O Monopólio do Bem
O Monopólio do Bem
O Monopólio do Bem
Postado originalmente em 1/4/2004 14:43:32
por Acauan
Dentre as muitas coisas que tornam os fundamentalistas cristãos muito chatos, uma que se destaca é naturalidade com que tantos dentre eles, senão quase todos, decretam-se detentores do monopólio de todo o BEM, deixando claro aos que não fazem parte da sua celestial corporação que eles devem assumir o nível de maldade que lhes cabe por haverem feito as escolhas ideológicas erradas.
Coisa parecida, no campo da filosofia moral, ao que a Microsoft faz com o Windows.
A coisa funciona assim: Se for cristão é bom, se não for cristão não pode ser bom e se for anticristão é ruim.
E todo mundo que for classificado no “não pode ser bom” e no “ruim” vai pro inferno e estamos conversados.
Mas porque o que é cristão é bom?
O cristianismo como conjunto de princípios tem muita coisa legal, não sou eu que vou aqui botar defeito naquelas recomendações de amar ao próximo e praticar o perdão.
Só que o cristianismo não é apenas um conjunto de princípios, é também um conjunto de doutrinas. E aí a coisa pega.
Quando os fundamentalistas chamam o cristianismo de sã doutrina deveriam por tudo no plural e em casos específicos uma interrogação depois do adjetivo.
Resumindo, para que os fundamentalistas pudessem legitimar-se como detentores do monopólio do Bem, teriam que demonstrar que todos os preceitos de todas as doutrinas de todos os ramos, sub-ramos, vertentes e denominações do cristianismo são completa e universalmente bons.
E quero ver o cara-de-pau do crente que vai aparecer aqui para dizer isto, porque eles só defendem o cristianismo como um todo quando argumentam com um não-cristão. Dentro do aconchego da convivência diária e comunitária dos fundamentalistas, a diversão mais popular é achar defeitos e falar mal de outras denominações cristãs.
Se o geral não é bom nem para eles, que só aceitam o específico, por que teria que ser bom para nós?
E mais, por que não seríamos bons ou seríamos menos bons por não aceitarmos um sistema que nunca estabeleceu um consenso, exceto quanto a alguns elementos fundamentais, sendo que os que têm implicação moral não são exclusivos do cristianismo.
Tem proselitista que estende a pretensão até o tamanho de países, e solta a conversa mole sobre o quanto as sociedades cristãs são melhores que todas as outras.
E faz aquelas comparações tipo Holanda cristã X Buracodofimdomundistão muçulmano, para demonstrar sua tese.
Nenhum destes malandros tem o bom senso honesto de separar estratos compatíveis antes de comparar, quando então as estatísticas provariam quantitativamente que o Japão xintoísta tem índices de violência, criminalidade e pobreza desamparada muito inferiores aos registrados nos historicamente protestantes Estados Unidos da América.
Mas então, se é assim, por que esta turminha fundamentalista acha que é melhor que todo mundo?
Pelos seus atos é que não é. Conheço crentes de rodo, muitos deles muito bons, outros mais ou menos e uma quantidade nada desprezível que não é flor que se cheire.
Na média, nem melhor, nem pior do que qualquer outro grupo.
Pela doutrina deles, como se disse, também não dá pra confiar.
O que tem de bom no cristianismo pode ser praticado sem se ser cristão e dos apêndices doutrinários, como moral sexual religiosa, obrigações confessionais ou regras de comportamento, eu quero mais é distância, já que não me faz falta nenhuma do ponto de vista moral.
Resta o velho nós X eles.
Os fundamentalistas cristãos são o nós, nós somos o eles..., peraí, até eu já fiquei confuso.
Bom, o que eu queria dizer é que os fundamentalistas em suas respectivas agremiações religiosas identificam-se como grupos diferenciados do restante da humanidade, sendo que uma boa maneira de reforçar a lealdade dos de dentro é insistir na idéia de que são melhores do que os de fora.
Algo como a Associação dos Búfalos d´Água do Fred Flintstone.
Com a diferença de que os Búfalos d´Água não tinham a pretensão de serem detentores do monopólio do Bem.
Postado originalmente em 1/4/2004 14:43:32
por Acauan
Dentre as muitas coisas que tornam os fundamentalistas cristãos muito chatos, uma que se destaca é naturalidade com que tantos dentre eles, senão quase todos, decretam-se detentores do monopólio de todo o BEM, deixando claro aos que não fazem parte da sua celestial corporação que eles devem assumir o nível de maldade que lhes cabe por haverem feito as escolhas ideológicas erradas.
Coisa parecida, no campo da filosofia moral, ao que a Microsoft faz com o Windows.
A coisa funciona assim: Se for cristão é bom, se não for cristão não pode ser bom e se for anticristão é ruim.
E todo mundo que for classificado no “não pode ser bom” e no “ruim” vai pro inferno e estamos conversados.
Mas porque o que é cristão é bom?
O cristianismo como conjunto de princípios tem muita coisa legal, não sou eu que vou aqui botar defeito naquelas recomendações de amar ao próximo e praticar o perdão.
Só que o cristianismo não é apenas um conjunto de princípios, é também um conjunto de doutrinas. E aí a coisa pega.
Quando os fundamentalistas chamam o cristianismo de sã doutrina deveriam por tudo no plural e em casos específicos uma interrogação depois do adjetivo.
Resumindo, para que os fundamentalistas pudessem legitimar-se como detentores do monopólio do Bem, teriam que demonstrar que todos os preceitos de todas as doutrinas de todos os ramos, sub-ramos, vertentes e denominações do cristianismo são completa e universalmente bons.
E quero ver o cara-de-pau do crente que vai aparecer aqui para dizer isto, porque eles só defendem o cristianismo como um todo quando argumentam com um não-cristão. Dentro do aconchego da convivência diária e comunitária dos fundamentalistas, a diversão mais popular é achar defeitos e falar mal de outras denominações cristãs.
Se o geral não é bom nem para eles, que só aceitam o específico, por que teria que ser bom para nós?
E mais, por que não seríamos bons ou seríamos menos bons por não aceitarmos um sistema que nunca estabeleceu um consenso, exceto quanto a alguns elementos fundamentais, sendo que os que têm implicação moral não são exclusivos do cristianismo.
Tem proselitista que estende a pretensão até o tamanho de países, e solta a conversa mole sobre o quanto as sociedades cristãs são melhores que todas as outras.
E faz aquelas comparações tipo Holanda cristã X Buracodofimdomundistão muçulmano, para demonstrar sua tese.
Nenhum destes malandros tem o bom senso honesto de separar estratos compatíveis antes de comparar, quando então as estatísticas provariam quantitativamente que o Japão xintoísta tem índices de violência, criminalidade e pobreza desamparada muito inferiores aos registrados nos historicamente protestantes Estados Unidos da América.
Mas então, se é assim, por que esta turminha fundamentalista acha que é melhor que todo mundo?
Pelos seus atos é que não é. Conheço crentes de rodo, muitos deles muito bons, outros mais ou menos e uma quantidade nada desprezível que não é flor que se cheire.
Na média, nem melhor, nem pior do que qualquer outro grupo.
Pela doutrina deles, como se disse, também não dá pra confiar.
O que tem de bom no cristianismo pode ser praticado sem se ser cristão e dos apêndices doutrinários, como moral sexual religiosa, obrigações confessionais ou regras de comportamento, eu quero mais é distância, já que não me faz falta nenhuma do ponto de vista moral.
Resta o velho nós X eles.
Os fundamentalistas cristãos são o nós, nós somos o eles..., peraí, até eu já fiquei confuso.
Bom, o que eu queria dizer é que os fundamentalistas em suas respectivas agremiações religiosas identificam-se como grupos diferenciados do restante da humanidade, sendo que uma boa maneira de reforçar a lealdade dos de dentro é insistir na idéia de que são melhores do que os de fora.
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Com a diferença de que os Búfalos d´Água não tinham a pretensão de serem detentores do monopólio do Bem.
Nós, Índios.
Acauan Guajajara
ACAUAN DOS TUPIS, o gavião que caminha
Lutar com bravura, morrer com honra.
Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós!
Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos tua voz!
Acauan Guajajara
ACAUAN DOS TUPIS, o gavião que caminha
Lutar com bravura, morrer com honra.
Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós!
Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos tua voz!
Buracodofimdomundistão

Nenhum destes malandros tem o bom senso honesto de separar estratos compatíveis antes de comparar, quando então as estatísticas provariam quantitativamente que o Japão xintoísta tem índices de violência, criminalidade e pobreza desamparada muito inferiores aos registrados nos historicamente protestantes Estados Unidos da América.
Acauan escreveu:Conheço crentes de rodo, muitos deles muito bons, outros mais ou menos e uma quantidade nada desprezível que não é flor que se cheire. Na média, nem melhor, nem pior do que qualquer outro grupo.
Concordo totalmente com você, guerreiro. As características apontadas acima, e todas as outras possíveis, serão encontradas em qualquer grupo humano, independente da bandeira que defendam. Reivindicar o monopólio do bem, ou qualquer outro monopólio, é digno de compaixão.
Quanto ao texto, minhas palavras no tópico “Mosteiro de São Bento ” valem para todos os seus textos.
Re.: O Monopólio do Bem
Que texto maravilhoso! Com sua permissáo vou fazer um banner dele e colocar no meu salão!!!
- Alenônimo
- Mensagens: 961
- Registrado em: 19 Out 2005, 02:00
- Gênero: Masculino
- Localização: Birigüi - SP
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Re.: O Monopólio do Bem
OFF: Impressão minha ou a Raíssa é um personagem estereotipado demais? É tão forçada que eu não consigo deixar de pensar que é o Guest.
- Luis Dantas
- Mensagens: 3284
- Registrado em: 24 Out 2005, 22:55
- Contato:
Re.: O Monopólio do Bem
Importa porque ele ou ela está com uma atitude típica de troll, e pode precisar de moderação.
"Faça da tua vida um reflexo da sociedade que desejas." - Mahatma Ghandi
"First they ignore you, then they laugh at you, then they fight you, then you win." - describing the stages of establishment resistance to a winning strategy of nonviolent activism
http://dantas.editme.com/textos http://luisdantas.zip.net http://www.dantas.com
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- O ENCOSTO
- Mensagens: 16434
- Registrado em: 02 Nov 2005, 14:21
- Localização: Ohio - Texas (USA)
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Re.: O Monopólio do Bem
Seria interessante apenas alertar quem anda entrando nesse forum com IP dinamico.
O ENCOSTO
http://www.manualdochurrasco.com.br/
http://www.midiasemmascara.org/
Onde houver fé, levarei a dúvida.
"Ora, a fé é o firme fundamento das coisas infundadas, e a certeza da existência das coisas que não existem.”
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Onde houver fé, levarei a dúvida.
"Ora, a fé é o firme fundamento das coisas infundadas, e a certeza da existência das coisas que não existem.”
-
- Mensagens: 5581
- Registrado em: 25 Out 2005, 23:05
O que caracteriza o Bem e o que caracteriza o mal?Esta é uma questâo seríssima da qual depende a própria humanidade.Vejo muita gente relativizando o conceito moral e a diferenciaçâo de Bem e Mal.Nâo concordo com esta atitude porque sinto que devemos primeiramente seguir os impulsos naturais de nossos instintos,que sâo universais à todos os seres humanos.
Por exemplo;o instnto gregário ou de socializaçâo nos ensina que estabelecer um bom convívio com todos e também um amistoso e saudável círculo de amizades com um grupo seleto é necessário para um ser notavelmente social como o ser humano.
Logo tudo que contradiga e viole este instinto básico como assassinato,estupro e agressâo gratuita à outros devem ser universalmente considerados como más atitudes,contrárias à própria natureza.
O instinto de auto-preservaçâo nos indica que o suicídio,auto flagelaçâo e práticas masoquistas em geral sâo condenáveis porque violam este instinto primário e necessário,além de compartilhado por todos os seres humanos,de toda cultura e civilizaçâo.
Os instintos naturais,portanto,se consittuem numa exzcelente bússola universal de ordem e manuntençâo de uma convivência pacífica e simbiótica entre os humanos,além de uma vida feliz e agraciada.
Por exemplo;o instnto gregário ou de socializaçâo nos ensina que estabelecer um bom convívio com todos e também um amistoso e saudável círculo de amizades com um grupo seleto é necessário para um ser notavelmente social como o ser humano.
Logo tudo que contradiga e viole este instinto básico como assassinato,estupro e agressâo gratuita à outros devem ser universalmente considerados como más atitudes,contrárias à própria natureza.
O instinto de auto-preservaçâo nos indica que o suicídio,auto flagelaçâo e práticas masoquistas em geral sâo condenáveis porque violam este instinto primário e necessário,além de compartilhado por todos os seres humanos,de toda cultura e civilizaçâo.
Os instintos naturais,portanto,se consittuem numa exzcelente bússola universal de ordem e manuntençâo de uma convivência pacífica e simbiótica entre os humanos,além de uma vida feliz e agraciada.
- Luis Dantas
- Mensagens: 3284
- Registrado em: 24 Out 2005, 22:55
- Contato:
o pensador escreveu:(...) Vejo muita gente relativizando o conceito moral e a diferenciaçâo de Bem e Mal. Não concordo com esta atitude porque sinto que devemos primeiramente seguir os impulsos naturais de nossos instintos,que sâo universais a todos os seres humanos.
(...) Logo tudo que contradiga e viole este instinto básico como assassinato, estupro e agressâo gratuita a outros devem ser universalmente considerados como más atitudes, contrárias à própria natureza.
Agressão também é uma reação instintiva. Muito da natureza humana e inclusive dos instintos é em si auto-destrutivo.
Ao tentar exaltar os instintos desse jeito (e ao esquecer do valor do discernimento e dos anelos de transcendência) você esquece que o ser humano não é apenas um animal. Um erro que eu esperaria de alguns outros foristas, mas não de você...
"Faça da tua vida um reflexo da sociedade que desejas." - Mahatma Ghandi
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http://dantas.editme.com/textos http://luisdantas.zip.net http://www.dantas.com
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- Mensagens: 5581
- Registrado em: 25 Out 2005, 23:05
Luis Dantas escreveu:o pensador escreveu:(...) Vejo muita gente relativizando o conceito moral e a diferenciaçâo de Bem e Mal. Não concordo com esta atitude porque sinto que devemos primeiramente seguir os impulsos naturais de nossos instintos,que sâo universais a todos os seres humanos.
(...) Logo tudo que contradiga e viole este instinto básico como assassinato, estupro e agressâo gratuita a outros devem ser universalmente considerados como más atitudes, contrárias à própria natureza.
Agressão também é uma reação instintiva. Muito da natureza humana e inclusive dos instintos é em si auto-destrutivo.
Ao tentar exaltar os instintos desse jeito (e ao esquecer do valor do discernimento e dos anelos de transcendência) você esquece que o ser humano não é apenas um animal. Um erro que eu esperaria de alguns outros foristas, mas não de você...
Agressâo arbitrária nâo é uma açâo instintiva mas uma reaçâo instintiva ao périgo.Nâo há nada de errado no instinto de auto conservaçâo desde que a própria vida ou segurança esteja em jogo.
Luis,eu exaltei os instintos como manifestaçâo da obra sobrenatural de Deus no ser humano.como uma expressâo imanente do transcedental.De modo algum tentei desvencihar o material do transcedental.
Abc.
Avatar escreveu:Quanto ao texto, minhas palavras no tópico “Mosteiro de São Bento ” valem para todos os seus textos.
ANAUÊ!
Nós, Índios.
Acauan Guajajara
ACAUAN DOS TUPIS, o gavião que caminha
Lutar com bravura, morrer com honra.
Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós!
Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos tua voz!
Acauan Guajajara
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Lutar com bravura, morrer com honra.
Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós!
Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos tua voz!