Não será alarmismo?

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spink
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Não será alarmismo?

Mensagem por spink »

Antártica ficou 2º C mais quente em 30 anos, diz estudo



Os modelos usados para controle climático foram criticados
Um estudo realizado por cientistas britânicos e publicado pela revista americana Science mostra que, nos últimos 30 anos, a temperatura do ar na Antártida durante o inverno subiu mais de 2ºC.

Balões meteorológicos espalhados pelo continente de 1971 a 2003 mostraram que o aquecimento do ar pôde ser notado em toda a Antártida.

A pesquisa também contou com o apoio de nove estações de pesquisas internacionais, a maior parte delas localizada na parte leste do continente.

Os cientistas que publicaram o trabalho não sabem explicar a causa do aquecimento.

Consequências

Eles dizem que o fato pode estar ligado ao aumento de gases na atmosfera ou mesmo a variações naturais no sistema climático do continente.

"Existe muita discussão sobre a relação entre o uso dos gases e o aumento da temperatura na Antártida", diz Dr. John Turner, um dos autores do estudo.

"O problema é diferenciar o que é causado pela própria natureza e o que é resultado das atividades humanas", acrescenta.

Os pesquisadores responsáveis pelo estudo questionam a eficiência dos atuais modelos de controle climático, já que eles falharam ao simular o aumento da temperatura na Antártida.

"Eu chequei todos os modelos (de controle) e concluí que a Antártida é muito mal coberta por eles", diz Dr. Jeff Ridley, cientista climático do Hadley Centre for Climate Prediction and Research.

Os cientistas se preocupam com as possíveis conseqüências do aquecimento. Se totalmente derretida, a água contida nos blocos de gelo da Antártida pode elevar o nível do mar em até 60 metros.
"Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil como ela mesma." (Joseph Pulitzer).

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Azathoth
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Re.: Não será alarmismo?

Mensagem por Azathoth »

Ao contrário do que muitos direitistas alegam, existe correlação causal entre a emissão de combustível fóssil na atmosfera e diversos fenômenos metereológicos que se manifestaram com maior incidência nas últimas décadas, como este.
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salgueiro
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Mensagem por salgueiro »


Todo mundo vai continuar dando uma de avestruz até o buraco se encher d'água :emoticon8:

Bjs


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Hugo
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Re: Não será alarmismo?

Mensagem por Hugo »

penna escreveu:Os cientistas se preocupam com as possíveis conseqüências do aquecimento. Se totalmente derretida, a água contida nos blocos de gelo da Antártida pode elevar o nível do mar em até 60 metros.


"Run to the hills!Run for your lives!" :emoticon166:

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Acauan
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Re: Re.: Não será alarmismo?

Mensagem por Acauan »

Azathoth escreveu:Ao contrário do que muitos direitistas alegam, existe correlação causal entre a emissão de combustível fóssil na atmosfera e diversos fenômenos metereológicos que se manifestaram com maior incidência nas últimas décadas, como este.


Existe contaminação ideológica dos dois lados desta questão, mais forte, como esperado, nos extremos onde se situam os que negam qualquer influência da civilização de petróleo sobre o clima e os que dizem que o mundo vai acabar amanhã por causa disto.

A politização do tema deixa em segundo plano aspectos importantes como a influência dos ciclos climáticos naturais nas atuais medições das médias de temperatura globais.
A História do planeta registra ciclos de aquecimento e glaciações desde milhões de anos antes da Revolução Industrial, sendo que a situação atual pode ser simplesmente a manifestação de um destes ciclos.

Outro ponto a ser considerado é que uma única erupção vulcânica pode lançar na atmosfera mais fuligem, gases e calor do que tudo o que foi emitido por meios artificiais por anos ou mesmo décadas ou séculos.

Como a mídia em geral ouve quem grita mais, a opinião científica moderada, onde possivelmente está a versão mais confiável, é a menos difundida atualmente.
Nós, Índios.

Acauan Guajajara
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Liberdade! Liberdade!
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O ENCOSTO
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Mensagem por O ENCOSTO »

O negócio é poluir.

Ao contrário do que muita gente acha, EUA, Japão, Alemanha e praticamente TODOS OS PAISES RICOS poluíram e muito para chegarem onde estão.

Que tal se alistarem na tal de Via Campesiana? Vão plantar mandioca! (e sem maquinário, pois eles afetam o meio ambiente).
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Azathoth
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Re: Re.: Não será alarmismo?

Mensagem por Azathoth »

Acauan escreveu:Como a mídia em geral ouve quem grita mais, a opinião científica moderada, onde possivelmente está a versão mais confiável, é a menos difundida atualmente.


Existem inúmeros pronunciamentos de organizações científicas à respeito, que defendem a correlação causal:

American Metereological Society
American Geophysical Union
National Academy of Science
Geological Society of London
American Association of State Climatologists
Editado pela última vez por Azathoth em 01 Abr 2006, 11:24, em um total de 1 vez.

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O ENCOSTO
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Re: Re.: Não será alarmismo?

Mensagem por O ENCOSTO »

Acauan escreveu:
Azathoth escreveu:Ao contrário do que muitos direitistas alegam, existe correlação causal entre a emissão de combustível fóssil na atmosfera e diversos fenômenos metereológicos que se manifestaram com maior incidência nas últimas décadas, como este.


Existe contaminação ideológica dos dois lados desta questão, mais forte, como esperado, nos extremos onde se situam os que negam qualquer influência da civilização de petróleo sobre o clima e os que dizem que o mundo vai acabar amanhã por causa disto.

A politização do tema deixa em segundo plano aspectos importantes como a influência dos ciclos climáticos naturais nas atuais medições das médias de temperatura globais.
A História do planeta registra ciclos de aquecimento e glaciações desde milhões de anos antes da Revolução Industrial, sendo que a situação atual pode ser simplesmente a manifestação de um destes ciclos.

Outro ponto a ser considerado é que uma única erupção vulcânica pode lançar na atmosfera mais fuligem, gases e calor do que tudo o que foi emitido por meios artificiais por anos ou mesmo décadas ou séculos.

Como a mídia em geral ouve quem grita mais, a opinião científica moderada, onde possivelmente está a versão mais confiável, é a menos difundida atualmente.



Outro ponto a ser considerado é que os gases intestinais (mais popularmente conhecidos como PEIDO) poluem o meio ambiente também.
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Hugo
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Mensagem por Hugo »

O ENCOSTO escreveu:O negócio é poluir.


O ENCOSTO:

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:emoticon12:
Editado pela última vez por Hugo em 01 Abr 2006, 11:31, em um total de 3 vezes.

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Azathoth
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Re: Re.: Não será alarmismo?

Mensagem por Azathoth »

O ENCOSTO escreveu:Outro ponto a ser considerado é que os gases intestinais (mais popularmente conhecidos como PEIDO) poluem o meio ambiente também.


O combustível fóssil é diferente porque durante milhões de anos não fez parte do ciclo do carbono terrestre.

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user f.k.a. Cabeção
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Mensagem por user f.k.a. Cabeção »


Dar ouvido a eco-psicóticos é um belo receituário do fracasso.
"Let 'em all go to hell, except cave 76" ~ Cave 76's national anthem

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Re: Re.: Não será alarmismo?

Mensagem por O ENCOSTO »

Azathoth escreveu:
O ENCOSTO escreveu:Outro ponto a ser considerado é que os gases intestinais (mais popularmente conhecidos como PEIDO) poluem o meio ambiente também.


O combustível fóssil é diferente porque durante milhões de anos não fez parte do ciclo do carbono terrestre.



Nunca houve uma população de 6 bilhões de humanos e outras bilhões de cabeças de gado antes.
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Azathoth
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Re: Re.: Não será alarmismo?

Mensagem por Azathoth »

O ENCOSTO escreveu:Nunca houve uma população de 6 bilhões de humanos e outras bilhões de cabeças de gado antes.


Mesmo assim não é significativo em comparação às seis trilhões de toneladas de combustível fóssil emulsionadas para a atmosfera todos os anos.

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Azathoth
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Mensagem por Azathoth »

user f.k.a. Cabeção escreveu:
Dar ouvido a eco-psicóticos é um belo receituário do fracasso.


Os pronunciamentos que eu citei por acaso derivam de eco-psicóticos?

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Re: Re.: Não será alarmismo?

Mensagem por O ENCOSTO »

Azathoth escreveu:
O ENCOSTO escreveu:Nunca houve uma população de 6 bilhões de humanos e outras bilhões de cabeças de gado antes.


Mesmo assim não é significativo em comparação às seis trilhões de toneladas de combustível fóssil emulsionadas para a atmosfera todos os anos.



Prove.
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Azathoth
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Re: Re.: Não será alarmismo?

Mensagem por Azathoth »

O ENCOSTO escreveu:
Azathoth escreveu:
O ENCOSTO escreveu:Nunca houve uma população de 6 bilhões de humanos e outras bilhões de cabeças de gado antes.


Mesmo assim não é significativo em comparação às seis trilhões de toneladas de combustível fóssil emulsionadas para a atmosfera todos os anos.


Prove.


Partindo do princípio que existem, digamos, 30 bilhões de cabeças de gado ( uma estimativa deveras otimista ) cada boi ou vaca teria que peidar 2 toneladas de carbono por ano ( o que em geral significa quase quatro vezes o peso médio desses animais ) para ser comparável à 1% da quantidade de carbono emulsionada à atmosfera pela queima de combustível fóssil todos os anos.

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spink
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Re.: Não será alarmismo?

Mensagem por spink »

http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/ ... 2u114.jhtm



01/04/2006
Mudança do clima provoca briga por recursos árticos

Philip Bethge

Enquanto cientistas e ambientalistas se preocupam com as conseqüências potencialmente nefastas do aquecimento global, políticos e empresários já estão brigando sobre como colher os benefícios econômicos do degelo do Ártico.

Não é sempre fácil hastear uma bandeira na Ilha de Hans. Os canadenses tiveram até mesmo que trazer suas próprias pedras para segurar o pé do mastro. Mas nada podia atrapalhar o sucesso da operação "Castor Congelado" -pelo menos do ponto de vista canadense.

Foi um julho passado que soldados canadenses hastearam a bandeira de seu país sobre a minúscula ilha entre a Ilha Ellesmere do Canadá e a Groenlândia. Não muito depois disto, o ministro da Defesa do Canadá, Bill Graham, voou para lá de helicóptero para proclamar que a Ilha de Hans sempre permanecerá canadense. A provocação funcionou: a Dinamarca prontamente enviou por cabo um nota de protesto a Ottawa.

A disputa diplomática marcou o atual ponto alto de uma bizarra luta renhida sobre quem é dono de um pedaço desolado de rocha de 1,3 quilômetro quadrado no meio do Estreito de Nares. Sua maior atração é ter provavelmente a casa mais ao norte do mundo. Mas para o Canadá e a Dinamarca -um país que também já plantou repetidas vezes sua bandeira no solo rochoso da ilha- a disputa significa muito mais: a Ilha de Hans é uma amostra do tipo de disputa territorial que em breve poderá ser mais comum ao norte do Círculo Polar Ártico.

Demarcar o Ártico gelado é um assunto quente no momento para muitos países. Em jogo estão direitos de soberania sobre enormes reservas de recursos naturais, assim como o controle das rotas marítimas que até agora estavam bloqueadas pelo gelo. O motivo deste interesse recém despertado é o fato do Ártico estar rapidamente aquecendo. Em nenhum outro local do planeta tais conseqüências extensas do aquecimento global têm sido mais observadas. Enquanto biólogos e pesquisadores do clima temem o degelo, o aumento do nível dos mares e a extinção de várias espécies, as empresas de gás e petróleo esperam que o degelo do Ártico lhes permita acesso a vastos novos recursos de energia.

"Como nosso clima será nas próximas décadas está sendo decidido no Ártico", disse Hans-Wolfgang Hubberten, do Instituto Alfred Wegener para a Pesquisa Polar e Marinha (AWI), em Potsdam. Nesta semana, Hubberten foi anfitrião da primeira "Semana de Encontro de Ciência Ártica" da Alemanha, em Potsdam, perto de Berlim. Cerca de 150 cientistas de todo mundo vieram para discutir os efeitos que o aquecimento do Ártico terão sobre as massas de terra, as pessoas, animais, plantas e o clima global.

"Nós estamos notando uma rápida diminuição do gelo marítimo no Oceano Ártico e o 'permafrost' (permanentemente gelado) no solo está derretendo", disse Volker Rachold, do Comitê Internacional de Ciência Ártica, uma organização que coordena a pesquisa do Ártico em todo mundo. Os cientistas dizem que as temperaturas do ar estão mais quentes do que eram por séculos. E, como conseqüência, o gelo da Groenlândia está derretendo mais rapidamente do que nunca e as geleiras do Alasca continuam encolhendo rapidamente.

O ano passado também foi um ano recorde em muitos aspectos. Segundo dados colhidos por satélites, há menos gelo marítimo entre a Groenlândia e a Sibéria do que antes: em agosto, o navio russo "Akademik Fyodorov" foi a primeira embarcação na história a cruzar navegando o pólo sem precisar de quebra-gelo. Praticamente não restam mais banquisas na Passagem Noroeste, que conecta o Ártico canadense à Ásia. E mesmo a Rota do Mar do Norte, ao longo da costa da Sibéria, antes não totalmente navegável, esteve livre do gelo por um mês inteiro no ano passado.

Os topos das montanhas, normalmente envoltos em uma camada espessa de gelo, ficaram livres de gelo até meados do inverno. Os cientistas do Instituto Polar Norueguês até mesmo registraram refrescantes 7,7 ºC no aeroporto de Longyearbyen em janeiro. Foi a nova alta recorde de temperatura para um local onde as temperaturas em janeiro normalmente são em média de -15 ºC. Outros efeitos conseqüentes estimulam um maior degelo: quando a camada de gelo derrete, raios do sol atingem a água do mar. A água escura absorve o calor muito mais do que o branco reflexivo do gelo e da neve. Isto significa que toda a região fica ainda mais quente.

Oceano Ártico livre de gelo?

"Eu temo que o Oceano Ártico possa ficar completamente livre de gelo no verão até o final do século", disse Georg Heygster, do Instituto de Física Ambiental da Universidade de Bremen.

O aquecimento ameaça provocar mudanças imensas em toda a região, onde o equilíbrio delicado já foi afetado pela poluição ambiental e pelos níveis mais altos de raios solares ultravioleta.

Quase 4 milhões de pessoas vivem neste território Ártico que está dividido entre oito países: Noruega, Suécia, Finlândia, Dinamarca, Islândia, Canadá, Rússia e Estados Unidos. Esta terra do sol da meia-noite no verão faz fronteira ao norte com o Círculo Polar Ártico. Suas vastas extensões de tundra ficam entre o extremo norte coberto de gelo e a região sub-Ártica arborizada. A tundra, que é caracterizada por planícies desoladas de solo constantemente gelado, corresponde no total a um quarto da massa de terra do hemisfério norte.

Em algumas áreas o gelo extremo criou fissuras profundas no solo. Elas logo são preenchidas de água, que então se congela. A rede formada pelas cordilheiras de gelo é facilmente vista do ar. Mas agora esta paisagem incrível de permafrost está começando a ruir em conseqüência da elevação das temperaturas. Os cientistas temem que até 90% da superfície sólida poderá derreter até o fim do século, mudando a fronteira do permafrost em centenas de quilômetros para o norte.

"Se o gelo subterrâneo derreter, então todo o solo poderá ruir", acredita Hubberten, o cientista do AWI. O temor é de que ruas, gasodutos, oleodutos e áreas industriais afundarão no abismo abaixo. Na cidade siberiana central de Yakutsk, por exemplo, que está construída sobre o permafrost, cerca de 300 prédios já cederam. Grandes estruturas residenciais, uma estação de força e uma pista do aeroporto local foram todos afetados.

As reservas de água da região foram atingidas. Os cientistas já notaram que lagos inteiros verteram pelo solo degelado e rios estão transbordando. A quantidade de água que tem fluido dos rios russos, como o Ob, para a bacia ártica aumentou em 7% nos últimos 60 anos.

As conseqüências da mudança climática
Um grande estudo divulgado dois anos atrás provocou uma nova rodada de discussões em Potsdam nesta semana. "A Avaliação do Impacto do Clima Ártico" lista as possíveis conseqüências do aquecimento global para a humanidade e para o ambiente. Ao mesmo tempo, a comunidade dos Estados árticos não quer perder oportunidades potenciais. Os governos da região estão esperando por novas áreas de pesca e destinos turísticos, assim como a abertura de rotas de navegação árticas. Provavelmente não demorará muito até que navios de carga viajando de Hamburgo para Yokohama sejam capazes de navegar pela costa siberiana -em vez de atravessarem o Canal de Suez. A viagem pelo norte gelado reduziria pela metade o tempo de viagem. A rota da Rússia para a América do Norte poderia ser igualmente encurtada: uma viagem saída de Murmansk leva atualmente cerca de 17 dias. Mas indo pelo porto canadense de Churchill, e transportando os produtos para o sul por ferrovia, a jornada seria reduzia a oito dias no mar.

Os primeiros pioneiros já estão fazendo suas apostas em uma nova conexão de carga pela Baía de Hudson, como o empreendedor e magnata ferroviário americano Pat Broe, que agora é visto como uma espécie de visionário. Em 1997 ele comprou o porto abandonado de Churchill do governo canadense por meros sete dólares. Broe agora calcula que o investimento poderá lhe render em breve US$ 100 milhões por ano.

Só que mais do que qualquer outra coisa, são as riquezas da terra sob o gelo que está desaparecendo rapidamente que atiçam a imaginação de muitos. O Levantamento Geológico dos Estados Unidos estima que um quarto das reservas de petróleo e gás natural do mundo está escondida sob o Oceano Ártico. Se o degelo continuar, então a exploração poderá em breve se tornar viável. A Noruega e a Rússia já estão brigando pelos direitos de exploração no Mar de Barents. O gás da região em breve será processado em Murmansk e Hammerfest, e então transportado para outras partes da Europa e América do Norte. O tamanho do campo de gás russo de Shtokman sozinho é estimado em 3,2 trilhões de metros cúbicos, o tornando um dos maiores depósitos conhecidos do mundo.

Tais possibilidades têm lançado as nações árticas a uma febre do ouro. Mas certamente não se trata apenas de boas notícias. O degelo do Ártico também criará mudanças no meio ambiente que serão nefastos principalmente às populações das regiões costeiras. A sobrevivência de muitos dos povos indígenas inuit depende do mar estar congelado. A caça no gelo é um elemento chave de suas tradições culturais.

"No passado, o congelamento ocorria no final de outubro. Agora isto não acontece até o Natal", disse Clifford Weyiouanna de Shishmaref, uma aldeia na ilha de Sarichef, no Estreito de Bering. "Normalmente o gelo lá seria de cerca de 1,2 metro de espessura. Mas quando estive lá recentemente, ele media apenas 30 centímetros." A área também está ameaçada pela forte erosão, porque com o desaparecimento do gelo, o mar é capaz de avançar desimpedido sobre a costa.

O mar já tomou 40 metros de terra desde 1997. Em outubro de 2001 a aldeia foi ameaçada por ondas de até quatro metros de altura, obrigando os moradores locais a fugirem para o continente.

Animais ameaçados

O mar gelado fragmentado está ameaçando os padrões de caça dos inuit em toda a região: seja em Sachs Harbor, na costa oeste do Canadá, a pequena cidade de Pangnirtung, perto do Círculo Polar Ártico, ou em Frobisher Bay, perto de Iqaluit. Aves e peixes que nem mesmo têm nomes nas línguas locais inuit agora são avistados nestas áreas. Ao mesmo tempo, animais que dependem do gelo marítimo para sobrevivência, como as focas, leões-marinhos e ursos polares, estão se tornando raros.

A cidade canadense de Churchill também ganhou um tipo trágico de reputação: todo outono os ursos da região se reúnem para esperar o congelamento da Baía de Hudson. É apenas neste momento que podem cruzar para o gelo marítimo para caçar focas. Mas todo ano o inverno começa mais tarde e o degelo começa mais cedo, o que significa que os ursos não conseguem mais caçar o suficiente para formar a camada de gordura que necessitam para um inverno saudável. "Se o gelo derreter apenas uma semana mais cedo, então a fêmea é forçada a voltar ao continente cerca de 10 quilos mais leve", disse Ian Stirling, o especialista em urso polar da Universidade de Alberta.

Especialistas da União de Preservação Mundial (IUCN) temem que o número de ursos polares poderá cair em um terço ao longo dos próximos 35 a 50 anos. Segundo a organização, o caribu, o lemingue e a raposas ártica também correm risco com o aquecimento global. "A mata está avançando para o Pólo e os animais do sub-Ártico já estão começando a espalhar para o norte", disse María Gunnarsdóttir da organização Conservação da Flora e Fauna do Ártico. "Como a terra não segue para o norte ilimitadamente, em algum ponto não haverá espaço restante para as espécies do Ártico."

E é muito provável que a região ficará ainda mais quente. A bomba relógio climática real ainda está dormindo cerca de 1.500 metros abaixo da tundra congelada permanentemente e que apenas agora está começando a mostrar seus efeitos. Cerca de 400 bilhões de toneladas de metano estão presas na terra congelada do Ártico. A liberação de mesmo uma fração do gás do efeito estufa poderia levar a um cenário de horror climático em tempo recorde: apenas na semana passada a revista acadêmica "Science" confirmou que o gelo da Groenlândia está derretendo.

Menos gelo na Groenlândia

A imensa camada de gelo é quase cinco vezes maior que a Alemanha e tem até três quilômetros de espessura. Ela contém água suficiente para aumentar o nível dos mares do mundo em mais de sete metros. A notícia perturbadora dos cientistas é que o processo de derretimento parece já ter começado. "Um aumento de mais dois ou três graus e o derretimento da camada de gelo da Groenlândia será irreversível", alertou Philippe Huybrechts da Universidade de Bruxelas, na Bélgica. O gelo na Groenlândia poderá desaparecer completamente dentro dos próximos 1.000 anos, disse Huybrechts, estimando que juntamente com o degelo na Antártida, haverá um aumento no nível do mar de até 90 centímetros até o fim do século.

Isto significa que os dinamarqueses e canadenses precisam resolver sua impaciente disputa territorial pela Ilha de Hans rapidamente -a menos que queiram se ver disputando um trecho de água. Ao menos Copenhague e Ottawa concordaram em conduzir sua disputa de forma mais civilizada: enquanto participavam da reunião da Assembléia Geral da ONU no outono passado, em Nova York, o ministro das Relações Exteriores da Dinamarca, Per Stig Møller, assegurou aos delegados que não haverá mais disputa de fincar bandeira. Ambos os países continuam veementes em suas reivindicações territoriais, mas a batalha da bandeira foi resolvida sem um incidente diplomático. Ao que parece, disse Møller alegremente, a bandeira canadense caiu sozinha.
"Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil como ela mesma." (Joseph Pulitzer).

Trancado