
FOTO: Crentes postando no RV
– Morreram muitos católicos, mas não morreram por serem católicos, essa é a diferença do Holocausto. No caso do massacre da população judaica, estava implícito que estavam sendo mortos por serem judeus – opina o historiador Voltaire Schilling.
Dom Dadeus desagrada a líderes judeus
Arcebispo afirmou que judeus não foram principais vítimas do nazismoAo sustentar que os judeus não foram as principais vítimas do nazismo, o arcebispo de Porto Alegre, dom Dadeus Grings, reabriu esta semana uma antiga ferida religiosa e estremeceu as relações da Cúria com a comunidade judaica.
Dom Dadeus afirmou à Press & Advertising, revista sobre imprensa e publicidade no Estado, que os católicos e ciganos foram mais sacrificados na II Guerra Mundial, “mas isso não aparece porque os judeus têm a propaganda do mundo”. A Federação Israelita do Rio Grande do Sul (Firs) divulgou nota repudiando as declarações.
Em seis páginas de uma entrevista concedida ao longo de quase duas horas e publicada na edição que começou a circular na quarta-feira, dom Dadeus responde a seis questões específicas sobre o Holocausto. Ao avaliar quem foi mais sacrificado pela máquina nazista, sustenta que os católicos foram “muito mais” vitimados do que os judeus.
– Os judeus falam em 6 milhões de mortos. O nazismo matou mais de 20 milhões de pessoas – compara.
Em outro trecho, comenta:
– Os judeus se dizem as maiores vítimas do Holocausto. Mas as maiores vítimas foram os ciganos. Foram exterminados. Isso eles não falam. Os judeus têm a propaganda do mundo.
A Firs lançou nota lamentando o teor da entrevista: “Não é a primeira vez que o religioso se refere ao Holocausto de forma distorcida. Nós, brasileiros de todas as origens, construímos através de décadas uma tradição de convivência pacífica e harmoniosa”. O texto diz ainda que dom Dadeus reproduz “estereótipos criados pelos nazistas”. Ao citar que não é a primeira vez que o líder católico faz referência ao Holocausto, a nota oficial remonta a um artigo de dom Dadeus de 2003.
Em fevereiro, bispo inglês questionou Holocausto
Além de mencionar a tese de que os cristãos foram as vítimas preferenciais do nazismo, defendeu que, em vez dos 6 milhões de mortos contabilizados pelos judeus, o número correto seria 1 milhão. O episódio era dado como superado pelas autoridades religiosas judaicas gaúchas, mas agora acabou reavivado.
– Morreram muitos católicos, mas não morreram por serem católicos, essa é a diferença do Holocausto. No caso do massacre da população judaica, estava implícito que estavam sendo mortos por serem judeus – opina o historiador Voltaire Schilling.
Em fevereiro, o bispo inglês radicado na Argentina Richard Williamson provocou polêmica mundial ao questionar a veracidade do Holocausto. Ele teve de deixar o país e, mais tarde, pediu perdão publicamente sob pressão do Vaticano.