Competição versus Colaboração

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Acauan
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Mensagem por Acauan »

Claudio Loredo escreveu: Existem problemas que são comuns e compartilhados entre todos os países, como é o caso da proteção ao meio-ambiente, aos direitos trabalhistas, aos direitos humanos e o desenvolvimento econômico. Deve existir uma cooperação entre os países para resolver estes problemas.


A natureza dos problemas podem ser comuns, mas as soluções não.
Os países da Europa podem se dar ao luxo de criar leis trabalhistas e de proteção ambiental extremamente rígidas, uma vez que não há famintos ou analfabetos em sua população dependendo de expansão da atividade econômica para saírem da miséria. Não há como uma cooperação nestas áreas ajudar ao Paquistão ou Burkina Fasso, que amargam realidades completamente opostas. Estes países precisam de investimentos e de um ambiente econômico que permita a estes investimentos transformarem-se em riqueza.
Até hoje não se descobriu modo melhor de fazer isto que as economia de mercado.

A única questão que sobra é a dos direitos humanos, mas é ingenuidade achar que cooperação resolveria o problema dos países que não os respeitam.
Países que violam os direitos humanos em geral são governados por ditaduras brutais, que só largariam o osso do poder se tirados de lá pela força, como foi feito com o Sadam.


Claudio Loredo escreveu: No caso dos direitos trabalhistas, atualmente as grandes empresas que usam mão-de-obra intensiva estão se instalando onde o custo deste recurso é menor. Tudo isto leve a precarização do mundo do trabalho. Se a India tem uma jornada de trabalho de 50 horas semanais, os outros países pobres tem que fazer o mesmo para conseguir investimentos dessas empresas.


Pergunte para as pessoas na Índia que trabalham nestas grandes empresas internacionais se elas preferem que estes empregos não estejam disponíveis por lá. Pergunte a qualquer indiano se a vida deles era melhor há trinta anos, antes da globalização, quando a Índia era chamada de continente da fome. Verifique a relação entre empresas investirem onde o custo da mão-de-obra é menor e a Índia apresentar índices de crescimento econômico muito maiores que os do Brasil, oferecendo assim mais empregos e oportunidades, além de manter sua classe média, a maior do mundo.
Aliás, não é precisa ir tão longe. Pergunte a qualquer profissional brasileiro que trabalhe para uma grande empresa multinacional se ele se sente "precarizado" no mundo do trabalho e preferiria bater ponto em algum empreendimento genuinamente brasileiro.
Este discurso ideológico de que a globalização é nociva para os trabalhadores do terceiro mundo não tem o menor fundamento nos fatos. A globalização é nociva para os trabalhadores do primeiro mundo, já que transfere empregos para o terceiro, empregos estes que são sempre de melhor qualidade que os oferecidos antes naqueles países, isto quando existia empregos, de qualquer tipo, sendo oferecidos e não apenas a estagnação crônica.


Claudio Loredo escreveu: Atualmente estão ocorrendo protestos na França em virtude da eliminação dos direitos trabalhistas. Protestos esses que já juntaram mais de 500.000 em Paris. É justo que as pessoas queiram segurança em suas vidas ao invés de viverem de acordo com o mais lucrativo para o capital.


Depois os franceses não reclamem quando seus empregos forem transferidos para a Índia.

Claudio Loredo escreveu: A solução para que um país não perca postos de trabalho enquando o outro ganha é a existência de uma legislação trabalhista mínima que fosse adotada por todos os países.


Este é um dos pensamentos pior fundamentados quanto à percepção da realidade econômica e política internacional e mesmo assim é um dos mais repetidos e por mais longo tempo.

A contestação deste pensamento é feita apenas lembrando um fato incontestável:

Não é possível criar riqueza por decreto.

Os países ricos têm legislações trabalhistas avançadas porque são ricos. Eles não são ricos porque tem políticas trabalhistas avançadas.
Nos séculos XVIII e XIX as condições de trabalho nas indústrias e minas britânicas eram piores que as vigentes na maior parte do terceiro mundo hoje.
Foi o crescimento econômico, o aumento da produtividade e o enriquecimento geral decorrente ao longo de séculos que tornou possível a adoção das modernas leis trabalhistas e do Estado de Bem Estar Social.
Pular a semeadura dos séculos para ir direto à colheita do bem estar é apenas sonho.
Cada país deve encontrar a legislação trabalhista mais adequada ao seu nível de desenvolvimento econômico e às suas necessidades de crescimento. É loucura querer igualar os diferentes ignorando estas necessidades.

Se fosse possível elevar os salários apenas fazendo leis que ordenam que eles subam, então a perversidade dos governantes seria a única causa da pobreza, o que, obviamente, não é verdade.
Assim como congelamento de preços apenas transfere os produtos do mercado legal para o mercado negro, legislações trabalhistas inadequadas apenas transferem empregos formais para a informalidade, numa relação econômica mais que conhecida.

Tentar impor legislações únicas de aplicação mundial apenas bagunçaria ainda mais estas relações de equilíbrio delicado e os maiores prejudicados, como sempre, seriam os mais pobres.


Claudio Loredo escreveu: A colaboração tem sido testada em inúmeras áreas mundo afora. Na Europa a produção agricola é planejada. Os países entram em acordo para decidirem o que cada um irá produzir e o quando cada um produzirá. Eles coordenam sua produção agricola de forma a um suprir o outro nos periodos de diferentes entresafras. Quem quiser saber mais sobre a política comum agricola é só acessar: http://europa.eu.int/pol/agr/index_pt.htm


O que você está citando Cláudio, é a tão mal falada política de subsídios e protecionismo agrícola adotado pelos europeus e que prejudicam os países exportadores de alimentos do terceiro mundo, como nós.
Ou seja, seus exemplos de como melhorar o mundo terminam por cair naquilo que o mundo condena como prejudicial, principalmente, como disse antes, aos países pobres.


Claudio Loredo escreveu: Numa política agricola comum não há produção em excesso nem produção insuficiente. Há a produção necessária.


Ai, ai, ai... Depois de oitenta anos de sucessivos fiascos das economias planejadas, ainda há quem defenda isto como a panacéia que resolverá todos os problemas do mundo.

Claudio Loredo escreveu: A concorrencia tem gerado lucro? sim tem. Ao longo da história moderna ela tem gerado lucro. O questionamento que eu faço é será que numa economia baseada no conhecimento é necessário haver competição? Numa era comandada pelo digital deve-se usar a mesma lógica que foi usada durante todos os anos comandados pela lógica da indústra? O que funciona para um periodo histórico funciona para outro?


Cláudio, você está se esquecendo de um pequenino detalhe:
E o consumidor?
Este seu maravilhoso mundo sem competição é um outro nome para um mundo onde toda produção e comércio seria controlada por monopólios, oligopólios e cartéis.
Me dê um único motivo pelo qual os produtores e comerciantes nestas condições se preocupariam em melhorar seus produtos e serviços ou repassar ao consumidor suas reduções de custos?

As idéias de esquerda são frágeis porque autocontraditórias.
Você fala da concorrência que gera lucros, como se a concorrência fosse do interesse dos empresários.
Me diga qual empresário que gosta de ter concorrentes. Nenhum é claro, a concorrência é benéfica para o consumidor, não para o vendedor.
O mundo melhor que você quer para o povão é, estranhamente, o sonho de todos os empresários, um mundo sem concorrência empresarial.
Basta somar dois mais dois e tirar as conclusões.


Claudio Loredo escreveu: Se as pessoas querem as coisas rápido, elas não podem parar para escolher entre diferentes competidores. Não podem parar para testar. Tem que ter o que querem e pronto. Sendo o conhecimento acessível a todos, não existe concorrência, pois todos podem fazer as mesmas coisas do mesmo jeito. É só compartilhar os meios para isto.


Por que então as grandes empresas gastam bilhões de dólares em pesquisa e desenvolvimento, publicidade e propaganda?
Nós escolhemos e testamos coisas o tempo todo, você também faz isto e sabe disto, ou as roupas e calçados que usa, seu equipamento de informática ou seu veículo foram todos comprados sem que você de alguma forma comparasse as opções disponíveis e optasse pela que lhe pareceu a melhor?


Claudio Loredo escreveu: Se a humanidade se liberta da escravidão do trabalho e do consumismo, ela passa a ter mais tempo e recursos para outros investimentos como por exemplo a exploração espacial e a eliminação de todas as doenças, incluindo as que levam ao envelhecimento. Atualmente esses investimentos não são feitos como poderiam por falta de colaboração entre os países.


Não há qualquer evidência consistente que confirme sua afirmação de que o paraíso que sugeriu só não se materializa por falta de colaboração entre os países.
Você reduziu as milhares ou mesmo milhões de variáveis desta equação a apenas uma, o que a torna apenas uma declaração de fé.


Claudio Loredo escreveu: Não dá mais para continuarmos tendo a explosão populacional nas regiões mais carentes, simplesmente porque as pessoas não tem acesso a educação. Só a colaboração pode deter a explosão da pobreza. Faz-se necessário a busca do bem estar social para todos e não apenas a busca do lucro de uma minoria.


Problemas econômicos são resolvidos de modo matemático, ponderando os créditos e débitos envolvidos e buscando o melhor equilíbrio possível dentro dos recursos disponíveis.
Você sabe muito bem que não importa quão dramáticos sejam os débitos sociais, os créditos que os compensam não vão surgir do nada apenas por causa desta dramaticidade e nem tampouco por conta de uma cooperação que, até que seja demonstrada de forma numérica, apenas reflete as intenções emocionais de quem defende esta causa.
Boas intenções, de fato, mas que não são suficientes.
Nós, Índios.

Acauan Guajajara
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Re.: Competição versus Colaboração

Mensagem por O ENCOSTO »

Claudio Loredo postando no RV:

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Claudio Loredo
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Re.: Competição versus Colaboração

Mensagem por Claudio Loredo »


John Lennon é o cara! :emoticon166: :emoticon176: :emoticon243:


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Claudio Loredo
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Re.: Competição versus Colaboração

Mensagem por Claudio Loredo »


Acauan escreveu:Pergunte para as pessoas na Índia que trabalham nestas grandes empresas internacionais se elas preferem que estes empregos não estejam disponíveis por lá. Pergunte a qualquer indiano se a vida deles era melhor há trinta anos, antes da globalização, quando a Índia era chamada de continente da fome. Verifique a relação entre empresas investirem onde o custo da mão-de-obra é menor e a Índia apresentar índices de crescimento econômico muito maiores que os do Brasil, oferecendo assim mais empregos e oportunidades, além de manter sua classe média, a maior do mundo.
Aliás, não é precisa ir tão longe. Pergunte a qualquer profissional brasileiro que trabalhe para uma grande empresa multinacional se ele se sente "precarizado" no mundo do trabalho e preferiria bater ponto em algum empreendimento genuinamente brasileiro.



Certamente esses trabalhadores estão satisfeitos. Nestes países, estar empregado já é um privilégio, ainda mais quando se é empregado de uma grande empresa. Só que o problema foi resolvido para estes empregados, mas há os que não são beneficiados pelo sistema. Apesar do crescimento indiano, na cidade de Bombaim que possui 16 milhões de habitantes, há quatro milhões de moradores de rua. A questão é como inserir essas pessoas no mercado de trabalho. Será que a abertura econômica sozinha resolve tudo?

Outra questão, como ser um consumidor sem ter dinheiro para consumir?

O custo da produção tem caído muito devido a concentração industrial e aos ganhos de escala. A produção intensiva se faz em países como Índia e China onde a mão-de-obra é muito barata. A automação também ajuda a diminuir os custos de produção. No final, devido a estes e outros fatores, as mercadorias são vendidas com custos cada vez menores, mas o problema é que está faltando trabalho para as pessoas e sem trabalho, como ter dinheiro para consumir?

O desemprego pode ter conseqüências sociais graves. Daí vejo a necessidade de um planejamento econômico maior para evitar esse mal. Isto pode ser feito sem eliminar a livre concorrência onde ela é necessária.

Uma das razões, dentre outros, pelas quais os países ricos tiveram acumulação de capital foi a superexploração da mão-de-obra e destruição do meio ambiente durante a revolução industrial. Os países pobres podem fazer o mesmo que os mais ricos fizeram, mas será que isto é interessante para os países desenvolvidos? Será bom para eles ver toda a produção industrial ir para esses países? E será que nós dos países pobres queremos seguir esse caminho para atingir o desenvolvimento?

Acauan escreveu:O que você está citando Cláudio, é a tão mal falada política de subsídios e protecionismo agrícola adotado pelos europeus e que prejudicam os países exportadores de alimentos do terceiro mundo, como nós.
Ou seja, seus exemplos de como melhorar o mundo terminam por cair naquilo que o mundo condena como prejudicial, principalmente, como disse antes, aos países pobres.


A política agrícola comum européia é um exemplo de colaboração, pois acabam produzindo com um planejamento bem maior. O protecionismo agrícola contra países do terceiro mundo não compromete esta política. Penso que os europeus poderiam abrir mão do protecionismo sem abrir mão da política agrícola comum. Eles são colaborativos entre si e competitivos com os outros, espero que para o futuro isto mude. Já prometeram para 2013 acabar com esses subsídios.

Acauan escreveu:Cláudio, você está se esquecendo de um pequenino detalhe:
E o consumidor?
Este seu maravilhoso mundo sem competição é um outro nome para um mundo onde toda produção e comércio seria controlada por monopólios, oligopólios e cartéis.
Me dê um único motivo pelo qual os produtores e comerciantes nestas condições se preocupariam em melhorar seus produtos e serviços ou repassar ao consumidor suas reduções de custos?


Será que a competição é a única força que move as pessoas a contínua melhoria? Acredito que as pessoas podem continuar trabalhando e melhorando seu trabalho pelo simples prazer de fazer isto. Admiramos as pessoas trabalhadoras e queremos ser como elas.

O mundo da programação é um exemplo de colaboração. Programadores do mundo inteiro, que nem se conhecem pessoalmente, se reúnem pela internet para desenvolver programas gratuitamente. Eles trabalham de graça pelo simples prazer de trabalhar, ensinar e aprender com outros.

O Fórum Religião é Veneno também é um exemplo de colaboração. Aqui a gente se reúne para trocar conhecimentos uns com os outros. Fazemos isto de graça porque apesar de não receber dinheiro para isto, acabamos nos tornando pessoas bem melhores com o conhecimentos que adquirimos. Um ajuda o outro a enfrentar melhor a vida.

A pessoa que não quer trabalhar ou melhorar deve ser excluída do mercado de trabalho, não porque ela não seja competitiva e sim porque ela não é colaborativa. Ou seja, ele não colabora com os outros. O trabalho não deve ser um privilégio, deve ser um direito, mas para isto é necessário que o desemprego deixe de existir para beneficiar os capitalistas que podem pagar menos aos seus empregados.

A competição faz parte da vida, mas a colaboração também. O problema que eu vejo é que se tem dado muito ênfase a competição. É importante premiar aqueles que mais se destacam na sociedade, mas o problema é que esse prêmio tem sido a custa da exclusão de muitos.

Os países mais desenvolvidos poderiam ajudar os países mais pobres a saírem do subdesenvolvimento sem ter que recorrer a superexploração de sua mão de obra. Será que a população desses países querem que todo o sofrimento pelo qual eles tiveram que passar seja repetido em outras terras e em tempos futuros?

Os problemas ambientais que hoje temos afetam todos os países. Por isso a solução deve ser conjunta. Impõe-se neste mundo global organismos supranacionais que impeçam que um país prejudique o meio ambiente de outro. Para que os países mais pobres possam se desenvolver sem a necessidade da destruição de seus recursos naturais, é necessário novamente a ajuda dos países mais desenvolvidos.

Num mundo interconectado, onde as viagens são cada vez mais fáceis de serem feitas, não faz mais sentido em se falar em competição entre países. Competição é algo pessoal, uma pessoa pode competir com a outra, mas os grupos devem colaborar entre si. Não estou aqui falando de governo centralizado para impor as pessoas tudo isto. Na minha opinião isto é algo natural que deve ocorrer a medida em que a integração entre as pessoas, facilitada pela internet, for acontecendo.

Naturalmente as pessoas estão se integrando, o mesmo está acontecendo com os governos e irá acontecer com as empresas. Ai, a humanidade poderá respirar aliviada, pois não haverá mais o risco de guerras e nem de destruição da natureza. Não podemos mais nos dar ao luxo de termos uma outra Guerra Mundial, pois está será a última. Também não podemos nos dar ao luxo de continuar destruindo o planeta terra, nosso lar.

Para que você possa adquirir os bens que precisa e que gosta, você não precisa de empresas competindo entre si. Você precisa de alguém disposto a fazer o trabalho que você não sabe, ou não pode, fazer. Esse alguém deve fazer parte de sua rede de relacionamentos. Esta pessoa não precisa estar competindo com outras, ela precisa estar colaborando com outras para adquirir mais conhecimentos e fazer o trabalho que você precisa.

Enfim, acho simplesmente que as coisas estão mudando. Que o meio de produção e a forma como as coisas são produzidas estão se modificando pouco a pouco. Se quisermos nos adaptar melhor as novas tecnologias, temos que pensar em modificar nossa forma de produção. Ai sim, teremos capacidade de até produzir mais, ou produzir o que nos é necessário. Só que o mais importante de tudo é termos a possibilidade de um relacionamento melhor entre as pessoas em todos os cantos do planeta.



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Acauan
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Re: Re.: Competição versus Colaboração

Mensagem por Acauan »

Claudio Loredo escreveu: Apesar do crescimento indiano, na cidade de Bombaim que possui 16 milhões de habitantes, há quatro milhões de moradores de rua. A questão é como inserir essas pessoas no mercado de trabalho. Será que a abertura econômica sozinha resolve tudo?


Até hoje ninguém descobriu uma forma mais eficaz de produzir riqueza, eliminar a miséria e promover o desenvolvimento econômico e social que a economia de mercado.
Todas as outras experiências que tentaram a reengenharia social prometida por ideologias mirabolantes foram catastróficas, resultando sempre em aumento da miséria, a violência ilimitada e negação dos direitos fundamentais do indivíduo.


Claudio Loredo escreveu: Outra questão, como ser um consumidor sem ter dinheiro para consumir?


Isto não é uma questão, é uma impossibilidade econômica.

Claudio Loredo escreveu:No final, devido a estes e outros fatores, as mercadorias são vendidas com custos cada vez menores, mas o problema é que está faltando trabalho para as pessoas e sem trabalho, como ter dinheiro para consumir?


Não é o que ocorre hoje na China e na Índia, onde as ofertas de trabalho nunca foram tão abundantes, tanto em quantidade quanto em qualidade. Um chinês nas zonas econômicas capitalistas ganha muito menos que um europeu, japonês ou americano, mas ganha muito mais do que os chineses do interior do país, agrário e comunista, e muito, muito mais do que ganhavam os chineses na época do Grande Salto para Frente, quando a fome criada pelos planos econômicos exterminou milhões pelo país.
Comparado com este terrível passado recente, os problemas atuais devem ser vistos como solução.


Claudio Loredo escreveu: O desemprego pode ter conseqüências sociais graves. Daí vejo a necessidade de um planejamento econômico maior para evitar esse mal. Isto pode ser feito sem eliminar a livre concorrência onde ela é necessária.


O exemplo do Grande Salto para Frente e suas conseqüências macabras é suficiente para lembrar que planejamento econômico não evita problemas, os cria.

Claudio Loredo escreveu: Uma das razões, dentre outros, pelas quais os países ricos tiveram acumulação de capital foi a superexploração da mão-de-obra e destruição do meio ambiente durante a revolução industrial. Os países pobres podem fazer o mesmo que os mais ricos fizeram, mas será que isto é interessante para os países desenvolvidos? Será bom para eles ver toda a produção industrial ir para esses países? E será que nós dos países pobres queremos seguir esse caminho para atingir o desenvolvimento?


A Revolução Industrial foi a mais poderosa força potencializadora das capacidades materiais humanas em toda a sua História.
Por causa dela a humanidade progrediu mais em dois séculos do que nos seis milênios anteriores da civilização.
Reduzir este movimento a "superexploração da mão-de-obra e destruição do meio ambiente" é, no mínimo, tendencioso.


Claudio Loredo escreveu: A política agrícola comum européia é um exemplo de colaboração, pois acabam produzindo com um planejamento bem maior. O protecionismo agrícola contra países do terceiro mundo não compromete esta política. Penso que os europeus poderiam abrir mão do protecionismo sem abrir mão da política agrícola comum. Eles são colaborativos entre si e competitivos com os outros, espero que para o futuro isto mude. Já prometeram para 2013 acabar com esses subsídios.


Os produtos agrícolas europeus são mais caros e de menor qualidade que os alternativos oferecidos por países agrícolas com território e clima mais propícios, como o Brasil.
Se seus governos removessem as barreiras protecionistas e os subsídios, estas agriculturas não teriam como competir com seus rivais estrangeiros.
Todos os sistemas montados em torno desta realidade tem um nome – cartéis.
Seu objetivo não é a promoção de um cooperacionismo romântico e sim uma união de privilegiados interessados apenas em manter seus privilégios, custeado pelos cidadãos europeus.
Estranho que os produtores agrícolas brasileiros, que construíram verdadeiros impérios produtivos em termos de eficiência e tecnologia, sem contar com subsídios ou outras mamatas, sejam tratados por aqui como bandidos desalmados, enquanto fazendeiros europeus que mamam nas tetas do Estado e se escondem atrás da proteção dele são mostrados como modelos positivos.


Claudio Loredo escreveu: Será que a competição é a única força que move as pessoas a contínua melhoria? Acredito que as pessoas podem continuar trabalhando e melhorando seu trabalho pelo simples prazer de fazer isto. Admiramos as pessoas trabalhadoras e queremos ser como elas.


Não é o que a realidade nos mostra todo dia com inúmeros exemplos de significância estatística mais abrangente que os casos que citou.
Basta comparar a produtividade média do setor público, onde há estabilidade no emprego, promoções por tempo de serviço e baixa competição, com a produtividade do setor privado, onde o que manda são os resultados.

Mas você tem uma idéia muito negativa sobre competição, que não é sinônimo de guerra. Muitas empresas concorrentes tem diversos níveis de cooperação entre si através de associações e intercâmbios diversos.
Veja o caso das grandes indústrias mundiais de eletrônica de consumo e verá que cooperação e competição não são incompatíveis em sociedades capitalistas avançadas – quem não acreditar, que pense se foi por coincidência que vídeo-cassetes, dvd's ou câmeras digitais foram colocados no mercado praticamente ao mesmo tempo por todas as grandes marcas eletrônicas.


Claudio Loredo escreveu: Os problemas ambientais que hoje temos afetam todos os países. Por isso a solução deve ser conjunta. Impõe-se neste mundo global organismos supranacionais que impeçam que um país prejudique o meio ambiente de outro. Para que os países mais pobres possam se desenvolver sem a necessidade da destruição de seus recursos naturais, é necessário novamente a ajuda dos países mais desenvolvidos.


Ou seja, como se não bastassem as trapalhadas que os burocratas estatizantes promoveram em seus próprios países, ainda há proposta de criar uma superburocracia de jurisdição mundial com o poder de criar trapalhadas globais.

Claudio Loredo escreveu: Naturalmente as pessoas estão se integrando, o mesmo está acontecendo com os governos e irá acontecer com as empresas. Ai, a humanidade poderá respirar aliviada, pois não haverá mais o risco de guerras e nem de destruição da natureza. Não podemos mais nos dar ao luxo de termos uma outra Guerra Mundial, pois está será a última. Também não podemos nos dar ao luxo de continuar destruindo o planeta terra, nosso lar.


Utopias do tipo são propostas desde o começo do mundo e nunca deram em nada. Quando deixaram de ser sonhos românticos para vestir um disfarce de ciência profética deu no que deu.

Claudio Loredo escreveu: Para que você possa adquirir os bens que precisa e que gosta, você não precisa de empresas competindo entre si. Você precisa de alguém disposto a fazer o trabalho que você não sabe, ou não pode, fazer. Esse alguém deve fazer parte de sua rede de relacionamentos. Esta pessoa não precisa estar competindo com outras, ela precisa estar colaborando com outras para adquirir mais conhecimentos e fazer o trabalho que você precisa.


Realmente não sei como é possível operacionalizar estes paraísos econômicos. Se deixamos cada um por si buscando o melhor caminho da colaboração, temos apenas uma proposta de humanização da economia de mercado, seja lá o que queira dizer isto.
Se a proposta é que alguma força imponha um planejamento que leve à tal colaboração temos de novo o velho comunismo. Que a terra lhe seja pesada.
A tal terceira via continua sendo uma ficção.


Claudio Loredo escreveu: Enfim, acho simplesmente que as coisas estão mudando. Que o meio de produção e a forma como as coisas são produzidas estão se modificando pouco a pouco. Se quisermos nos adaptar melhor as novas tecnologias, temos que pensar em modificar nossa forma de produção. Ai sim, teremos capacidade de até produzir mais, ou produzir o que nos é necessário. Só que o mais importante de tudo é termos a possibilidade de um relacionamento melhor entre as pessoas em todos os cantos do planeta.


As coisas estão sempre mudando.
Isto é um efeito direto das economias de mercado competitivas.
Com leis democráticas e estados eficientes esta mudança pode ser para melhor enquanto der, uma vez que as leis econômicas existem e não podem ser violadas, independente de nossos sentimentos com relação a elas.
Nós, Índios.

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Melchior Valentine
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Re: Competição versus Colaboração

Mensagem por Melchior Valentine »

Passei os olhos rapidamente pelo tópico, e não vi ninguém lembrando que o maior problema do PIB per capita é esconder o problema crônico das nações subdesenvolvidas: a desigualdade socioeconômica.
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