Fragmentos de Kundera sobre animais

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Flavio Costa
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Re: Re.: Fragmentos de Kundera sobre animais

Mensagem por Flavio Costa »

Samael escreveu:O que nos faria cair no debate "altruísmo x egoísmo" e eu teria que voltar a vários pontos que já defendi fazem anos, lá no ReV antigo e que basicamente embasam minha posição acerca disto tudo, inclusive minha posição política.

A tal realidade dialética...
The world's mine oyster, which I with sword will open.
- William Shakespeare
Grande parte das pessoas pensam que elas estão pensando quando estão meramente reorganizando seus preconceitos.
- William James
Agora já aprendemos, estamos mais calejados...
os companheiros petistas certamente não vão fazer as burrices que fizeram neste primeiro mandato.
- Luis Inácio, 20/10/2006

Carmen
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Re: Re.: Fragmentos de Kundera sobre animais

Mensagem por Carmen »

Samael escreveu:E se descobrirem uma maneira de matá-los sem dor?


A dor da matança é só uma delas, Samael. Toda a criação é cruel, a vida das aves poedeiras, a "vida"(?) do bezerro que vai virar vitela, o transporte, a castração, etc, etc, etc...

Recomendo o documentário "A carne é fraca" do Instituto Nina Rosa.


Não tocou no ponto da questão, Carmen. e se inventarem uma forma de criar sem sofrimentos o tal animal e matrem-no sem dor. A sua morte será tão legítima quanto a de qualquer vegetal?




Voce havia perguntado apenas quanto a matar sem dor, Samael.
Sendo criados dignamente, com todas suas necessidades naturais atendidas e abatidos com o mínimo de sofrimento, acho que não haveria impedimento ético (ou moral). Mesmo assim jamais seria comparável com plantar e colher vegetais.
Acho que essa forma de criação é ainda mais utópica do que pensar numa humanidade já vegetariana a essa altura.

Carmen
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Re: Re.: Fragmentos de Kundera sobre animais

Mensagem por Carmen »

Sky escreveu:Um bebé pode não possuir memes como um adulto, e por isso pode não sentir as coisas como um cérebro capaz de ver e sentir como um adulto. Alguém aqui se lembra das frustações da vida de bebé? Isso só é posísvel quando a mente é invadida pela linguagem. Portanto, num certo sentido os bebés muito precoces são tão irracionais como os outros animais. Têm tanta noção do sentido e lembrança do sofrimento como eles. Mas como são os nossos bebés, e como a natureza fez com que amassemos os nossos bebés, tal como nos fez omnivoros, nós damos um desconto a eles e lhes damos o mesmo estatuto moral que um ser humano plenamente consciente...


Essa história de memes não é só uma teoria longe de ser comprovada ? Dá prá levar a sério ? Sei não...
Voce disse que "bebês muito precoces são tão irracionais como os outros animais", só por não falarem ? Parece claro que eles sentem tudo da mesma forma que um adulto. Se eu queimar uma criança de dois anos, um camundongo ou um humano adulto com um ferro em brasa, existe alguma maneira objetiva de dizer quem sentiu mais ou menos ? Gostaria de saber. E se o sofrimento que causei na criança for o menor, isso me permite continuar a torturá-la ? Não, porque ela é humana, critério de supremacia sómente religioso...



A ideia dos memes não é ciência, mas a arte também não é ciência mas não deixa de ser verdadeira. Memes é um neologismo aplicado á transmissão cultural e serve para salientar que o cérebro humano, apesar de nascer com disposição para a linguagem, precisa de palavras e memes para ser inteiramente humano.


Outros primatas podem transmitir cultura através da linguagem e humanos com disfunções cerebrais não. Tomara que comecem a levar isto em conta como verdadeiro para ser "ser humano".

Carmen
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Re: Re.: Fragmentos de Kundera sobre animais

Mensagem por Carmen »

Flavio Costa escreveu:Você também vê tantas crianças desnutridas na África, pessoas dormindo na rua, órfãos doentes, idosos abandonados, e nem por isso faz algo por todos eles. Como dizem que dizia Gandhi, quem tem mais do que precisa é ladrão. Você tem mais do que precisa e nem por isso mantém para si apenas o essencial da subsistência.

Então, no final das contas, somos tão coniventes com tantas coisas que no estado das coisas não há porque dar tratamento especial aos animais.


Se esperarmos que todos os outros problemas do mundo estejam resolvidos, a vez dos animais nunca vai chegar. E talvez a fome na África esteja mais relacionada com o consumo de carne no 1º mundo do que parece. Essa é uma teoria conspiratória particular minha. :emoticon1:

Qualquer um desses problemas que ajudarmos a combater é bom, mas não é um dever moral.


Fazer algo para cada um deles é impossível na prática, enquanto que deixar de comer carne é um ato único, simples e acessível.
Não estou dizendo que é um dever moral, nem que não é, só não tenho opinião formada a respeito.

Carmen
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Re: Re.: Fragmentos de Kundera sobre animais

Mensagem por Carmen »

Samael escreveu:
Carmen escreveu:Meu lindo, decida-se se é lucidez ou loucura ! :emoticon12:

Não tenho dúvidas quanto à lucidez do Euzébio, que ele está demonstrando mais uma vez neste tópico, e nem me considero dona de nenhuma verdade. Só não valorizo tanto assim a morte, porque esta é inerente à vida, mas o sofrimento evitável não. E explorar animais para consumo é desnecessário.


Oi minha linda.

Eu respeito totalmente a posição de alguém não querer ingerir carne por não ser essa uma prática compatível com a moral pessoal desse alguém.

O que eu não posso conceber é que se atirem tais conceitos ocmo imperativos morais que toda a humanidade deva seguir. Até porque eu nunca ouvi argumento realmente relevante que me faria parar de comer carne. Ah, talvez matar o animal, isto eu dificilmente conseguiria, mas isso já não entra no meu escopo.

Beijos.


Atirar imperativos morais foi meio forte, não ? Mas se dei essa impressão, desculpe.

Beijos !

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Flavio Costa
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Re: Re.: Fragmentos de Kundera sobre animais

Mensagem por Flavio Costa »

Carmen escreveu:Se esperarmos que todos os outros problemas do mundo estejam resolvidos, a vez dos animais nunca vai chegar. E talvez a fome na África esteja mais relacionada com o consumo de carne no 1º mundo do que parece. Essa é uma teoria conspiratória particular minha. :emoticon1:

Carmen, a questão é que ninguém é obrigado a lutar por essas causas, porque seria? Eu dei o exemplo de doar sua renda aos pobres, mantendo apenas o necessário para a subsistência, porque isso seria um esforço da sua parte. Assim como para muitas pessoas a carne é saborosa, tem uma função social, e abrir mão dessas coisas seria um esforço. Você diz que o vegetarianismo é "simples e acessível", mas só é simples para você que não tem uma tendência muito carnívora. Para muita gente isso é um sacrifício, como seria um sacrifício para você abrir mão do conforto para ajudar os outros. Não há porque alguém ser obrigado a isso, por mais benéfico que seja.

Já a fome na África ser em grande parte decorrente do consumo de carne... você vai ter mesmo que elaborar bastante minuciosamente sua teoria para tentar torná-la convincente. :emoticon1:
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Najma
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Re: Fragmentos de Kundera sobre animais

Mensagem por Najma »

rapha... escreveu:
"(...) Surge para mim uma outra imagem: Nietzsche está saindo de um hotel em Turim. Vê diante de si um cavalo e um cocheiro lhe dando chicotadas. Nietzsche se aproxima do cavalo, abraça-lhe o pescoço sob o olhar do cocheiro e explode em soluços.

"Isso aconteceu em 1889 e Nietzsche já estava, também ele, distanciado dos homens. Em outras palavras: foi precisamente nesse momento que se declarou sua doença mental. Mas, para mim, é justamente isso que confere ao gesto seu sentido profundo. Nietzsche veio pedir ao cavalo perdão por Descartes. Sua loucura (portanto, seu divórcio da humanidade) começa no instante em que chora pelo cavalo.

"(...) [e] a humanidade, "senhora e proprietária da natureza", prossegue sua marcha adiante."[/b][/i]


Eu vou me meter nessa conversa só uma vez e é para dizer que quando se está usando animais para alimento, não se está impondo sofrimento ao mesmo da mesma forma que a um cavalo sendo chicoteado. Comemos animais porque animais, assim como vegetais, são fonte de energia para nossos corpos incapazes de realizar fotossíntese e com isso extrair a energia diretamente do solo e do ar...

Em regiões onde não há grande variedade de vegetais, como em regiões desérticas e árticas, o consumo de animais é a única fonte de alimento possível. Quem acha que não se deve comer animais, que se limite apenas a dizer que prefere comer vegetais por uma questão de inapetência a gorduras e proteina de origem animal e não que pessoas que se alimentam de carne são "assassinas" ou coisas do gênero.

Ninguém vai comer seu cachorro ou gato num banquete mas já houve casos de bebês recém nascidos servirem de antepasto... Não se diz que "comunistas comem criancinhas" à toa. Durante o período negro em que Stalin sentenciou à morte milhões de pessoas em regiões de gelo eterno, ou durante o período em que os egípcios viram seus vales verdejantes sendo tragados pelo deserto depois de décadas sem chuvas há milênios atrás, os bebês e crianças pequenas eram fonte de alimento sim, tudo devidamente documentado.

O fato é que tudo depende da fome e da vontade de comer, sendo que o repúdio a esse ou aquele alimento só existe quando há fartura de recursos e a possibilidade de escolher o que se colocará no prato. Caso contrário, o instinto de sobrevivência fala mais alto... e apenas quem deseje boicotar a própria vida pensará na dor de comer um animal.
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Carmen
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Re: Re.: Fragmentos de Kundera sobre animais

Mensagem por Carmen »

Flavio Costa escreveu:Carmen, a questão é que ninguém é obrigado a lutar por essas causas, porque seria? Eu dei o exemplo de doar sua renda aos pobres, mantendo apenas o necessário para a subsistência, porque isso seria um esforço da sua parte. Assim como para muitas pessoas a carne é saborosa, tem uma função social, e abrir mão dessas coisas seria um esforço. Você diz que o vegetarianismo é "simples e acessível", mas só é simples para você que não tem uma tendência muito carnívora. Para muita gente isso é um sacrifício, como seria um sacrifício para você abrir mão do conforto para ajudar os outros. Não há porque alguém ser obrigado a isso, por mais benéfico que seja.


Concordo, Flavio. Não é mesmo uma obrigação. Mas penso se não existe algum nível de comprometimento (ou outra expressão), não só em relação a se estar estimulando a crueldade ao comer carne, como por exemplo, fazemos o mesmo ao consumir produtos produzidos por mão-de-obra escrava. O que quero dizer com conivência é mais em relação a nosso silêncio quanto à forma como as coisas são feitas. Dessa responsabilidade, havendo alternativas melhores, podemos todos nos eximir ? (Espero estar "entendível")

Já a fome na África ser em grande parte decorrente do consumo de carne... você vai ter mesmo que elaborar bastante minuciosamente sua teoria para tentar torná-la convincente. :emoticon1:


Tô sabendo...

Carmen
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Re: Fragmentos de Kundera sobre animais

Mensagem por Carmen »

Najma escreveu:
Eu vou me meter nessa conversa só uma vez e é para dizer que quando se está usando animais para alimento, não se está impondo sofrimento ao mesmo da mesma forma que a um cavalo sendo chicoteado.


Estou em maus lençóis mesmo...agora vem o reforço da Lígia... :emoticon11:

Não entendi como diferenciar esse sofrimento.

Comemos animais porque animais, assim como vegetais, são fonte de energia para nossos corpos incapazes de realizar fotossíntese e com isso extrair a energia diretamente do solo e do ar...


Podemos optar por comer direto da fonte que faz a fotossíntese. Os animais não são imprescindíveis. De implicar com isso de colocar os dois no mesmo patamar, eu não arredo pé !

Em regiões onde não há grande variedade de vegetais, como em regiões desérticas e árticas, o consumo de animais é a única fonte de alimento possível. Quem acha que não se deve comer animais, que se limite apenas a dizer que prefere comer vegetais por uma questão de inapetência a gorduras e proteina de origem animal e não que pessoas que se alimentam de carne são "assassinas" ou coisas do gênero.


Concordo. Esquimós e beduínos dependem da carne até o momento.

Ninguém vai comer seu cachorro ou gato num banquete mas já houve casos de bebês recém nascidos servirem de antepasto... Não se diz que "comunistas comem criancinhas" à toa. Durante o período negro em que Stalin sentenciou à morte milhões de pessoas em regiões de gelo eterno, ou durante o período em que os egípcios viram seus vales verdejantes sendo tragados pelo deserto depois de décadas sem chuvas há milênios atrás, os bebês e crianças pequenas eram fonte de alimento sim, tudo devidamente documentado.


Ninguém tem o direito de julgar essas pessoas.

O fato é que tudo depende da fome e da vontade de comer, sendo que o repúdio a esse ou aquele alimento só existe quando há fartura de recursos e a possibilidade de escolher o que se colocará no prato. Caso contrário, o instinto de sobrevivência fala mais alto... e apenas quem deseje boicotar a própria vida pensará na dor de comer um animal.


Fartura de recursos é o nosso caso.

Beijos !

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O ENCOSTO
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Re: Re.: Fragmentos de Kundera sobre animais

Mensagem por O ENCOSTO »

Rafaela Rodrigues escreveu:Eu adorei mesmo esse tópico. O livro parece ser fascinante e não vejo a hora de ler!
:emoticon19:
Nunca tinha pensado nessa coisa dos alienígenas (o que realmente é algo a se pensar)...
Pois é... Respeitar seres vivos... Pouca gente ainda cultiva esse hábito...


Oi Rafaela!

Seja bem vinda ao RV! :emoticon1:
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Luis Dantas
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Re: Fragmentos de Kundera sobre animais

Mensagem por Luis Dantas »

Najma escreveu:Eu vou me meter nessa conversa só uma vez e é para dizer que quando se está usando animais para alimento, não se está impondo sofrimento ao mesmo da mesma forma que a um cavalo sendo chicoteado. Comemos animais porque animais, assim como vegetais, são fonte de energia para nossos corpos incapazes de realizar fotossíntese e com isso extrair a energia diretamente do solo e do ar...


Sem dúvida há uma certa conveniência em consumir produtos animais, mas não vejo em que isso torna menos real o sofrimento deles.

Em regiões onde não há grande variedade de vegetais, como em regiões desérticas e árticas, o consumo de animais é a única fonte de alimento possível. Quem acha que não se deve comer animais, que se limite apenas a dizer que prefere comer vegetais por uma questão de inapetência a gorduras e proteina de origem animal e não que pessoas que se alimentam de carne são "assassinas" ou coisas do gênero.


Não sei se alguém defendeu que se passe fome para não consumir animais. Mas certamente muitos que consomem podem buscar alternativas, e os motivos podem sim incluir uma preocupação ética com os direitos e o sofrimento dos animais. Não entendo por que você não aceita essa possibilidade. Querer seguir padrões éticos específicos não é o mesmo que impô-los aos outros.


Ninguém vai comer seu cachorro ou gato num banquete mas já houve casos de bebês recém nascidos servirem de antepasto... Não se diz que "comunistas comem criancinhas" à toa. Durante o período negro em que Stalin sentenciou à morte milhões de pessoas em regiões de gelo eterno, ou durante o período em que os egípcios viram seus vales verdejantes sendo tragados pelo deserto depois de décadas sem chuvas há milênios atrás, os bebês e crianças pequenas eram fonte de alimento sim, tudo devidamente documentado.


Em situações de catástrofe, se faz coisas que normalmente não se considera aceitáveis, certamente.

Mas a questão não é essa, e sim que tipo de dieta e de tratamento aos animais se deve ter como meta.



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Está dizendo que para você necessidade e conveniência são uma e a mesma coisa? Essa dicotomia entre repúdio e necessidade é bastante melodramática, mas não esclarece muito sobre o mundo real.
"Faça da tua vida um reflexo da sociedade que desejas." - Mahatma Ghandi
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Mensagem por Pug »

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Gilghamesh
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Re.: Fragmentos de Kundera sobre animais

Mensagem por Gilghamesh »

Gostaria que os defensores dos animais, me respondessem uma pergunta.

Vamos imaginar que um belo dia, vcs estão fazendo uma viagem de avião.

O avião sofre uma pane e se esborracha no meio do deserto do Saara.
Só vc sobrevive no acidente e começa à caminhar pelo deserto na tentativa de encontrar socorro.
Vc está sem alimento, só transportando uma garrafa de água, e sabe que se não encontrar alimento, vc vai morrer.

Se vc encontrar um lagarto no deserto, vc vai deixa-lo viver, ou vai mata-lo para obter alimento e continuar vivendo?

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Versão: 5.1 última versão!!!! :emoticon81:
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O Mundo só será feliz à partir do dia em que enforcarmos o último político, usando como corda, as tripas do último lider religioso e cremarmos seus corpos utilizando como combustível, seus podres livros sagrados!
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Mensagem por O ENCOSTO »

Sobre essa questão ética, o máximo que eu entro é para defender técnicas de abate "humanitário".

Sou totalmente contra esses abates convencionais e religiosos (judeu, muçulmano, etc) pois há técnicas que garantem menos sofrimento ao animal, além de redução de custos operacionais e melhoria significativa na qualidade da carne.

Procurem conhecer as técnicas inventadas por Temple Grandin.
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Tranca
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Re: Re.: Fragmentos de Kundera sobre animais

Mensagem por Tranca »

O ENCOSTO escreveu:Não adianta. Não consigo ser vegetariano.

Quando vejo imagens como essa:

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Aquele instinto primitivo que nos acompanha ha milhares de anos, que é buscar uma carne no açougue domingo pela manhã, colocar sal grosso, espetar e colocar na churrasqueira, acaba falando mais alto.



São estes os fragmentos dos animais de Kundera? :emoticon16:

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Luis Dantas
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Re: Re.: Fragmentos de Kundera sobre animais

Mensagem por Luis Dantas »

Gilghamesh escreveu:Vc está sem alimento, só transportando uma garrafa de água, e sabe que se não encontrar alimento, vc vai morrer.

Se vc encontrar um lagarto no deserto, vc vai deixa-lo viver, ou vai mata-lo para obter alimento e continuar vivendo?


Em uma situação tão extrema, não há nem motivo para dramas de consciência, não acha?
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Najma
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Re: Fragmentos de Kundera sobre animais

Mensagem por Najma »

Carmen escreveu:
Najma escreveu:
Eu vou me meter nessa conversa só uma vez e é para dizer que quando se está usando animais para alimento, não se está impondo sofrimento ao mesmo da mesma forma que a um cavalo sendo chicoteado.


Estou em maus lençóis mesmo...agora vem o reforço da Lígia... :emoticon11:

Não entendi como diferenciar esse sofrimento.


Calma, Carmen! Com você eu não vou brigar... :emoticon4: estou feliz que esteja de volta! :emoticon16:

Bater num animal com o simples propósito de fazê-lo obedecer, é diferente de saciar uma necessidade fisiológica. Alimentar-se de animais faz parte de nossa natureza animal. Comemos carne por necessidade. Dizer que o cocheiro raivoso que tem necessidade de bater no cavalo está no mesmo patamar de alguém que abate um animal para consumi-lo não é o foco do comentário do Kundera. Ele comenta sobre a falta de respeito. O cocheiro bate porque não respeita o animal. Já alguém que o mate para consumir, estará sobrevivendo às custas do alimento.

Nesse ponto, sou a favor de criarmos meios de abate o mais indolor possível.

Beijos
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Re: Re.: Fragmentos de Kundera sobre animais

Mensagem por Gilghamesh »

Luis Dantas escreveu:
Gilghamesh escreveu:Vc está sem alimento, só transportando uma garrafa de água, e sabe que se não encontrar alimento, vc vai morrer.

Se vc encontrar um lagarto no deserto, vc vai deixa-lo viver, ou vai mata-lo para obter alimento e continuar vivendo?


Em uma situação tão extrema, não há nem motivo para dramas de consciência, não acha?


Exato!

Mas é uma situação real, que pode acontecer com qualquer um, inclusive com o mais ferrenho vegan.

A questão é, se uma situação extrema pode levar sua crença no vegetarianismo prás cucuias, que razão há em defende-la?

Isso é ilógico. :emoticon16:

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O Mundo só será feliz à partir do dia em que enforcarmos o último político, usando como corda, as tripas do último lider religioso e cremarmos seus corpos utilizando como combustível, seus podres livros sagrados!
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Mensagem por Najma »

Pug escreveu:...


Respire fundo, Pug... empreste alguma autoridade às suas palavras e pergunte ao dantas:

"- Dantas, por que você ainda perde tempo com quem não quer ouvi-lo? " :emoticon4:
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Carmen
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Re: Re.: Fragmentos de Kundera sobre animais

Mensagem por Carmen »

Luis Dantas escreveu:
Gilghamesh escreveu:Vc está sem alimento, só transportando uma garrafa de água, e sabe que se não encontrar alimento, vc vai morrer.

Se vc encontrar um lagarto no deserto, vc vai deixa-lo viver, ou vai mata-lo para obter alimento e continuar vivendo?


Em uma situação tão extrema, não há nem motivo para dramas de consciência, não acha?


:emoticon19: Êba ! A SWAT chegou em meu socorro ! :emoticon7:

Quando crescer, espero conseguir me expressar tão bem como voce nestas duas intervenções, Dantas ! :emoticon4:

Bjs !

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Re: Fragmentos de Kundera sobre animais

Mensagem por Najma »

Luis Dantas escreveu:Em situações de catástrofe, se faz coisas que normalmente não se considera aceitáveis, certamente.

Mas a questão não é essa, e sim que tipo de dieta e de tratamento aos animais se deve ter como meta.



Minha meta é viver em conformidade com a minha natureza, sem imposições fomentadas por esta ou aquela base moral que invariavelmente vá contra princípios básicos da própria vida. Só isso.

A vida se perpetua retroalimentando-se. Vivemos em um sistema fechado em que não há renovação de recursos alimentícios a não ser pela própria perpetuação da vida. Animais alimentam-se de seres vivos, sejam eles de espécie vegetal ou animal. Isso é fato. Se dá para fazer isso de forma indolor ou se algum dia tivermos a capacidade de criar carne sintética com as mesmas características e o mesmo poder alimentício da carne animal, eu não vou achar errado dar preferência a esse tipo de carne enquanto os animais que normalmente são abatidos deixarem de ser abatidos para o fim de alimentação humana.

Animais merecem respeito sim mas tratar o assunto carnivorismo como se os que aceitam sua natureza onívora fossem "assassinos" não me parece uma base de argumentação fundamentada em bases racionais... e foi por isso que entrei na conversa. Não tenho mais nada a declarar a respeito disso que já não tenha sido exaustivamente debatido em outros tópicos.
Editado pela última vez por Najma em 17 Jan 2006, 13:28, em um total de 1 vez.
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Re: Re.: Fragmentos de Kundera sobre animais

Mensagem por Gilghamesh »

Carmen escreveu:
Luis Dantas escreveu:
Gilghamesh escreveu:Vc está sem alimento, só transportando uma garrafa de água, e sabe que se não encontrar alimento, vc vai morrer.

Se vc encontrar um lagarto no deserto, vc vai deixa-lo viver, ou vai mata-lo para obter alimento e continuar vivendo?


Em uma situação tão extrema, não há nem motivo para dramas de consciência, não acha?


:emoticon19: Êba ! A SWAT chegou em meu socorro ! :emoticon7:

Quando crescer, espero conseguir me expressar tão bem como voce nestas duas intervenções, Dantas ! :emoticon4:

Bjs !


ÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉ Carmita! :emoticon16:

Nessa hora, vc vai conseguir pensar na melhor forma de não causar dor ao bichinho? :emoticon16:

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Carmen
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Re: Fragmentos de Kundera sobre animais

Mensagem por Carmen »

Estou em maus lençóis mesmo...agora vem o reforço da Lígia... :emoticon11:

Não entendi como diferenciar esse sofrimento.


Calma, Carmen! Com você eu não vou brigar... :emoticon4: estou feliz que esteja de volta! :emoticon16:


:emoticon14: Que bom...também estou muito feliz que voce tenha ficado !

Bater num animal com o simples propósito de fazê-lo obedecer, é diferente de saciar uma necessidade fisiológica. Alimentar-se de animais faz parte de nossa natureza animal. Comemos carne por necessidade. Dizer que o cocheiro raivoso que tem necessidade de bater no cavalo está no mesmo patamar de alguém que abate um animal para consumi-lo não é o foco do comentário do Kundera. Ele comenta sobre a falta de respeito. O cocheiro bate porque não respeita o animal. Já alguém que o mate para consumir, estará sobrevivendo às custas do alimento.

Nesse ponto, sou a favor de criarmos meios de abate o mais indolor possível.


Entendi, embora de uma forma ou de outra sejam exemplos de abuso do homem sobre o animal, e para o animal tenham o mesmo significado.

E o abate é que é sempre focado, mas é apenas a ponta do iceberg, Lígia. Toda a maneira de criação e exploração (leite, ovos) tem que ser radicalmente modificada. Toda vez que leio sobre "valores cristãos", "dignidade humana", fico pensando se existe dignidade que resista ao que fazemos (mas que ninguém quer ver) com os animais, tal como dizer que havia "dignidade humana" nos carrascos dos campos de concentração.

Bjs

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Gilghamesh
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Mensagem por Gilghamesh »

Najma escreveu: se algum dia tivermos a capacidade de criar carne sintética com as mesmas características e o mesmo poder alimentício da carne animal..."


É, realmente seria muito bom.

Isso me lembra uma vez que estava passeando no supermercado e acabei comprando uma lata de salsichas feitas com carne vegetal, fabricada pelos adventistas...

Meu, os caras devem comer aquilo como forma de penitência!!!! :emoticon12:

É ruim demais o troço!


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Versão: 5.1 última versão!!!! :emoticon81:
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O Mundo só será feliz à partir do dia em que enforcarmos o último político, usando como corda, as tripas do último lider religioso e cremarmos seus corpos utilizando como combustível, seus podres livros sagrados!
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Luis Dantas
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Re: Re.: Fragmentos de Kundera sobre animais

Mensagem por Luis Dantas »

Gilghamesh escreveu:A questão é, se uma situação extrema pode levar sua crença no vegetarianismo prás cucuias, que razão há em defendê-la?

Isso é ilógico. :emoticon16:


Não entendi, Gil. Qual é o problema de tentar fazer o melhor possível? Você não está dizendo que um vegetariano tem de ser fundamentalista para merecer o seu respeito, está?

Quero crer que poucos vegetarianos (mesmo vegans radicais) entrariam em conflito por algo tão inevitável como esse cenário que você propõe. E menos ainda desistiriam do vegetarianismo por isso. Seria como esperar que os Sobreviventes dos Andes passassem a defender o consumo regular de carne humana.

Vegetarianismo não é (ou pelo menos não acho que deveria ser) algum tipo de alto tabu que desonra quem não consegue ser 100% fiel a ele independentemente das circunstâncias.
Editado pela última vez por Luis Dantas em 17 Jan 2006, 14:04, em um total de 2 vezes.
"Faça da tua vida um reflexo da sociedade que desejas." - Mahatma Ghandi
"First they ignore you, then they laugh at you, then they fight you, then you win." - describing the stages of establishment resistance to a winning strategy of nonviolent activism


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Trancado