Claudio Loredo escreveu: Existem problemas que são comuns e compartilhados entre todos os países, como é o caso da proteção ao meio-ambiente, aos direitos trabalhistas, aos direitos humanos e o desenvolvimento econômico. Deve existir uma cooperação entre os países para resolver estes problemas.
A natureza dos problemas podem ser comuns, mas as soluções não.
Os países da Europa podem se dar ao luxo de criar leis trabalhistas e de proteção ambiental extremamente rígidas, uma vez que não há famintos ou analfabetos em sua população dependendo de expansão da atividade econômica para saírem da miséria. Não há como uma cooperação nestas áreas ajudar ao Paquistão ou Burkina Fasso, que amargam realidades completamente opostas. Estes países precisam de investimentos e de um ambiente econômico que permita a estes investimentos transformarem-se em riqueza.
Até hoje não se descobriu modo melhor de fazer isto que as economia de mercado.
A única questão que sobra é a dos direitos humanos, mas é ingenuidade achar que cooperação resolveria o problema dos países que não os respeitam.
Países que violam os direitos humanos em geral são governados por ditaduras brutais, que só largariam o osso do poder se tirados de lá pela força, como foi feito com o Sadam.
Claudio Loredo escreveu: No caso dos direitos trabalhistas, atualmente as grandes empresas que usam mão-de-obra intensiva estão se instalando onde o custo deste recurso é menor. Tudo isto leve a precarização do mundo do trabalho. Se a India tem uma jornada de trabalho de 50 horas semanais, os outros países pobres tem que fazer o mesmo para conseguir investimentos dessas empresas.
Pergunte para as pessoas na Índia que trabalham nestas grandes empresas internacionais se elas preferem que estes empregos não estejam disponíveis por lá. Pergunte a qualquer indiano se a vida deles era melhor há trinta anos, antes da globalização, quando a Índia era chamada de continente da fome. Verifique a relação entre empresas investirem onde o custo da mão-de-obra é menor e a Índia apresentar índices de crescimento econômico muito maiores que os do Brasil, oferecendo assim mais empregos e oportunidades, além de manter sua classe média, a maior do mundo.
Aliás, não é precisa ir tão longe. Pergunte a qualquer profissional brasileiro que trabalhe para uma grande empresa multinacional se ele se sente "precarizado" no mundo do trabalho e preferiria bater ponto em algum empreendimento genuinamente brasileiro.
Este discurso ideológico de que a globalização é nociva para os trabalhadores do terceiro mundo não tem o menor fundamento nos fatos. A globalização é nociva para os trabalhadores do primeiro mundo, já que transfere empregos para o terceiro, empregos estes que são sempre de melhor qualidade que os oferecidos antes naqueles países, isto quando existia empregos, de qualquer tipo, sendo oferecidos e não apenas a estagnação crônica.
Claudio Loredo escreveu: Atualmente estão ocorrendo protestos na França em virtude da eliminação dos direitos trabalhistas. Protestos esses que já juntaram mais de 500.000 em Paris. É justo que as pessoas queiram segurança em suas vidas ao invés de viverem de acordo com o mais lucrativo para o capital.
Depois os franceses não reclamem quando seus empregos forem transferidos para a Índia.
Claudio Loredo escreveu: A solução para que um país não perca postos de trabalho enquando o outro ganha é a existência de uma legislação trabalhista mínima que fosse adotada por todos os países.
Este é um dos pensamentos pior fundamentados quanto à percepção da realidade econômica e política internacional e mesmo assim é um dos mais repetidos e por mais longo tempo.
A contestação deste pensamento é feita apenas lembrando um fato incontestável:
Não é possível criar riqueza por decreto.
Os países ricos têm legislações trabalhistas avançadas porque são ricos. Eles não são ricos porque tem políticas trabalhistas avançadas.
Nos séculos XVIII e XIX as condições de trabalho nas indústrias e minas britânicas eram piores que as vigentes na maior parte do terceiro mundo hoje.
Foi o crescimento econômico, o aumento da produtividade e o enriquecimento geral decorrente ao longo de séculos que tornou possível a adoção das modernas leis trabalhistas e do Estado de Bem Estar Social.
Pular a semeadura dos séculos para ir direto à colheita do bem estar é apenas sonho.
Cada país deve encontrar a legislação trabalhista mais adequada ao seu nível de desenvolvimento econômico e às suas necessidades de crescimento. É loucura querer igualar os diferentes ignorando estas necessidades.
Se fosse possível elevar os salários apenas fazendo leis que ordenam que eles subam, então a perversidade dos governantes seria a única causa da pobreza, o que, obviamente, não é verdade.
Assim como congelamento de preços apenas transfere os produtos do mercado legal para o mercado negro, legislações trabalhistas inadequadas apenas transferem empregos formais para a informalidade, numa relação econômica mais que conhecida.
Tentar impor legislações únicas de aplicação mundial apenas bagunçaria ainda mais estas relações de equilíbrio delicado e os maiores prejudicados, como sempre, seriam os mais pobres.
Claudio Loredo escreveu: A colaboração tem sido testada em inúmeras áreas mundo afora. Na Europa a produção agricola é planejada. Os países entram em acordo para decidirem o que cada um irá produzir e o quando cada um produzirá. Eles coordenam sua produção agricola de forma a um suprir o outro nos periodos de diferentes entresafras. Quem quiser saber mais sobre a política comum agricola é só acessar: http://europa.eu.int/pol/agr/index_pt.htm
O que você está citando Cláudio, é a tão mal falada política de subsídios e protecionismo agrícola adotado pelos europeus e que prejudicam os países exportadores de alimentos do terceiro mundo, como nós.
Ou seja, seus exemplos de como melhorar o mundo terminam por cair naquilo que o mundo condena como prejudicial, principalmente, como disse antes, aos países pobres.
Claudio Loredo escreveu: Numa política agricola comum não há produção em excesso nem produção insuficiente. Há a produção necessária.
Ai, ai, ai... Depois de oitenta anos de sucessivos fiascos das economias planejadas, ainda há quem defenda isto como a panacéia que resolverá todos os problemas do mundo.
Claudio Loredo escreveu: A concorrencia tem gerado lucro? sim tem. Ao longo da história moderna ela tem gerado lucro. O questionamento que eu faço é será que numa economia baseada no conhecimento é necessário haver competição? Numa era comandada pelo digital deve-se usar a mesma lógica que foi usada durante todos os anos comandados pela lógica da indústra? O que funciona para um periodo histórico funciona para outro?
Cláudio, você está se esquecendo de um pequenino detalhe:
E o consumidor?
Este seu maravilhoso mundo sem competição é um outro nome para um mundo onde toda produção e comércio seria controlada por monopólios, oligopólios e cartéis.
Me dê um único motivo pelo qual os produtores e comerciantes nestas condições se preocupariam em melhorar seus produtos e serviços ou repassar ao consumidor suas reduções de custos?
As idéias de esquerda são frágeis porque autocontraditórias.
Você fala da concorrência que gera lucros, como se a concorrência fosse do interesse dos empresários.
Me diga qual empresário que gosta de ter concorrentes. Nenhum é claro, a concorrência é benéfica para o consumidor, não para o vendedor.
O mundo melhor que você quer para o povão é, estranhamente, o sonho de todos os empresários, um mundo sem concorrência empresarial.
Basta somar dois mais dois e tirar as conclusões.
Claudio Loredo escreveu: Se as pessoas querem as coisas rápido, elas não podem parar para escolher entre diferentes competidores. Não podem parar para testar. Tem que ter o que querem e pronto. Sendo o conhecimento acessível a todos, não existe concorrência, pois todos podem fazer as mesmas coisas do mesmo jeito. É só compartilhar os meios para isto.
Por que então as grandes empresas gastam bilhões de dólares em pesquisa e desenvolvimento, publicidade e propaganda?
Nós escolhemos e testamos coisas o tempo todo, você também faz isto e sabe disto, ou as roupas e calçados que usa, seu equipamento de informática ou seu veículo foram todos comprados sem que você de alguma forma comparasse as opções disponíveis e optasse pela que lhe pareceu a melhor?
Claudio Loredo escreveu: Se a humanidade se liberta da escravidão do trabalho e do consumismo, ela passa a ter mais tempo e recursos para outros investimentos como por exemplo a exploração espacial e a eliminação de todas as doenças, incluindo as que levam ao envelhecimento. Atualmente esses investimentos não são feitos como poderiam por falta de colaboração entre os países.
Não há qualquer evidência consistente que confirme sua afirmação de que o paraíso que sugeriu só não se materializa por falta de colaboração entre os países.
Você reduziu as milhares ou mesmo milhões de variáveis desta equação a apenas uma, o que a torna apenas uma declaração de fé.
Claudio Loredo escreveu: Não dá mais para continuarmos tendo a explosão populacional nas regiões mais carentes, simplesmente porque as pessoas não tem acesso a educação. Só a colaboração pode deter a explosão da pobreza. Faz-se necessário a busca do bem estar social para todos e não apenas a busca do lucro de uma minoria.
Problemas econômicos são resolvidos de modo matemático, ponderando os créditos e débitos envolvidos e buscando o melhor equilíbrio possível dentro dos recursos disponíveis.
Você sabe muito bem que não importa quão dramáticos sejam os débitos sociais, os créditos que os compensam não vão surgir do nada apenas por causa desta dramaticidade e nem tampouco por conta de uma cooperação que, até que seja demonstrada de forma numérica, apenas reflete as intenções emocionais de quem defende esta causa.
Boas intenções, de fato, mas que não são suficientes.