Ayyavazhi escreveu:Das informações prestadas pelo Leonardo, podemos inferir:
Espíritos superiores são mentores de espíritos menos evoluídos que, por sua vez, compartilham conosco esses ensinamentos, através dos médiuns.
Não tão diretamente. Os espíritos superiores são uma classe espiritual muito avançada. Não seria necessário um professor universitário para ensinar crianças numa creche. Um monitor que cursa o chamado "Normal" pode fazer isso muito bem.
Ayyavazhi escreveu:O ensinamento original, de determinado valor, sofre a inevitável distorção provocada pelo menor alcance cognitivo do espírito aprendiz. Agora promovido à condição de instrutor, esse aprendiz repassa o ensinamento, já não tão puro, ao médium que, pelo fenômeno conhecido como animismo, inflige nova e involuntária interferência, alterando ainda mais o sentido original do que foi ensinado.
Há um erro técnico aqui, meu caro. Animismo é quando o médium só é capaz de contatar UM espírito: ele próprio. O médium anímico, quando é muito bem instruído, ávido leitor, etc, pode passar mensagens e ensinamentos como se fosse um "mentor", pois em seu estado de transe, ele rompe as resistências ao inconsciente e com isso pode lembrar-se de coisas mínimas, que em estado normal não se lembraria. Contudo, não pode ir além dele próprio. Já quanto à cadeia distorciva, é improvável que ela fosse tão avacalhada assim no que se refere a coisas de fato importantes.
Ayyavazhi escreveu:Por fim, temos ainda a interpretação pessoal de cada um dos espíritas que receberão essas informações do médium, e as traduzirão de acordo com seus intelectos e experiências pessoais. Viajei muito? Apontem a falha no raciocínio. Estou tentando entender o processo.
Ué? Tem sido sempre assim que a Humanidade aprendeu as coisas desde a creche até a universidade e está indo pelo seu caminho. Está sugerindo que tal situação comprometeria o Espiritismo? Em que?
Ayyavazhi escreveu:Novamente: não questiono a veracidade da estrutura em que se baseia a DE, questiono o valor de um ensinamento que é retransmitido em diversos níveis, sofrendo as reduções naturais que cada filtro intelectual impõe a ele, chegando ao final da corrente já bastante debilitado e com perdas irreparáveis. Esse é o primeiro ponto onde quero chegar. Se houver espaço, podemos abrir outros questionamentos.
Bem, então mostre-me a literatura na DE que confirma que o processo é como você sugere. Até agora penso que está IMAGINANDO que a coisa seja assim, mas é o que efetivamente ocorre? E mesmo que fosse, qual o problema? Para tanto, quero comparar o seu sistema com o dos testemunhas de Jeová. Essa seita, até 1943, publicava obras assinadas pelos seus autores. Um autor podia ter a opinião X, enquanto que outro poderia opinar por Y, embora isso fosse raro. Quando o terceiro presidente (Nathan Knorr) assumiu, ele baixou uma norma que dali para frente as obras seria todas publicadas com o Copywright da Sociedade Torre de Vigia. Os autores não mais seriam identificados. Além disso, SÓ A TORRE DE VIGIA é que podia fazer publicações no que se referia aos seus conceitos religiosos. Nenhum testemunha de jeová podia, individualmente, escrever absolutamente NADA sobre sua religião. Tanto assim que foi determinado que qualquer um deles que tivesse páginas na Internet falando do jeovismo, mesmo que fosse tudo certinho, estava obrigado a fechá-las sob pena de excomunhão.
Suponho que, com tal sistema centralizado, não haveria problemas dogmáticos, pois todas as opiniões pessoais seriam cassadas e somente a visão oficial da Torre de Vigia viria a público. Na prática, entretanto, vários pontos doutrinários já foram alterados e pisadas de bola não faltaram (a mais famosa é o fim do mundo em 1975). Portanto, não vemos problemas quanto aos espíritos terem suas opiniões, mesmo que muito absurdas (leia o Ramatis), os médiuns terem as suas e os ouvintes interpretarem o que bem entenderem. Ao contrário das religiões respeitáveis do Dantas, NÓS NÃO TEMOS MENSAGEM DE SALVAÇÃO. Não podemos impor o Espiritismo a ninguém e ameaçar de ir para o inferno caso não seja aceito.
Ayyavazhi escreveu:Em tempo: Sem esquecer que a identificação tão pronta e imediata do indivíduo com determinado ensinamento, não significa que o que foi ensinado é assim tão perfeito; crianças e adultos podem experimentar o mesmo encantamento diante do aprendizado, mas eles estarão lidando com realidades totalmente diferentes. Não leiam, nessa observação, a insinuação de que espíritas seriam “crianças” do ponto de vista espiritual. Estou apenas tentando provocar uma reflexão mais profunda sobre tudo isso, sem que nos conformemos com verdades prontas.
Quer ser mais "macho" e dizer o que pensa e parar com tantas desculpas? Não posso falar por todos, mas usualmente os espíritas tendem a não ser tão melindrosos. Nunca se justifique: os amigos não precisam e os inimigos não acreditam.