Usuário deletado escreveu:Apo escreveu: Você garante que a maioria não? Assine aqui embaixo e mandarei todas as crianças infelizes e desamparadas ( com grande chance de serem problemáticas e instáveis) para a sua casa e você cuida e reabilita as mentes delas.
Se ao menos uma já consegue vencer os obstáculos da vida e ser feliz, já temos motivo para proteger todos (salvo os três casos citados). Não temos o poder da clarividência, devemos deixar com que esses indivíduos vivam e avaliem suas existências da forma como quiserem, não podemos condená-los à morte por um utilitarismo estúpido.
Chamar de utilitarismo ( que agora virou clichê entre os anti-abortistas) é que é estúpido, assim como é estúpido dizer que a eutanásia é feita apenas utilitariamente.
Repetir coisas sem sentido e sem ter capacidade de se colocar no lugar do que sofre além do embrião ( sofre mesmo, isto não é para ser diminuído) não valida a teoria pró-vida ( mesmo que desumana ).
Quer dizer que se um soldado voltar feliz por não ter se ferido na guerra já é motivo para mandarmos vários soldados para a guerra, em nome do patriotismo utilitário? Pelo amor de Deus. E os outros?
Uma mãe grávida ( e seu companheiro,filhos e a ciência médica,além de uma mínima noção de antropologia e sociologia , como eu já disse bilhões de vezes aqui )têm condições sim de avaliar a que herança humana ou desumana pode estar obrigando o ser que gera em seu ventre, se, por egoísmo, o obrigar a nascer.
O grande equívoco do discurso anti-aborto é esquecer que a vida não se restringe apenas a uma máquina funcionando como um sistema biológico. Nem animais merecem viver com dor e sofrimento ou abandonados à própria sorte.
Mas a retórica pró-vida se resume a uma vida qualquer. Claro que apenas os que nunca sofreram pensam com esta desumanidade toda. Ou desconhecem as centenas de condições que aprisionam a mente dentro de um corpo absolutamente inadequado.
É como o moralismo que não aceita que um transsexual tenha decidido dar cabo do sexo com o qual nasceu, como se estivesse se matando, para "utilitariamente", cair na gandaia. Acontece que nem todos têm a estrela de nascer em condições ideais, nem física nem mental e nem socialmente. Mas preferem crucificar a criatura, sua mãe ( e pai, se houver), quando interrompem algo que lhes parece ( e é, mediante avaliação científica e emocional) um desatino da natureza, para o qual, infelizmente a maioria de nós, em nossos limites, não estamos preparados. E mais: há que se respeitar os limites do outro, antes de apredejá-lo.
Mas a vida ensina. Pensar só num e esquercer os demais é a coisa mais desumana que se pode pensar.