Pareidolia
A pareidolia é um tipo de ilusão ou percepção equivocada, em que um estímulo vago ou obscuro é percebido como algo claro e distinto. Por exemplo, quando alguém vê o rosto de Jesus Cristo nas descolorações de uma rosquinha queimada. Ou quando alguém enxerga a imagem de Madre Teresa ou Ronald Reagan num pãozinho de canela ou o rosto de um homem na lua.
Em circunstâncias normais, a pareidolia fornece uma explicação psicológica para várias ilusões baseadas na percepção sensorial. Por exemplo, explica vários avistamentos de OVNIs, assim como a audição de mensagens sinistras em discos tocados ao contrário. A pareidolia explica visões de Elvis Presley, do Pé-Grande, e do Monstro de Loch Ness. Explica numerosas aparições e visões religiosas. E explica por que algumas pessoas vêem um rosto ou um prédio numa foto da região de Cydonia, em Marte.
Em circunstâncias clínicas, alguns psicólogos incentivam a pareidolia como um modo de entender o paciente. O mais tristemente famoso exemplo desse tipo de procedimento clínico é o teste dos borrões de Rorschach.
O astrônomo Carl Sagan acredita que a tendência humana de enxergar rostos em rosquinhas, nuvens, pãezinhos, etc. seja uma característica evolutiva. Ele escreve:
Assim que o bebê se torna capaz de enxergar, reconhece rostos, e hoje sabemos que essa habilidade vem embutida em nossos cérebros. Bebês que, um milhão de anos atrás, eram incapazes de reconhecer um rosto e sorriam menos em resposta, tinham menor probabilidade de conquistar os corações dos pais e de prosperar. Hoje em dia quase toda criança identifica rapidamente um rosto humano e responde com um sorriso (Sagan, 45).
Penso que Sagan está certo a respeito da tendência de reconhecer rostos, mas não vejo razão para pensar-se que exista uma vantagem evolutiva em enxergar réplicas de pinturas, fantasmas, demônios, etc. em objetos inanimados. Parece mais provável que a mente esteja fazendo associações com formas, linhas, sombras, etc., e que essas associações tenham raízes em desejos, interesses, esperanças, obsessões, etc. A maioria das pessoas reconhece essas ilusões pelo que realmente são, mas algumas desenvolvem fixação pela realidade de sua percepção e transformam uma ilusão num engano. Um pouco de pensamento crítico, no entanto, deveria convencer a maioria das pessoas razoáveis de que um pãozinho que se parece com a Madre Teresa ou uma área queimada numa rosquinha que se parece com Jesus são acidentes, e que isso não tem nenhum significado. É mais provável que a Virgem Maria que alguém vê no reflexo de um espelho, ou no piso de um complexo de apartamentos, ou nas nuvens, tenha sido criada pela própria imaginação da pessoa do que imaginar que uma pessoa que morreu há 2.000 anos fosse se manifestar numa forma tão mundana e inútil.
http://brazil.skepdic.com/pareidolia.html