Estudo sobre a Onisciência
- Aranha
- Mensagens: 6595
- Registrado em: 18 Out 2005, 22:11
- Gênero: Masculino
- Localização: Nova York
- Contato:
Estudo sobre a Onisciência
A história da humanidade sempre falou, desde seus períodos mais elementares, na existência dos deuses, seres supremos, poli ou uniexistentes. Entidades de extremo poder, infinito poder, oniscientes, onipresentes e onipotentes.
Aliás, esta famosa tríade teológica, convenhamos, não passa de um majestoso pleonasmo, talvez utilizado por religiosos para justamente elevar seus deuses a um patamar ainda acima de um patamar já máximo. Afinal, se um é onisciente, este de tudo possui conhecimento, inclusive do tempo e do espaço, o que o faz onipresente. E assim, se tudo conhece, também tudo pode, o que automaticamente o faz também onipotente. Se formos adiante neste raciocínio, logo perceberemos que bastaria uma destas três palavras para denominar este apotegma ideológico.
Mas como definir, então, a Onisciência? De forma lacônica e pouco profunda, seria a ciência de tudo, o conhecimento infinito, o que de fato, inicialmente, parece bastante plausível para a concepção de um ente supremo. Mas deixemos de pensar em um Deus e criemos um outro ser, imaginário, ao qual se aplique este mesmo, sonoro adjetivo da onisciência. Como agiria, de fato, este ser cuja ciência é inquestionável e que nada dele é oculto?
Antes de responder à isto, perguntemos; por quê, afinal, o ser humano se mantém vivo? Ora, o Homem desconhece seu futuro, os prazeres e desprazeres dos eventualismos conseguintes, os resultados de suas ações e das ações alheias e assim, ele vive, baseado unicamente em sua curiosidade, que nada mais é do que produto da restrição temporal imposta biologicamente ao indivíduo. Isto colocado, como conceber qualquer forma de ação que seja proveniente da Onisciência?
Nosso ser Onisciente teria conhecimento obviamente pleno, inclusive com relação a fatos temporais. Caso contrário, já não se trataria de Onisciência - qualquer restrição mínima que esta mente possuir virá diretamente a antagonizar este conceito. Que motivos teria então este ser para realizar qualquer tipo de ação? Qualquer realização terá resultado já conhecido, independemente do que for. Qualquer sentimento de prazer, tristeza, felicidade ou depressão - se é que se pode falar em sentimentos relativos a tal forma de existência - seriam inúteis, pois possui conhecimento pleno de toda e qualquer sensação. O Homem também as conhece, é verdade, porém não de forma integral, ou não as buscaria novamente, inifinamente. Apenas as reproduziria em sua mente quando quer que o achasse necessário, possuindo assim pleno controle de uma egopsicologia plenamente voltada para a Vontade humana.
Assim, o Onisciente não teria sequer prazeres psicológicos para os quais viver. Não raciocinaria, pois tudo já sabe. Não utilizaria seus sentidos inúteis para experimentar algo que jamais lhe será novo. Viveria de modo amorfo, estático, inerte, morto. Ou, simplesmente, inexistente. "Ignorância é Força", famoso dito orwelliano utilizado pelo Grande Irmão em "1984", quase faz sentido quando pensamos assim...
FONTE: Duplipensar.net
Abraços,
Aliás, esta famosa tríade teológica, convenhamos, não passa de um majestoso pleonasmo, talvez utilizado por religiosos para justamente elevar seus deuses a um patamar ainda acima de um patamar já máximo. Afinal, se um é onisciente, este de tudo possui conhecimento, inclusive do tempo e do espaço, o que o faz onipresente. E assim, se tudo conhece, também tudo pode, o que automaticamente o faz também onipotente. Se formos adiante neste raciocínio, logo perceberemos que bastaria uma destas três palavras para denominar este apotegma ideológico.
Mas como definir, então, a Onisciência? De forma lacônica e pouco profunda, seria a ciência de tudo, o conhecimento infinito, o que de fato, inicialmente, parece bastante plausível para a concepção de um ente supremo. Mas deixemos de pensar em um Deus e criemos um outro ser, imaginário, ao qual se aplique este mesmo, sonoro adjetivo da onisciência. Como agiria, de fato, este ser cuja ciência é inquestionável e que nada dele é oculto?
Antes de responder à isto, perguntemos; por quê, afinal, o ser humano se mantém vivo? Ora, o Homem desconhece seu futuro, os prazeres e desprazeres dos eventualismos conseguintes, os resultados de suas ações e das ações alheias e assim, ele vive, baseado unicamente em sua curiosidade, que nada mais é do que produto da restrição temporal imposta biologicamente ao indivíduo. Isto colocado, como conceber qualquer forma de ação que seja proveniente da Onisciência?
Nosso ser Onisciente teria conhecimento obviamente pleno, inclusive com relação a fatos temporais. Caso contrário, já não se trataria de Onisciência - qualquer restrição mínima que esta mente possuir virá diretamente a antagonizar este conceito. Que motivos teria então este ser para realizar qualquer tipo de ação? Qualquer realização terá resultado já conhecido, independemente do que for. Qualquer sentimento de prazer, tristeza, felicidade ou depressão - se é que se pode falar em sentimentos relativos a tal forma de existência - seriam inúteis, pois possui conhecimento pleno de toda e qualquer sensação. O Homem também as conhece, é verdade, porém não de forma integral, ou não as buscaria novamente, inifinamente. Apenas as reproduziria em sua mente quando quer que o achasse necessário, possuindo assim pleno controle de uma egopsicologia plenamente voltada para a Vontade humana.
Assim, o Onisciente não teria sequer prazeres psicológicos para os quais viver. Não raciocinaria, pois tudo já sabe. Não utilizaria seus sentidos inúteis para experimentar algo que jamais lhe será novo. Viveria de modo amorfo, estático, inerte, morto. Ou, simplesmente, inexistente. "Ignorância é Força", famoso dito orwelliano utilizado pelo Grande Irmão em "1984", quase faz sentido quando pensamos assim...
FONTE: Duplipensar.net
Abraços,
"Grandes Poderes Trazem Grandes Responsabilidades"
Ben Parker
Ben Parker
Re: Estudo sobre a Onisciência
Uma questão interessante que sempre me perguntei. Outra que fica é: Um ser onisciente que cria um ser imperfeito saberia tudo sobre ele, todas as possibilidades (livre arbítrio)? E sobre todo o conjunto de sua criação? Claro que aqui você está admitindo onisciência plena e eu entendi isso. Mas não deixa de ser uma dúvida real.
Outra pergunta igualmente interessante é: Ele sendo onisciente, o é de si mesmo ou seja, se ele resolve criar algo, ele já sabia que iria fazer isso? Se não, então ele não seria onisciente?
Outra pergunta igualmente interessante é: Ele sendo onisciente, o é de si mesmo ou seja, se ele resolve criar algo, ele já sabia que iria fazer isso? Se não, então ele não seria onisciente?

"Tentar provar a existencia de deus com a biblia, é a mesma coisa q tentar provar a existencia de orcs usando o livro senhor dos aneis."


- Aranha
- Mensagens: 6595
- Registrado em: 18 Out 2005, 22:11
- Gênero: Masculino
- Localização: Nova York
- Contato:
Re: Estudo sobre a Onisciência
Luiz Carlos Querido escreveu:Uma questão interessante que sempre me perguntei. Outra que fica é: Um ser onisciente que cria um ser imperfeito saberia tudo sobre ele, todas as possibilidades (livre arbítrio)? E sobre todo o conjunto de sua criação? Claro que aqui você está admitindo onisciência plena e eu entendi isso. Mas não deixa de ser uma dúvida real.
Outra pergunta igualmente interessante é: Ele sendo onisciente, o é de si mesmo ou seja, se ele resolve criar algo, ele já sabia que iria fazer isso? Se não, então ele não seria onisciente?
- O que o estudo acima procura demonstrar é que a tal onisciência na realidade é não seria um poder e sim uma limitação intransponível que levaria a vários paradoxos lógicos insolúveis, um deles é este que você citou.
Abraços,
"Grandes Poderes Trazem Grandes Responsabilidades"
Ben Parker
Ben Parker
- Fernando Silva
- Administrador
- Mensagens: 20080
- Registrado em: 25 Out 2005, 11:21
- Gênero: Masculino
- Localização: Rio de Janeiro, RJ
- Contato:
Re: Estudo sobre a Onisciência
Tomás de Aquino, em uma de suas masturbações mentais, declarou que Deus está fora da linha do tempo tal como a percebemos.
Para ele, todos os acontecimentos são simultâneos, não importando se estão no presente, passado ou futuro.
Para ele, a cada momento temos a opção de pecar ou não, as duas com a mesma probabilidade de acontecer (embora o homem em geral se decida pela opção de pecar...).
Para ele, todos os acontecimentos são simultâneos, não importando se estão no presente, passado ou futuro.
Para ele, a cada momento temos a opção de pecar ou não, as duas com a mesma probabilidade de acontecer (embora o homem em geral se decida pela opção de pecar...).
Re: Estudo sobre a Onisciência
Fernando Silva escreveu:Tomás de Aquino, em uma de suas masturbações mentais, declarou que Deus está fora da linha do tempo tal como a percebemos.
Se assim não o fosse, este deus não seria perfeito pois seria dependente de uma lei física, mesmo que ele mesmo tenha criado.
Fernando Silva escreveu:Para ele, todos os acontecimentos são simultâneos, não importando se estão no presente, passado ou futuro.
O que faz sentido para um deus com tais poderes.
Fernando Silva escreveu:Para ele, a cada momento temos a opção de pecar ou não, as duas com a mesma probabilidade de acontecer (embora o homem em geral se decida pela opção de pecar...).
Não entendi este "para ele". Para Tomas ou para Deus?
"Tentar provar a existencia de deus com a biblia, é a mesma coisa q tentar provar a existencia de orcs usando o livro senhor dos aneis."


- Fernando Silva
- Administrador
- Mensagens: 20080
- Registrado em: 25 Out 2005, 11:21
- Gênero: Masculino
- Localização: Rio de Janeiro, RJ
- Contato:
Re: Estudo sobre a Onisciência
Luiz Carlos Querido escreveu:Fernando Silva escreveu:Para ele, a cada momento temos a opção de pecar ou não, as duas com a mesma probabilidade de acontecer (embora o homem em geral se decida pela opção de pecar...).
Não entendi este "para ele". Para Tomas ou para Deus?
Para Tomás de Aquino.
Re: Estudo sobre a Onisciência
Fernando Silva escreveu:Luiz Carlos Querido escreveu:Fernando Silva escreveu:Para ele, a cada momento temos a opção de pecar ou não, as duas com a mesma probabilidade de acontecer (embora o homem em geral se decida pela opção de pecar...).
Não entendi este "para ele". Para Tomas ou para Deus?
Para Tomás de Aquino.
Que susto! Pensei que Tomas de Aquino sabia o que Deus pensava...

"Tentar provar a existencia de deus com a biblia, é a mesma coisa q tentar provar a existencia de orcs usando o livro senhor dos aneis."


- Fernando Silva
- Administrador
- Mensagens: 20080
- Registrado em: 25 Out 2005, 11:21
- Gênero: Masculino
- Localização: Rio de Janeiro, RJ
- Contato:
Re: Estudo sobre a Onisciência
Luiz Carlos Querido escreveu:Fernando Silva escreveu:Luiz Carlos Querido escreveu:Fernando Silva escreveu:Para ele, a cada momento temos a opção de pecar ou não, as duas com a mesma probabilidade de acontecer (embora o homem em geral se decida pela opção de pecar...).
Não entendi este "para ele". Para Tomas ou para Deus?
Para Tomás de Aquino.
Que susto! Pensei que Tomas de Aquino sabia o que Deus pensava...As vezes eu me supero em meus desligamentos...
Talvez achasse que sabia, como tantos crentes por aí.
Re: Estudo sobre a Onisciência
Fernando Silva escreveu:Luiz Carlos Querido escreveu:Fernando Silva escreveu:Luiz Carlos Querido escreveu:Fernando Silva escreveu:Para ele, a cada momento temos a opção de pecar ou não, as duas com a mesma probabilidade de acontecer (embora o homem em geral se decida pela opção de pecar...).
Não entendi este "para ele". Para Tomas ou para Deus?
Para Tomás de Aquino.
Que susto! Pensei que Tomas de Aquino sabia o que Deus pensava...As vezes eu me supero em meus desligamentos...
Talvez achasse que sabia, como tantos crentes por aí.
Se um dia isso acontecer, admitindo-se a hipótese inconteste da existência do mesmo, daí seríamos deuses...
...se bem que acho que em Salmos e depois Jesus tenha dito algo à respeito sobre "sois deuses"...
Só sei que eu sou o rei do flash back...
"Tentar provar a existencia de deus com a biblia, é a mesma coisa q tentar provar a existencia de orcs usando o livro senhor dos aneis."

