Acauan, em 26/01/2009 às 21:07, escreveu:A experiência histórica quanto à reforma agrária fornece dois exemplos emblemáticos, Coréia do Sul e México.
Com a derrota do Japão na Segunda Guerra, a Coréia do Sul passou à jurisdição da administração militar americana, que implantou um conjunto de reestruturações visando modernizar o país e viabilizá-lo como nação independente, após longo período de dominação estrangeira.
Uma das medidas de reestruturação foi um amplo programa de reforma agrária, que redistribuiu a propriedade das terras controladas pelos japoneses e desapropriou a antiga aristocracia rural coreana, considerada inepta pelos americanos para responder às necessidades do país em reconstrução.
O resultado da reforma agrária foi um tremendo sucesso, que junto com os programas de educação de massa e, claro, amplo aporte de recursos dos Estados Unidos, transformaram a Coréia do Sul no Tigre Asiática que humilhou seu paradigma comunista ao norte.
Já o México entre o final do século XIX e a primeira metade do século XX foi território fértil para revoluções que se propunham a derrubar as oligarquias e instituir uma nova ordem social que reduzisse as desigualdades e promovesse uma distribuição mais justa das riquezas.
Uma das ferramentas recorrentes destas revoluções era, obviamente, a reforma agrária, instituída e reinstituída mais de uma vez conforme se sucediam os governos revolucionários – que depois se tornaram revolucionários institucionais, um paradoxo tipicamente mexicano.
Resultado: Só deu merda.
Tudo que as sucessivas reformas agrárias mexicanas conseguiram fazer foi produzir êxodos rurais que tornaram a Cidade do México um depósito de miseráveis amontoados em uma rede de favelas que passaram a concentrar parcela significativa da população do país.
É interessante que propagandistas da reforma agrária nunca citem o caso coreano, absolutamente bem sucedido, por conta deste ser fruto da ação de seus arqui-inimigos ideológicos, os Estados Unidos da América.
Também evitam citar o case mexicano, totalmente afins com o discurso dos apologistas da reforma, mas um indisfarçável fracasso em todos os níveis.
O problema é que a quase totalidade dos militantes radicais pela reforma agrária na América Latina, como o MST no Brasil, não estão interessados nem no modelo coreano e nem no mexicano. Nem no sucesso pragmático de um e nem na inspiração ideológica do outro.
Tanto o MST brasileiro quanto seus similares paraguaios ou qualquer outra organização do mesmo formato na Bolívia, Venezuela ou Equador não querem a reforma agrária, seja de que modelo for, pelo simples fato de reforma agrária significar reforma na distribuição da propriedade da terra.
O que estes vigaristas querem é a abolição da propriedade da terra, conforme suas cartilhas marxistas-leninistas pública e explicitamente declaram.
Se a experiência mexicana, guiada por ideologias românticas de justiça social e blá-blá-blá do gênero foi um fiasco, mesmo assim foi infinitamente melhor sucedida do que as tentativas comunistas de imposição de fazendas estatais de administração comunal, que além de negar aos chamados camponeses qualquer poder sobre as políticas agrárias – totalmente decididas por burocratas do partido que nunca viram uma vaca ao vivo-, suprimiram violentamente toda ordem tradicional do campo, que por gerações garantiu o apego do homem à terra e motivou-o a produzir dentro da rígida disciplina que este tipo de trabalho exige.
Resultado, a única motivação para produzir disciplinadamente passou a ser a coerção pela força bruta, que os comunistas não se furtaram de prover, promovendo entusiasmadamente o massacre de dezenas de milhões, pela fome, execuções sumárias e deportações em massa.
Quem quiser se arriscar com o MST, não será por falta de avisos da História.
A solução está no seu texto.
Toda Coréia à época estava impregnada de ideologia revolucionária.
Haviam duas opções para controlar a parte que lhe cabia:
1. Pela força.
2. Pela educação.
Eles optaram por um amplo programa de reforma agrária, que redistribuiu a propriedade das terras e desapropriou a antiga aristocracia rural junto com os programas de educação de massa e, claro, amplo aporte de recursos.