Fernando Silva escreveu:Tudo aquilo que consideramos satisfatoriamente demonstrado é um fato, na minha opinião.
Isto não significa que seja um dogma imutável. Pode ser corrigido, pode ser até refutado um dia.
Mas pra comunidade científica não é um fato. Continua sendo uma teoria. Na sua ância por fatos vc deixa de lado um dos pontos mais importantes da investigação científica: a lógica. Até o meu avô faz experimentos baseados em fatos. Ele tem várias teorias interessantes (aqueles conhecimentos práticos dos antigos que dão certo). Mas o que o meu avô faz não é ciência justamente pq não existe uma cadeia de raciocínios organizada de forma sistêmica e lógica. Não é em vão que Popper escreve sobre a LÓGICA da investigação científica. E em Kuhn e Quine, por exemplo, o papel da Lógica na ciência ganha até traços mais fundamentais do que a própria experimentação. Todo este esforço resume um pouco da crítica ao Círculo de Viena. Trata-se de livrar a ciência do realismo ingênuo que acredita que é o objeto que determina o sujeito, e não o contrário. E não sou eu quem chama este tipo de realismo de ingênuo. São os próprios cientistas.
Fernando Silva escreveu:Basta que a fé desses cientistas não conflite com suas pesquisas. Seria um problema, por exemplo, se eles cismassem que a Terra tem 6 mil anos e que Deus criou o mundo em 6 dias.
Ao ignorar o Gênesis, eles já estão rejeitando a religião em favor da ciência. Isto não impede que eles ponham Deus num início remoto, um criador que não interfere com o que veio depois.
Vc não foi bem sussedido na sua resposta. Pois se for pensar como vc respondeu, acada momento que eles descobrem algo novo, estão deixando de ser cristãos. Quando geralmente dizem que quanto mais descobrem da natureza mais admiram a Deus. E a Bíblia desses caras não tem o livro de Gn rasgado, eles acreditam que a narrativa de Gn é verdadeira.
O problema, ao meu ver, é que vc faz o máximo esforço possível pra distorcer os fatos pra que eles concordem com o que vc diz. Cara, vc não está discutindo com um crente alucinado que acredita que a evoluão é falsa. Muito menos com um crente que fica entrando no seu blog pra falar abobrinhas. Só isso já é um fato que não consegue se explicado pela sua teoria.
Fernando Silva escreveu:O livre arbítrio só existe se pudermos dizer "não" sem sermos castigados.
De qual religião você está falando? Uma religião pessoal? Certamente não é o cristianismo nem o islamismo.
Que escolhas o seu deus nos oferece? E quais as consequências que ele impõe a quem escolhe diferente do que ele quer?
Existe uma grande diferença entre ter livre escolha e ser livre. Pessoalmente eu tenho dúvidas da existência do livre-arbítrio. Mas o que eu quero dizer é que existe diferença entre a exigência da religião da exigência das pessoas que ficam lhe importunando. No caso da religião, vc precisa crer pra ganhar a salvação. No caso das pessoas, elas exigem que vc creia no que elas dizem sem lhe fornecer provas, e ainda dizem que vc vai pro inferno se não crer. É deste ato de exigir sem provas e condenar ao inferno que vc está falando. Mas eu acho que essas pessoas que fazem isso (geralmente são as que mais defendem a lindeza do Livre-Arbítrio) não entendem que cada um é livre, e que na medida em que se faltam provas, não se deve exigir que o interlocutor aceite.
Uma coisa é afirmar algo sem provas. Outra completamente distinta é exigir que o interlocutor aceite. Eu posso dizer a um cego de nascença que o arco-íris é lindo. Mas se ele for um ateu, cético, agnóstico, cientista, fodão, com certeza ele vai duvidar da existência de arco-íris e não vai aceitar o que eu digo pois cores não existem e não existe nenhuma prova científica disso - uma vez que ele só acredita única e puramente no que pode ser provado pela experiência.
Apesar da brincadeira, eu não estou exigindo que vc aceite a minha religião. Nem sequer estou dizendo que a minha religião é a verdaderia. Mas apenas que a ciência e o cristianismo podem sim andar juntos. Os prejuízos e preconceitos do leitor das sagradas escrituras tem que ser destruídos pela ciência. Por outro lado, o cientista poderia ser uma pessoa mais livre e mais feliz se fosse cristão.
Na verdade é menos importante para a minha argumentação que o cientísta seja cristão. O mais fundamental é que ele não seja anti-cristão. Eu vejo que o maior problema dessa temática toda é político. Eu imagino como um pesquisador deve ficar com raiva quando o orçamento do seu estudo é barrado por um bando de pessoas que não entendem muito bem quando a vida começa e quando a vida termina (aliás, uma situação complicadíssima) e ainda dizem fazer isso em nome de Deus.
Isso existe na religião. E muitas vezes é até produzido por ela, frente a um pobre sistema educacional ministrado por pastores e compania. Mas o fato de existir na, e até de ser gerado pro ela, não quer dizer que esse é um atributo essencial do cristianismo. Tanto que a existência de cientistas e filósofos cristãos é possível.