Profissionais da esmola

[user f.k.a. Cabeção]

E pedir esmola de forma respeitosa é piada neh? Aqui é Brasil, cabeção! Acorda!

Isso existe sim, conheço vários.

Pois e sal.

A maioria das pessoas que ja me pediu dinheiro na rua nao me importunou mais quando eu disse que nao, nem reclamou quando eu ofereci uns poucos centavos de esmola. Tanto no Brasil quanto na Europa. O resto e a excessao.

O que me incomoda na Europa sao os pseudo-expatriados que existem aos borbotoes nas areas turisticas, perguntando a todo mundo que passa se ele fala ingles para entregar um papel com uma historinha triste de refugiado da guerra que se repete a cada esquina. Para esse tipo de golpe eu nao dou um centavo, e eu ate que costumo dar esmola se eu tiver moedas pequenas no meu bolso.

Mas eu costumo pagar mais para os que tocam violino e outros instrumentos no metro.

E o que me incomodava no Brasil eram os lavadores de vidro no sinal, que nao perguntavam antes de emporcalhar o para-brisa.

[Viajante]

O referido golpe do papel, lembrado pelo Cabeção, é mesmo dos mais irritantes.
Esses são os profissionais da esmola, existem por toda a Europa, só varia no método.
O Fernando passaria-se da cabeça se as visse, sobretudo as grávidas

Muito interessante lembrar os que andam no metro ou nas ruas a tocar música, vejo-os como trabalhadores e considero que são dos que mais merecem. Para os que tocam no metro, precisam de tirar mesmo uma licença.
Considero louvável que os artistas, os que podem, trabalhem nas ruas, seja a tocar, representar, dançar, pintar, etc. Eles poderiam deitar-se à sombra a da bananeira, esperando por trabalhos melhores ou vivendo dos benefícios dados ao trabalho precário de artista.

[Viajante]

Trágico é o Estado ( que não é um ente abonado magicamente) ter que alimentar 90% da população com impostos de 10%

Sempre se prova, cada um vê o seu lado. Por acaso, os 10% coitados que têm que alimentar os 90% nem são os que possuem os 90% da riqueza
Quanto ao resto, cada um com a sua opinião, não sou político, nem irei mudar o quer que seja.

[user f.k.a. Cabeção]

Nao deixa de ser interessante ver que as mesmas pessoas que chamam de ladroes e exploradores as igrejas que pedem aos fieis sao aquelas que acham que o Estado deveria tomar mais e mais dos cidadaos.

[Fernando Silva]

Defendo a baixa da natalidade constante, mais do que na Europa, Rússia e Japão da atualidade, só não chamo de escumalhaa quem é pobre e tem filhos.

Quem não tem o que comer e, ainda assim, joga filhos no mundo, é egoísta ou idiota.
Não tenho respeito por gente assim.

Nas favelas do Rio, muitas meninas começam a engravidar por volta dos 12 ou 13 anos. Largam os estudos e estragam o resto de sua vida. Se tiverem sorte, a família vai ajudá-las, caso contrário há grande chance de as crianças se tornarem marginais, drogadas ou mendigos. Ou tudo junto.

A firma onde trabalho teve uma faxineira assim. Cinco filhos, cada um com um homem diferente, nenhuma responsabilidade. Segundo soube, o filho mais velho já está preso e a filha mais velha já está grávida.

Não implique é com a miséria humana, pouco importa se existe más pessoas entre as que se encontram em pior situação. Não existe pior que o estigma social, possivelmente a maioria não teve que passar pelo problema, ficará fácil falar da desgraça alheia.

Você pensaria diferente se as ruas do seu bairro estivessem cheias de crianças cheirando crack e atacando os passantes. Cheias de mendigos que moram nas ruas, cagam, trepam, comem e dormem nas ruas. E se recusam a sair de lá por não gostarem dos horários rígidos e da disciplina dos abrigos. Quando recolhidas à força, fogem e voltam a nos importunar.

[Fernando Silva]

Digam "senhor", "senhora", perguntem onde mora, se o dinheiro que lhes deram basta para chegar lá, se precisa de um sanduíche, de um remédio, de uma amizade. Façam isso todos os dias e em três meses verão esse homem, essa mulher, erguer-se da condição miserável, endireitar a espinha, lutar por um emprego, vencer. [...]

Onde esse cara vive?
Quem disse que essa gente quer necessariamente sair das ruas? Onde moram? Na rua!
Alguns, realmente, estão passando por uma fase ruim e só precisam de uma ajuda, mas isto não é regra geral.

Quem tem força de vontade e a cabeça no lugar não fica deitado na calçada pedindo esmola ou cheirando. Vai é catar latas, jornais, procurar algum serviço, vai achar algum canto para construir um barraco.

[Fernando Silva]

Aqui no fórum existem sim voluntários e doadores inclusive o Fernando.

Eu contribuo para instituições de caridade porque posso ver o resultado. Não vou dar dinheiro para mendigos que vão cheirar tudo e depois talvez me atacar.

Ou ajudo colegas de trabalho mais pobres. Às vezes, perco algumas horas consertando o computador mulambento deles porque sei que eles precisam da máquina para os filhos ou para resolver problemas pessoais, pagar contas sem ter que entrar em filas, se distrair nos fins de semana etc.
É algo que me custa pouco e faz um efeito grande na vida deles.

[Fernando Silva]

Esses são os profissionais da esmola, existem por toda a Europa, só varia no método.
O Fernando passaria-se da cabeça se as visse, sobretudo as grávidas

No Brasil, há mendigas profissionais, uniformizadas (vestem-se todas da mesma forma), sempre com uma criança que às vezes é alugada, repetindo a mesma cantilena com exatamente a mesma voz.

Não sinto pena delas. Sinto pena é de gente idosa ou de crianças vendendo balas. Quando vou ao supermercado, às vezes compro um suco ou um bolo para as que ficam na porta. Estão trabalhando e são educadas. E, não sendo dinheiro, elas não vão dar para os adultos que as exploram.

[Viajante]

Fernando, focarei 2 pontos sobre o que vocês escreveu.
1 - Força de vontade e cabeça no lugar, pode conseguir ganhar a vida.
Os que me preocupam são os que não têm a cabeça no lugar. É preciso intervir, se formos esperar por privados estamos lixados, salvar pessoas é pouco lucrativo. Os restantes, no máximo precisam de um leve empurrão para seguirem nos carris.

2 - A juventude das meninas que são mães. Estado ausente, má educação acaba dando nisso.

O Brasil tem vindo a inverter progressivamente esse quadro negro, através de intervenção do estado.
Programas chamados de assistencialistas são fundamentais para mudar um povo com défice de educação.
Quando o estado financia famílias pobres, tem sobre estas o poder de exigir. As famílias que não queiram ninguém a mandar nelas só têm é que se esforçar por isso.

[Lúcifer]

Teve um cara que veio bter em minha porta pedindo dinheiro pra poder comer alguma coisa em uma lanchonete próxima. Eu dei dois reais pra ele e falei: Por que voce não vai no Prato Pronto, que é mantido pelo estado. Lé,com um real voce come bem. E já que tá com dois, voce pode repetir. Ensinei a ele como chegar lá. Ele não gostou muito, mas nunca mais bateu em meu portão de novo.

E, em relação ao que a Apo disse sobre não se saber em quem confiar ou quem está dizendo a verdade, ou não, isso é puro instinto ou intuição. Eu consigo sentir quem realmente precisa de ajuda ou não e sei quando preciso dar algo, mesmo que seja um trocado. Acredito que nossos universos (meu e da Sal) sejam diferentes dos da Apo, por isso ela tem essa desconfiança toda.

A propósito, não falei de universo fisico, cheio de estrelinhas, mas o universo social.
Não estou criticando ela em nada e ela tem até sua base de razão, mas quando se vive em um universo diferente, é comum e normal ter esse tipo de pensamento.

[Lúcifer]

E eu também prefiro colaborar com pessoas que vendem algum produto nos onibus, nas ruas e nos trens do que ficar dando esmola pra alguem suspeito.
Pelo menos os outros, de um jeito ou de outro estão trabalhando.