user f.k.a. Cabeção escreveu:
Nao ha juizo algum de valor nas denominacoes abortista e anti-abortista, elas exprimem exatamente o que cada grupo e: defensor ou opositor a pratica do aborto. Nao se trata tambem de um termo de apreciacao estetica, abortistas podem achar o que for do aborto, mas na medida em que o defenderem continuarao sendo abortistas.
E você chamaria de "pró-assassinato" alguém a favor da pena de morte?
Eu não defendo abortos irrestritamente, eu defendo o DIREITO de alguém escolher por fim ou não à potência de humanidade.
user f.k.a. Cabeção escreveu:Minha consciencia me obstrui de chamar voces de pro-escolha, ou qualquer um desses contrassensos eufemisticos pelos quais voces se auto-denominam. A nocao de pro-escolha so faz sentido dentro da logica abortista onde o aborto e de fato uma escolha. Para qualquer um que nao tenha escolhido essa otica para si, seja atraves da neutralidade, seja atraves do anti-abortismo, esse nome e um embuste, ou na melhor das hipoteses uma galhofa.
É óbvio desde sempre que a escolha só existe dentro das premissas dos pró-escolhas. Da mesma forma que é patética a alcunha pró-vida para quem não parte da premissa dos anti-abortistas.
user f.k.a. Cabeção escreveu:Voce ate pode me chamar de "anti-escolha autoritario", mas jamais conseguira justificar essa terminologia sem antes adotar o ponto de vista abortista como valido, ja que fora da logica abortista, tanto a escolha quanto o autoritarismo, nessa posicao especifica, perdem o sentido. Eis portanto a diferenca.
Dentro da sua lógica, não faz sentido mesmo. E eu nem acho que você seja isso, usei apenas como "contra-exemplo" ao termo pejorativo "abortista".
user f.k.a. Cabeção escreveu:Quanto a responsabilidade, voce esta errado. A responsabilidade e um fato que decorre da existencia de uma acao consiente e consequente. E o unico pre-requisito claro para ambos os lados da discussao para que essa acao implique num terceiro individuo e a existencia de uma fecundacao bem-sucedida.
Assim como assumir a "responsabilidade de meus atos" por espremer uma espinha seria algo totalmente absurdo e estúpido, da mesma forma. Essa conversa de responsabilidade só faz algum sentido SE eu partir da sua premissa. E não tenho a mínima obrigação, seja moral, lógica ou intelectual de fazê-lo.
Além do mais, pouco me importa a "responsabilidade individual" quando se debate vidas. Vidas não devem ser colocadas hierarquicamente abaixo de "responsabilidade". Por isso mesmo, acho absurdo a permissividade de um ato que possa dar cabo de uma vida humana porque "aquele que pode protegê-la não é responsável por ela", como no caso dos abortos em casos de estupros.
Ah, sim, claro. Vidas humanas devem ser protegidas a todo custo. Não embriões com potencial.
user f.k.a. Cabeção escreveu:O lado anti-abortista acha que isso e suficiente, mediante a limitacao confessa de que nao podemos definir precisamente o que e um ser humano e quando comeca a sua dignidade. Que valha a responsabilidade individual a partir do ato praticado e da sua primeira consequencia.
Ah, sim, deixa eu ver se entendi: o conceito de vida se submete à responsabilidade individual de querer fazer sexo ou não. Genial.
user f.k.a. Cabeção escreveu:O lado abortista considera que esse pre-requisito para a humanidade sera completado somente quando o desenvolvimento do sistema nervoso atingir um certo nivel convencional, e que a partir do qual o feto podera ser considerado digno e sua mae responsabilizada pela sua vida.
Exatamente.
user f.k.a. Cabeção escreveu:Ambos os lados veem os pais como responsaveis, e o unico ato que poderia responsabiliza-los e o da fecundacao voluntaria (seja ela atraves de um ato sexual ou realizada numa clinica de fertilizacao).
E por que é que eu deveria submeter o conceito de vida ao conceito de responsabilidade?
user f.k.a. Cabeção escreveu:Abortistas acham que essa responsabilidade so sera aplicavel apos esgotado um "prazo de devolucao", definido arbitrariamente. Mas ainda acreditam na responsabilidade pelo ato, e consideram que pais biologicos que nada contribuiram na gestacao, e apenas fecundaram o ovulo, tao responsaveis quanto as maes, mesmo que aqueles pudessem ter optado pelo aborto caso a opiniao deles fosse consultada.
Sim.
user f.k.a. Cabeção escreveu:Nenhum abortista se considera responsavel pelo filho do vizinho ou pelas criancas da Africa apenas porque elas tem um cerebro e sao dignas como seres humanos. Cada um se considera responsavel pelos seus proprios filhos, e isso vale para todo mundo. Cada um sabe da sua responsabilidade de trazer uma crianca a vida, e sabe que essa responsabilidade e decorrente do ato consciente que eles proprios praticaram no passado.
Não. Eu posso muito bem proteger uma vida qualquer sem ser responsável por ela. Ou não. Você está simplesmente tentando atrelar responsabilidade pelo ato ao conceito de vida para tentar criar alguma linha ideológica que demarque a humanidade a partir da fecundação. Isso é absurdo.
user f.k.a. Cabeção escreveu:Quanto ao 'honesto "nao sei" do Acauan', se voce tivesse lido os meus posts, inclusive este que voce esta comentando, perceberia que esta e exatamente a minha opiniao a respeito do assunto.
Não parece, quando tenta se justificar tanto em cima de "não podemos matar embriões pois eles são frutos da responsabilidade individual" e congêneres.
user f.k.a. Cabeção escreveu:Com relacao a praticidade, nao vejo no que um criterio que proiba o aborto seria "impraticavel", tendo em vista que ele vigora na maioria dos paises, e durante a maior parte da Historia. Nao espero que voce contra-argumente com alguma patetica estatistica a respeito de abortos clandestinos, ja que o fato de uma lei nem sempre impedir que um determinado crime seja praticado nao torna essa lei "impraticavel". Muito menos o pseudo-argumento de que mais abortos sao praticados quando existe a proibicao, algo facilmente desmentido frente a estatisticas que exibem um total de 40 milhoes de mortos por aborto nos EUA depois de Roe v. Wade.
Não estou preocupado com a questão prática nesse quesito. Não a esse conceito de prática, ao menos.
user f.k.a. Cabeção escreveu:A "cientificidade" do criterio abortista ja foi comentada. Todo acumulo de conhecimento a respeito do desenvolvimento cerebral num embriao ou feto e valido e deve ser respeitado como uma conquista da ciencia. Agora qualquer conclusao tirada a respeito de criterios de dignidade humana, mesmo que faca alusao a esses dados, esta longe de ser cientifica, pois nao existe metodo cientifico algum que permita testar hipoteses nesse campo especifico da moral. A posicao abortista nao e embasada cientificamente, ela apenas faz alusao a um determinado conhecimento cientifico que teria implicacoes caso o seu criterio moral de decisao fosse considerado valido, o que nao e nem um pouco evidente, muito menos um fato cientifico.
A ciência não faz julgamento moral. No máximo, fornece dado para que esses julgamentos sejam feitos. Não há "cientificidade" em nenhum dos dois lados, apenas uma justificativa coerente resultante de dados científicos.
Particularmente, não vejo como seres unicelurares não-sencientes possam ser tratados como humanos. Acho essa idéia completamente despropositada.
user f.k.a. Cabeção escreveu:Alias, e importante observar que mesmo as alusoes "cientificas" tecidas pelos abortistas sao repletas de interpretacoes muito particulares e idiossincrasias bastante pitorescas, como por exemplo, chamar de "inicio de atividade mental" um determinado estagio do desenvolvimento do sistema nervoso onde as ondas cerebrais assumem um comportamento considerada por eles "mais humana", e que a producao neuronal se "acelera". Qualquer um pode perceber que esses parametros podem ser tao justos quanto se queira, e por isso nao ha nada de cientifico em se estabelecer que o aborto e toleravel ate a semana X porque nessa semana ocorre tal fenomeno no desenvolvimento cerebral. A unica coisa que a ciencia diz e que por volta dessa semana tais fenomenos costumam ocorrer, ficando a cargo da intelligentisia abortista introduzir ai, subrepticiamente, o julgamento de que estes fenomenos, e nao outros completamente analogos, seriam os bons para se decidir a respeito da vida e morte de seres humanos.
Assim como não se pode estabelecer individualmente quais pessoas que já estão em idade biológica adulta, e mesmo assim, a idade imputável por lei continua sendo uma só e baseada num critério genérico. O Direito é "crisp", precisa de definições simples e a margem de erro, segundo foristas como Res Cogitans e Azathot, é basicamente nula. Como ambos entendem muito mais do assunto do que eu, deixo a cargo deles e do Zumbi Filosófico a colocação do tempo médio onde essa formação ocorre e a admissão de um corte que permita uma margem de erros pequena.
user f.k.a. Cabeção escreveu:Essa justificativa travestida de ciencia e na verdade apenas uma formula utilitarista de se determinar um prazo para que aqueles que podem tomar as decisoes nesse processo arbitrem levando em consideracao apenas os seus proprios interesses. Essa e a essencia da logica abortista, e ve-se que ela e claramente dissonante de qualquer conceito conhecido de Etica.
Idem à sua proposição da fecundação como marco.