Mais um capítulo da hipocrisia nacional
Jornal da ADEPOM - Associação de Defesa dos Policiais Militares SP - 05/07/2001
Mais um capítulo da hipocrisia nacional
Motivos políticos e hipócritas levaram à condenação do Cel. PM Ubiratan Guimarães
O Cel. PM Ubiratan Guimarães foi condenado, dia 29 de junho passado, a 632 anos de prisão por 102 mortes e 5 tentativas de homicídios ocorridas no Pavilhão 9 da Casa de Detenção, em 2 de outubro de 1992. A condenação foi proferida pela juíza Maria Cristina Cotrofe com base na decisão dos sete jurados. Apesar do advogado do réu, Vicente Cascione, ter recorrido da sentença e do Cel. Ubiratan ter direito a aguardar em liberdade a decisão da Justiça, o presidente da ADEPOM, Ten. Cel. PM Luiz Carlos Nogueira, acredita que foi cometida uma injustiça contra um oficial que sempre dedicou a sua vida à Polícia Militar e à comunidade. Na visão do presidente da ADEPOM, as organizações de Defesa dos Direitos Humanos têm motivos hipócritas e políticos para querer a condenação do Cel. Ubiratan. Afinal, a condenação visa dar satisfação à comunidade internacional que vê o Brasil como um país que desrespeita os Direitos Humanos; a condenação, portanto, daria maior credibilidade ao país perante os entidades de Human Rights. O próprio pesquisador Paulo Sérgio Pinheiro, do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (USP), declarou à imprensa que a absolvição prejudicaria ainda mais a imagem do País.
"O que vimos foi o cumprimento do dever", lembra o Ten. Cel. PM Nogueira, que na época atuava na Diretoria de Apoio Logístico da Polícia Militar. "Os presos estavam se matando e também ameaçavam os funcionários e policiais que lá estavam. A ocorrência poderia ter dimensões ainda maiores se a polícia não interviesse. A promotoria argumenta que a ação da PM em 1992 não impediu que o PCC se constituísse, mas a verdade é que se naquela época a Polícia não mostrasse que realmente tinha controle da situação, não apenas um PCC existiria hoje, mas inúmeros. A situação com certeza estaria muito pior. É inacreditável que enquanto a esmagadora maioria da população, principalmente aqueles que não se deixam manipular, torce e quer a absolvição do Cel. Ubiratan - inclusive mostrando esta tendência em pesquisas populares por diversos programas de televisão - uma pequena minoria que se intitula paladina defensora dos Direitos Humanos manipula a opinião pública em defesa de bandidos, facínoras, inimigos da sociedade e estimulando o crescimento assustador da criminalidade e de seus atos cada vez mais ousados e covardes. Entretanto, com essa política, essa minoria acaba enfraquecendo os órgãos policiais. O que se julga neste episódio não é o cidadão Cel. Ubiratan e nem o sistema policial; e sim o destino da sociedade paulista e brasileira que precisam decidir entre apoiar os atos de uma massa criminosa ou defender as instituições policiais, não permitindo o seu enfraquecimento e descrédito".O próprio ex-governador Luiz Antônio Fleury Filho declarou à imprensa que lamentava o ocorrido, pois ninguém deseja 111 mortes, mas havia necessidade de uma ação imediata. Para o ex-governador, não há ligação entre a decisão de Ubiratan e o massacre no fim da invasão. "Uma coisa foi autorizar a operação, outra foi o resultado. Os policiais que se excederam é que deveriam ser responsabilizados, não o coronel que por ali ficou dez minutos, até ser retirado inconsciente." Fleury também criticou o que chamou de uso político do massacre por entidades de direitos humanos.