Podem chamar de traidora, de desnaturada, de golpista, do que quiserem.
Tinha que ser uma mulher pra ferrar com aquele FDP!

IRMÃ DE FIDEL CASTRO COLABOROU COM A CIA
Durante mais de três décadas, Juanita Castro geria discretamente uma farmácia em Miami, e poucos já tinham ouvido falar dela. Mas a sua história tinha tudo para dar nas vistas. E deu, agora que foi publicada numa autobiografia: a irmã de Fidel e Raúl Castro foi agente da CIA em Havana de 1961 a 1964, anos de alta tensão entre Cuba e os Estados Unidos.
Há muito que a família Castro está separada, com Juanita, a quinta de sete irmãos, a viver em Miami, nos EUA. Foi lá que deu uma entrevista ao canal Univision 23, na véspera de lançarFidel e Raúl, Meus Irmãos. A história secreta, publicando, como o próprio título indica, episódios desconhecidos da sua relação com o regime. E nas revelações feitas durante a entrevista (conduzida pela jornalista María Antonieta Collins, que a ajudou na redacção do livro) Juanita falou da sua cooperação com o arqui-rival de Fidel, a CIA, que por 638 vezes tentou assassinar o líder cubano.
Já era sabido que Fidel e Raúl, o actual Presidente, tinham uma irmã dissidente. Agora, a própria Juanita vem iluminar algumas partes da sua oposição activa ao regime, que chegou a apoiar - recolheu fundos para ajudar a guerrilha liderada por Fidel a derrubar a ditadura de Fulgencio Batista e, no ano que se seguiu à vitória da revolução cubana de 1959, ficou encarregue de gerir um hospital. Mas à medida que o regime comunista de Fidel se ia impondo e aproximando da União Soviética, e que os fuzilamentos e as detenções passavam de rumores a factos conhecidos, Juanita ia perdendo as esperanças de ver um Governo democrático em Havana.
"Comecei a ficar desencantada quando vi tanta injustiça. Disse: "Isto não é possível, eles estão enganados, alguém aqui está a fazer as coisas mal"", adiantou. "Havia a tendência para atribuir as culpas aos subalternos, mas as ordens vinham de cima, de Fidel, de Che [Guevara], de Raúl."
E quanto mais Juanita denunciava a "traição aos princípios democráticos", mais a distância entre os irmãos ia crescendo, até romperem relações, até Juanita aceitar esconder gente na casa de hóspedes da qual era proprietária. Às vezes pedia ajuda à mãe, Lina Ruz Gonzalez, que "fazia o que tinha que fazer, sobretudo recorrendo a Raúl, porque ele sempre foi mais generoso com ela".
Até que um dia, alguém - cuja identidade não foi revelada na entrevista - que fora próximo dos irmãos chegou com uma proposta inesperada. "Trazia um convite da CIA. Queriam falar comigo porque tinham coisas interessantes a dizer-me e coisas interessantes a pedir-me, [perguntaram] se eu estava disposta a correr esse risco. Fiquei meio chocada, mas mesmo assim disse-lhes que sim."
Pode ser que venham ainda a lume os pormenores deste contacto, que durou três anos, porque da entrevista não se ficou a saber se Juanita teve algum envolvimento em episódios como a invasão da Baía dos Porcos em 1961 (quando a CIA tenta invadir Cuba para derrubar o regime) ou a crise dos mísseis de 1962 (quando a URSS colocou mísseis soviéticos na ilha).
A última vez que Juanita falou com Fidel foi em 1963, quando a mãe morreu com um ataque cardíaco. E com Raúl foi no ano seguinte, na véspera de partir para o exílio, que começou no México e terminou em Miami.
Em 2006, afirmou a um jornalista: "A minha vida não é excepcional. É verdade que sou irmã do ditador, mas muitas outras famílias se separaram entre apoiantes e críticos do regime. Ele é meu irmão, é só isso."
http://www.publico.clix.pt/Mundo/irma-d ... ia_1407017