Acauan escreveu:Oi Tranca,
Alckmin é em todos os sentidos uma continuação do que foi Mario Covas.
Apesar da concentração industrial e relativa importância econômica, a política paulista é caipira, o que explica porque personagens como Quércia, Fleury e Maluf se tornaram lideranças poderosas por aqui.
Covas e Alckmin são, em parte, produto de uma reação dos paulistas aos nomes acima, todos envolvidos em escândalos de corrupção, o que motivou o voto em candidatos que ostentassem uma aura de honestidade.
Arrisco a dizer que não há nada que desabone Alckmin neste ponto. Tudo indica que é, de fato, um político honesto que zela pelo dinheiro público.
O problema é que honestidade não pode ser apresentada como mérito pessoal que habilita alguém a governar um estado ou um país.
Ser honesto é obrigação de todo mundo. Só isto.
Se este ou aquele não foram honestos, não quer dizer que basta sê-lo para garantir uma boa governança.
Quanto ao governo de Alckmin, como disse seguiu completamente os passos de Mario Covas, negligenciando o que para mim são as duas obrigações mais importantes do estado, a educação e a segurança pública.
São Paulo não tem o mesmo problema do Rio, com as gangs de traficantes beirando a guerrilha urbana, mas durante os anos de Covas-Alckmin São Paulo se tornou um lugar onde qualquer um que possa ter um fusca virou um sequestrado em potencial.
Foi durante o governo deles que o PCC (Primeiro Comando da Capital - organização criminosa gerida a partir dos presídios) surgiu e enveredou pelo caminho do terrorismo.
Que se diga, em justiça a Alckmin, que a polícia montou uma bem sucedida operação de represália contra o PCC que terminou na morte e prisão de muitos bandidos que se dirigiam para mais uma ação terrorista.
Só que os Hélios Bicudos da vida meteram a boca no mundo, acusaram a polícia de violar os direitos humanos do coitadinhos dos fáscinoras e quando todo mundo esperou que o governador do Estado de São Paulo viesse a público e dissesse "a polícia fez o que deveria ter feito, sob minhas ordens e fará de novo sempre que necessário" ou coisa parecida, vimos apenas os panos quentes de sempre, típico de quem não quer por o dele na reta.
O fato é que não há uma liderança política firme do governo do estado para resolver o problema da criminalidade e violência urbana, certamente o maior problema daqui e da maioria das regiões do Brasil.
Quanto à educação, outro fracasso.
As escolas públicas são uma piada de mau gosto e vão de mal a pior.
Por incrível que pareça, o governo optou por acabar com as melhores escolas públicas do estado - as escolas técnicas estaduais - sob a desculpa de separar a formação técnica da formação geral. Hoje não formam nem uma coisa e nem outra.
Nenhum pai que ganhe o suficiente para pagar uma escola particular e preza o futuro dos filhos, os matricula em uma escola pública em São Paulo.
A burocracia faz a máquina do estado funcionar, obras são feitas, como o rodoanel (complexo rodoviário em forma de anel que liga todas as rodovias que acessam a grande São Paulo) e outras, e há sempre alguma melhora aqui ou ali na infra-estrutura.
Mas isto independe do governante. Há técnicos suficientes nas secretarias para manter estas operações funcionando.
São Paulo e o Brasil não precisam de um salvador da Pátria, mas precisam algo mais do que políticos medíocres cuja liderança se limita a discursos inócuos e apresentação de uma biografia correta.
Uma porcaria de país como a Índia está nos passando a perna, o sonolento México ultrapassou nosso PIB e tenho vergonha de nos comparar ao Chile.
E sobre o que versam as propostas de Alckmin?
A mesma lenga-lenga de sempre, sem qualquer proposta ousada, criativa, que nos motive a acreditar que votando nele teremos uma liderança firme com um projeto sólido para tirar este país da marcha lenta e levá-lo a frente.
Mas qual é a opção?
O preguiçoso e ignorante do atual sua Excelência?
O pior é que ninguém precisa inventar a roda.
Os tigres asiáticos, Chile, China e em menor grau, Índia e México já mostraram os caminhos que levam ao crescimento econômico.
Só que ninguém por aqui tem peito para botar o dedo nas feridas que precisam ser tocadas.
E com certeza, não será Geraldo Alckmin que fará isto.
É Acauan, depois deste discurso todo, devo-lhe dizer que se por acaso você decidir se canditar aí para vereador ou deputado, já ganhou uma eleitora em potencial..rs
