Anna escreveu:Mas ele reconhece. Amparado pela ciência. Uma célula do seu braço, do seu pé, da sua língua, ou qualquer outra parte do seu corpo é humana, assim como o sptz e o óvulo, mas não um é um ser humano, dessa mesma forma ele não pode dizer que a célula única zigótica é um ser humano, por que é óbvio que ela não não é. Mas certamente ela é humana, ela é primata e ela é animal.
Há uma série de problemas óbvios gerados pela declaração de que uma célula ovo seria um ser humano, já que o ser humano é dotado de diversos outros atributos biológicos que o caracterizam, que não são uma fita de DNA, um citoplasma com organelas e um núcleo. Portanto, optou-se por valorar a unidade genética, atribuindo a ela o valor de dignidade pelo que ela pode vir a ser, a tal potencialidade,
Qual a diferença entre isto e assumir que a identidade humana deve ser reconhecida a partir da fecundação?
De qualquer forma, afirmar que a potencialidade de uma porção de matéria se transformar em algo valioso é justificativa para conceder proteção a esta porção de matéria leva inevitavelmente a uma regressão que nenhum anti-abortista foi capaz de refutar. O próprio Acauan diz em um dos seus textos:
"aquilo que nos faz humanos, seja lá o que for, não está presente no espermatozóide, uma célula que se lha dada todas as condições ambientais para que se desenvolva, por si só nunca resultará em outra coisa."[...]
O ovo, embrião ou feto, pelo contrário, não depende de outros elementos e combinações externos a ele próprio para se tornar um ser humano completo, precisando apenas que as condições ambientais para seu desenvolvimento sejam fornecidas."O que o autor entende por "condições ambientais"? Não é explicado por que exatamente a presença de um óvulo não poderia ser considerada uma "condição ambiental" para que o espermatozóide se desenvolva em um ser humano, da mesma forma que a célula-ovo precisa que
suas condições estejam satisfeitas para que ela se torne um ser humano. Poderíamos, desta forma, estabelecer a espermatogênese como "o início da potencialidade" (o mesmo valendo para o óvulo).
Pode-se argumentar que o zigoto tem mais potencial para se tornar humano do que o espermatozóide sozinho. Mas e quanto aos estágios posteriores do desenvolvimento? O zigoto/embrião, à medida que se desenvolve, vai adquirindo cada vez mais potencialidade de se tornar humano. Desde a gametogênese as células vão gradualmente adquirindo mais potencialidade de se tornar um ser humano, sendo o momento da fecundação apenas mais um estágio.