porcaria, mas cursaram - , tem acesso a TV e a todo tipo de meio de comunicação de massa.

Estas moças de bobas não tem nada, muito menos por serem pobres.

Além disto considere a geografia do Rio, onde os pobres não ficam isolados em uma periferia distante como acontece em outros lugares, mas vivem incrustados nas áreas mais nobres de uma das metrópoles mais dinâmicas do país.

Ou seja, Cláudio, você precisa conhecer mais pobres ou olhá-los de outro modo.

[/quote]



As favelas do Rio de Janeiro e dos grandes centros urbanos são lugares sem saneamento básico, onde as pessoas vivem nas piores condições possíveis. Quem vive assim, acaba não dando valor a nada. Não ligando se vai engravidar ou não.

Penso que a legalização do aborto resolveria muitos problemas sociais brasileiros. Se todas as crianças fossem filhos desejados de uma família estruturada, certamente os índices de criminalidade seriam muito baixos. Além disto, teriamos melhores estudantes, trabalhadores e cidadãos que não passaram por todo o sofrimento que um filho indesejado passa.


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Re: Projeto libera interrupção da gravidez até 3 primeiros meses

Mensagem por Apo »

grandes centros urbanos são lugares sem saneamento básico, onde as pessoas vivem nas piores condições possíveis. Quem vive assim, acaba não dando valor a nada. Não ligando se vai engravidar ou não.


Claro que aceitar isto pode parecer com o endosso de vários tipos de crimes onde esta mesma justificativa sirva.

Mas paradoxalmente, no caso do aborto, deixar que a gravidez chegue a termo, é crime maior ainda, nestes casos.
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Re: Projeto libera interrupção da gravidez até 3 primeiros meses

Mensagem por spink »

RCAdeBH escreveu:
spink escreveu:quanta querela!!
minha mulher - casada comigo - já fez 2 abortos...
e dai???


Parabéns !!!


obrigado; não perdi nada...
talvez um aleijado ou alguém com síndrome de down...
coisas que prefiro vênus resolver. :emoticon12:
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Re: Projeto libera interrupção da gravidez até 3 primeiros meses

Mensagem por Acauan »

Claudio Loredo escreveu:Penso que a legalização do aborto resolveria muitos problemas sociais brasileiros. Se todas as crianças fossem filhos desejados de uma família estruturada, certamente os índices de criminalidade seriam muito baixos. Além disto, teriamos melhores estudantes, trabalhadores e cidadãos que não passaram por todo o sofrimento que um filho indesejado passa.


Claudio,

Você tem algum exemplo de algum país do mundo, em alguma época, que RESOLVEU, veja bem, RESOLVEU problemas sociais por meio da legalização do aborto?

Já que alguém citou a União Soviética, pioneira na prática desde 1921, sendo a Rússia de hoje recordista mundial de abortos, podia-se relacionar as maravilhas que floreceram neste país em decorrência desde então.
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Re: Projeto libera interrupção da gravidez até 3 primeiros meses

Mensagem por Apo »

Só para dar encerramento a minha participação neste tópico:

Estado algum ou estranho algum, sociedade alguma, religião qualquer, homem que não me apóie algum, me fará ter um filho. Se pensar como eu, sentir o que eu sinto, muito melhor. E muito menos se a gravidez ( por falha química, metabólica, lapso humano, paixão desmedida, falta de métodos à disposição na hora etc etc etc), ocorrer com alguém sob a minha responsabilidade ( mais especificamente minha filha ), vou deixar que uma criança nasça apenas porque uma fecundação indesejável aconteceu. Minha consciência não permite que eu deixe que o rumo das coisas se transforme num grande problema futuro, só porque a decência e a moral, assim como leis transitórias e subjetivas ( ou burras) assim me obrigam.

Na verdade, na verdade, deveriam se precaver mais é dos pais irresponsáveis que em nome desta moral ou escondidos atrás da Lei, fazem e usufruem de filhos como sinal de poder e controle. Mas isto é sempre relevado.
Então, fico comigo e meus valores.
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Re: Projeto libera interrupção da gravidez até 3 primeiros meses

Mensagem por Claudio Loredo »

Acauan escreveu:Claudio,
Você tem algum exemplo de algum país do mundo, em alguma época, que RESOLVEU, veja bem, RESOLVEU problemas sociais por meio da legalização do aborto?



A revista Época já publicou uma boa reportagem relacionando a legalização do aborto com a redução da criminalidade. Esta reportagem pode ser lida neste link


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Re: Projeto libera interrupção da gravidez até 3 primeiros meses

Mensagem por Acauan »

Claudio Loredo escreveu:
Acauan escreveu:Claudio,
Você tem algum exemplo de algum país do mundo, em alguma época, que RESOLVEU, veja bem, RESOLVEU problemas sociais por meio da legalização do aborto?


A revista Época já publicou uma boa reportagem relacionando a legalização do aborto com a redução da criminalidade. Esta reportagem pode ser lida neste link


Já vi este estudo e conheço as muitas contestações. Independente delas, o aborto RESOLVEU o problema da criminalidade e outros problemas sociais?
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Re: Projeto libera interrupção da gravidez até 3 primeiros meses

Mensagem por zumbi filosófico »

Acauan escreveu:
zumbi filosófico escreveu:Me causa total estranheza observar como pessoas racionais podem preferir "salvar a vida" de células com ácidos nucléicos humanos pelo seu potencial de desenvolverem um SNC funcional, mesmo que quando desenvolvam esse SNC funcional, sejam indesejadas pelos próprios pais, ou aconteça o que acontecer dali por diante; não ocorreu aborto, então podem respirar aliviados, e o que acontece depois do nascimento de uma criança indesejada é menos importante. Por que o mesmo não é defendido quanto à vida dos óvulos? Ou à embriões produzidos por clonagem, agora aceitos como alternativa mais moral para pesquisa com células embrionárias? Ambos não envolveram a fecundação.


Esta estranheza ocorre sempre que se projeta no interlocutor uma idioticie presumida antes de considerar a possibilidade de ele já haver ponderado estas questões, analisado os argumentos pró e contra que são suficientemente divulgados e repetidos


Eu não estou presumindo que ninguém seja "idiota", apenas, apesar de diversas discussões aqui em outros lugares, nunca vi argumentos razoáveis para se valorizar como "vida humana" apenas os zigotos produzidos por fecundação e não óvulos ainda não fecundados ou, mais recentemente, os embriões produzidos por clonagem.

A sua, se não me engano, para os primeiros era uma racionalização genética; o óvulo, apesar de já ter sua identidade genética diferenciada da mãe, ainda não não tem exatamente o mesmo genótipo do indivíduo/zigoto diplóide, mas na verdade tem apenas um potencial consideravelmente vasto de possibilidades de recombinação, e isso faria dele um "não-indivíduo", e portanto sua morte não seria assassinato.

Isso é mais ou menos análogo a não se ter problema algum em se fazer algo que irá matar pessoas que tenham perdido seus RGs ou impressões digitais, ou pessoas a esmo, sem saber dessas dados (ou de forma que se torne impossível saber), sendo assassinato apenas se você tem alvos específicos bem estabelecidos e conhecidos. O que importa, se o óvulo terá seus ácidos nucléicos recombinados com os desse ou daquele espermatozóide, desse ou daquele indivíduo? Em qualquer das combinações possíveis que se evita ao não se fecundar, matando o óvulo, o que resultaria seria um ser humano (ou mais de um), não importando que não se saibesse "exatamente" quem ele seria; ao mesmo tempo, em defesa da individualidade do óvulo, pode-se defender que essa indeterminação genética não é diferente de outras tantas indeterminações que ocorrem mais tarde, depois da fecundação ou até do nascimento, é apenas um estágio natural da vida. Pode-se dizer que uma pessoa muda muito fundamentalmente depois que se casa, ou que escolhe a profissão, ou passa por alguma experiência marcante qualquer, mas essas coisas não estão escritas nos genes, podendo ser até muito mais relevantes do que terem sido um óvulo fecundado por um espermatozóide ou outro, ou mesmo tendo tido um pai ou outro. E caso se considere a determinação de quem é o pai algo muito importante, algo que possivelmente muitas pessoas concordariam muito mais do que o seu genótipo ter sido o seu próprio e não o de um potencial irmão, pode-se também se defender uma posição pró-vida anti-DIU ou anti qualquer tipo de contracepção, de qualquer forma.

Nessa sustentação, ou há um quê de uma defesa bioquímica determinista da "humanidade", que "somos os nossos genes", coisa que você mesmo combate em outras circunstâncias, ou uma arbitrariedade que, por acaso é genética, apenas para conveniência de demarcação de individualidade. Mas que coincidentemente, só vale para zigotos provenientes de fecundação, e não clonados; esses devem poder ser usados para pesquisas médicas...




De qualquer forma, seguem os links dos textos citados. Argumentação complementar ao longo dos tópicos.



Aborto e Argumentos estúpidos e sem vergonha


Sobre os argumentos estúpidos e sem vergonha, é bem possível que existam mesmo, mas certamente existem dos dois lados, como por exemplo, a mentira propagada pelos pró-vida de que aborto está ligado ao câncer de mama. E se for para desconfiar mais de algum lado nessa coisa toda, o lado mais suspeito é o conservador, dado o conhecido histórico anti-científico.

Não que não possa haver desonestidade do outro lado; acho que não é uma característica inerente ao conservadorismo ou ao liberalismo, é algo bastante independente, ainda que faça companhia a ambos em muitos casos. Acho que uma das maiores correlações talvez seja quando alguém se faz muito de vítima ou de herói... o mais provável é que uma bandeira que defendesse algo mais de acordo com a realidade não fosse nada tão heróico defendido por pessoas que nem são tão vítimas.

Vejo disso nos dois lados; heróis defensores da vida dos zigotos e espermatozóides indefesos, e vítimas clamando por socorro por terem seus corpos utilizados contra a vontade como se fossem escravas. Na verdade, o que vejo é de um lado simplesmente uma posição religiosa que, tem o direito de ser exercida (ou uma posição não-religiosa que acho bem esquisita, meio como, sei lá, defensores dos direitos das árvores ou algo do tipo) mas que querem impô-la a todos; e do outro, gente que não concorda com essas práticas e acham que não deveriam serem impostas pelo estado, mesmo que não tenham necessariamente qualquer motivação altamente nobre e heróica salvadora-da-sociedade para defender essa liberdade, mesmo que não estejam sendo vitimadas de forma muito "ativa" com a proibição, ainda tendo alternativas para conseguir os mesmos objetivos (não ter filhos), ou até mesmo se possa viajar para um país desenvolvido e laico onde o aborto seja legal, no caso de quem tenha condições financeiras para tal.

E eu ao menos não utilizei o argumento de que muitos abortos clandestinos e os problemas relacionados seriam evitados, acho um argumento bem fraco, não serve para se dissuadir alguém que acredite que o espermatozóide ejaculado ou a fecundação são sagrados (ou algum equivalente laico) e que a célula fecundada já é um ser humano como qualquer outro. Não acho que, tirando essa parte do valor dos gametas ou embrião sem SNC, de qualquer forma, as outras coisas sejam desprezíveis, de forma alguma, são importantíssimas; apenas não são tão pertinentes para quem considera essas células como seres humanos plenos.

Eu não sei bem sobre os números de abortos clandestinos, mas como já disse, por generalização desconfio um pouco mais do lado conservador, e mesmo que não sejam "alarmantes", uma vez que não considero o aborto como igual a assassinato, por mínimos que sejam os problemas, considero preferível que diminuíssem ainda mais. E fora isso, mesmo que a maior parte dos abortos clandestinos não resultasse em problema algum, ou que fossem pouquíssimos os casos, ainda acho interessante as correlações de diminuição da criminalidade nos estados com aborto legalizado nos EUA, por exemplo. Mas novamente, não é algo de importância fundamental para quem vê a morte de zigotos como igual a morte de pessoas, pois para essas se estaria simplesmente defendendo um genocídio, extermínio em massa para o bem-estar social.
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Acauan
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Re: Projeto libera interrupção da gravidez até 3 primeiros meses

Mensagem por Acauan »

zumbi filosófico escreveu:A sua, se não me engano, para os primeiros era uma racionalização genética; o óvulo, apesar de já ter sua identidade genética diferenciada da mãe, ainda não não tem exatamente o mesmo genótipo do indivíduo/zigoto diplóide, mas na verdade tem apenas um potencial consideravelmente vasto de possibilidades de recombinação, e isso faria dele um "não-indivíduo", e portanto sua morte não seria assassinato.


Em Aborto o argumento fundamental não é racionalização genética, citada apenas como mecanismo. É a questão dos fatores determinantes e determinados.
Há a diferenciação entre estágio e processo, sendo que o segundo engloba e determina o primeiro.
No mais, o texto é um estudo sobre hipóteses, sem afirmações taxativas.
A questão moral reside em que se há dúvida quanto a aplicabilidade dos critérios de julgamento, decisões extremas não devem ser tomadas.

Além do que, como defendi em outra discussão sobre o mesmo tema, a identidade humana tem significados existenciais que incluem e transcendem os biológicos, como o fluxo de possibilidades infinitas que se reduzem continuamente para formar um determinado indivíduo.

Quanto aos números dos pró-aborto, demonstrei em outras passagens com abundância de dados que eles são mentirosos.
Tire-se daí as conclusões aplicáveis.
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Herf
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Re: Projeto libera interrupção da gravidez até 3 primeiros meses

Mensagem por Herf »

Acauan escreveu:
Procedure escreveu: Como assim, "o problema não é ter ou não sistema nervoso"? A presença de um SNC funcional é crucial para a questão.

Como já disse, é do seguinte princípio que eu parto: o direito à não-agressão decorre da sensibilidade a ela. Logo aquilo que não sente não tem direitos.

Você considera válido proteger da agressão algo que não é capaz de senti-la? Não compreendo seu ponto.


Se o princípio moral se fundamenta na capacidade da vítima de sentir a agressão, significa que a partir do momento que anestesiamos suficientemente qualquer pessoa, conquistamos o direito de fazer o que quiser com ela, inclusive matá-la.

Estranho que sua vida valha apenas alguns centímetros cúbicos de anestésico.

A pessoa anestesiada ainda está viva e com um sistema nervoso funcional, só temporariamente sob efeito do anestésico.

Mas talvez esteja incompleto mesmo afirmar apenas que "o direito à não-agressão decorre da capacidade de senti-la", mas é apenas por um detalhe, e não vejo como o argumento do anestésico possa pesar em favor do ponto de vista que considera um óvulo e um espermatozóide juntos como algo portador de dignidade humana.

Acauan escreveu: Se não notou a diferença, a partir do momento da fecundação se define a individualidade humana, tanto genética quanto social, uma vez que definidos os pais temos a família, cultura e condição social na qual aquela criança nascerá – se deixarem.

Antes da fecundação as possibilidades são infinitas ou nenhuma.

Depois torna-se uma e apenas uma.

Se não consegue discernir a diferença entre as duas condições e a importância de uma delas, de novo sinto muito.

Acho que você vai continuar sentindo muito então, pois continuo sem encontrar dingnidade humana em uma célula com 46 cromossomos (ou com um número diferente de 46, no caso de anomalias).

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Apo
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Re: Projeto libera interrupção da gravidez até 3 primeiros meses

Mensagem por Apo »

Triste demais ver que milhares de mulheres ( e seus pares coniventes) tenham pensado e estejam pensando neste exato momento, em que caminho tomar, quando milhares de outros, que nem sequer passaram, ou passarão por situação semelhante, apenas elevem a Lei ( que é geral de mais até o presente momento ) ao patamar absoluto, mesmo sabendo que a maioria vai agir à revelia dela.

Não interessa APENAS em que segundo se forma o quê. Não interessam APENAS os problemas socias, mas TAMBÉM eles. Não adianta querer imputar culpa à gravida. Não vem ao caso APENAS a hipótese de que um zigoto PODE vir a ser adotado, jogado numa instituição qualquer ( como se isto fosse certo e desejável). Não interessa APENAS se a responsabilidade é da mulher porque ela foi quem conquistou liberdade sexual ( esta é o máximo do chauvininismo). Não vem AQUI E AGORA ao caso se deve-se ou se vai-se conseguir melhorar a mentalidade de um povo e de partes que se opõe ao controle de natalidade. Não interessa APENAS que ela não tenha ou já tenha 1, 2, 3 ou 15 filhos. E não vem ao caso se a fecundação se deu por inocência, violência, lapso, overdose numa festinha, doença mental, imposição divina, destino e karma.

Nada disto deve ser analisado e julgado em separado.
O que interessa é o que sempre aconteceu e sempre continuará acontecendo: Um dia uma pessoa do sexo feminino com capacidade reprodutiva ( entre 9 e 50 e poucos anos) vai se defrontar com uma situação única em que será constatada uma inviabiliddae em relação à continuação daquela gestação.

Se isto ocorre, é porque certamente não há plena certeza de que esta fecundação ( que existe aqui e agora) foi um acontecimento benigno para ela, seu par, seus filhos ( existentes ou futuros), sua sanidade mental, seus planos de vida e daquele que viria a ser um novo ser humano, que chega para ocupar um espaço definitivo.

Nesta hora, que de fato existe, em que a dúvida seja tão grande que supere a certeza a favor da continuação, que ceda lugar ao desejo de que nada daquilo estivesse acontecendo, nada seria pior do que a amarra do horror diário vendo o tempo passar e saber que um futuro ser humano dependente de nós, vai receber, junto com nosso sangue, a carga de rejeição inerente ao indesejado e a carga de não envolvimento inerente ao despreparado. Não se obriga alguém a ser mãe. Instinto materno nada tem a ver com isto. Pode coexistir com esta incapacidade de gerar ou não. Racionalizar e emocionalizar envolvem o mesmo esforço. Há mulheres com instinto materno forte e as em que ele é inexistente. Há as que são mães genuínas, mas não aqui e agora. E há as que geram sem qualquer envolvimento com o filho.

Não importam as ocasiões em que tudo deu certo, porque o dar certo no futuro não pode ser decidido agora. Não temos certeza de nada. Mas a gravidez dura apenas cerca de 40 semanas. Pouco tempo para projetar um futuro muito maior do que isto. A decisão urge e uanto mais pressão pelo NÃO em nome da vida, piores podem ser as conseqüências.
Se a dúvida forte existe, se alguma certeza se avizinha da dúvida, por que negar a realidade?

Provavelmente para depositar em alguém ou em alguma falha de outrem, alguma culpa por algo que não compreendemos muito bem.
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Acauan
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Re: Projeto libera interrupção da gravidez até 3 primeiros meses

Mensagem por Acauan »

Procedure escreveu:
Acauan escreveu:
Procedure escreveu: Como assim, "o problema não é ter ou não sistema nervoso"? A presença de um SNC funcional é crucial para a questão.

Como já disse, é do seguinte princípio que eu parto: o direito à não-agressão decorre da sensibilidade a ela. Logo aquilo que não sente não tem direitos.

Você considera válido proteger da agressão algo que não é capaz de senti-la? Não compreendo seu ponto.


Se o princípio moral se fundamenta na capacidade da vítima de sentir a agressão, significa que a partir do momento que anestesiamos suficientemente qualquer pessoa, conquistamos o direito de fazer o que quiser com ela, inclusive matá-la.

Estranho que sua vida valha apenas alguns centímetros cúbicos de anestésico.

A pessoa anestesiada ainda está viva e com um sistema nervoso funcional, só temporariamente sob efeito do anestésico.

Mas talvez esteja incompleto mesmo afirmar apenas que "o direito à não-agressão decorre da capacidade de senti-la", mas é apenas por um detalhe, e não vejo como o argumento do anestésico possa pesar em favor do ponto de vista que considera um óvulo e um espermatozóide juntos como algo portador de dignidade humana.


Você disse que a pessoa anestesiada está "só temporariamente sob o efeito do anestésico" assim como o feto "está só temporariamente com o sistema nervoso não operante".

Quanto a dignidade humana, há quem se julgue na competência e autoridade de decretá-la ou revogá-la conforme seus próprios critérios.
Eu não.


Procedure escreveu:
Acauan escreveu: Se não notou a diferença, a partir do momento da fecundação se define a individualidade humana, tanto genética quanto social, uma vez que definidos os pais temos a família, cultura e condição social na qual aquela criança nascerá – se deixarem.

Antes da fecundação as possibilidades são infinitas ou nenhuma.

Depois torna-se uma e apenas uma.

Se não consegue discernir a diferença entre as duas condições e a importância de uma delas, de novo sinto muito.

Acho que você vai continuar sentindo muito então, pois continuo sem encontrar dingnidade humana em uma célula com 46 cromossomos (ou com um número diferente de 46, no caso de anomalias).


Cada um, cada um.
Nós, Índios.

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Herf
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Re: Projeto libera interrupção da gravidez até 3 primeiros meses

Mensagem por Herf »

Acauan escreveu:Quanto a dignidade humana, há quem se julgue na competência e autoridade de decretá-la ou revogá-la conforme seus próprios critérios.
Eu não.

Como não? A fecundação não é o início da dignidade para você, ou seja, onde começa o direito à proteção?

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Joe
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Re: Projeto libera interrupção da gravidez até 3 primeiros meses

Mensagem por Joe »

Por qual causa não ocorrer o aborto? Não pondo o risco a mãe, porquê não?

Trancado