Muhammad Yunus e as empresas sociais

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user f.k.a. Cabeção
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Re: Muhammad Yunus e as empresas sociais

Mensagem por user f.k.a. Cabeção »


Ok, vou explicar como eu entendi a sua frase e voce me diz se eu estou errado:

"o lucro nem sempre é excesso a ser desperdiçado com gasto de apenas uma minoria"


Entendo aqui que voce diz que o lucro NORMALMENTE seria um excesso a ser desperdicado, mas nos casos de filantropia ou de reinvestimento em empresas sociais ele deixaria de se-lo. E essa a ideia que eu extraio do quantificador "nem sempre".

O meu post foi com relacao a esse sentido que eu tirei da sua mensagem, se ele estiver errado, entao obviamente eu nao me referia a voce.

Quanto a "ser capitalista ate a alma", uma das coisas que mais se ve sao pessoas que compreendem que de uma forma geral o capitalismo e melhor que o socialismo, mas que de alguma maneira acham que seriam capazes de extrair as vantagens que observam ou julgam pertencer ao socialismo sem com isso destruir as condicoes necessarias para a prosperidade capitalista de livre mercado que tanto adoram.

Esse tipo de confusao e comum, e em geral e fruto de uma ma compreensao dos fenomenos economicos e nao de uma desonestidade intelectual ou qualquer coisa do genero. E claro que existe muita desonestidade em especialistas e politicos que alimentam essas incompreensoes com promessas futeis, mas as pessoas apenas acatam essas ideias por nao estarem equipadas com a educacao economica necessarias para refuta-las, ou por simplesmente nao dispensarem tempo suficiente para analisa-las em suas mais variadas implicacoes contraditorias.
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Re: Muhammad Yunus e as empresas sociais

Mensagem por Apo »

user f.k.a. Cabeção escreveu:
Ok, vou explicar como eu entendi a sua frase e voce me diz se eu estou errado:

"o lucro nem sempre é excesso a ser desperdiçado com gasto de apenas uma minoria"


Entendo aqui que voce diz que o lucro NORMALMENTE seria um excesso a ser desperdicado, mas nos casos de filantropia ou de reinvestimento em empresas sociais ele deixaria de se-lo. E essa a ideia que eu extraio do quantificador "nem sempre".

O meu post foi com relacao a esse sentido que eu tirei da sua mensagem, se ele estiver errado, entao obviamente eu nao me referia a voce.



Você está equivocado. A minha frase se relacionava à uma idéia postada por outros sobre lucros excessivos, como se fossem um câncer do capitalismo. Como se nenhum empreendedor pudesse investir e lucrar que não fosse para motivos escusos ou culposos. O que é empatar todo o processo de crescimento através do bom uso do capital. Uma falácia, naturalmente.
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Re: Muhammad Yunus e as empresas sociais

Mensagem por Apo »

Quanto a "ser capitalista ate a alma", uma das coisas que mais se ve sao pessoas que compreendem que de uma forma geral o capitalismo e melhor que o socialismo, mas que de alguma maneira acham que seriam capazes de extrair as vantagens que observam ou julgam pertencer ao socialismo sem com isso destruir as condicoes necessarias para a prosperidade capitalista de livre mercado que tanto adoram.

Esse tipo de confusao e comum, e em geral e fruto de uma ma compreensao dos fenomenos economicos e nao de uma desonestidade intelectual ou qualquer coisa do genero. E claro que existe muita desonestidade em especialistas e politicos que alimentam essas incompreensoes com promessas futeis, mas as pessoas apenas acatam essas ideias por nao estarem equipadas com a educacao economica necessarias para refuta-las, ou por simplesmente nao dispensarem tempo suficiente para analisa-las em suas mais variadas implicacoes contraditorias.


Sim, uma grande confusão que é instilada já na base da ideologia. Algumas pessoas nem se dão conta. Percebe-se a inversão, e ela gera conflitos e sempre gerará enquanto esta ordem mundial perdurar.

Como era antes de tudo isto? Meus bisavós apenas viviam a vida, nem sabiam o que, dos que eles tinham era proveniente do Estado social ou de lucro capitalista. Alguém "codificou" estas coisas. E as pedradas começaram. Sou péssima, PÉSSIMA em História econômico-política.
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Re: Muhammad Yunus e as empresas sociais

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De novo eu nao te entendo.

Se voce considera que lucrar para viver poder viver no luxo nao e um motivo "escuso ou culposo", esse caso nao refuta absolutamente nada.

Talvez voce se refira a ideia de que ninguem usa lucros para ajudar os outros de alguma forma, mas esse nao e o primeiro caso em que isso acontece. O proprio Bill Gates ja doou bilhoes de sua fortuna pessoal para causas que julgava correta, e varios outros magnatas fizeram coisas parecidas ao longo do tempo.
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Re: Muhammad Yunus e as empresas sociais

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user f.k.a. Cabeção escreveu:De novo eu nao te entendo.

Se voce considera que lucrar para viver poder viver no luxo nao e um motivo "escuso ou culposo", esse caso nao refuta absolutamente nada.


Eu disse que quem critica o capitalismo sempre acha que o lucro é escuso e culposo. Portanto, todo lucro, sendo fruto do capitalismo ( tal como eles o vêem, hermeticamente) é sempre errado e danoso.

Que caso que refuta ou não refuta?


Talvez voce se refira a ideia de que ninguem usa lucros para ajudar os outros de alguma forma, mas esse nao e o primeiro caso em que isso acontece. O proprio Bill Gates ja doou bilhoes de sua fortuna pessoal para causas que julgava correta, e varios outros magnatas fizeram coisas parecidas ao longo do tempo.


E qual o problema? Cada um faz o que quiser com o seu lucro. Inclusive eu. Faço assitencialismo, ou caridade, propagandeando ou no anonimato, se assim me aprouver.
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Re: Muhammad Yunus e as empresas sociais

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Apo escreveu:Como era antes de tudo isto? Meus bisavós apenas viviam a vida, nem sabiam o que, dos que eles tinham era proveniente do Estado social ou de lucro capitalista. Alguém "codificou" estas coisas. E as pedradas começaram. Sou péssima, PÉSSIMA em História econômico-política.



O grande lance com o capitalismo e que pessoas nao precisam estar verdadeiramente conscientes dele para que ele funcione bem com elas. Nao precisam entender a fundo como as coisas se relacionam e como a cadeia de producao das mais variadas coisas se divide em grandes complexos interligados e informacoes multiplas sendo avaliadas por diversos agentes individuais interagindo no tempo e no espaco.

Basta que elas entendam coisas simples, como respeitar contratos, trabalhar para ganhar, respeitar as leis que preservam a liberdade e propriedade alheia da mesma forma que querem que sua liberdade e propriedade sejam preservadas pelos outros, e de um modo geral, ter vergonha na cara, que elas conseguem fazer a maquina capitalista rodar direitinho, e se essa for uma realidade geral, ao longo do tempo conseguirao melhorar seu estado de conforto e bem estar, que e basicamente o objetivo economico primario das pessoas.

Isso em geral nao precisa de muita ideologia ou teoria economica, e acredito que seus bisavos seguiam isso (como a grande maioria das pessoas, exceto os canalhas).

Mas quando elas nao dispoe de uma educacao economica formal, sao alvos faceis para o discurso canalha, que inverte a realidade em falacias e jogos de palavras habilidosos, para recolher vantagens e privilegios as custas dos "trouxas" (pessoas honradas porem ignorantes, e como todos desejosas de melhorias no seu bem estar). Essa e a origem do esquerdismo, e a especializacao evolutiva do discurso canalha e sem-vergonha. E um discurso canalha que ganhou vida propria e se reproduz de forma espontanea, por pessoas que nem sequer conscientes estavam de que ele e uma fraude.
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Re: Muhammad Yunus e as empresas sociais

Mensagem por Apo »

Sim, sem dúvida. Canalhas se penduram de qualquer lado para exercer seus "direitos".
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Re: Muhammad Yunus e as empresas sociais

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NadaSei escreveu:Mesmo a empresa desse carinha, está inserida dentro de uma sociedade capitalista atual, ainda assim, diferencia-se das empresas tradicionais que tem o lucro como objetivo, mas nem por isso deixa de ser capitalista. A empresa é capitalista, mas faz a critica ao capitalismo e se ordena de forma diferenciada.

Cara, é simples: e empresa deste cara TEM que gerar lucro (ou ao menos não gerar prejuízo), ela tem que ter o lucro como objetivo, assim como qualquer empresa imaginável. Do contrário, é só uma questão de tempo para que ela vá à falência.

O capitalismo diz respeito apenas à liberdade econômica: o indivíduo é livre para dispor do seu dinheiro da maneira que melhor entender. Muhammad Yunus prefere usar o dinheiro que ganha em sua empresa de forma a expandir seu negócio de crédito para pessoas pobres e não para ter uma vida cheia de luxos. Não há porque privilegiar aquela forma de usar o dinheiro em detrimento das demais para dizer que ele está indo contra o capitalismo.

Mas é claro, propagandear que a sua empresa segue um "modelo alternativo ao capitalismo", infelizmente, serve como forma de melhorar a sua imagem, visto que as pessoas, em geral, têm uma compreensão errada do sistema capitalista, devido à ampla difusão do discurso falacioso esquerdista.

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Re: Muhammad Yunus e as empresas sociais

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Cada vez mais me convenco que as pessoas que difundem esse tipo de conceito nao tem a menor ideia do que seja "lucro".

Para entender o lucro, parte-se de um conceito basico e subjetivo, que e a valoracao. Valoracao consiste em preferir uma coisa a outra. Simples assim. A tem mais valor em relacao a B, para alguem em um determinado momento, se essa pessoa naquele momento preferiu ter A em detrimento de B.

Mesmo para o individuo, o valor nao pode ser calculado ou somado ou dividido. Nao podemos dizer que prefirimos duas vezes A a B. So conseguimos dizer que prefirimos A a B. Podemos ate achar que prefirimos com muita intensidade, mas qualquer precisao a respeito dessa intensidade e impossivel.

Da valoracao, explicamos o custo. O custo de A e o valor da coisa mais valiosa que deixou de ser feita com os recursos empregados em A. Dessa forma, custos sao tambem subjetivos, e portanto sao ponderados por individuos determinados em momentos determinados.

Dizemos que houve lucro quando o valor que atribuimos a A e maior que o seu custo. Prejuizo caso contrario.

Dizer que toda atividade empresarial (ou seja, que busca produzir valor) deve buscar o lucro e portanto uma evidencia. Isso independende de consideracoes a respeito da contabilidade da empresa, que so sao interessantes quando introduzimos o fator monetario que determina as trocas indiretas e permite o calculo economico.

E nesse sentido que esses termos devem ser compreendidos, antes de qualquer consideracao monetaria que permita o calculo contabil do lucro e do prejuizo em unidades monetarias.
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