Pilhagem em cemitérios mostra que, na Venezuela, nem na morte se consegue paz
CARACAS – Árvores de Boungainvillea fazem sombra sobre os caminhos do Cementerio General del Sur, onde os mausoléus de chefes de Estado e celebridades ficam ao lado de túmulos de aristocratas e centenas de cidadãos comuns. Esculturas de leões se elevam das sepulturas. A elegância, não a anarquia, era o que antes definia esse lugar de descanso. Mas não é mais.
Túmulo aberto e saqueado no Cementerio del Sur em Caracas, na Venezuela
Agora, os túmulos que antes estavam sob as regras militares foram saqueados. Os caixões, foram arrombados com um pé-de-cabra, estão espalhados sobre as árvores de Samanea. As caixas com grades e cadeados ao redor das covas de algumas famílias, como se os protegessem de uma realidade perturbadora: nem mesmo a cidade dos mortos de Caracas está segura.
Acompanhando o aumento dos assassinatos e sequestros na Venezuela, seus cemitérios são uma onda de um novo tipo de crime. Os assaltantes de tumbas buscam por ossos humanos, respondendo à demanda de alguns praticantes de uma religião cubana chamada Palo, que está crescendo rapidamente e usa os ossos em suas cerimônias.
Os críticos defendem que essa perturbação nos cemitérios reflete um colapso em uma sociedade na qual a impunidade é generalizada. O crime violento e a corrupção policial no país são penetrantes mesmo com o pedido do presidente Hugo Chávez para a criação de um “novo homem” como parte de sua revolução inspirada no socialismo.
“O cemitério se tornou um emblema icônico de nossa tragédia nacional”, disse Fernando Coronil, renomado antropologista venezuelano. “Em nossa luta diária para manter a ordem civil contra as múltiplas transgressões contra a propriedade e a regularidade, agora nem mesmo os mortos podem descansar em paz”.
Em nenhum lugar o tráfico de ossos é mais assustador do que no Cementerio del Sur, como é conhecida a necrópole fundada em 1876 pelo déspota francófilo Antonio Guzman Blanco. Para alguns, a grandeza de seus túmulos evoca o cemitério Pere Lachaise em Paris.
“Eu não compreendo como isso aconteceu”, disse Jesus Blanco, 42, treinador de cavalos que ficou desesperado ao visitar o túmulo de seu pai, Melecio, em fevereiro, e encontrá-lo aberto e vazio. Muitas famílias desistiram totalmente de visitar o cemitério. Durante o dia, bandidos bêbados perambulam pelas passagens a pé ou de motocicleta e, às vezes, assaltam os visitantes. Os crimes mais horrendos do cemitério, como o assassinato-suicida em novembro, enchem as páginas dos jornais.
Segurança
Os policiais rabugentos que guardam a entrada do cemitério fazem pouco contra a desordem, disse Armando Regalado, chefe da Aprofamiliares, grupo de cidadãos formado no ano passado para protestar contra o comércio de ossos humanos.
“A polícia está lá para repreender e intimidar, e ignorar os abusos que veem todos os dias”, disse Regalado, cujo filho foi morto a tiros há três anos, quando tinha 21 anos, está enterrado em uma área do cemitério chamada El Artista. Dezesseis caveiras foram dadas como roubadas dos caixões, neste ano.
Os praticantes de Palo no país defendem que a religião é mal-entendida e demonizada por causa dos relatos de caos no Cementerio del Sur. Eles reconhecem a importância dos ossos humanos para a crença, os quais são colocados em um caldeirão chamado nganga, junto com terra e gravetos, e dedicam a um espírito, ou mpungu. Mas os paleros, como são chamados que aderem à religião, defendem muitas de suas práticas dos forasteiros.
“Devemos tomar cuidado, porque é fácil culpar os paleros por todas as doenças da Venezuela”, disse Samuel Zambrano, 34, líder palero. “Será que se pode culpar todo católico por causa do comportamento de alguns padres?”, perguntou. “A hipocrisia e aversão são imensas, especialmente entre aqueles sem respeito e entendimento sobre nossas crenças”.
Evocando outros paleros, Zambrano disse que oficiais que administram o Cementerio del Sur eram responsáveis pela falta de controle que possibilita o mercado negro de ossos humanos. As caveiras custam cerca de US$ 2 mil e o fêmur cerca de US$ 450, de acordo com as divulgações da mídia.
Religião
Algumas pessoas cujos ossos de parentes foram roubados culpam o governo de Chávez, porque trouxe milhares de conselheiros políticos cubanos na última década. Mas especialistas da religião dizem que a migração do Palo para a Venezuela, e sua evolução no país com fortes influências venezuelanas, data de antes da subida de Chávez ao poder.
“O Palo provavelmente chegou na Venezuela com a primeira leva de cubanos, na revolução do começo dos anos 1960 e se fortaleceu com o recente influxo”, disse Andrew Chesnut, especialista em religiões da América Latina na Virginia Commonwealth University.
Em Palo, os ossos representam os ancestrais e espíritos dos mortos. Eles contêm a energia espiritual dos mortos, por isso quanto mais forte as pessoas foram em vida, mais forte são seus ossos, disse Chestnut.
Por isso, há atração por ossos em mausoléus ornamentados. Os saqueadores do túmulo de Joaquin Crespo, general que comandou a Venezuela nos anos 1980, arrombaram não só seu interior, como também o túmulo de seus descendentes.
A cena de destruição é repetida em todo o cemitério, que está conectado pelos caminhos de terra para as favelas da encosta. Milvia Santos ainda treme ao descrever como se sentiu no Dia das Mães, quando foi visitar o túmulo de sua mãe, e o encontrou aberto e sem a caveira.
“Naquela hora, senti como se quisesse ir embora desse mundo”, disse Santos, 40, servente público. “Depois percebi que poderia acontecer com meu corpo se eu morresse”, disse ela, “então eu sentei no chão e fiquei chorando”.
Por SIMON ROMERO
Religião maluca manda roubar ossos em túmulos na Venezuela
- Fernando Silva
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Religião maluca manda roubar ossos em túmulos na Venezuela
http://ultimosegundo.ig.com.br/new_york ... 31472.html
Re: Religião maluca manda roubar ossos em túmulos na Venezuela
Tem coisas ainda mais malucas do que esta religião:
1) Hugo Chavez
2) Quem segue a Hugo Chavez (estes são os mais malucos).
1) Hugo Chavez
2) Quem segue a Hugo Chavez (estes são os mais malucos).
Re: Religião maluca manda roubar ossos em túmulos na Venezuela
Falando em religião e maluquice, os comentários da matéria abaixo sao bem interessantes de ler.
http://www.cnn.com/2009/CRIME/12/30/pen ... index.html
http://www.cnn.com/2009/CRIME/12/30/pen ... index.html
Cérebro é uma coisa maravilhosa. Todos deveriam ter um.
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Re: Religião maluca manda roubar ossos em túmulos na Venezuela
Anna escreveu:Falando em religião e maluquice, os comentários da matéria abaixo sao bem interessantes de ler.
http://www.cnn.com/2009/CRIME/12/30/pen ... index.html
A "santeria" é a macumba nos EUA e em Cuba. Em vez de Yemanjá, Yemaia. Em de Obaluaiê, Babaluaiê.
A Bíblia está cheia de sacrifícios de animais, portanto cristãos não deveriam se surpreender.