Botânico escreveu:Pedroca é o seguinte:
MUITA COISA, talvez até a maioria delas, só ficamos sabendo por lemos em algum lugar, ouvimos na televisão, catamos na internet, ou seja: NÃO SOMOS TESTEMUNHAS de muitos dos fatos dos quais ficamos sabendo.
[...]
Por que necessariamente em termos de Espiritismo SOMOS OBRIGADOS a considerar falsos à primeira vista TODOS os depoimentos e testemunhos dados? E por que devo considerar suspeitas TODAS as publicações espíritas. Insinua você então que não existem autores espíritas honestos. São TODOS uns canalhas que preferem mentir para "valorizar" a causa?
Pedro Reis escreveu:Botânico, já antes falamos longamente sobre isso, para quê nos repertirmos? Talvez eu não tenha sido suficientemente claro antes, tentarei me sair melhor agora.
O meu comentário para o claudinei foi uma referência à forma como a Ciência encara a questão dos testemunhos. Se a Ciência tomasse testemunhos como evidência haveria evidência científica não só do espiritismo e dos fantasmas que Crookes examinou em seus irreproduzíveis "experimentos", mas também de todo tipo imaginável de abobrinha, desde abduções extraterrestres até as peripécias do boto Don Juan. ( E quanta gente não deu testemunhos impressionantes sobre o Chupa-Cabras, não é mesmo? )
Nós sabemos ( você sabe melhor do que eu ) que testemunhos, ainda que de milhares de pessoas como no caso da Virgem de Fátima, e experimentos irreprodutíveis não possuem valor algum para a Ciência. Me lembro inclusive da Anna ( que também é bióloga, como você ) ter comentado que discutiu esse ponto a exaustão contigo. E o pior é que você, como revisor, jamais aceitaria que se publicasse em um periódico científico alguma coisa análoga no campo da Botânica, ao que Crookes e outros fizeram.
A diferença minha aqui, Pedroca é que, como você fez acima, o pessoal cético quer NIVELAR os testemunhos feitos pelos CIENTISTAS QUE INVESTIGARAM A COISA às pataquadas que você listou. E aí é que eu discordo. Não são a mesma coisa:
1) TODO trabalho científico é UM RELATO OU TESTEMUNHO do que um cientista ou um grupo de cientistas fizeram. No máximo o que pode haver são relatos ou testemunhos bem ou mal feitos. Eu já rejeitei trabalhos científicos porque tinham falhas que comprometiam a clareza e o que era afirmado pelos cientistas que o fizeram por estarem incompletos neste ou naqueles pontos.
2) Os cientistas que lidaram com a coisa TINHAM EM MENTE QUE EXISTIA POSSIBILIDADES DE FRAUDES e aí então procuraram tomar medidas para evitar que estas acontecessem. Mas o pessoal cético proclama que eles JAMAIS pensaram nisso: entraram de gaiato no navio. Crookes fez a sua queixa:
_ Não me dão meus adversários o mínimo de crédito de bom senso? Por que acham eles que as objeções que me fazem jamais me teriam ocorrido?
3) Como já disse, houve a INFELIZ DESCOINCIDÊNCIA. Os críticos dos cientistas em questão só falavam DE LONGE. NENHUM DELES TEVE PEITO O BASTANTE para fazer os experimentos eles mesmos e ver por sua conta se Crookes & Cia Bela estavam alucinados (os céticos acreditam que uma chapa fotográfica pode sofrer alucinações, sabia?), ou extremamente míopes ou apaixonados pela mocinha feia... E ficam aqui os céticos bem ufanos: _ Ah! Se fossem o Ramsey, o Carpenter ou Kelvin fazendo os experimentos, o resultado seria muito diferente! Que pena que nunca fizeram.
4) Quanto à reprodutibilidade... Bem, de 1850 a 1930 mais de 200 cientistas REPRODUZIRAM esses experimentos e chegaram a resultados parecidos... E procuravam ao longo do tempo aperfeiçoar ainda mais os métodos e se cercarem de mais garantias. Mesmo assim as coisas aconteciam. O que ficou faltando então?
5) Já me esfregaram na cara mais de uma vez uma tal de "teoria conspiratória contra o Espiritismo", onde a comunidade científica procurava abafar tudo o que se pudesse relacionar com mediunidade. Bem, com o item acima eu fico mais ressabiado ainda, pois SE TUDO É FRAUDE, então aqueles mais de 200 cientistas teriam sustentado uma conspiração fraudulenta durante 80 anos e SEM NENHUM MOTIVO PLAUSÍVEL, pois lidar com mediunidade trazia desprestígio ao cientista ou outro "sábio" perante a comunidade científica. Ou seja, não faz o menor sentido uma conspiração dessas.
6) Eu já tinha proposto aqui que o pessoal cético fizesse uma campanha contra a Faculdade de Filosofia, Letra e CIÊNCIAS HUMANAS da USP para que retirassem esse "Ciências Humanas" de sua sigla. Não existem ciências humanas. O ser humano não é passível de ser estudado cientificamente. E talvez seja esse então o problema aí com a Ciência e os médiuns. Eu posso herborizar as plantas que pesquisei e daqui a 100 anos, se algum cientista quiser verificar um ponto de um trabalho que publiquei e que não foi explorado, ele pode simplesmente comunicar-se com o herbário e solicitar uma duplicata. Só que não adianta mumificar o médium, pois mesmo depois de retirado do sarcófago 100 anos depois ele não vai mais produzir fenômenos de materialização...
Se é nesse ferro e fogo que queremos determinar o que é Ciência, então tudo bem, vamos declarar extintas as ciências humanas e exigir delas outra nomenclatura.
Pedro Reis escreveu:Não entendo muito de Botânica, então é difícil para mim dar um exemplo, mas para não sair da área da Biologia me recordo de um documentário muito interessante que vi no National Geographic. (....)
" Olha,
isso tudo é muito interessante mas eu vejo muitos problemas no âmbito da Ciência para transportar esse experimento para outras situações ou lugares."
(...)
Este é um exemplo de uma experiência que não pode ser reproduzida independentemente de quem idealizou o experimento, ou seja, por qualquer um, a qualquer tempo, em qualquer lugar. Portanto temos problemas em reconhecer esta experiência como científica. E olha que foi tudo filmado, hein!, e mesmo assim não vale.
As regras do jogo são mais rigorosas. Quando eu leio em um livro de Física que o período de oscilação de um pêndulo só depende do comprimento do fio eu acredito. Acredito sem nunca ter me dado ao trabalho de reproduzir o famoso experimento de Galileu. Isso porque sei que este é de fato um experimento científico, que pode ser reproduzido por qualquer um, a qualquer hora, em qualquer ponto do universo, e já o foi milhões de vezes. Na verdade todo relógio de pêndulo construído reproduzia o experimento. Assim não precisamos confiar na palavra de ninguém, nem na reputação ou autoridade de ninguém. O que vale é o que pode ser verificado.
Então quando você argumenta que quase tudo que se sabe é o que se aprende nos livros, involuntariamente você está passando para o claudinei uma imagem distorcida sobre o que seja Ciência.
Porque á primeira vista isto parece um argumento de autoridade: " Ora, se nós acreditamos no que lemos em livros de Física, Química e Biologia, e raramente comprovamos pessoalmente estes artigos, porque devemos tratar de forma diferente o farto material que já foi produzido a respeito do Espiritismo?"
É assim que eles lêem o que você escreveu, mas eles não sabem que a diferença está justamente no fato de espiritismo não ser Ciência, e o que você cita são relatos de pessoas que lidaram com determinados auto alegados médiuns. Apenas isso, relatos. E relatos existem sobre todo tipo de coisa fantástica que se puder imaginar, incluindo o fenômeno de relatos em massa sobre um mesmo evento sobrenatural.
(...)
Portanto alegações falsas sobre eventos verificáveis não vão muito longe, e mais cedo ou mais tarde qualquer fraude ou equívoco é refutado.
É assim que a Ciência trabalha.
Certo, certo... Só que eu ainda estou para ver alguém me apresentar alguma pesquisa de natureza puramente teórica que tenha tido os seus EXPERIMENTOS repetidos ao longo de 80 anos, por vários cientistas, lidando com vários médiuns e chegando a resultados parecidos (e de quebra desmascarando os farsantes, mostrando então que seus métodos não era pouco porcaria como você parece insinuar mais adiante). Mas a comunidade científica não os aceitou e, considerando que cumpriram os requisitos por você indicados, certamente essa recusa se baseou em razões eu diria filosóficas... Ainda querem mais experimentos? Para quê? Vão convencer alguém?
Botânico escreveu:Ô meu caro! É só você fazer uma MÍNIMA comparação: na IURD só entra e fica quem der dízimos e mais dízimos... Ofertas e mais ofertas... No caso do Chico, ele NADA cobrava e nem recebia os direitos autorais, pois foram todos doados...
Pedro Reis escreveu:Mas aí está se partindo do pressuposto que dinheiro é a única motivação de qualquer pessoa. Ou que pelo menos ninguém é levado a iludir o seu semelhante a não ser por dinheiro. Mas não é bem assim.
Talvez para o Chico Xavier, um homem de origem humilde de uma cidade pequeníssima, vir a ser mundialmente reconhecido, respeitado e venerado como um santo valesse mais que juntar muitos milhões no banco. Considera essa hipótese absurda?
Não tenho dúvida que Chico Xavier poderia ter faturado muito, aliás espiritualistas ganhando grana em cima dos espíritos não é novidade desde os tempos de Eva Fay e seus shows burlescos. Como em todas as outras religiões o Espiritismo está cheio de gente faturando muito. A quadrilha,digo, a família Gasparetto vive muito bem e que eu saiba ninguém lá nunca teve uma carteira de trabalho.
Porém Chico Xavier era inteligente o bastante para saber que era necessário escolher entre dinheiro e uma reputação imaculada. Não dava para ficar com as duas e ele preferiu a segunda.
Não é a escolha que alguém como Bispo Macedo faria, mas cada um é cada um.
Olha... tudo bem, não tenho dados estatísticos disso, mas em geral gentinha muito humilde e pobre quando começa a ganhar dinheiro e muito, vira "família Buscapé" (já viu?). Ferdinand Marcus, Sadan Hussein, e outros governantes tiveram infância pobre e humilde e quando se tornaram ditadores, construíram palácios decoradíssimo com o máximo de mal gosto... Parece ser uma doença típica de pobre que vira rico: quer ter tudo o que não pôde ter na vida enquanto pobre...
Reputação imaculada... Vamos fazer o seguinte: peça ao pessoal cético aqui do fórum para fazer uma lista do que é que eles pensam do tipo de pessoa que Chico Xavier foi. Já vou adiantar o primeiro item da lista:
1) Chico Bixaer... (ele era uma bichona...).
Botânico escreveu:Tanto quanto eu saiba, só a Otília Diogo é que acabou desmascarada quando sua mediunidade decaiu, já que ela queria ganhar dinheiro com isso. Só não entendo como é que fraude tão tosca não foi desmascarada pelos repórteres do Cruzeiro no ato...
Pedro Reis escreveu:Eu não disse que a fraude era tosca. Disse que as fotos eram toscas. E realmente são.
O problema é que o pessoal cético ATÉ HOJE nunca me disse o que não seria uma foto tosca.
Pedro Reis escreveu:Não apenas as da Otília, mas outras, inclusive aquela em que o Chico Xavier está ao lado de um gaiato com uma tira de pano ectoplasmático na boca.
Mas já analisamos o caso da Dona Otília antes. Meros repórteres não terem desvendado o truque não significa que não tenha sido truque. Se você for no Largo da Carioca, no Rio de Janeiro, terá oportunidade de ver alguns ambulantes fazendo mágicas bem bacanas e rodeados por populares a um metro de distância. Dou um doce se você descobrir como é feito o truque. Dois doces se você descobrir como o cara faz desaparecer todo o conteúdo de uma tulipa de chopp em uma folha de jornal. E olha que o sujeito nem é mágico profissional.
Bem, não vou me dar a esse trabalho, mas é interessante como prestando bem atenção você até pode descobrir os truques. Houve um episódio da série Columbo onde um paranormal fajuto fez um fenômeno espetacular, desmoralizando um mágico tipo James Randi que montou todo um experimento que desmascararia o paranormal. E lá estavam um grupo de agentes da CIA, que ficaram muito impressionados e recrutaram o paranormal para o seu grupo (simples demais, mas lógico que não havia tempo nem seria interesse revelar os reais métodos da CIA num caso como esse). A verdade é que o mágico tinha o rabo preso como paranormal e todo aquele fenômeno foi só uma armação que o Columbo, com a ajuda de um menino nerd que entendia um pouco da coisa, desmascarou a farsa. Foi mostrado tudo como o truque do paranormal foi feito e era até bem fácil.
Mas o motivo do Columbo aparecer nessa história é que o mágico apareceu morto e ele então estava investigando o caso e chegou ao paranormal. A cena da morte do mágico parecia um acidente: ele estava testando a guilhotina mágica e... acabou perdendo a cabeça e não a encontrou mais. No episódio mostra que foi o paranormal que o assassinou. No episódio NÃO É REVELADO como é o truque da guilhotina mágica. Num espetáculo, seria assim: coloca-se uma cabeça de repolho no local da reentrância, fecha-se com a outra metade e solta-se a lâmina. Aí então coloca-se uma pessoa lá e aí a lâmina desce e atravessa o pescoço do voluntário sem cortá-lo. Não vou lhe dar doce algum, mas veja aí se você consegue descobrir como é feito esse truque. Eu o descobri de primeira.
Pedro Reis escreveu:E lembre-se: nem os repórteres e nem ninguém viu a materialização do fantasma. Quem estava lá só viu uma pessoa fantasiada de fantasma. Também ninguém viu quando o fantasma se desmaterializou. E é sempre assim. Estranho, não é mesmo?
Como é que ninguém viu o fantasma se materializar se um repórter ficou batendo fotos junto à jaula e registrou toda uma sequência de formação até a materialização se completar e ATRAVESSAR as barras da jaula sem abri-la? Essa sequência de fotos foi publicada na própria revista O Cruzeiro.
Pedro Reis escreveu:Contudo outras coisas chamam atenção nesse caso da Otília. Dizia-se dessa senhora ser pessoa humilde e analfabeta, e por isso mesmo incapaz de realizar uma farsa tão elaborada. Mas depois quando ela perde seus poderes passa a simular através de artifícios o que antes eram materializações genuínas. ( Genuínas na ótica de quem acredita, alguém menos bobo desconfiaria que tudo sempre foi truque. )
Mas o que se prova com isso? De duas, uma: ou esta senhora era intelectualmente mais sofisticada do que costumava transparecer ( então pelo menos nisso ela enganava a todos. E por quê e pra quê? ), ou então ser humilde e analfabeto não impede ninguém de aprender elaborados procedimentos de ilusionismo.
Mas suponhamos que a versão dos crédulos seja verdadeira. Otília era uma mulher nascida na mais profunda pobreza, nunca teve nenhum tipo de instrução porém foi abençoada com o mais extraordinário dom da mediunidade: a capacidade de ser um canal para a materialização dos desencarnados.
Levada pelo desespero da fome e pelas vicissitudes da miséria se vê tentada a ganhar algum dinheiro protagonizando espetáculos mediúnicos. E quem honestamente poderia condena-la por isso? Ninguém, a não ser os espíritos, éticos e zelosos que são da credibilliade da doutrina de kardec. Dona Otília que passasse fome mas os fantasmas não iriam mais se prostituir dessa forma, exibindo-se em espetáculos deprimentes onde parentes enlutados eram constrangidos a fazer doações em dinheiro. Não para a caridade ou obras sociais, mas para o bolso da médium. ( Embora sendo ela tão pobre, coitada, isto também não deixasse de ser uma caridade. )
Foi então decretada a cassação sumária de seus poderes mágicos e Otília Diogo se vê subitamente privada de seu ganha pão.
Mas pera lá, temos que fazer uma pausa aqui! Então é assim? Médium mercenário é punido com a perda da mediunidade? Bom, até acho correto, mas porque não aconteceu o mesmo com Eva Fay e outras centenas de alegados médiuns que se apresentavam em auditórios, cobrando ingressos e tudo, fazendo carreira no teatro de variedades às custas de espíritos bem submissos e incansáveis que, noite após noite, se dispunham a comparecer pontualmente no horário marcado para a apresentação, fazendo sempre os mesmos truques para a platéia, como macaquinhos circenses amestrados?
Até hoje temos gente como os Gasparettos, sequer oriundos de camadas mais carentes da população, explorando comercialmente a mediunidade e ninguém lá no mundo espiritual resolve dar um "chega pra lá" neles. Nem mesmo uma admoestação?
Cá pra nós, sacanagem o que fizeram com a Otília Diogo.
Vamos deixar claro uma coisa, Pedroca. TODA essa chorosa situação com relação à Otília não é exatamente justificada, pois havia MUITAS maneiras de uma pessoa pobre ganhar seu sustento, sem precisar recorrer à mediunidade. Sobre esta não temos controle. O desejo de progredir e melhorar fazem diferença. Otília poderia fazer cursos de alfabetização, aprender alguma profissão e assim ganhar seu sustento. Creio que Chico & Cia Bela teriam o maior interesse em ajudá-la nisso. Mas tal como os vagabundos que vêm à minha porta pedir esmolas, pra que tanto esforço se fazendo sessões se poderia ganhar em um dia o que demoraria mais de um mês? Então, ESTOU SUPONDO E NÃO AFIRMANDO, talvez o mundo espiritual entendesse que, para que não cometesse mais desatinos nesse caminho, sua mediunidade foi bloqueada. Aí deu no que deu. Descoberta a fraude, ela finalmente foi jogada para escanteio, mas teve sorte de conhecer um caminhoneiro com quem se casou e viveu com ele até a sua morte.
Já no caso dos Gasparettos entendo ser OUTRA situação. Ao contrário de Otília, eles são gente culta. Se alguma vez foram ESPÍRITAS, pelo jeito não gostaram deste princípio de fazer caridade (ninguém vai me explorar, declarou um dia a senhora Gasparetta). Vejamos entretanto uma diferença entre a Otília e os Gasparettos. Otília, uma vez perdida a sua mediunidade, estava vendendo UMA FRAUDE, estava cometendo um crime de estelionato. Já os Gasparettos não. Tem um lá que suja telas, dizendo-se terem sido pintadas pelo espírito do Picasso, do Travasso, do Davasso e outros assos... Se algum imbecil quer acreditar que aquela tela suja é uma obra mediúnica, azar do crédulo, que pode ter de pagar uma nota preta só porque "o espírito tal" foi o autor. Mas uma coisa nem esse crédulo pode negar conhecer: quem sujou a tela foi o Gasparetto. A mesma coisa é o irmão dele, que recebe músicas espirituais, e a mãe, que escreve livros. Nenhuma dessas atividades são ilegais de per si. O caso Humberto de Campos já decidiu a jurisprudência sobre isso. Se os Gasparettos querem ganhar a grana que ganham com isso, perante a lei não estão fazendo nada de errado.
Como espírita POSSO SUPOR que essa família teria assumido compromissos espirituais de divulgação doutrinária e, de quebra, dar exemplo de humildade e caridade, como fez o Chico. Se ao chegarem no mundo espiritual se fizer a cobrança pelo não cumprimento do acordo...
Mas tudo bem, você pode alegar aqui que é a mesma coisa de dizer que se aceitar a Cristo, você vai pro Céu... mas a mercadoria vai ser entregue só após a morte.
Pedro Reis escreveu:Mas vejam, a necessidade é mesmo a mãe das invenções. O tiro saiu pela culatra porque esta mulher ignorante que sequer sabia assinar o próprio nome não se conforma e passa a simular a materialização de espíritos através de um muito sofisticado procedimento de ilusionismo. E ao que tudo indica muito bem executado, já que nunca foi pega no ato. Se a polícia não encontra a mala contendo roupas idênticas àquelas em que o fantasma posa para fotos ao lado do Chico Xavier, Otília Diogo continuaria fazendo dinheiro e denegrindo a boa imagem do Espiritismo.
Não entendi... Onde a polícia entrou neste caso? Como é que um truque de alguém se disfarçar de fantasma é assim TÃO BEM EXECUTADO? Eu penso que tal truque, quando a mediunidade caiu de vez, não deveria ser nada tão sofisticado. Acho que a família que a chamou acabou desconfiando e chamando a polícia e aí a farsa foi descoberta. Na verdade não achei muitos detalhes sobre como isso se deu. A maioria dos textos que vi, só trazem uma citação boba do Quemedo.
Pedro Reis escreveu:Mas no final das contas foi pior porque com isso os céticos ficaram ainda mais céticos ( não sem razão ), julgando que tudo nunca passou de um embuste, e pior, com a eventual participação do Chico Xavier.
Mas talvez nem os espíritos pudessem supor que a analfabeta Otília fosse capaz de tal artimanha.
Talvez por isso mesmo você, Botânico, tenha posto em dúvida o flagrante e a confissão na delegacia. Tudo muito suspeito, tudo muito estranho... talvez um complô marionetado pelas influências da Igreja Católica, eterna perseguidora e arqui-vilã-inimiga do Espiritismo.
Eu até ficaria tentado a considerar esta hipótese se ela não pusesse em cheque a própria mediunidade de Chico Xavier. Afinal, você sabe, ele publicamente declarou que a médium havia perdido seus dons e passara a apelar para a picaretagem pura e simples. Exatamente como a própria declarou em sua confissão na delegacia.
Não, Pedroca, NÃO PONHO EM DÚVIDA O FLAGRANTE, NEM A CONFISSÃO. Eles EXISTIRAM. O que ponho em dúvida é se a materialização ocorrida junto com o Chico, Waldo, médicos e repórteres em Uberaba teria sido fraudulenta, uma vez que, MESMO TENDO TODAS AS CONDIÇÕES PARA ISSO, nenhum dos repórteres deu flagrante.
Pedro Reis escreveu:Ora, o Chico tinha suas fontes, ele deveria saber. Ele TINHA que saber.
Que fontes o Chico tinha e o que ele deveria saber?
Botânico escreveu:Não entrou de surpresa (não estava proibido de entrar) e ficou faltando explicar como é que o ajudante entrou lá, uma vez que só poderia fazê-lo atravessando paredes, portas ou janelas trancadas. Isso você ainda não me descreveu como é feito.
Pedro Reis escreveu:Eu vou fazer um curso de mágica com o traíra do Mister M e depois te dou todos os detalhes de como isso é feito. Como a mulher de biquini aparece dentro da jaula trancada onde antes havia um tigre. No momento tudo que posso fazer é confessar a minha ignorãncia, mas você se lembra dos vídeos que de mágica que eu postei em outro tópico? Se você teve a curiosidade de assistir algum viu coisas muito mais impressionantes. Saberia me explicar como é feito? Como um homem e uma mulher trocavam instantaneamente de roupa dezenas de vezes na frente de centenas de pessoas? De onde vinham todas aquelas roupas, para onde iam as roupas? Saberia dizer como fizeram isso? Se nós não sabemos isso prova que na verdade não era mágica e sim fenômeno mediúnico?
Como no caso da guilhotina, PRESTANDO ATENÇÃO, eu saquei o truque logo de primeira. Mas convenhamos que este é um truque MUITO simples. Se eu quisesse descobrir os truques de um mágico, teria de primeiro ver como ele e seus assistentes montam o cenário (mas isso não me seria permitido ver, certo?). No caso dos médiuns, eles já encontravam um laboratório ou outro ambiente preparado PELOS PESQUISADORES e o médium não contava com a ajuda de nenhum assistente... Como no caso lá da Eva Fay. Acho que as duas coisas não se parecem, certo?
Botânico escreveu:Como sabe que o homem JAMAIS existiu? Uma vez que vários moradores passaram por aquela casa e notaram OS MESMOS fenômenos, como poderiam ser obra de arte de duas mocinhas que só vieram a morar lá anos depois?
Pedro Reis escreveu:Bom, vou te dar uma dica de como cheguei a esta surpreendente conclusão.
As mocinhas sabiam nome, sobrenome e profissão do fantasma. E também a época, local e circunstãncias de sua morte.
Apesar disso o corpo jamais foi encontrado, mesmo o próprio morto estando a disposição para indicar o lugar. Porém o mais estranho é que jamais apareceu ninguém que tenha conhecido um caixeiro viajante com o nome do falecido. ( Lembre-se que estamos falando de um caso de enorme repercussão nos Estados Unidos e até fora do país. O caso foi tão famoso que décadas depois as irmãs ainda lotaram um teatro quando anunciaram que iriam demonstrar como faziam o truque. )
A despeito disso nunca apareceu ninguém que dissesse: " Hei, eu conheci este cara. Tomei umas cervejas com ele." Qual era a profissão do fantasma? Caixeiro viajante. Ele teria que lidar com clientes e fornecedores, conhecer pessoas em muitas cidades, hospedar-se em hóteis e pensões. Inclusive na própria cidadezinha onde teria ocorrido o crime.
Mas como, nem mesmo nessa cidadezinha, nenhum dono de estabelecimento comercial jamais conhecera um caixeiro viajante com aquele nome? E nem em nenhuma outra cidade.
Burramente as meninas indicaram que o falecido deixou mulher e filhos. E ainda forneceram os nomes.
Nunca encontram esta viúva e estes filhos. Aparentemente esta foi a única família nos Estados Unidos que não ficou sabendo do caso, porque de outra forma a viúva teria dito: " Meu Deus, é verdade. Esse é o meu marido que saiu para comprar cigarros e nunca mais voltou. E eu aqui esse tempo todo pensando que ele tinha arrumado outra... "
Ou talvez ele tenha sido péssimo pai e marido. Um traste que nem mesmo em espírito a mulher e os filhos quiseram saber dele. Mas e os amigos? Ele não tinha amigos, parentes, primos, irmãos, sobrinhos, nada?!
Nem amigos, parentes e nem documentos. Nunca se encontrou em nenhum cartório uma certidão de nascimento com o nome do falecido.
Será que estou sendo muito cético-cabeça-dura suspeitando que esse cara jamais existiu?
Não, não está. Eu também pensei nisso... Só que o problema também tem com registro histórico. Há uma discrepância quanto ao nome do cara. Uns registram como Rayn, outros como Ross e outros como Rosma. Na escavação feita foi encontrado fios de cabelos e UM osso humano. Em 1905 ruiu uma parede do porão e entre ela e o chão foi encontrado o resto do esqueleto e a caixa de mascate.
Interessante é o casal Bell, que morava ali por ocasião da visita do mascate, tinham uma empregada que, pelo fato de o mascate se hospedar ali, foi mandada dormir na casa da mãe dela. Ela própria conversou com esse mascate e queria comprar algumas coisas, mas na ocasião não tinha dinheiro e faria a compra no dia seguinte.
Só que no tal dia seguinte, quando ela chegou logo cedo, a Sra Bell disse que o mascate já tinha ido embora (ué? por que não a esperou para fazer mais uma venda?). Ela notou também que a patroa tinha várias quiquilharias que teriam sido dele, pois não estavam na casa antes. Pouco depois ela foi pegar alguma coisa no porão e caiu ao meter o pé num buraco. O Sr Bell disse que deviam ser ratos e aí a moça foi mandada ficar uns dias na casa da mãe e quando voltou, o chão do porão havia sido todo coberto com argamassa.
Quando se deu o caso das Fox, ela então se lembrou do mascate e estranhou o fato de ele nunca mais ter aparecido. Quanto à ENORME fama do caso, eu tenho lá as minhas dúvidas. Não me parece que tenha sido noticiado como uma coisa séria e aí, muito provavelmente, não se dariam mais importância àquilo do que a alguma notícia de "disco voador".
Botânico escreveu:Houve um tempo que isso foi até verdade (entre 1850 e 1930), mas como você bem sabe, houve o fenômeno da INFELIZ DESCOINCIDÊNCIA, que continua ocorrendo até hoje. Assim então, preferimos darmos a famílias enlutadas provas particulares, que só dizem respeito a elas do que ficar ouvindo a mesma ladainha cética.
Pedro Reis escreveu:Botânico, não dá. Todas as famílias são famílias enlutadas. A morte é uma consequência da vida e não há ninguém que não tenha perdido um dos seus. Seria uma alegria imensa, até mesmo para os céticos-cabeça-dura, saber que a vida continua.
E se metade do que os espíritas afirmam for verdade seria tão fácil provar isto ao mundo que eu não posso conceber que ainda não tenha sido feito.
Mas você não acabou de dizer acima que RELATOS NADA PROVAM? Ora, uma coisa que é prova para mim, pode não ser para outro. Contei aqui o caso da minha prima ao Ensejo e ele fica insistindo comigo de que o médium teria condições de saber tudo apenas com alguns cliques num teclado de computador...
Pedro Reis escreveu:Claro, a Teoria da Evolução e a chegada do homem na Lua ainda não convenceram a todos, mas esta não é uma comparação justa porque estes não são eventos que as pessoas comuns comprovem pessoalmente.
Ninguém pôde ir na Apolo 11 junto com os astronautas. Ninguém pôde ver um Australophitecus evoluindo em Homo Sapiens.
No entanto você conhece alguém que duvide da eletricidade, ou dos satélites, ou de que imagens podem ser transmitidas a distãncia em tempo real? Há milagres e maravilhas que já nem damos bola, porque fazem parte da nossa vida. Porque o mesmo não aconteceria com a realidade do mundo espiritual?
Muita gente é cética em relação a UFOs, mas no dia em que pousar a nave mãe no Central Park e o comandante der uma entrevista no jornal da ABC passa a ser tão fato quanto a Terra é redonda.
Eu, quando morrer, volto aqui e provo ao mundo de uma vez por todas que fantasmas existem. Mais ainda, provo aos espíritas-céticos-cabeças-dura que era fácil fácil fazer isso.
Acho que algum coitado muito pretensioso vai ficar muito decepcionado...