Irã ameaça seriamente a hegemonia do dólar

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O ENCOSTO
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Irã ameaça seriamente a hegemonia do dólar

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Irã ameaça seriamente a hegemonia do dólar

Opção iraniana provável é uso de armas econômicas

Istambul - O imbróglio com o Irã parece que ocupará toda a comunidade internacional durante este ano. O prematuro recrudescimento do problema não é casual e, embora, se reflita sobre a tendência de elevação do preço do petróleo, não está atrelado, somente, com o petróleo por si só, mas, principalmente, com o dólar e sua posição hegemônica no sistema monetário mundial.

"A paridade cambial do dólar está condenada a se reduzir, finalmente, e isto pode ocorrer, desestabilizando a economia mundial". Este é o teor da avaliação de W. White, diretor da Área Econômica e Monetária do Banco das Regulamentações Internacionais, embora reconheça que não é possível alguém avaliar as possibilidades estatísticas de uma queda repentina do dólar. "A tendência do dólar, a longo prazo, é enfraquecer, a fim de curar os males dos cada vez mais amplos desequilíbrios comerciais", conclui.

A prolongada tendência de queda do dólar, à qual White se refere, seguramente não é de agora. Seu começo foi em 1971, quando o então presidente dos EUA Nixon desindexou, totalmente, o dólar do ouro (a desindexação parcial havia ocorrido em 1932, durante a presidência de Roosevelt que se recusou a pagar De Gaulle em ouro). Com este ato, os EUA proclamaram - de fato - oficialmente e com condições econômicas a constituição de seu império.

Aliás, desde 1987 - quando Alan Greenspan assumiu o Federal Reserve (Fed) - até hoje, o dólar já perdeu 50% de seu poder aquisitivo. E isto se deve à expansiva política monetária que os EUA, sistematicamente, exercem, objetivando a manutenção do crescimento econômico e os mercados sustentarem seu curso ascendente, sem turbulências.

Com a inédita inflação da economia norte-americana e mundial com dólares (aumento da oferta de dinheiro e crédito bancário duas a três vezes mais rapidamente que o aumento do Produto Interno Bruto), foram contidas várias crises monetárias e de bolsas de valores (craque de 1987, crise asiática e outras) e foi mantido um hegemônico, para os EUA, regime de indireta tributação sobre o restante do mundo.

Predominando o dólar como moeda internacional de reservas e câmbio, os EUA tiveram assim a possibilidade de adquirir bens e serviços estrangeiros imprimindo, simplesmente, sua moeda.


Acordo com sauditas


Contudo, para a aceitação do dólar como moeda predominante, internacionalmente, papel decisivo - além do poderio militar e econômico - desempenhou sua aceitação como exclusivo meio de pagamentos para venda de petróleo. Em 1972-1973, os EUA formalizaram acordo com a Arábia Saudita para apoiar a Casa Real dos Saud, em troca do uso exclusivo do dólar para venda do petróleo.

Rapidamente, todos os demais países-membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) aderiram à sistemática, com resultado de todos os países consumidores de petróleo do mundo serem obrigados a manter reservas cambiais em dólares para pagar suas importações do combustível.

Assim, então, o dólar, sustentado pelo petróleo, garantia que o império norte-americano poderia "tributar" o resto do mundo, imprimindo moeda inflacionada. Assim, os EUA importavam bens e serviços estrangeiros e exportavam dólares, obrigando os bancos centrais dos demais países a reinvestirem suas reservas de dólares em títulos norte-americanos.

O dólar se desvalorizou, gradualmente, por causa de sua abundante oferta, mas não correu o risco de derrocada graças ao papel desempenhado pelo petróleo. Este sistema correu o risco de se derrocar, quando Saddam Hussein exigiu euros ao invés de dólares para as vendas iraquianas de petróleo.

Hoje, o novo país que ameaça o dólar e a hegemonia monetária dos EUA é o Irã, o qual já programou para mês que vem a inauguração de sua Bolsa de Valores do Petróleo, baseada em mecanismo de troca de petróleo por euro.

Sob o ponto-de-vista econômico, isto representa uma ameaça muito maior (em comparação com a de Saddam Hussein) para a hegemonia mundial do dólar, porque permitirá a qualquer interessado comprar ou vender petróleo com euros, por intermédio desta bolsa de valores. Algo visto com muito bons olhos, tanto pelos europeus e árabes, quanto pela Rússia e países asiáticos.


Georges Pezmatzoglu
O ENCOSTO


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Onde houver fé, levarei a dúvida.

"Ora, a fé é o firme fundamento das coisas infundadas, e a certeza da existência das coisas que não existem.”

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