Hamas recolhe as armas dos activistas em Gaza

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Pug
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Hamas recolhe as armas dos activistas em Gaza

Mensagem por Pug »

A ala militar do Hamas terminou ontem o registo e recolha das armas utilizadas pelos seus activistas no norte da Faixa de Gaza, revelou o jornal israelita Haaretz. De acordo com a mesma publicação, o processo - segundo fontes citadas pelo jornal - foi ordenado pelo bureau político do Hamas após a vitória nas legislativas do passado dia 25.

A recolha das armas no centro e sul da Faixa de Gaza foi atrasada pelos confrontos entre activistas da Fatah (partido derrotado nas legislativas) e do Hamas. Segundo fontes citadas pelo Haaretz, as referidas armas foram, entretanto, entregues aos líderes militares do Hamas em Gaza.

A decisão de registar e recolher as armas em causa tem vários objectivos, como avança o jornal israelita que cita fontes independentes e do movimento integrista palestiniano. Mostrar ao Ocidente que o Hamas - que deixou de fazer manifestações armadas na Faixa de Gaza - é capaz de impôr disciplina nas suas fileiras é uma das hipóteses, a outra é a possibilidade de que o futuro governo alargue o período de "trégua" e há ainda quem defenda que a medida pode ser o primeiro passo para unificar todas as facções armadas palestinianas numa única instituição sob o controlo do futuro Governo, cujo poder o Presidente da Autoridade Palestiniana (AP), Mahmud Abbas, e o Parlamento cessante estão apostados em reduzir.

Ontem e na sequência do que fizera na véspera, Mahmud Abbas colocou sob o seu controlo directo a televisão e rádio palestinianas, assim como a agência noticiosa Wafa. Estes órgãos de comunicação estavam dependentes do Ministério da Informação no Executivo cessante.

Esta medida, associada à lei aprovada na véspera pelo Parlamento cessante e que autoriza Abbas a nomear juizes para um novo tribunal constitucional, reforça significativamente o poder do Presidente da AP mas prejudica à partida o diálogo entre o Hamas e a Fatah e mancha a "democracia palestiniana". O Hamas afirmou já que irá contestar toda a legislação aprovada apressadamente e à última hora.

A atitude do Parlamento cessante e de Mahmud Abbas não foi ainda alvo de qualquer crítica por parte do Ocidente que, aliás, temendo um governo do Hamas tudo tem feito para reforçar o poder de Mahmud Abbas.

Torniquete

É neste contexto que, na sua edição de ontem, o jornal The New York Times revela a existência de um plano israelo-americano para dificultar a tarefa do Hamas enquanto governo. Essa dificuldade criaria animosidade entre a população palestiniana e, consequentemente, justificar a antecipação de eleições por parte de Abbas, escrutínio que seria ganho pela Fatah reformada e renovada.

O plano é simples impedir, por um lado, que o Hamas receba fundos - o que tornará impossível o pagamento de salários - e a mobilidade de pessoas e bens entre Israel e os territórios palestinianos. Em síntese: Israel e os EUA planeiam apertar o torniquete em volta dos territórios palestinianos de forma a que os seus habitantes se revoltem contra o governo que escolheram.

Simples mas demasiado óbvio, o plano corre o risco de não colher o apoio da população que escolheu o Hamas como protesto contra o nepotismo e a corrupção que grassava no executivo da Fatah. Cortar os fundos ao governo palestiniano, desde que não haja violência alimentada por este, é ajudá-lo a aumentar o seu apoio entre a população.

O Hamas condenou a existência do plano em causa assim como criticou a pressão de que está a ser alvo por parte dos EUA e da Europa.

Ao fim da tarde de ontem o porta-voz da Casa Branca, Scott McClellan, negou a existência do plano revelado pelo NYT. "Um tal plano não existe. Temos com o Governo israelita as mesmas conversas que temos com os governos árabes, europeus e outros", disse McClellan sublinhando, porém, que o Hamas tem "uma escolha para fazer" e que a ajuda americana aos palestinianos está em perigo se o Hamas não deixar de combater Israel, aliado dos EUA.

Entretanto e em entrevista à revista russa Nezavisimaya Gazeta, o líder do Hamas, Khaled Meshaal - que em breve vai a Moscovo para discutir o processo de paz - afirmou que se "Israel reconhecer os nossos direitos e prometer retirar de todos os territórios ocupados, o Hamas e o povo palestiniano decidirão parar com a resistência armada".

DN
"Nunca te justifiques. Os amigos não precisam e os inimigos não acreditam" - Desconhecido

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