user f.k.a. Cabeção escreveu:
Existe um primeiro mito que deve ser combatido: nem a concentracao do setor agragrio nem seu vinculo com o mercado exterior sao a principio coisas negativas.
Por mais que estejamos acostumados a ouvir essas e outras expressoes em meio a acusacoes, elas nao carregam absolutamente nada em si que deva ser reconhecido como negativo ou positivo, sao simples caracteristicas de setor.
Outro setor altamente concentrado e orientado para a exportacao e o setor de mineiracao. E nem por isso voce vai dizer que ha algum problema com isso, simplesmente nao existe muito espaco para empresas competitivas nesse setor, e a producao nacional e grande e eficaz o suficiente para competir com os precos externos dos minerios aqui produzidos. A primeira coisa e em principio neutra, nao faz muita diferenca o numero de empresas competitivas, desde que elas sejam de fato competitivas, o que a Vale do Rio Doce tem mostrado, desde sua privatizacao. A outra e uma boa coisa: ao vendermos minerio, adquirimos riquezas que nos sao mais caras do que o ferro que vendemos (e disso que se trata o comercio internacional em ultima analise, vender coisas que sao baratas aqui e caras la, para comprar coisas que sao caras aqui e baratas la).
Com o agronegocio as coisas sao relativamente similares. O fato da soja para exportacao produzir mais riquezas do que a policultura familiar nao deve ser algo a ser lamentado.
E importante entender que as pessoas que sao miseraveis e passam fome nao estao nessa condicao porque alguem decidiu nao dar para ela mas vender para outros. Elas estao nessa condicao porque e o estado natural daquele que, por um motivo ou por outro, produz pouco. Essas pessoas, para se tornarem produtivas, devem se integrar a sociedade de mercado e usufruir dos ganhos desta, e nao lutar por um socialismo onde a miseria sera equidistribuida entre todos os desgracados.
Não vejo dessa forma...
Pra mim esses são dois setores que não tem muito a ver, já que as pressoas precisam do alimento todo dia, e a extração desses minérios não são uma necessidade da população(claro que não falo daqueles que ingerimos).
Portanto eu continuo achando que a produção de alimentos é sim um mal, já que há no Brasil gente interessada em produzir alimentos e gente que necessita dos mesmos, e no entanto vemos nossas terras servindo produtos primários pro exterior(com pouco valor agregado).
No caso da extração, eu acho que o Brasil não devia investir só na extração, devia investir na indústria também, pra agregar valor a esse minério, e criar mais empregos e trazer mais dinheiro.
user f.k.a. Cabeção escreveu:Eu ate concordo com voce, que certos policiais, uma boa parte dos fazendeiros, e a maior parte dos politicos nao passam de um bando de filhos da puta. Muitos fazendeiros vivem prestando e recebendo favores de politicos, ou sao eles proprios os politicos.
Contudo e preciso entender uma coisa antes de tudo, e essa coisa e que nao se chegara a lugar nenhum indo contra o Estado de Direito, que nao e o Estado dos burocratas, mas sim o imperio das leis e da ordem social. O fato de existirem politicos safados, que ajudam e sao ajudados por fazendeiros tambem safados, e algo a ser denunciado pelos mecanismos legitimos de livre expressao. O mesmo para os membros da policia corruptos que desonram suas corporacoes.
A subversao, a desobediencia civil, a acao miliciana, nao resolve nada, apenas cria Estados burocraticos mais intrusos e corruptos e mitiga o Estado de Direito.
Sinceramente... você acha que resolveria?
Eu acho que se todo mundo ficar nessa de tentar fazer tudo acontecer segundo as leis e a ordem(criadas por esses mesmos políticos, diga-se de passagem), nada acontecerá, infelizmente...
user f.k.a. Cabeção escreveu:Na area da Grande Sao Paulo tambem. Basta tacar fogo naquela cidade, com todo mundo dentro, para adubar o terreno.
A plantacao de Eucaliptos esta ali porque o empresario dono daquela propriedade julgou ser o investimento mais adequado para ela. E claro que eu posso dizer que com o capital que se investe nisso daria para fazer aquilo outro. Mas se eu me acho no direito de tomar o capital dos outros para fazer aquilo que eu acho que deveria ser feito, eu acabo e destruindo toda a producao de riqueza e ficando sem nada.
Então você acha que só porque alguém é proprietário de uma área, ele pode nela fazer tudo o que bem entender?
Se eu fazer uma fábrica que joga um dejeto extremamente degradante ao meio ambiente no solo, fazendo com que esse material infiltre nesse solo contaminando os aqüiferos presentes, e que posteriormente seria levado ao leito de rios por conta de uma chuva que os levasse até lá, eu posso fazê-lo pelo simples motivo de estar na minha propriedade?
Eu não vejo assim... pra mim se alguém está claramente prejudicando a população ou o meio ambiente(claro que nesse segundo caso, não podemos ser radicais e restringir qualquer atividade, até por conta de nossa condição financeira), tanto com seu ramo industrial, quanto por devastar uma área pra implantação de uma cultura que é prejudicial àquele ambiente, deveria ser impedido pelo Estado.
user f.k.a. Cabeção escreveu:
Rosa, eu tenho quase certeza que voce entende tanto de engenharia agronoma quanto eu, ou seja, praticamente nada.
Nao vou entrar numa discussao sobre que tipo de empresa e mais produtiva num setor que eu nao compreendo praticamente nada. Pode ate ser que voce tenha razao, mas eu duvido. E isso sem saber nada de agronomia, apenas um pouco de logica.
Ora, se um empresario do agronegocio e um investidor, ele estara tentando criar o maximo de riqueza com seu capital. Pode ate ser que ele esteja fazendo tudo errado, mas nesse caso outros investidores podem ser mais eficientes que ele e supera-lo, e finalmente comprar suas terras para ampliarem suas producoes.
Se realmente a economia agricola familiar fosse superior economicamente que a economia de escala do agronegocio, bastaria que um investidor esperto arrendasse suas terras para varios agricultores e suas familias plantarem suas rocas. A superioridade dessa producao poderia pagar a renda desse investidor e gerar um lucro acumulado muito maior do que o sistema de latifundios exportadores.
Se ninguem fez isso ate hoje, tendo em vista que ninguem esta impedido de faze-lo, deve ser porque a agricultura familiar e menos produtiva.
Mas ae que está.... a agricultura familiar não tá preocupada em gerar lucro, ela primeiramente visa a subsistência dessa família, ou seja, eles comem o que produzem, e se forem eficientes nisso, até podem descolar uma grana e vender os produtos que lhe interessam.
E esse esquema de deixar famílias trabalhando em suas terras para sobreviverem e obter delas um certo lucro é uma pratica existente. É a chamada reprodução não capitalista do capital, onde para gerar esse lucro, não se utilizam de relações capitalistas(o assalariamento).
user f.k.a. Cabeção escreveu:[color=#0080ff][b]"Importar-se com o mercado" e um dos mantras que devem ter seu significado desmistificado tambem. O "mercado" nao e algo exogeno a sociedade. O mercado sao apenas as pessoas quando elas sao livres para produzir e consumir, comprar e vender o que quiserem. Elas devem fazer isso orientando-se por suas preferencias, caso sejam racionais. Fazendo isso, elas devem cometer menos erros do que se burocratas tomassem as decisoes para elas no lugar delas. Entao por que diabos ter algo contra o mercado?
Existem pessoas que estao fora do mercado, mas nao e porque o mercado nao as quer. O mercado (leia-se a livre e espontanea iniciativa dos individuos) encontra um emprego util para todas as pessoas que dejem trabalhar, que nao estejam em estado semi-vegetativo e que tenham alguma capacidade de aprendizado igual ou melhor que a de um macaco. Mas muitos burocratas nao permitem que as pessoas deem emprego para outras no livre mercado, alegando que os salarios oferecidos nao estao de acordo com o que seria "correto". Ora, mas quem tem que decidir o que e um salario correto, o trabalhador que procura emprego, ou o burocrata no seu gabinete? Nisso o trabalhador e confundido, e passa a acreditar que seu inimigo e o patrao, que na verdade e seu aliado e quem fornece o pao que ele come, e nao o burocrata que apenas suga o seu sangue e o impede de fazer aquilo que ele quer e sabe fazer, pelo salario que considera adequado.
Ué meu... então, qualquer migalha que eu ganhe estará bom, independentemente do quanto eu gere de lucro pro patrão, porque é com isso que eu sobrevivo, e eu não devo questionar as condições que ele coloque, ainda levando-se em consideração que se eu não trabalhar, eu morro de fome. Eu particularmente não acho isso nem um pouco bom, só seria bom pro capitalista, ninguém mais.
user f.k.a. Cabeção escreveu:[color=#0080ff][b]Remova todas as leis de salario minimo e de garantias trabalhistas e o mercado se encarregara de arranjar um emprego para cada um que queira trabalhar e seja capaz disso.
Essa sua frase é bem inocente.... seria remotar a Inglaterra da Primeira Revolução Industrial, onde trabalhava-se 18 horas por dia, podendo ser crianças, mulheres e todo tipo de coisa, tudo isso sem a menor condição, podendo o trabalhador perder seu braço na fábrica e foda-se, já que não haverá garantias trabalhistas é só arrumar outro trabalhador....
Ah Cabeção.... você tá me decepcionando....
user f.k.a. Cabeção escreveu:A alternativa ao livre mercado e apenas uma: a burocracia completa. Todo meio termo e contraditorio, incoerente e instavel. Se nao houver uma compreensao da importancia do livre mercado pleno, nao existem empecilhos para a sanha dos burocratas de nos controlar.
O capitalismo em si é contraditório, incoerente e instável, não tem como se livrar disso apenas pensando que tudo vai ser lindo e maravilhoso se deixarmos nas mãos do deus mercado...
Meu inglês é praticamente inexistente...
user f.k.a. Cabeção escreveu:
A unica condicao onde a especulacao imobiliaria se torna regra em terras produtivas se da em periodos de explosao inflacionaria, onde nao vale a pena produzir nada, e sim salvaguardar o capital em bens reais, como terras.
Num mercado saudavel, uma terra so seria deixada improdutiva na medida que fosse sub-marginal, ou seja, que o retorno dos investimentos nela aplicados nao pagasse seus custos. Existem razoes para alimentar expectativas de alta de valor quanto a terras submarginais localizadas proximas a areas urbanas em crescimento, ou em outras zonas de interesse (areas de turismo ou de preservacao ambiental, por exemplo). Quanto ao resto, nao passa de terreno inutil.
Qualquer um que acredite ter um plano produtivo para um terreno submarginal dessa ultima categoria podera compra-lo do proprietario, ou arrenda-lo, por um preco baixo. Se existisse realmente essa possibilidade, nao haveria razao para bancos negarem os emprestimos necessarios para os agricultores interessados. Alias, isso ja foi feito com sucesso no passado por alguns no Brasil, como a Brazil Land no Parana e Enio Pepino e Ariosto da Riva no norte matogrossense.
Não sei nem se as condições para que isso aconteça sejam só essas, mas como não to com muito saco pra debater essas condições, vou considerá-las verdadeiras.
O ponto é que independentemente de tudo isso que você disse, o que importa é que essa especulação é uma realidade, e uma realidade que deve ser combatida.