Qual a saída para a América Latina?

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spink
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Qual a saída para a América Latina?

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http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/ ... 6u344.jhtm


04/04/2006
Eleição presidencial do Peru: Multidões tratam como astro do rock candidato neófito na liderança, que poderá se tornar o mais recente líder não ortodoxo sul-americano

John Otis
do Houston Chronicle
em Pucallpa, Peru

Na maioria das profissões, chegar ao topo exige um histórico estelar de experiência e realização. Mas na política latino-americana, um currículo desprovido também pode servir como ingresso ao palácio presidencial.

O mais recente exemplo pode ser o de Ollanta Humala, o candidato que lidera as pesquisas para a eleição presidencial de 9 de abril e que está realizando sua primeira campanha política.

Um ex-tenente-coronel, Humala liderou um levante militar fracassado em 2000, mas era desconhecido da maioria dos peruanos até poucos meses atrás. Mas Humala pinta sua inexperiência como uma virtude.

Ele argumenta que por nunca ter posto os pés na política, ele continua não maculado pelo fracasso e pelos escândalos de corrupção que cercam várias autoridades peruanas, incluindo o presidente de saída Alejandro Toledo.

Pouco antes de realizar um imenso comício, que terminou com seus simpatizantes carregando Humala, 43 anos, em seus ombros pelas ruas de desta cidade ribeirinha na selva, o candidato tentou explicar em uma entrevista o motivo das multidões repentinamente começarem a tratá-lo como o quinto Beatle.

"As pessoas querem uma nova mensagem e um novo mensageiro. Elas querem renovação política", disse o insinuante Humala, que apresenta um corte de cabelo rente e um corpo atlético que ainda cabe em seu uniforme militar.

Humala, que se transforma em um partidário furioso nos palanques, pretende percorrer a mesma trilha que vários candidatos não ortodoxos antes dele.

Ao se apresentarem como reformistas de altos princípios que pretendem
sacudir o establishment de seus países, estas pessoas de fora do meio
político têm vencido várias eleições presidenciais. Suas qualificações e ideologias variam, mas geralmente tendem para a esquerda e têm colocado fim a anos de governo de líderes conservadores, pró-Estados Unidos.

Na Bolívia, Evo Morales, um índio aymara e um plantador de coca, a
matéria-prima da cocaína, conquistou a presidência com um vitória esmagadora em dezembro. No Brasil, o ativista sindical Luiz Inácio Lula da Silva, que cresceu em meio à pobreza abjeta, foi eleito presidente em 2002. Os venezuelanos e equatorianos optaram por ex-oficiais militares que lançaram suas carreiras políticas após liderarem tentativas de golpe -Hugo Chávez e Lucio Gutiérrez.

Parte do apelo deles deriva da frustração com os políticos tradicionais, muitos dos quais oriundos da classe alta, com estudo nos Estados Unidos e defensores de políticas de livre mercado para cura dos males da região. Mas sob sua liderança, o crescimento econômico na região desacelerou até quase parar e quase 43% dos latino-americanos agora vivem na pobreza.

Como resultado, os eleitores não mais parecem impressionados com os
políticos veteranos que conhecem as pessoas certas e que ostentam seus
diplomas de universidades de elite.

"Não importa se você estudou em Harvard. O que realmente precisamos é de alguém em contato com o povo", disse Fredy Vilca, 48 anos, um professor em La Paz, a capital da Bolívia.

Um simpatizante do presidente Morales, Vilca acrescentou: "Este é o motivo de estarmos felizes em ter um camponês como presidente. Ele governará para a maioria".

O risco é que as expectativas podem ser exageradas. Muitos eleitores
acreditam que candidatos como Morales, que chegam ao governo com retrospecto limpo, realizarão milagres.

"Mas soluções são baseadas em políticas e idéias", disse Diego Garcia Sayán, um ativista de direitos humanos que atuou brevemente como ministro das Relações Exteriores de Toledo. "No governo, você tenta assentar um ou dois tijolos. E então o governo seguinte vem e tenta assentar o próximo tijolo."

Em vez de construir coisas, muitos recém-chegados passaram anos criticando o governo e enfrentam um difícil aprendizado quando assumem o poder.

O cenário às vezes parece uma refilmagem ao sul da fronteira de "O Candidato", o filme clássico de 1972 no qual Robert Redford interpreta um candidato idealista ao Senado americano. Após a vitória, o atônito senador eleito pergunta aos seus assessores: "O que fazemos agora?"

Em outros lugares, os líderes novatos parecem ter perdido o rumo.

No Equador, por exemplo, Gutiérrez abandonou seus aliados de esquerda e foi forçado a renunciar no ano passado em meio a imensos protestos de rua. Lula, um candidato a reeleição neste ano no Brasil, tem sido distraído por escândalos de corrupção dentro de seu partido e seus alardeados programas antipobreza estagnaram.

Apesar da economia baseada no petróleo da Venezuela estar passando por um boom e Chávez ser o favorito para conquistar outro mandato de seis anos em dezembro, o país se tornou tão polarizado que ele enfrentou uma tentativa de golpe, greves gerais e um boicote às eleições desde que ele assumiu o governo em 1999.

"As pessoas estão desiludidas, mas pessoas de fora da política não podem resolver os problemas delas, disse Carlos Ivan Degregori, um analista político de Lima. "É como dizer: 'Eu não sou médico e nunca fui, mas me permita operar seu filho."

Humala é tão neófito que faz Morales da Bolívia, que serviu dois mandatos no Congresso antes de conquistar a presidência em janeiro, parecer um veterano experiente. Mas os eleitores peruanos freqüentemente buscam o rosto mais novo.

Nos anos 90, Alberto Fujimori, um filho de imigrantes japoneses e na época um reitor pouco conhecido de uma universidade agrícola em Lima, chocou o establishment ao conquistar a presidência em sua primeira campanha. Onze anos depois, Toledo, um ex-menino engraxate que se tornou consultor do Banco Mundial, foi eleito ao cargo máximo sem nenhuma experiência de governo.

Tanto Fujimori quanto Toledo eram aliados de Washington, adotaram políticas de livre mercado que caíram em desgraça junto a muitos peruanos e foram atingidos por escândalos de corrupção. Toledo, cujo índice de aprovação a certa altura despencou para um único dígito nas pesquisas, foi proibido por lei a concorrer à reeleição.

Nos comícios, Humala gosta de contar uma piada sobre um candidato sem
vergonha que promete aos eleitores pobres uma escola, um hospital e uma
ponte. Quando lhe dizem que nenhum rio passa pela região, o político promete construir um.

"A maioria dos candidatos oferece tudo mas então esquece de você assim que chega ao poder", disse Luis Chinchay, um pai de cinco que vende pão e doces em uma minúscula aldeia indígena perto de Pucallpa, uma das paradas de campanha de Humala. "Mas Ollanta foi um comandante do exército. Ele trará ordem ao Peru."

As pesquisas dão para Humala uma vantagem de cinco pontos sobre Lourdes
Flores, uma ex-legisladora de centro-direita, com o ex-presidente Alan
García em terceiro. Se nenhum dos 21 candidatos receber mais de 50% dos
votos, os dois mais votados se enfrentarão em um segundo turno em maio.

Apesar de Humala já ter comandado legiões de soldados, ele exibe uma postura humilde na campanha. Ele carrega sua própria bagagem nos aeroportos, veste jeans e botas de trabalho e inicia seus comícios cantando o hino nacional e prestando homenagem aos que tombaram pelo Peru.

"Os soldados são os filhos dos pobres e trabalhei com eles por 24 anos. Este é o motivo de ter um laço com o povo", disse Humala. "Eu vivi em aldeias pobres sem água ou eletricidade. Eu não acho que outros políticos tenham tal experiência."

As forças armadas, ele disse, lhe ensinaram não apenas a dar ordens, mas a liderar pelo exemplo.

Mas daí em diante Humala parece seguir a trilha de Morales na vizinha
Bolívia.

Como Morales, Humala promete reprimir o tráfico de drogas mas fala em
legalização do cultivo da coca e do uso da planta para produção de produtos legais como chá. Ele quer convocar uma assembléia especial para reescrever a Constituição do Peru, semelhante a outra proposta de Morales. E como o líder boliviano, Humala insiste em um maior controle do Estado sobre a economia, incluindo a renegociação dos contratos das empresas estrangeiras de petróleo como meio de obter royalties maiores.

Apesar da economia do Peru ter crescido quase 5% ao ano sob Toledo, grande parte do crescimento veio dos setores de mineração e energia e tem gerado poucos empregos. Dois terços dos trabalhadores peruanos atuam na economia informal e metade vive com menos de US$ 2 por dia.

"A realidade me diz que há desespero no Peru", disse Humala. "Nós tivemos crescimento econômico, mas não desenvolvimento."

Ainda assim, Humala continua sendo um enigma para muitos.

Parte da confusão deriva do fato de muitos membros da família de Humala, cujos pontos de vista são mais radicais que o dele, terem entrado na política.

Mesmo a carreira militar de Humala é envolta em mistério, carreira que teve início na escola de oficiais em 1982.

Assim que sua campanha decolou neste ano, Humala passou a ser acusado por pessoas na cidade de Madre Mia, na selva -onde comandou uma base do exército durante a rebelião do Sendero Luminoso- de ordenar o desaparecimento de seus parentes.

Humala negou as alegações, que continuam sob investigação.

Muitos falam de outro episódio.

Juntamente com cerca de 60 soldados, incluindo seu irmão Antauro, Humala promoveu uma rebelião em outubro de 2000 em protesto ao apoio do comando militar ao então presidente Fujimori, que tinha conquistado um terceiro mandato em uma eleição manchada por fraudes. O levante foi rapidamente debelado e Humala se escondeu.

A revolta deu início à carreira política de Humala. Mas se ele vencer a
eleição presidencial, não se sabe como será sua liderança.
"Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil como ela mesma." (Joseph Pulitzer).

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spink
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Re.: Qual a saída para a América Latina?

Mensagem por spink »

Destaque para esse trecho:

Parte do apelo deles deriva da frustração com os políticos tradicionais, muitos dos quais oriundos da classe alta, com estudo nos Estados Unidos e defensores de políticas de livre mercado para cura dos males da região. Mas sob sua liderança, o crescimento econômico na região desacelerou até quase parar e quase 43% dos latino-americanos agora vivem na pobreza.
"Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil como ela mesma." (Joseph Pulitzer).

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Claudio Loredo
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Re.: Qual a saída para a América Latina?

Mensagem por Claudio Loredo »



A melhor saída para a América Latina são investimentos maciços em educação. Todo latino americano deve se empenhar para se educar ao máximo e educar principalmente seus filhos. Deve-se incutir nas crianças um amor muito grande pelos estudos. Através da educação, não seremos mais um povo explorado, um povo pouco produtivo e um povo apático. Seremos um povo que irá construir um continente bem melhor. Dai, a importância de se eleger políticos mais sensiveis as demandas populares e neste momento a maior demanda é por educação.


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Alter-ego
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Re.: Qual a saída para a América Latina?

Mensagem por Alter-ego »

É claro que existe saída para a América Latina...







































O último a achá-la apague a luz! :emoticon12:
"Noite escura agora é manhã..."

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Claudio Loredo
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Re.: Qual a saída para a América Latina?

Mensagem por Claudio Loredo »



Eu não sou tão pessimista assim...



Fonte: http://agenciacartamaior.uol.com.br/tem ... omeAtual=1

POLÍTICA EXTERNA BRASILEIRA

‘Formuladores’ reafirmam aposta na América do Sul

Dois dos principais teóricos da atual política externa, Samuel Pinheiro Guimarães e Marco Aurélio Garcia, defendem os projetos de integração sul-americana desenvolvidos pelo governo Lula.

Alessandra Mota – Especial para a Carta Maior

SÃO PAULO – A falta de participação no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), a aposta no Mercosul, a distribuição de renda inadequada e a concentração de poder econômico e político são alguns dos principais focos da política externa brasileira. Os temas parecem um tanto distintos, mas para o embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, secretário-geral do Ministério das Relações Exteriores, a superação e vulnerabilidades internas passam pelas ações da política externa.

Para o embaixador, que participou de uma conferência de Relações Internacionais promovida em São Paulo pelo PT, entre os dias 31 de março e 2 de abril, um grande desafio para o Brasil é organizar uma política de geração de renda e incluir dois terços da população que não faz parte do mercado de consumo nacional. E, para que o planejamento de projetos desse tipo seja feito, é necessário pensar na integração do país com o exterior.

“Temos de desenvolver uma política social e econômica com maior integração, inclusive, com a América do Sul. A integração com grandes Estados, como os EUA, com um PIB de US$ 12 trilhões, permite estabelecer uma relação comercial que ajude o Brasil a crescer, já que temos com o país grande intercâmbio cultural, educacional e exportamos produtos industrializados”, afirmou Guimarães, que ressaltou que projetos como a Área de Livre Comércio das Américas (Alca) ainda precisam se ajustar às necessidades brasileiras. Já em relação à África, o embaixador ressalta que o Brasil compartilha peculiaridades semelhantes e deve aproveitar seu potencial para consolidar parcerias nas áreas de saúde e educação.

Com seu porte continental, o Brasil desperta grande interesse no sistema internacional. “Somente 10% do território brasileiro é conhecido. Temos, por exemplo, grande potencial na política agrícola e grande reserva de urânio que pode alavancar a capacidade de geração de energia nuclear”. diz. É fundamental, diz Guimarães, o controle social. “Os Estados celebram esses acordos, e os movimentos sociais fazem a cobrança ”, afirmou, destacando a importância da militância de ONGs, igrejas, empresas, sindicatos no processo de execução da política externa.

A redução da vulnerabilidade externa também é defendida por Marco Aurélio Garcia, assessor especial da Presidência da República para assuntos internacionais e que participou do encerramento da Conferência. Garcia acreditam que o Brasil pode ser projetado mundialmente se focar na integração com os países sul-americanos. “Nosso país tem muitas desigualdades sociais. Precisamos implementar programas de distribuição de renda e nos inserir no mercado de bens de consumo”, ressaltou.

Como medida de redução da desigualdade social, o assessor de Lula ressalta a persistência do governo federal no controle da inflação e dívida externa. “Chegamos ao governo com déficit US$ 35 bilhões e, hoje, atingimos superávit de US$ 12 bilhões. O risco-país sofreu redução de 2.400 para 230 pontos”, afirmou.

Segundo Garcia, o governo Lula também destravou as negociações dentro do Mercosul. “A Alca, que predominava, perdeu a relevância com a reconstrução do Mercosul”, afirma. Outra iniciativa que visa à integração entre países citada pelo assessor é a prioridade à comunidade sul-americana, que não tem predominância comercial e prioriza esforços em infra-estrutura, como vias que facilitem o intercâmbio entre os países, construção de rodovias que ligam o oceano Atlântico ao Pacífico e melhorias em portos e ferrovias. Programas de produção etanol e biodiesel e o convênio entre Argentina, Venezuela e Brasil na construção de um gasoduto são outros grandes trunfos da política externa.

A negociação com a União Européia que tinha resistência na diminuição dos subsídios agrícolas, o reagrupamento dos países emergentes no G-20 (agrupamento de 19 países da América Latina em desenvolvimento) e o resgate das relações comerciais com a África também foram citados por Samuel Pinheiro Guimarães como medidas eficazes para o crescimento da política externa.

Para expandir a política de integração, o embaixador conta que a União tem definido programas que facilitam a negociação industrial entre países de menor porte. Um exemplo, disso é a constituição do Banco do Sul, instituição latino-americana, espécie de BNDES. “Os presidentes dos países da América do Sul se reuniram recentemente e elaboraram plano de atendimento aos financiamentos que visam respeitar o perfil da cada país, pois queremos nos aproximar de um mundo de paz, democracia e igualdade social”, conclui.

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Claudio Loredo
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Re.: Qual a saída para a América Latina?

Mensagem por Claudio Loredo »

Jeffrey Sachs e o eterno retorno da América Latina

Site Mundo Relações Internacionais em 4/4/2006

Fonte: http://www.mundori.com/home/view.asp?paNumero=547
Imagem

Há 25 anos, o economista Jeffrey Sachs analisa a América Latina e o Brasil. Na década de 90, apontou os prejuízos que o Real valorizado traria para a economia brasileira. “Defendia o desenvolvimento pelo comércio internacional, via exportações. O Brasil teria de vender seus aviões, sua inteligência tecnológica”, afirma. Hoje, ao ver o Presidente Lula viajar pelo mundo, promovendo produtos brasileiros, comemora. Vê com otimismo o futuro do País. O professor da Universidade Columbia, autor de O Fim da Pobreza (Companhia das Letras) e consultor especial da ONU acha que o embaraço nas negociações pela Área de Livre Comércio das Américas (ALCA) não é tragédia. “Os países latino-americanos saberão otimizar suas relações comerciais com outros mercados”. Embora os EUA tenham desviado sua atenção, focalizando-se na “guerra contra o terrorismo”, a América Latina está sabendo caminhar a seu modo. A economia brasileira e a de seus vizinhos avança de forma lenta, mas sustentada. Confira a entrevista a seguir.

Depois dos atentados de 11 de setembro, os EUA parecem ter perdido o interesse pela América Latina. Como o senhor analisa o momento da política externa norte-americana?

Os EUA estão num processo de repensar sua política externa. A Guerra no Iraque tem sido tão negativa que talvez experimentemos uma nova abordagem, sobretudo, com os países pobres.

Antes mesmo do 11 de setembro, não existia uma política sensível para a América Latina, mas havia alguma atenção. Depois disso, Washington passou a se importar apenas com o Iraque e a “guerra ao terrorismo”. Perdeu a capacidade de fazer qualquer outra coisa. Salvo Hugo Chavez na Venezuela e a situação delicada no Haiti, o governo americano não tem prestado atenção à região. Mas pelo menos a América Latina tem caminhado à sua maneira e encontrado novas formas de se relacionar com o mundo.

O senhor estuda a América Latina e o Brasil há mais de 20 anos. O que mudou e o que não mudou nesse período?

A democracia foi restaurada por todos os lados. Quando comecei a estudar a região, a América Central estava em conflito e os Estados Unidos, de certa forma, o alimentava. Portanto, a restauração da paz e democracia foram grandes acontecimentos.

Sou otimista em relação ao Brasil. O País deu um salto de qualidade. Consolidou a democracia. A estabilidade macroeconômica. Observarmos sensível melhora nos padrões de ensino. O mesmo ocorre na tecnologia e numa nova percepção do Brasil no mundo. As transformações ocorridas são relevantes pois o Brasil é influente em América do Sul. Se você olhar os vizinhos, verá que Venezuela, Bolívia, Peru, Colômbia, Equador encontram-se hoje politicamente instáveis. Sempre acreditei que o Brasil, como motor para o crescimento, poderia mudar orientações políticas de toda região. E acho que isso está acontecendo, sobretudo com a unificação no mercado de energia e da infra-estrutura. O Brasil pode influenciar positivamente o destino de seus vizinhos.

Como o Brasil tem se portado na América Latina?

A América Latina sempre teve duas características econômicas marcantes. A primeira são as grandes divisões na sociedade, de ordem racial, étnica e social. Essas divisões continuam a criar muita instabilidade. Mesmo o Brasil tendo melhorado o sistema educacional e possibilitado maior participação da população na sociedade, essa diferenças ainda permanecem.

A segunda característica é a falta de atenção com ciência e tecnologia. É aí que o Brasil tem de melhorar seu desempenho. Ainda que grande exportador de commodities, a economia se sofisticou e possibilitou ao País incorporar produtos com valor tecnológico às exportações. É o tipo de transformação que conta no longo prazo.

Outro ponto importante a considerar é a redução da influência dos EUA na região. De um lado, por sua própria negligência. De outro, pela ascensão da Ásia como importante parceiro comercial. A América Latina e o Brasil perceberam que não estão tão interessados em comércio com os Estados Unidos como pelo resto do mundo. Há vínculos fortes com a Europa, a Ásia e a África. É por isso que não lamento o fracasso da ALCA. Não será uma tragédia se as negociações não avançarem. O Brasil progrediu, e com uma economia saudável, beneficiará países vizinhos.

Há 25 anos o Brasil era tido como potência emergente. Hoje, os olhos do mundo estão muito mais voltados ao Sudeste Asiático. O que aconteceu?

A grande diferença é que a China adotou os mercados globais como plataforma de crescimento, e acertou. A poupança gerada a partir das exportações auxiliou no desenvolvimento dos diferentes segmentos do mercado, com transferência de tecnologia. Agora a Índia está fazendo o mesmo, e de maneira bem-sucedida.

O Brasil, por sua vez, nunca deu importância à sua competitividade internacional. Na década de 90, tendo como prioridade o mercado interno, a moeda permaneceu valorizada, prejudicando o desempenho brasileiro no comércio internacional. Eu advogava mudanças, pregava que o Brasil deveria vender aviões ao mundo e incorporar produtos de alto valor agregado à pauta exportadora, afinal, o mercado interno não seria suficiente para o desenvolvimento. Disse isso ao Gustavo Franco, então Presidente do Banco Central, que foi meu aluno. Eu estava certo. O real foi derretido e, desde 1999, o Brasil passou a priorizar o comércio internacional. A orientação mudou e o Presidente Lula viaja pelo mundo, promove negócios e produtos brasileiros. No limite, acho que isso tem feito e fará cada vez mais a diferença.

O Brasil tem combatido a pobreza do modo certo?

Num certo sentido, sim. O Brasil não tem a mesma miséria encontrada na África. Ainda assim, enfrenta graves problemas sociais. E a geografia exerce influência nesse processo. Afinal, o desenvolvimento concentra-se no sul e sudeste, regiões com potencial industrial, turístico, mineral, além de contarem com agricultura formidável. A região nordeste, ao contrário, sempre sofreu de problemas biofísicos, tal como a seca, que perpetuam problemas estruturais na sociedade.

O Bolsa-família é uma boa estratégia para ajudar famílias pobres, mas isso não basta. O programa não considera questões como a infra-estrutura das comunidades, os problemas biofísicos e geográficos e os fatores do ambientais. A amplitude do Programa deveria ser repensada.

Por Sérgio Aguiar Matos. E-mail: sam@mundori.com.
-4/4/2006

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Poindexter
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Re: Re.: Qual a saída para a América Latina?

Mensagem por Poindexter »

Claudio Loredo escreveu:

A melhor saída para a América Latina são investimentos maciços em educação. Todo latino americano deve se empenhar para se educar ao máximo e educar principalmente seus filhos. Deve-se incutir nas crianças um amor muito grande pelos estudos. Através da educação, não seremos mais um povo explorado, um povo pouco produtivo e um povo apático. Seremos um povo que irá construir um continente bem melhor. Dai, a importância de se eleger políticos mais sensiveis as demandas populares e neste momento a maior demanda é por educação.



Quero saber tua opinião, Loredo: como se iria conseguir estes investimentos maciços em Educação?
Si Pelé es rey, Maradona es D10S.

Ciertas cosas no tienen precio.

¿Dónde está el Hexa?

Retrato não romantizado sobre o Comun*smo no século XX.

A child, not a choice.

Quem Henry por último Henry melhor.

O grito liberalista em favor da prostituição já chegou à este fórum.

Lamentável...

O que vem de baixo, além de não me atingir, reforça ainda mais as minhas idéias.

The Only Difference Between Suicide And Martyrdom Is Press Coverage

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spink
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Re: Re.: Qual a saída para a América Latina?

Mensagem por spink »

Claudio Loredo escreveu:

A melhor saída para a América Latina são investimentos maciços em educação. Todo latino americano deve se empenhar para se educar ao máximo e educar principalmente seus filhos. Deve-se incutir nas crianças um amor muito grande pelos estudos. Através da educação, não seremos mais um povo explorado, um povo pouco produtivo e um povo apático. Seremos um povo que irá construir um continente bem melhor. Dai, a importância de se eleger políticos mais sensiveis as demandas populares e neste momento a maior demanda é por educação.



http://revistaeducacao.uol.com.br/texto ... digo=11620


Dentro, mas fora
Filósofo lamenta que ensino público faça com que o professor tenha que sair da escola


Doutor em filosofia pela Universidade de São Paulo e em filosofia da educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Paulo Ghiraldelli Jr. considera elucidativo que a população brasileira tenha conseguido absorver rapidamente o sistema bancário digital, mas enfrente "grande dificuldade em saber como matricular e acompanhar os filhos na escola".

"O sistema de ensino muda mais rápido do que a tecnologia", lamenta. "Mudam os discursos e os procedimentos que permitem que você compreenda o que é feito em sala de aula. Muda a legislação. A população está sabendo que temos mais um ano obrigatório no ensino básico? Temos condição de dar nove anos obrigatórios? De repente, nós temos."

Autor do recém-lançado História da Educação Brasileira (Cortez, 272 págs., R$ 36), edição revista e atualizada de obra publicada pela primeira vez no final dos anos 80, Ghiraldelli conversou com Sérgio Rizzo sobre dois temas-chave de suas pesquisas, o perfil do professor de ensino básico e as condições de trabalho na rede pública.

Qual o perfil do professor de ensino básico hoje?
Pesquisa razoavelmente confiável da CNTE [Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação], de 1999, fez esse o perfil. De lá para cá, não mudou muito. Não é preciso ser expert em estatística para entender alguns dados. Por exemplo: cerca de 50% dos professores de ensino médio, que teoricamente teriam passado pelo ensino superior, vão ao cinema uma vez ao ano. Isso não se confirma nos grandes centros, mas na média nacional, sim. Em relação à internet, há um grande contingente com acesso à máquina, mas não ao uso da máquina. Pouco acesso à informação, portanto. A profissão tornou-se completamente feminina; não existem mais aquelas ilhas de atuação masculina que se encontravam no ensino básico. Essa característica vai avançando até o médio e o universitário. Não é verdade que seja um "bico", ou segundo emprego. Apesar do salário pequeno, a maioria das professoras é que mantém a família. O salário delas é o que pinga. Ainda que não sejam a cabeça do casal no aspecto moral, o são no econômico.

E a grande aspiração da classe?
Sair da profissão, mas continuar nela. Querem ser professores, mas querem ter renda melhor. Só há um jeito de fazer isso no Brasil: sair da sala de aula. É interessante que nenhum político ou técnico toque nessa questão. O professor tem de ser diretor, supervisor ou fazer mestrado e ir para a universidade, onde a carga da sala de aula é menor, para melhorar de vida. Tem algo errado aí. Veja, por exemplo, o que ocorre com os programas de capacitação: todos os professores se inscrevem para serem superiores hierarquicamente aos outros. Aí, saem da sala de aula e passam a ser treinadores de professores. No ponto de chegada, nunca existe a boa figura; ela está sempre sonhando ficar pouco ali.

Por quê?
Ela é desprestigiada se fica ali. Qual a saída? Duas: ou faço carreira administrativa, ou faço carreira acadêmica e tento concurso numa universidade. Aí chego lá, e reproduzo um número de dissertações e teses não sobre a minha condição de professor, pois é como se não tivesse vivido ali. Faço um discurso para os que estão na escola. O professor universitário muito jovem, que saiu há quatro ou cinco anos da escola básica, manda até lá seus alunos de magistério, que estavam ali até um, dois anos antes. Coisa fantástica: você, que esteve lá, fingindo que não esteve, fala sobre aquilo como se não conhecesse. Pois bem: o aluno entra na escola, encontra antigos colegas; quando volta, traz a seguinte informação: "olha, o nível caiu muito, está horrível, e o professor não sabe nada, nada, nada". O marxismo chamaria isso de alienação. Você nega aquilo que foi, porque era algo que você queria abandonar, você não tinha orgulho de estar lá. Diga a palavra "professor" a alguém na rua e a imagem que virá é a do professor universitário. Não vem mais a do professor de ensino básico. Não pode ser assim. Em todos os países do mundo, professor continua a ser o do ensino básico. Em geral, o universitário não é considerado muito bem um professor. No Brasil, a situação se inverteu.

Como isso interfere nos aspectos pedagógicos?
Os professores de ensino básico são massacrados. Todo ano tem um novo governo, com uma nova proposta e uma nova capacitação. Os governos irritam os professores com a mania de achar que a cada ano eles precisam ter uma nova teoria psicopedagógica. Os governos se envolvem nisso mas, quando saem, não avaliam para saber se teve resultado na sala de aula. O sistema de avaliação não é adequado ao que se propõe como capacitação. Ele só olha para baixo, para os avaliados. Não olha para cima, para os pressupostos que geram a capacitação. Tem um problema aí. No meio disso tudo, há um avaliador chamado vestibular, que muda muito menos. Quando a sociedade quer saber alguma coisa sobre educação, vai até o vestibular. No fundo, ele dá o parâmetro de quem pode estar num lugar ou no outro.

Quais as correntes pedagógicas que predominam?
O discurso é completamente anacrônico. O professor sai da rede, pública ou particular, vai para o mestrado, aprende uma série de teorias e autores, mas não consegue articular isso com o que ele fazia para descobrir a que corrente ele pertencia. Ele não quer olhar para o que ele fazia. Não há continuidade. Não é que a profissão nos EUA seja grande coisa, mas ser professor de ensino médio lá não significa que você queira sair. Aquilo dá respeitabilidade, função na sociedade. É recompensador. Se sair, não tem a necessidade de negar o passado. Aqui, é como se fosse empregada doméstica, uma profissão marcada, e virasse secretária. Tudo o que você quer é que não lembrem que foi empregada. Não quer que ninguém olhe para o seu passado.

As condições salariais não seriam as maiores responsáveis por isso?
É uma questão de organização da vida do professor. Se ele pudesse se situar em seu trabalho, ele ficaria. Não é só por salário, mas por condição de trabalho. Não é uma profissão prestigiada até por conta de como a escola está organizada: onde ela está, como é o prédio, como a escola é vista, como você é tratado, como a imprensa vai junto. Durante o governo Lula, a discussão educacional na imprensa, o tempo todo, é a do ensino superior. É como se todos tivéssemos nascido adultos. A questão educacional, que em todos os países é de pedagogia, de cuidado com a criança, aqui é de andrologia, de adulto. Negócio maluco. Você fica quatro anos na universidade, mas fica uma vida na escola. É um setor descuidado, e não só por uma questão salarial. Se você constrói uma escola feia, já está dizendo ao professor que ele vai trabalhar num lugar feio. A arquitetura está impregnada. Peça a um arquiteto para fazer uma escola. Terminada a planta, você percebe que ele dirigiu toda a infra-estrutura para o setor burocrático. A parte das salas de aula é simples, feia, desestruturada. A burocrática tem cinco banheiros, ar condicionado. O Brasil ainda é um pouco "Casa Grande & Senzala". Quem manda fica num lugar bonito.

Quando esse fenômeno teve início?
Nos anos 60, quando o Brasil deixou de ser agrário para ser urbano. A maior parcela da população passou a estar nas cidades. O país deu um salto para o qual não estava preparado. As pessoas foram para a cidade. Entraram na escola pública, que ficou cheia. A classe média se assustou, porque a escola pública era dela. Até então, havia uma equivalência numérica entre as classes sociais: ao lado do filho do médico, o filho do carroceiro. A caixa escolar ajudava um deles, supria as diferenças. De repente, aumentou o número de pobres. O que a classe média fez? Ela se retirou. Não ficou esperando a escola pública melhorar. Saiu e foi para a particular. Aquilo que antes era "pagou-passou" virou a escola querida, e as públicas viraram um lixo. Todo movimento de recuperação é abortado.

Haveria menos problemas nas pequenas cidades?
Sim. Se formos para uma cidade de porte médio no estado de São Paulo, quanto tempo demorou para acabar aquele grande colégio tradicional, que passou por reformas curriculares as mais variadas, mas cujo prédio, o lugar físico, segurou os melhores professores da cidade? Dez anos mais do que nas grandes cidades. Nas capitais, houve também um movimento diferente, o da municipalização do ensino básico. Num determinado momento, os municípios tiveram mais dinheiro para investir do que as cidades menores. Falamos de um período longo em que o prefeito pegava os 25% da educação e podia empregar em qualquer lugar. Não se pode mais fazer isso. Em muitos municípios, há secretarias de educação que funcionam bem. Ali, o problema é de mentalidade, saber o quanto o secretário não quer ele também fazer mestrado e se retirar daquela situação. Vários secretários são professores da universidade local. Não são propriamente pessoas afinadas com o cargo. Estão ali como se a universidade tivesse uma responsabilidade social pela situação.

Esse problema é puramente de governos ou seria preciso mobilização social para enfrentá-lo?
Sei qual é a raiz do problema, mas não encontrei a forma de solucioná-lo. A idéia de que a comunidade deveria tomar conta da escola pública não tem a ver conosco. É americana. Ela veio por conta de nossos teóricos terem sido formados pelo comunitarismo americano: Anísio Teixeira, Darcy Ribeiro, Paulo Freire. Nossa tradição é a de capitanias hereditárias. O Estado monta uma capitania, dá para alguém e vai montando o setor burocrático. Estrutura tipicamente portuguesa.

Na mentalidade dos teóricos, há sempre a ânsia de que cada bairro tenha sua escola, de que o bairro cuide. É um pouco a idéia de Brasília, de que cada bairro tivesse tudo. Maluco. Isso não é os EUA, e também não é o comunismo. O que você tem nos EUA? Um sujeito que fundou uma paróquia, é protestante e precisa de alfabetizados para que a bíblia seja lida. Então, cuida da igreja e da escola. Depois, a escola se desgarra da igreja, vira pública, mas tem um sujeito no qual você vota para cuidar dela. É uma estrutura comunitária voltada para a escola a ponto de os pais interferirem no próprio currículo, até na matéria que se está ensinando.

No Brasil, você tem uma estrutura estatal, mas uma pressão dos teóricos para que a sociedade venha a tomar conta daquilo. Como sou filho de diretor de escola pública, sei que se ele, como funcionário público, não tomasse conta da escola, a comunidade não iria tomar, ainda que gostasse muito da escola, porque já havia delegado a ele o serviço. Esperamos que o imposto seja carreado para o governo e que aquele funcionário público, pago com o nosso dinheiro, trabalhe. Nossa situação escolar é altamente peculiar. Não se parece com nada.

É o nosso sistema só para o mal ou também para o bem?
No público, é só para o mal. Não tem nada que se possa elogiar. Hoje, a escola particular apostilada é a da classe "média-média". A dos ricos é a não apostilada, onde se usam livros. E aí tem o resto, bolsão de guardar criança. Chegou-se a uma situação de deterioração completa. Não vejo nenhuma pessoa que possa tirar o filho dali que não tire. O pai mais carrasco do mundo faz isso.
"Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil como ela mesma." (Joseph Pulitzer).

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Poindexter
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Re.: Qual a saída para a América Latina?

Mensagem por Poindexter »

penna escreveu: Qual a saída para a América Latina?


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Samael
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Re: Re.: Qual a saída para a América Latina?

Mensagem por Samael »

Poindexter escreveu:
Claudio Loredo escreveu:

A melhor saída para a América Latina são investimentos maciços em educação. Todo latino americano deve se empenhar para se educar ao máximo e educar principalmente seus filhos. Deve-se incutir nas crianças um amor muito grande pelos estudos. Através da educação, não seremos mais um povo explorado, um povo pouco produtivo e um povo apático. Seremos um povo que irá construir um continente bem melhor. Dai, a importância de se eleger políticos mais sensiveis as demandas populares e neste momento a maior demanda é por educação.



Quero saber tua opinião, Loredo: como se iria conseguir estes investimentos maciços em Educação?


Não sei quanto ao Cláudio, mas, particularmente, para mim, inicialmente com uma boa Reforma Política, uma boa Reforma Tributária e, tão importante quanto, uma boa Reforma Burocrática.

Daí podemos pensar em algum crescimento e desenvolvimento econômico, seja na linha que for.

Feito isso, podemos começar a arrecadar mais para a educação pública, por exemplo. Ah, e eu também esqueci de mencionar: com o desmantelamento do crime organizado também, para que mais gente não caia nessa "teia sem fim" e que o "dinheiro fácil" ou qualquer outro motivo (e nisso se inclui a falta de caráter) possam levar futuros cidadãos a essa loucura.

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Re.: Qual a saída para a América Latina?

Mensagem por Poindexter »

Entendo a tua resposta, Samael, mas a minha pergunta foi para pegar no pé, mesmo, pois... como se iria conseguir as reformas política, tributária e burocrática das quais você fala? Se fala muito sobre soluções tão etéreas quanto os problemas a que elas se propõem a resolver!
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Samael
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Re.: Qual a saída para a América Latina?

Mensagem por Samael »

Acho que nada se resolve sem esforço político, Guilherme. E quando digo isso, não me refiro unicamente a políticos. A população brasileira é muito pouco politizada para criar uma mobilização nacional que mude as estruturas do país.

Daí o fato das modificações estruturais da nação ocorrerem pelas mãos de poucos homens (vide Getúlio) ou pela ideologia de uma pequena elite no poder (vide o próprio processo constitucionalista brasileiro).

A minha esperança nesse governo Lula era a realização da tão aclamada Reforma da previdência e, acho que nem é necessário mencionar, a Reforma Política (visto que o PT sempre se colocou como um "arauto da ética").

De fato, não vejo solução à curto prazo para o Brasil: a ideologia reinante é a de auto-locupletação às custas do serviço público. Temos uma aparelhagem burocrática e uma carga tributária ridículas (que diminuem muito o efetivo privado) e um Estado super-inchado de servidores públicos.

Eu também acho que essa solução de introduzir o "CAPITALISMO" no Brasil seja algo um tanto genérico quanto abstrato. Até porque a aniquilação imediata ou mesmo gradual das estatais geraria um desemprego imediato que irritaria grande parte da população. Algum governose arriscaria com isso? creio que não. Entretanto, "o outro lado da moeda", o qual vivemos, vemos um Estado infladíssimo que ataca o desemprego com a criação de cargos públicos e não mecanização de nenhuma força de trabalho, o que é uma solução paliativa e danosa, mas bem cômoda.

Abraços.

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Re: Re.: Qual a saída para a América Latina?

Mensagem por Poindexter »

Samael escreveu:Acho que nada se resolve sem esforço político, Guilherme. E quando digo isso, não me refiro unicamente a políticos. A população brasileira é muito pouco politizada para criar uma mobilização nacional que mude as estruturas do país.


É o que se nota, mesmo.


Samael escreveu:Daí o fato das modificações estruturais da nação ocorrerem pelas mãos de poucos homens (vide Getúlio) ou pela ideologia de uma pequena elite no poder (vide o próprio processo constitucionalista brasileiro).


Sim.


Samael escreveu:A minha esperança nesse governo Lula era a realização da tão aclamada Reforma da previdência e, acho que nem é necessário mencionar, a Reforma Política (visto que o PT sempre se colocou como um "arauto da ética").


OK.


Samael escreveu:De fato, não vejo solução à curto prazo para o Brasil: a ideologia reinante é a de auto-locupletação às custas do serviço público. Temos uma aparelhagem burocrática e uma carga tributária ridículas (que diminuem muito o efetivo privado) e um Estado super-inchado de servidores públicos.


Exato.


Samael escreveu:Eu também acho que essa solução de introduzir o "CAPITALISMO" no Brasil seja algo um tanto genérico quanto abstrato.


Sim, Samael. de fato, é uma solução tão abstrata quanto aquelas das reformas. Ela possui o mesmo preoblema: "como raios se iria fazer para que esta solução fosse realmente implantada"?


Samael escreveu: Até porque a aniquilação imediata ou mesmo gradual das estatais geraria um desemprego imediato que irritaria grande parte da população.
Algum governo se arriscaria com isso? creio que não.


Nada simples, mesmo, Samael...


Samael escreveu: Entretanto, "o outro lado da moeda", o qual vivemos, vemos um Estado infladíssimo que ataca o desemprego com a criação de cargos públicos e não mecanização de nenhuma força de trabalho, o que é uma solução paliativa e danosa, mas bem cômoda.


E depois a culpa é dos E.U.A. ... :emoticon12:

Abraços.
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Lamentável...

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