
Estou a ler o último livro de Steven Pinker e lá ele apresenta a ideia do inatismo extremo de Jerry Fodor (um dos pais do cognitivismo). Segundo Fodor, a esmagadora maioria da palavras (tipo matar) são como átomos cognitivos e como tal são inatas (isso mesmo... nascem connosco como conceito). Ou seja, há 100 000 anos atrás, apesar de não existirem carburadores já tinhamos a noção de carburador. Quando apareceram os carboradores... Booing (expressão usada por pinker no livro para explicar a surpresa desta ideia)... Voilá. O conceito de carborador se expressa. A razão porque ele pensa assim tem a ver com algo que todos temos de aceitar: tem de haver algo inato na nossa capacidade para a linguagem. Caso contrário o que nos diferenciaria das galinhas? Há um chassis cognitivo que nos permite usar linguagem simbólica. Esse chassis só pode ser inato (nem um marxista/relativista/culturalista pode negar isto). Fodor basicamente diz que o chassis se mostra em palavras como matar, comer, carburador, computador, etc (segundo Fodor são as 50 000 palavras do dicionário ou mais... até 500 000). Estas palavras são o que são... átomos. E não podem ser decompostas noutros conceitos mais básicos. Ora, sendo os mais básicos são inatos.

Pinker dedica-se a mostrar que as coisas não são assim.
Mas que absurdo. Alguém disse que um filosofo é alguém que se recusa a aceitar o senso comum. Mas bem que podiam abrir uma excepção de vez em quando...