Plataforma da Petrobras: segundo sindicato, até bote de resgate está desativado, mas estatal não vê riscoRIO e CAMPOS - Fiscais da Agência Nacional do Petróleo (ANP) e da Marinha desembarcam nesta quarta-feira na plataforma P-33 da Petrobras, situada no Campo de Marlin, na Bacia de Campos. Eles vão avaliar as condições operacionais e de segurança do local , que apresentou problemas em equipamentos, como o filtro de óleo lubrificante, levando funcionários da Delegacia Regional do Trabalho (DRT) a pedirem sua interdição.
O Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro NF) protocolou nesta terça-feira novas denúncias sobre as condições de manutenção das plataformas da Petrobras na Bacia de Campos na ANP, na Superintendência Regional do Trabalho e Emprego, na Marinha e no Ministério Público do Trabalho, entregando a ata da reunião que houve no sábado com mais de cem trabalhadores da P-33.
Segundo o diretor de Comunicação do sindicato, Marcos Breda, até o bote de resgate está desativado:- Isso dificulta o resgate se algum trabalhador cair no mar. Se a plataforma precisar ser evacuada, há somente os barcos de apoio para fazer o trabalho.
A Petrobras negou que tenha havido uma explosão na plataforma no mês passado . O que ocorreu, segundo a empresa, foi uma falha operacional no dia 14 de julho, que teria resultado "na avaria de um duto de ar quente, em um local sem a exposição de pessoas". Em nota, a Petrobras disse ainda que "exerce suas atividades de exploração e produção com austera política de segurança, meio ambiente e saúde" e que "impõe rigor técnico nos aspectos relacionados aos equipamentos e à capacitação de pessoal". Segundo a estatal, suas atividades atendem rigorosamente às exigências feitas pelos órgãos reguladores e entidades classificadoras.
Petroleiro relata vazamento de gás na P-33
A Petrobras garantiu que, apesar da falha operacional, não houve qualquer risco de vazamento de gás natural ou óleo. Segundo Breda, porém, um petroleiro que atua nas plataformas da Bacia de Campos e que já esteve na P-33 contou que houve um vazamento de gás em 19 de maio, no ponto em que o duto de gás é conectado ao navio. Mas os sensores que detectam vazamentos e que fecham os poços imediatamente não funcionaram.
- O sensor foi ativado manualmente, e as válvulas de segurança também.
O vazamento foi detectado pela nuvem e pelo barulho, o sensor não funcionou - disse.No dia 19 de julho, a Marinha esteve na P-33 para realizar uma vistoria nos equipamentos. Segundo a estatal, em 3 de agosto fiscais da SRTE/RJ foram à plataforma acompanhados de representantes do Sindipetro NF. Em decorrência das vistorias, foi realizada uma reunião no último dia 5, informou a Petrobras.
Durante o encontro, a empresa apresentou um documento - respaldado em um laudo elaborado por profissionais da área de segurança da empresa e certificados emitidos pelo Sistema Próprio de Inspeção de Equipamentos e pelo Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP) - atestando que o equipamento interditado, o filtro de óleo lubrificante, estava de acordo com as normas regulamentadoras do Ministério do Trabalho.
Tubulação da P-33 corroída por ferrugem / Reprodução
Foi após essa reunião que, apesar da apresentação da documentação, que a SRTE/RJ determinou a interdição do filtro de óleo lubrificante. Com essa mesma documentação técnica a Petrobras conseguiu no último dia 6 uma liminar na 2ª Vara de Trabalho de Macaé, liberando o equipamento.
Mas há relatos de problemas em outras plataformas. A P-31, segundo o diretor de Saúde e Segurança do sindicato, Armando Freitas,
está em condições precárias, a ponto de ser apelidada de sucatão. Na P-32, a máquina de hidrojato usada para pintura da plataforma teve de operar abaixo da capacidade, senão poderia rasgar o convés.