
O presidente venezuelano Hugo Chávez acusou um cardeal católico de conspiração, após o religioso ter criticado o líder esquerdista por erodir a democracia e abusar do poder.
O episódio é apenas o sinal mais recente da relação tensa entre a hierarquia da Igreja católica do país e Chávez, um aliado de Cuba que prometeu introduzir uma revolução socialista para combater a miséria no quinto maior exportador de petróleo do mundo.
"Isso é parte de uma provocação, parte de uma conspiração, não há nada de inocente nisso. É um golpe para desestabilizar o país," disse Chávez em seu programa semanal na rádio.
"Eu exijo que a hierarquia católica mantenha distância disso... o mínimo que podemos esperar é que vocês rejeitem as declarações deste homem", disse na transmissão dominical.
A tensão surgiu na tarde de sábado em uma catedral em Barquisimeto, uma cidade cerca de 330 Km a oeste de Caracas, onde o cardeal Rosario Castillo fez seu comentário durante uma missa para marcar o fim de uma procissão religiosa que foi seguida por milhares de pessoas.
A televisão local mostrou no domingo oficiais militares saindo da cerimônia, espectadores zombando e outros aplaudindo enquanto o mais alto prelado católico da Venezuela lamentava a "grave situação" do país.
"Um governo democraticamente eleito sete anos atrás perdeu seu rumo democrático e mostra sinais de ditadura, onde todos os poderes estão nas mãos de uma pessoa, que os exerce de modo arbitrário e despótico", disse Castillo.
Na semana passada, a conferência episcopal de bispos católicos divulgou um relatório desafiando as alegações de Chávez de que tinha melhorado a vida dos pobres e expressando preocupação com a fragilidade da democracia do país.
Chávez, que costuma brandir um crucifixo e evocar Jesus quando promete combater a pobreza, já se envolveu em disputas com líderes católicos da Venezuela antes, descrevendo-os como um "câncer".
Ele costuma acusar seus opositores de tentar derrubá-lo, desde que conseguiu sobreviver a um breve golpe em 2002.
A Venezuela, um país de maioria católica com quase 27 milhões de habitantes, está divida quanto ao governo de Chávez, mas o presidente continua popular antes das eleições em dezembro. Seus inimigos parecem desmoralizados após terem boicotado as recentes eleições para o Congresso.
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Independente do Chávez estar certo ou não, a igreja não deve se meter na política de nenhum país.