Romênia retira Teoria da Evolução do currículo escolar

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Apáte
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Re: Romênia retira Teoria da Evolução do currículo escolar

Mensagem por Apáte »

Eu ia criar outro tópico apenas para esse assunto, mas acho que dá pra colocar aqui mesmo:

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1o O art. 26 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, passa a vigorar acrescido do seguinte § 6o:

“Art. 26. ..................................................................................

................................................................................................

§ 6o A música deverá ser conteúdo obrigatório, mas não exclusivo, do componente curricular de que trata o § 2o deste artigo.” (NR)


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_A ... L11769.htm

Mais um meio revolucionário de melhorar a educação jogando o dinheiro do contribuinte na lata do lixo.
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Fenrir
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Re: Romênia retira Teoria da Evolução do currículo escolar

Mensagem por Fenrir »

Apáte escreveu:Eu ia criar outro tópico apenas para esse assunto, mas acho que dá pra colocar aqui mesmo:

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1o O art. 26 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, passa a vigorar acrescido do seguinte § 6o:

“Art. 26. ..................................................................................

................................................................................................

§ 6o A música deverá ser conteúdo obrigatório, mas não exclusivo, do componente curricular de que trata o § 2o deste artigo.” (NR)


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_A ... L11769.htm

Mais um meio revolucionário de melhorar a educação jogando o dinheiro do contribuinte na lata do lixo.



Porque???
Por exemplo, se fosse para escolher entre música e criacionismo, eu não pensaria nem meia vez!

A selecao natural acabará com os pedabobos. E só dar tempo ao tempo!
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Apáte
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Re: Romênia retira Teoria da Evolução do currículo escolar

Mensagem por Apáte »

Cara, você está criando uma discussão que não existe. Não se tem que escolher entre música e criacionismo. Eu também ficaria com a primeira opção, se existisse este confronto, porque como já disse, até para os crentes é mais conveniente que o criacionismo seja ensinado nas igrejas, não nas escolas.

O problema é: a nossa molecada mal sabe ler. Não há necessidade de música ser ensinada como matéria obrigatória na escola, tampouco qualquer outra arte. Eu reconheço a importância da música, mas não é uma necessidade, muito menos se adequa as prioridades que o Brasil deveria ter, começando por erradicar o analfabetismo funcional reinante nas escolas.

A questão é: deve-se gastar dinheiro nesse momento com o ensino de música ou isso é jogar dinheiro fora, dada a realidade atual? Eu acho até compreensivo que haja conservatórios municipais, financiados pelo Estado, atendendo alunos que queiram se dedicar a esta atividade. Irracional é torná-la uma disciplina compulsória que 99% dos estudantes estarão cagando e andando pra ela.

Deixando a ingenuidade de lado, Art. 2º já mostra as dificuldades que temos para implementar esta matéria. Como estava discutindo com o Tarcísio agora a pouco no msn, se deixarmos que apenas músicos "profissionais" ministrem as aulas, devido à escassez de mão-de-obra, vão ganhar uma fortuna com a profissão (isso sem contar que muitos professores profissionais de português escrevem no quadro-negro uma espécie de miguxês acadêmico). Se deixarmos que músicos "não-profissionais" ministrem as aulas, nada mais é do que um cabide de emprego.

Não adianta blablablá. O Brasil de hoje só permite que aprenda música quem tem tempo, dinheiro e disposição para arcar com esse hobby.
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user f.k.a. Cabeção
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Re: Romênia retira Teoria da Evolução do currículo escolar

Mensagem por user f.k.a. Cabeção »

Darkside escreveu:As pessoas colocam o criacionismo e o evolucionismo no mesmo patamar, como se fossem 2 respostas semelhantes ao mesmo problema. O evolucionismo é uma ciência, estudada exaustivamente pelos pesquisadores e cientistas, com diversas satisfatórias evidências de que é real. O criacionismo bíblico é apenas parte de uma religião, sem nada de científico, sem nada que o respalde. Pelo contrário, devidamente refutado pelo método científico, junto com a historinha da arca de Noé e outras imbecilidades da bíblia. Já acabou o tempo em que religião e ciência dividiam espaço na sociedade. Ou talvez ainda não, pelo visto.

Não houve debate científico nem acadêmico sobre qual a teoria correta para se ensinar nas escolas da Romênia, até porque o criacionismo não é uma teoria. Houve apenas a intenção de políticos religiosos em tornar a sua religião em ciência, ao invés de deixar ela no seu devido lugar de crença mística. Se o criacionismo da bíblia passar a ser considerado verdade, é questão de pouco tempo até que os demais dogmas dela também sejam considerados verdades, e os religiosos que os ensinam serem considerados autoridades capacitadas pra ensinar as suas crenças baseadas na bíblia como se fossem verdades também.

O que a educação brasileira tem a ver com isso? Já deixei claro a diferença entre a cultura romena e a brasileira no ensino das ciências exatas, sendo que nem nos EUA elas são consideradas culturalmente tão importantes quanto na Romênia. Quem diz que o importante é ensinar apenas matemática, escrever, ler, interpretar a leitura e todo o resto não faz diferença, está dizendo que o ensino na mesma Romênia era ótimo na época do comunismo, quando a ideologia era pregada junto do ensino, mas as ciências exatas eram muito valorizadas.

Dizer que a defesa do ensino do evolucionismo é coisa de "ateu fanático" é outro absurdo. Me arrisco a dizer que nem a maioria dos cristãos acreditam no criacionismo, justamente por não ser uma ciência, não estar baseado em nada, a não ser em fé. Se a escola ensina os princípios básicos da biologia e da física, como deixar uma satisfatória explicação científica sobre a origem e desenvolvimento do universo e da natureza de fora?



Você parece ser sincero e bem intencionado, por favor não se ofenda com o que eu disser.

Embora as pessoas não tenham o costume de perceber isso, algo típico da distopia orweliana delegar a burocratas o poder de definir o que é e o que não é ciência, como se uma verdade científica devesse enquadrar-se nos critérios estabelecidos pelas atas que definiriam alguma agenda política central.

Por mais repulsiva que seja a idéia de crianças sendo educadas para acreditar na versão mitológica da criação do mundo, é preciso estar consciente de que muito mais perigoso é aceitar que políticos tenham o poder de estabelecer o que deveria ser a crença das pessoas, seja no nível científico ou espiritual.

A educação não deveria estar submetida a ideologias de qualquer espécie que definissem um programa obrigatório uma vez que esse poder só pode ser usado para mitigar o ambiente de liberdade propício para a que a razão possa emergir. O Estado totalitário cientificista é tão temerário quanto a teocracia, porque no fundo são iguais.
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Jeanioz
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Re: Romênia retira Teoria da Evolução do currículo escolar

Mensagem por Jeanioz »

user f.k.a. Cabeção escreveu:Embora as pessoas não tenham o costume de perceber isso, algo típico das distopias orwelianas e clarkianas delegar a burocratas o poder de definir o que é e o que não é ciência, como se uma verdade científica devesse enquadrar-se nos critérios estabelecidos pelas atas que definiriam alguma agenda política central.


Mas é justamente isso o que acontece em todo lugar do mundo. A política manda o que deve ou não ser ensinado e isso também acontece na Romênia (e isso é enfatizado na notícia).

Em breve as aulas de religião também serão obrigatórias independente da opinião dos pais, não porque os pais contribuintes querem assim mas porque é o previsto na agenda política conservadorista local.
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Darkside
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Re: Romênia retira Teoria da Evolução do currículo escolar

Mensagem por Darkside »

user f.k.a. Cabeção escreveu:
Darkside escreveu:As pessoas colocam o criacionismo e o evolucionismo no mesmo patamar, como se fossem 2 respostas semelhantes ao mesmo problema. O evolucionismo é uma ciência, estudada exaustivamente pelos pesquisadores e cientistas, com diversas satisfatórias evidências de que é real. O criacionismo bíblico é apenas parte de uma religião, sem nada de científico, sem nada que o respalde. Pelo contrário, devidamente refutado pelo método científico, junto com a historinha da arca de Noé e outras imbecilidades da bíblia. Já acabou o tempo em que religião e ciência dividiam espaço na sociedade. Ou talvez ainda não, pelo visto.

Não houve debate científico nem acadêmico sobre qual a teoria correta para se ensinar nas escolas da Romênia, até porque o criacionismo não é uma teoria. Houve apenas a intenção de políticos religiosos em tornar a sua religião em ciência, ao invés de deixar ela no seu devido lugar de crença mística. Se o criacionismo da bíblia passar a ser considerado verdade, é questão de pouco tempo até que os demais dogmas dela também sejam considerados verdades, e os religiosos que os ensinam serem considerados autoridades capacitadas pra ensinar as suas crenças baseadas na bíblia como se fossem verdades também.

O que a educação brasileira tem a ver com isso? Já deixei claro a diferença entre a cultura romena e a brasileira no ensino das ciências exatas, sendo que nem nos EUA elas são consideradas culturalmente tão importantes quanto na Romênia. Quem diz que o importante é ensinar apenas matemática, escrever, ler, interpretar a leitura e todo o resto não faz diferença, está dizendo que o ensino na mesma Romênia era ótimo na época do comunismo, quando a ideologia era pregada junto do ensino, mas as ciências exatas eram muito valorizadas.

Dizer que a defesa do ensino do evolucionismo é coisa de "ateu fanático" é outro absurdo. Me arrisco a dizer que nem a maioria dos cristãos acreditam no criacionismo, justamente por não ser uma ciência, não estar baseado em nada, a não ser em fé. Se a escola ensina os princípios básicos da biologia e da física, como deixar uma satisfatória explicação científica sobre a origem e desenvolvimento do universo e da natureza de fora?



Você parece ser sincero e bem intencionado, por favor não se ofenda com o que eu disser.

Embora as pessoas não tenham o costume de perceber isso, algo típico das distopias orwelianas e clarkianas delegar a burocratas o poder de definir o que é e o que não é ciência, como se uma verdade científica devesse enquadrar-se nos critérios estabelecidos pelas atas que definiriam alguma agenda política central.

Por mais repulsiva que seja a idéia de crianças sendo educadas para acreditar na versão mitológica da criação do mundo, é preciso estar consciente de que muito mais perigoso é aceitar que políticos tenham o poder de estabelecer o que deveria ser a crença das pessoas, seja no nível científico ou espiritual.

A educação não deveria estar submetida a ideologias de qualquer espécie que definissem um programa obrigatório uma vez que esse poder só pode ser usado para mitigar o ambiente de liberdade propício para a que a razão possa emergir. O Estado totalitário cientificista é tão temerário quanto a teocracia, porque no fundo são iguais.


Só se eu me ofender com o fato de nós estarmos debatendo coisas diferentes... :emoticon19:

Veja bem, meus posts são sobre o fim do ensino do evolucionismo, suas causas e suas conseqüencias.

Você está criticando o sistema atual de ensino em praticamente todos os países do mundo, algo que se começar a ser debatido vai desvirtuar completamente o tópico na minha opinião... mas se não for o caso, seria bom que você apresentasse uma alternativa melhor que o sistema atual, e me parece que você tem opinião formada sobre o assunto. Uma alternativa que não esqueça de solucionar ou amenizar os problemas universais da educação, como a evasão escolar, o preparo dos professores, a falta de escolas em zonas isoladas do interior, e tantos outros. Sem esquecer de evitar que novos problemas surjam, como escolas nazistas e comunistas por exemplo, ou a exclusão de pessoas sem condições financeiras em um sistema liberal demais onde não existiriam escolas públicas.
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Joe
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Re: Romênia retira Teoria da Evolução do currículo escolar

Mensagem por Joe »

user f.k.a. Cabeção escreveu:
Joe escreveu:Aprender álgebra linear, trigonometria não ensina a questionar dogmas. Apesar de ser tão prazeroso aprender tais assuntos. Física é o passo para se observar o universo como ele realmente é de fato (e querendo ou não destrói todos os preceitos religiosos), porém não é o bastante, as pessoas ainda permanecem inorexáveis e sem pensar se limitam nos problemas físicos sem ao menos entender que, por exemplo, no Big-Bang não ocorreu nenhuma força superior.



Voce fala de questionar dogmas, mas voce mesmo e obcecado por eles.

Nao ha porque ensinar a uma crianca que nao houve forca causadora do big-bang. Isso e algo que nem os fisicos que estudam as teorias relacionadas estao de acordo, e introduzir qualquer tipo de apriori metafisico ateista nao e menos dogmatico do que apelar para alguma explicacao religiosa.

O fato e que professores deveriam dedicar-se menos a essas controversias e mais a ensinar as criancas e adolescentes semi-alfabetizados algo de verdade, algo que os force a estudar, a ler, a pensar, e nao a ficar fingindo um nivel intelectual superior em debates polemicos onde ninguem sabe de verdade sobre o que esta falando. Eu nao acho que o debate devesse ser eliminado completamente das aulas, mas o problema e que num determinado momento ele passa a dominar aquilo que deveria ser uma licao de um professor mais experiente, para alunos inexperientes, sobre assuntos que o primeiro dominaria, para se tornar um batepapo raso entre um bando de leigos muitas vezes arrogantes.


Criacionismo é ciência?

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user f.k.a. Cabeção
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Re: Romênia retira Teoria da Evolução do currículo escolar

Mensagem por user f.k.a. Cabeção »

Darkside escreveu:Só se eu me ofender com o fato de nós estarmos debatendo coisas diferentes... :emoticon19:

Veja bem, meus posts são sobre o fim do ensino do evolucionismo, suas causas e suas conseqüencias.



Mas o fim da obrigatoriedade não significa o fim do ensino. É isso que eu tentei dizer.


Darkside escreveu:Você está criticando o sistema atual de ensino em praticamente todos os países do mundo, algo que se começar a ser debatido vai desvirtuar completamente o tópico na minha opinião... mas se não for o caso, seria bom que você apresentasse uma alternativa melhor que o sistema atual, e me parece que você tem opinião formada sobre o assunto. Uma alternativa que não esqueça de solucionar ou amenizar os problemas universais da educação, como a evasão escolar, o preparo dos professores, a falta de escolas em zonas isoladas do interior, e tantos outros. Sem esquecer de evitar que novos problemas surjam, como escolas nazistas e comunistas por exemplo, ou a exclusão de pessoas sem condições financeiras em um sistema liberal demais onde não existiriam escolas públicas.



Pois é. Eu sou contra qualquer tipo de burocratização da educação, mas no atual estágio de contaminação, é preciso pensar em soluções reais e aplicáveis, e que por essa razão envolvam alguma dose de burocracia, do que ficar falando sobre um mundo ideal e libertário. Não porque as idéias completamente libertárias não funcionem, mas por culpa da tirania do status quo que estipula a dependencia de uma certa dose de burocracia pelo simples fato das pessoas acreditarem piamente na necessidade dela.

Assim, eu tenho bastante apreço pela idéia de vouchers educativos por exemplo, para restauração da qualidade, diversidade e competitividade no setor educativo. As escolas passariam a ser empresas privadas e as famílias seriam subsidiadas com cheques escolares, e poderiam agir como consumidores escolhendo as instituições de ensino mais adequadas para seus filhos. Com o reestabelecimento da propriedade privada, as escolas competiriam por alunos e desperdiciariam menos recursos, se ocupariam de avaliar a qualidade dos professores e o desempenho dos estudantes, como toda empresa privada preocupada em melhorar sua produtividade.

A liberdade na composição dos conteúdos poderia permitir, por exemplo, o desenvolvimento de escolas voltadas para a formação técnica profissional, com grades curriculares adaptadas, e mais objetivas e curtas, algo extremamente necessário e escasso no Brasil, assim como outras possibilidades que não podem ser antecipadas mas que a existencia de um mercado torna reais. Essas escolas formariam operários e motoristas, encanadores e mecânicos, marceneiros e pintores que fossem competentes, e isso teria muito pouco ou nada a ver com o fato deles terem ou não ouvido falar de Charles Darwin.

Algum nível de gerenciamento burocrático seria necessário para evitar fraudes, tais como açougues registrados como escolas que trocam cheques escolares por carne, ou escolas de doutrinamento fascistas e comunistas, mas essa fiscalização por sua vez não precisaria ser algo centralizado e poderia ser deixado a cargo das comunidades locais (assim como as leis que definiriam os critérios escolares mínimos e certas exigências curriculares), podendo ser feita por comitês de pais, pela imprensa e etc.

Em particular, a idéia de que esse sistema liberal produziria escolas nazistas e comunistas, apenas por não criar regras explícitas contra a existência delas, é simplesmente um erro de perspectiva. Burocratas não são os responsáveis pelas pessoas não aderirem a ideologias viciosas, em geral, eles são os próprios catalizadores dessas ideologias, por perceberem nelas vantagens que lhes permitem aumentar os seus poderes. É porque as pessoas são conscientes o bastante para não engolir esse tipo de discurso (pelo menos não sem muito esforço de dissumulação e propaganda) é que esse tipo de coisa não existe. Pelo contrário, a burocratização e centralização dos currículos e normas que permitiu a lenta infiltração da agenda revolucionária socialista nas salas de aula. Num mercado livre, professores comunistas seriam extintos ou existiriam de forma meramente residual em escolas de comunidades hippies alternativas, e certamente não se proliferariam como ratos tal qual o fazem no sistema burocrático atual.

Um sistema desses já acrescentaria muito em liberdade e qualidade para o ensino, reduzindo o desperdício e produzindo incentivos corretos para educadores e para alunos. Com o aumento do poder aquisitivo das pessoas (e principalmente com o ganho de noção de que para se ter algo é preciso poupar e pagar diretamente), os subsidios poderiam ser gradualmente reduzidos até que os cotemplados fossem de fato apenas os casos mais graves.
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Darkside
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Re: Romênia retira Teoria da Evolução do currículo escolar

Mensagem por Darkside »

user f.k.a. Cabeção escreveu:
Mas o fim da obrigatoriedade não significa o fim do ensino. É isso que eu tentei dizer.


Nem eu disse que significa. Embora o que signifique também seja algo preocupante.

user f.k.a. Cabeção escreveu:
Pois é. Eu sou contra qualquer tipo de burocratização da educação, mas no atual estágio de contaminação, é preciso pensar em soluções reais e aplicáveis, e que por essa razão envolvam alguma dose de burocracia, do que ficar falando sobre um mundo ideal e libertário. Não porque as idéias completamente libertárias não funcionem, mas por culpa da tirania do status quo que estipula a dependencia de uma certa dose de burocracia pelo simples fato das pessoas acreditarem piamente na necessidade dela.


Eu acredito que a burocracia atual na maioria dos países, no caso da educação, existe como um meio de garantir que o serviço seja prestado com qualidade e seja realmente necessária para isso, e não que seja apenas a tirania de uma situação atual perniciosa injustificada. Burocracia excessiva prejudica qualquer sistema, mas não acho que seja o caso. As pessoas realmente acreditam que precisam da burocracia, mas no geral é por bons motivos, assim como os que você mesmo vai apresentar para evitar que o sistema que você defende se corrompa. Um sistema educacional totalmente libertário seria altamente segregacionista e por conseqüencia prejudicaria a sociedade como um todo, na minha opinião.

user f.k.a. Cabeção escreveu:
Assim, eu tenho bastante apreço pela idéia de vouchers educativos por exemplo, para restauração da qualidade, diversidade e competitividade no setor educativo. As escolas passariam a ser empresas privadas e as famílias seriam subsidiadas com cheques escolares, e poderiam agir como consumidores escolhendo as instituições de ensino mais adequadas para seus filhos. Com o reestabelecimento da propriedade privada, as escolas competiriam por alunos e desperdiciariam menos recursos, se ocupariam de avaliar a qualidade dos professores e o desempenho dos estudantes, como toda empresa privada preocupada em melhorar sua produtividade.

A liberdade na composição dos conteúdos poderia permitir, por exemplo, o desenvolvimento de escolas voltadas para a formação técnica profissional, com grades curriculares adaptadas, e mais objetivas e curtas, algo extremamente necessário e escasso no Brasil, assim como outras possibilidades que não podem ser antecipadas mas que a existencia de um mercado torna reais. Essas escolas formariam operários e motoristas, encanadores e mecânicos, marceneiros e pintores que fossem competentes, e isso teria muito pouco ou nada a ver com o fato deles terem ou não ouvido falar de Charles Darwin.

Algum nível de gerenciamento burocrático seria necessário para evitar fraudes, tais como açougues registrados como escolas que trocam cheques escolares por carne, ou escolas de doutrinamento fascistas e comunistas, mas essa fiscalização por sua vez não precisaria ser algo centralizado e poderia ser deixado a cargo das comunidades locais (assim como as leis que definiriam os critérios escolares mínimos e certas exigências curriculares), podendo ser feita por comitês de pais, pela imprensa e etc.


School choice. Este sistema é interessante, mas as experiências na Suécia e em Washington mostram que o quanto ele é bem sucedido depende da sociedade onde ele é implementado, não sendo uma fórmula infalível.

Na Suécia, o school choice foi implementado em 1992 e é considerado um sucesso. O sistema é utilizado até hoje, se tornando o sistema educacional oficial do país e continuado por governos de direita e esquerda, a sua retirada é pouco discutida. Entretanto, o sistema não mostra uma superioridade significativa na qualidade do ensino em comparação com países que utilizam o sistema público e particular comum em testes internacionais. A Suécia conseguiu apenas o 22º lugar entre 57 países no último teste do PISA (Programme for International Student Assessment) em 2006, organizado pela OECD. O teste é realizado com alunos de 15 anos, visando a qualidade da educação básica nos países participantes.

Outro fator importante que deve ser levado em consideração é que na Suécia não existia o setor privado na educação antes da implementação do sistema. Não havia o risco de a maior parte da população migrar para escolas particulares, pois estas não existiam.

Podemos considerar que, na Suécia, o sistema funciona satisfatoriamente. Já a experiência americana não tem sido tão tranqüila.

A National School Boards Association acusa o sistema, implementado em Washington D.C. pelo governo federal em 2004, de diversas irregularidades e problemas estruturais, baseada em estatísticas do próprio governo.

Despite predictions by voucher proponents that the program would enable students to attend a better school, the federally mandated evaluation of the program has twice found no significant academic differences in reading and math between private school voucher students and Washington, D.C. public school students. In addition, a 2007 review by the U.S. Government Accountability Office (GAO) uncovered several accountability problems with the program, suggesting that many resulted from a lack of detailed fiscal policies and high staff turnover at the non-profit entity that operates the program. Among the problems:

- Voucher funds were spent for students’ tuition at some schools that do not charge any tuition for non-voucher students.
- Students from Washington, D.C. public schools “in need of improvement” are vastly underrepresented in the voucher program although the law stipulates that they are to receive priority for receiving a voucher. In 2006, just 24 percent of participating voucher students had been enrolled in schools in need of improvement, whereas 52 percent of all DCPS students attend such schools. (Note: participating private schools are permitted to maintain their admission standards).
- In a randomly selected sample of 18 participating private schools, three lacked a building occupancy permit, six had a building occupancy permit but not to operate as a private school or child care center and seven had only an occupancy permit to operate as a child care center.
- In a randomly selected sample of 50 participating students, GAO identified voucher payment problems with 46 of the students.
- Voucher funds were spent on before- and after-school care for 60 percent of students (in the random sample) but in most cases GAO could not determine whether the schools’ services included any academic support activities, as required by the program.
- Though intended to serve K-12 students, it is essentially an elementary and middle school program because so few seats have been made available by private high schools.


O texto completo:
http://www.nsba.org/MainMenu/Advocacy/FederalLaws/SchoolVouchers/NSBAsIssueBriefonPrivateSchoolVouchers.aspx

Eu sei que existem outras experiências com o método, em outros estados americanos e no Canadá em menor escala, mas acho que a experiência bem sucedida na Suécia e a mal sucedida em Washington já servem pra deixar claro onde quero chegar. Na situação atual do Brasil, com a falta de fiscalização, corrupção, serviços de má qualidade na área da educação e má fé dos governantes, os problemas que surgiram em Washington apareceriam muito maiores por aqui, e até acho que abalariam a fraca estrutura de nosso sistema educacional, aumentando ainda mais a evasão escolar, o analfabetismo e a segregação, dependendo de quais medidas fossem implementadas.

Quero deixar claro que não existe má vontade de minha parte com o sistema propriamente dito, mas acho que apenas em determinadas sociedades já propícias à sua implementação é que o sistema lograria êxito.

user f.k.a. Cabeção escreveu:
Em particular, a idéia de que esse sistema liberal produziria escolas nazistas e comunistas, apenas por não criar regras explícitas contra a existência delas, é simplesmente um erro de perspectiva. Burocratas não são os responsáveis pelas pessoas não aderirem a ideologias viciosas, em geral, eles são os próprios catalizadores dessas ideologias, por perceberem nelas vantagens que lhes permitem aumentar os seus poderes. É porque as pessoas são conscientes o bastante para não engolir esse tipo de discurso (pelo menos não sem muito esforço de dissumulação e propaganda) é que esse tipo de coisa não existe. Pelo contrário, a burocratização e centralização dos currículos e normas que permitiu a lenta infiltração da agenda revolucionária socialista nas salas de aula. Num mercado livre, professores comunistas seriam extintos ou existiriam de forma meramente residual em escolas de comunidades hippies alternativas, e certamente não se proliferariam como ratos tal qual o fazem no sistema burocrático atual.


Será mesmo que seria muito difícil surgir uma escola especializada em economia de cunho extrema-direita fascista caso não haja o que impeça, e também escolas especializadas em formar operários que ensinem coisas como mais-valia e outras idéias comunistas? Se isso não existisse graças ao bom senso das pessoas, a figura clássica do professor de história comunista que doutrina seus alunos não existiria. Ela só existe porque há liberdade para que professores ensinem seus ideais políticos em suas aulas. Toda essa liberdade permite que pessoas mal-intencionadas levem seus planos adiante, mesmo que eles prejudiquem ativamente a sociedade, caso não exista nada que impeça. Se jovens se tornam comunistas na faculdade por culpa das aulas dos professores, que podem ensinar ideais comunistas, já vemos que não se pode contar com o bom senso das pessoas. Coisas que podem prejudicar a educação de um povo ou colocar em risco a sociedade democrática, como o criacionismo ou o comunismo, deveriam ser proibidos de serem ensinados como dogmas nas salas de aula. Não vejo problema em ambos serem estudados, mas nunca poderiam ser ensinados como verdades.

Pra evitar confusão, é bom deixar claro que as sociedades que utilizam o sistema dos vouchers educativos não possuem este problema. Estou me referindo a uma sociedade hipotética libertária demais em que o governo não tivesse controle nenhum sobre as escolas.

user f.k.a. Cabeção escreveu:
Um sistema desses já acrescentaria muito em liberdade e qualidade para o ensino, reduzindo o desperdício e produzindo incentivos corretos para educadores e para alunos. Com o aumento do poder aquisitivo das pessoas (e principalmente com o ganho de noção de que para se ter algo é preciso poupar e pagar diretamente), os subsidios poderiam ser gradualmente reduzidos até que os cotemplados fossem de fato apenas os casos mais graves.


Neste ponto, não existiriam mais escolas públicas, certo? Um aspecto interessante na experiência da school choice na Suécia é que não houve um "boom" no setor privado da educação a ponto de rivalizar com as escolas públicas. As escolas particulares atualmente educam apenas 6% dos alunos no país, depois de quase 20 anos de sistema. Creio que o ideal seria manter, e não almejar que um dia todas as escolas sejam particulares, pois as escolas públicas continuariam atendendo a população mais pobre e com aumento de qualidade.
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Re: Romênia retira Teoria da Evolução do currículo escolar

Mensagem por Exies »

É claro que tiraram Nietzsche e Voltaire,não há argumentos que consigam ir contra a idéia deles(não relacionado a religião),simplesmente porque é a verdade.

Eu me lembro das aulas de religião do meu colégio,variava bem de professor para professor,uns seguiam a corrente de realmente ensinar religião,outros só orientavam para certo assuntos como drogas,sexo...rock'n roll...brincadeiras :emoticon1:

Apesar de pararem de ensinar a teoria da evolução,eu tenho certeza que pelo menos 1% das crianças irão perceber como a idéia de criação do mundo pela visão religiosa é absurda
Ninguém mais morre devido a verdades fatais hoje em dia;existe antídotos em demasia

"Read between the lines..."

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Exies
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Re: Romênia retira Teoria da Evolução do currículo escolar

Mensagem por Exies »

Joe escreveu:
Darkside escreveu:Lembro das aulas de ensino religioso no primário.

[...]até lembro de um trabalho na 5º série em que tinhamos que reunir grupos e falar sobre o destino do ser humano depois da morte [...]


Este é o problema: pressupor que exista algo após a vida. Não dão às crianças o benefício de filosofarem, por mais que sejam jovens e imaturos, porém não é certo criar na mesma uma verdade imposta ou pressuposta, as perguntas trazem o interesse próprio da mesma.

Lembro-me do meu primo novo, com 5 anos começou a questionar as coisas, perguntar e então veio a mim e eu apenas disse: ''continue lendo e pensando, maninho. Um dia você chega lá, mas nunca se esqueça de se perguntar: por quê?''


Exatamente,muitos perdem boa parte da vida achando que há algo mais depois da dela,a idéia de "fim da vida" é uma coisa insuportável para certas pessoas
Ninguém mais morre devido a verdades fatais hoje em dia;existe antídotos em demasia

"Read between the lines..."

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First Knight
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Re: Romênia retira Teoria da Evolução do currículo escolar

Mensagem por First Knight »

Maldito Drácula!
Aceito críticas destrutivas: http://odiandotudo.blogspot.com/

lucido2009
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Re: Romênia retira Teoria da Evolução do currículo escolar

Mensagem por lucido2009 »

Teoria da evolução é um engano. Chamo os foristas a estudarem os dois paradigmas existentes sobre a origem da vida no planeta e ver como os cientistas estão enganados, olhando apenas pelo viés naturalista e procurando uma explicação que é sobrenatural.
Halos de polônio, dilúvio, campo gravitacional terrestre, poeira lunar, leis da termodinâmica, complexibilidade irredútivel,duplo custo da multiplicação orgânica, a teoria do relojoeiro, o aparecomento e dasaparecimento súbito das espécies conforme os estudos dos fósseis mostram, etc..., Dão-nos uma perpesctiva muito mais sóbria sobre as origens da vida no planeta.

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Apo
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Re: Romênia retira Teoria da Evolução do currículo escolar

Mensagem por Apo »

Boas e renomadas escolas católicas ( onde estudam filhos de cientistas, graduados e pós graduados bem informados e com senso crítico) vão correr o risco de largar o ensino do evolucionismo ou outra teoria calcada na Ciência para ensinar baboseiras relacionadas à fé?

Duvido-dé-ó-dó!

Eles fingem, fazem cara de paisagem, mas está em jogo preparação para os melhores vestibulares, currículos de futuros profissionais bem colocados aqui e no exterior, que certamente citarão sua formação em uma escola que transmite Ciência e não bobagens mitológicas!

Se bem que tem uns pais que adoram que os filhos sejam monitorados e teleguiados.... :emoticon8:
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joaomichelazzo
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Re: Romênia retira Teoria da Evolução do currículo escolar

Mensagem por joaomichelazzo »

Pobre Romênia.
O próximo passo é convidar o Bispo Macedo pra ser Ministro da educação.
E o maluco do canal 21 (que cura doente e paralítco) pra ser ministro da saúde. :emoticon45:
“Não é possível convencer um crente de coisa alguma, pois suas crenças não se baseiam em evidências; baseiam-se numa profunda necessidade de acreditar” (Carl Sagan)

"Há males que vem pra fuder com tudo mesmo"

Trancado