Muçulmanos ficam irritadinhos com o Papa

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Re: Re.: Muçulmanos ficam irritadinhos com o Papa

Mensagem por Alter-ego »

Spitfire escreveu:Que brilhante argumento... fico impressionado.

Errado você!

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Re: Re.: Muçulmanos ficam irritadinhos com o Papa

Mensagem por Alter-ego »

Spitfire escreveu:Que brilhante argumento... fico impressionado.

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Re: Re.: Muçulmanos ficam irritadinhos com o Papa

Mensagem por Alter-ego »

Lord of Dreams escreveu:1 - Jesus não trouxe nada de novo: os "ensinamentos" de Jesus e sua história podem ser encontrados fazendo uma mescla simples do judaísmo ortodoxo, das teorias essênicas e de mitologias pagãs. Absolutamente nada que o mundo já não tivesse "visto", que não existisse em outras teologias.

Embora seja uma visão interessante, eu discordo.

2 - Jesus só trouxe violência: tal como Maomé, ele falou hora em "amor e tolerância", hora em mensagens de "luta por deus". Tal qual Maomé, suas palavras foram justificativas para violências, como as Cruzadas, a Inquisição, a Noite de São Bartholomew, o IRA, entre tantos outros episódios violentos.

Aonde Jesus fala de luta por Deus? Qual a guerra que Jesus chefiou? Que cidades conquistou? Quantos matou?
Não dá para usar a mesma resposta para Maomé, correto?
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Lord of Dreams
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Re: Re.: Muçulmanos ficam irritadinhos com o Papa

Mensagem por Lord of Dreams »

Alter-ego escreveu:
Lord of Dreams escreveu:1 - Jesus não trouxe nada de novo: os "ensinamentos" de Jesus e sua história podem ser encontrados fazendo uma mescla simples do judaísmo ortodoxo, das teorias essênicas e de mitologias pagãs. Absolutamente nada que o mundo já não tivesse "visto", que não existisse em outras teologias.

Embora seja uma visão interessante, eu discordo.

2 - Jesus só trouxe violência: tal como Maomé, ele falou hora em "amor e tolerância", hora em mensagens de "luta por deus". Tal qual Maomé, suas palavras foram justificativas para violências, como as Cruzadas, a Inquisição, a Noite de São Bartholomew, o IRA, entre tantos outros episódios violentos.

Aonde Jesus fala de luta por Deus? Qual a guerra que Jesus chefiou? Que cidades conquistou? Quantos matou?
Não dá para usar a mesma resposta para Maomé, correto?


1 - Você pode discordar, mas não significa que não pode ser alegado, tal qual foi alegado a respeito de Maomé. :emoticon4:

2 - "Não penseis que vim trazer paz à terra; não vim trazer paz, mas espada. Pois vim causar divisão entre o homem e seu pai; entre a filha e sua mãe e entre a nora e sua sogra. assim os inimigos do homem serão os da sua própria casa." (Mt, 10: 34 - 36)

"Então lhes disse...o que não tem espada, venda sua capa e compre uma." (Lc 22:36).

Quanto a guerras que ele chefiou, etc.., isso não sabemos, mas a Bíblia só conta parte de sua vida, não é verdade? No entanto, Davi, Salomão e Moisés fizeram guerras e mataram muitos, às vezes com ordem direta de deus (como se diz que fazia Maomé).

Se a intenção é classificar o cristianismo da mesma forma que o Papa fez com o Islamismo, desculpas e trechos de livros sagrados não vão faltar, Alter-Ego. A questão a se fazer é: para quê fazer isso? O que se ganha? No que isso vai resolver algum problema? Bom senso até o Papa tem que ter.
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Spitfire
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Re: Re.: Muçulmanos ficam irritadinhos com o Papa

Mensagem por Spitfire »

Alter-ego escreveu:
Spitfire escreveu:Que brilhante argumento... fico impressionado.

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Jogo? Que jogo?

Ah!... sei.

NEM PHODHENDO!

O "jogo" nem começou ainda. :emoticon12: :emoticon85:

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Flavio Costa
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Re: Re.: Muçulmanos ficam irritadinhos com o Papa

Mensagem por Flavio Costa »

Lord of Dreams escreveu:Se a intenção é classificar o cristianismo da mesma forma que o Papa fez com o Islamismo, desculpas e trechos de livros sagrados não vão faltar, Alter-Ego. A questão a se fazer é: para quê fazer isso? O que se ganha? No que isso vai resolver algum problema? Bom senso até o Papa tem que ter.

Parabéns pelo bom senso, Sandman.
The world's mine oyster, which I with sword will open.
- William Shakespeare
Grande parte das pessoas pensam que elas estão pensando quando estão meramente reorganizando seus preconceitos.
- William James
Agora já aprendemos, estamos mais calejados...
os companheiros petistas certamente não vão fazer as burrices que fizeram neste primeiro mandato.
- Luis Inácio, 20/10/2006

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Samael
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Re: Re.: Muçulmanos ficam irritadinhos com o Papa

Mensagem por Samael »

Alter-ego escreveu:
Spitfire escreveu:E a cristã não, né? :emoticon5:

É o sujo falando do mal lavado.

Discordo...

O cristianismo não é irracional. Pode ser ilógico, se analisado sob certos pontos da nossa razão e ciência. Mas ela busca, incessantemente, a razão. Por isso mesmo, sua história está repleta pela presença de filósofos e pensadores.
Também não está intimamente ligada à violência, não. Embora haja casos na história, como Inquisição e Cruzadas, basta ver suas origens, como foi perseguida, o trabalho social que fez em Roma pagã, sua influência na desagregação do sistema imperialista que então imperava.
Igualmente, no mundo moderno, não se vê católicos se explodindo, nem explodindo ninguém, nem matando clérigos maometanos ou saindo por aí feito franguinhas frenéticas, pulando, porque fulano de tal disso algo sobre sua crença.


Engraçado que Aquino tenha tanto copiado Avicenas, um filósofo islâmico. Como já referi em outro tópico, durante a idade média, a filosofia muçulmana estava anos luz à frente da católica. Até porque seu objetivo final não era legitimar Deus, mas sim, o conhecimento do mundo. E, violência por violência, a associação do cristianismo com os órgãos de poder de sua época e a própria utilização da força para fazer valer suas idéias demonstram o quanto esse seu argumento é parcial. O sujo falando do mal lavado, como bem referiu o Spit.

O problema muçulmano é histórico. O Ocidente se desenvolveu sobre certos valores e instituiu um mundo laico onde essa não agressão entre partes é o fator dominante. O islão está agora absorvendo gradativamente esses valores e, obviamente, as alas mais radicais estão reagindo.

E, nesse ponto, as palavras desse hipócrita apenas gerarão mais conflito.

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Samael
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Re.: Muçulmanos ficam irritadinhos com o Papa

Mensagem por Samael »

Boa participação do Lord of Dreams no tópico.

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Fernando Silva
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Re: Re.: Muçulmanos ficam irritadinhos com o Papa

Mensagem por Fernando Silva »

Alter-ego escreveu:
Spitfire escreveu:Você é novo ainda... Não deve saber sobre os conflitos religiosos que envolveram a Irlanda do Norte e a Inglaterra até bem poucos anos atrás.

Memória seletiva é phodis.
Embora o IRA tivesse como ponto de coesão o catolicismo, a causa de sua luta não era o catolicismo mas, o desejo de independência política.

Nada a ver com a situação atual.

Nossa sociedade é que evita esse tipo de coisas em larga escala, porque é mais laica. A sociedade islãmica ainda mistura lei dos homens e lei de Deus, o que leva à violência.

No ocidente, você pode ter grupos gritando besteiras ou se agredindo, mas não tem o estado por trás ou a sociedade como um todo.

Sempre haverá quem proteste abertamente, sem medo de que decretem uma fatwa ordenando que o matem.

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Re: Re.: Muçulmanos ficam irritadinhos com o Papa

Mensagem por Fernando Silva »

Alter-ego escreveu:Embora não seja "meu livro", cite-me uma passagem em que a Biblia, ou apenas o Pentateuco, permita o uso do terror como forma de disseminação da religião.

O A.T. é uma longa lista de ameaças: "Ou crê em mim ou sofrerá".
Os javistas vivem exterminando os que cultuam outros deuses nos "lugares altos".
Deus ameaça com fome, seca, guerras, grávidas com barriga rasgada, filhas prostituídas etc.
E cumpre, várias vezes.
O livro de Josué é um exemplo de terrorismo em nome da religião: "Temos direito a matar todos os cananeus porque Deus nos deu essa terra e, além do mais, eles adoram ídolos de pedra".

Parece ridículo? Pois já ouvi crentes justificando assim o livro de Josué:
"Mas eles adoravam outros deuses!!"
"E daí?"
"Mas eles adoravam ídolos de pedra!!"
"E daí?"
(não me responderam...)

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Fernando Silva
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Re: Re.: Muçulmanos ficam irritadinhos com o Papa

Mensagem por Fernando Silva »

Alter-ego escreveu:1. Maomé não trouxe nada de novo.
2. Maomé trouxe violância. Isso é história.

Qual é mesmo o problema com a frase do papa? :emoticon5:

Absoluta irresponsabilidade num mundo prestes a explodir.

A menos que sejamos otimistas e esperemos que, ao precipitar as coisas e forçar a discussão, evitemos que a coisa continue queimando em fogo brando por muito mais tempo.

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Fernando Silva
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Re: Re.: Muçulmanos ficam irritadinhos com o Papa

Mensagem por Fernando Silva »

Alter-ego escreveu:Aonde Jesus fala de luta por Deus? Qual a guerra que Jesus chefiou? Que cidades conquistou? Quantos matou?
Não dá para usar a mesma resposta para Maomé, correto?

Que tal as passagens onde ele diz que veio trazer a espada e não a paz ou onde manda que os discípulos comprem espadas?
O que Pedro fazia com uma espada?

Explicação crente: "essa espada é no sentido figurado, é uma luta espiritual pelo reino de Deus, blá-blá-blá".

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O ENCOSTO
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Re: Re.: Muçulmanos ficam irritadinhos com o Papa

Mensagem por O ENCOSTO »

Fernando Silva escreveu:
Alter-ego escreveu:1. Maomé não trouxe nada de novo.
2. Maomé trouxe violância. Isso é história.

Qual é mesmo o problema com a frase do papa? :emoticon5:

Absoluta irresponsabilidade num mundo prestes a explodir.

A menos que sejamos otimistas e esperemos que, ao precipitar as coisas e forçar a discussão, evitemos que a coisa continue queimando em fogo brando por muito mais tempo.



Os maometanos mais radicais precisam aprender a aceitar criticas e a responde-las de forma mais inteligente.

Não creio que o papa seja a pessoa mais indicada a fazer isso, evidentemente.

Só que, novamente, a reação dos maometanos mais radicais é totalmente desproporcional.

E não é dessa forma que irão ganhar o respito do resto do mundo. Muito pelo contrário.

E podem partir para a ignorancia. Geralmente quem leva a pior são eles mesmos.
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Onde houver fé, levarei a dúvida.

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Re.: Muçulmanos ficam irritadinhos com o Papa

Mensagem por Tranca »

Acho que dava para resumir a situação da seguinte forma, para concluir ao final:

1. Um representante do cristianismo falando mal do islamismo é como o roto falando do amarrotado.
Poderiam ser preenchidas milhares de páginas, caso se fosse mencionar todas as violências cometidas em nome de Cristo ou em nome de Allah.

Possivelmente daria empate.

Talvez a vantagem que o cristianismo tenha hoje é que ele foi separado do Estado e não está ligado à identidade nacionalista, como ocorre com o islã em certos países.

Em suma, o islã ainda é medieval em determinadas partes do globo, onde grassa o fundamentalismo que dá asas aos fanáticos planejarem e executarem suas ações sórdidas.

Porém, é inegável que o cristianismo também possui seus vícios e representantes de tal crença religiosa volta e meia dão vazão à sua intolerância e desprezo aos semelhantes, contrariando princípios que estão no cerne da doutrina - tolerância e amor ao próximo.

Aliás, dizem que o islã prega o mesmo. Talvez haja alguma nota de rodapé, na bíblia e no alcorão, que digam que isso somente se aplica aos iguais, nunca ao outro. E em ambos os casos, atualmente estando o islã em maior evidência, nem os iguais são muitas vezes respeitados e tolerados.


2. O conteúdo do discurso do papa em sua "aula de teologia" na universidade alemã não era dirigido diretamente aos muçulmanos, com a clara intençào de ofender. A única parte em que faz menção aos seguidores da fé de Maomé é a citação de um diálogo anotado, ocorrido entre um imperador bizantino e um religioso muçulmano há mais de sete séculos (o qual já postei ao longo do tópico). Há que se frisar que o choque entre o islã e ocidente cristão era assunto tao em voga naquela época como agora.

Portanto, em uma época de ânimos acirrados, como o nosso sombrio presente, certamente que a passagem escolhida feriria a sensibilidade de alguns muçulmanos. Ainda mais saída da boca do representente máximo da maior igreja cristã do ocidente.

Logo, das duas, uma: ou o papa é muito ingênuo e imaginou que tal citação não provocaria tal cizânia, não tendo nem pensado nisto quando preparou tal material; ou era sua intenção clara de chamar atenção aos malefícios do fundamentalismo muçulmano (sem tocar no assunto diretamente), assunto este na ordem do dia, tendo em vista tudo o que ocorreu desde 11/09/2001 até agora.

Como o papa não deve ser um completo alienado e sabendo que sua declarações ainda possuem certo peso entre os cristãos e fazem eco de oriente a ocidente, pelo fato do Vaticano possuir vastas relações mundo afora, ele poderia prever que haveriam muitas críticas caso fosse veiculado na imprensa o conteúdo de suas palavras. Então, talvez fosse esta sua intenção. Pode ser que não tenha imaginado a proporção que tomaria tal incidente.


3. Diante das declarações do papa, interpretadas como um desrespeito ao profeta Maomé por muitos muçulmanos, desde os mais modeados aos mais fundamentalistas, diversas manifestações foram feitas em diversos países de maioria muçulmana, rendendo inclusive o assassinato de uma freira italiana na Somália e o ataque a diversas igrejas cristãs (nem todas católicas).

Milhares de muçulmanos saíram às ruas, indignados pelas palavras do papa, prontos para matar e morrer em nome de sua fé e em defesa de seu profeta Maomé. Diversos clérigos e governantes muçulmanos condenaram as palavras do papa, de modo que se estende um incidente diplomático de grandes proporções. E o pior: dezenas de grupos terroristas passaram a ameaçar diretamente o papa e indiretamente a cristandade como um todo, devido às palavras de Benedictus XVI.

A ironia disso tudo fica por conta do fato de que a suposta crítica seria relativa ao fato de que Maomé teria disseminado o islamismo através da violência e que a violência seria uma característica intrínseca ao islamismo (numa interpretação feita nas entrelinhas).

Ou seja, para protestarem contra a alusão do fato de Maomé ter se utilizado de violência irracional e desumana, de onde se presumiria que o islamismo é, por isso, uma religião violenta por excelência, no entendimento dos injuriados, os muçulmanos resolveram protestar mostrando aos olhos do mundo que seu suposto acusador está absolutametne correto. :emoticon16:

É claro que tal exemplo não foi seguido por toda a comunidade muçulmana mundial, mas por uma grande parte dela. Alguns muçulmanos entenderam o contexto, o tom e o conteúdo das declarações do papa para não se ludibriarem pela ira momentânea e resolveram declarar que entenderam a situação e a não intenção de Benedictus XVI em ofender o islã diretamente, sem dar azo a mais desentendimentos.

Mas mais uma vez, no geral, como no caso das charges de Maomé, a reação do mundo muçulmano foi desproporcional e irracional, denotando o exagero dos fiéis em geral em seu sentimento de dor moral pelas palavras de um líder religioso ocidental e a intransigência, a falta de compreensão e a falta de vontade de manter o diálogo por parte de seus clérigos e líderes, que se dizem feridos em seus orgulhos e moral muito facilmente, sendo incapazes de aceitarem pacificamente alguma crítica ou declaração (mesmo que não intencional) e ponderarem sobre a mesma, aceitando-a ou não (e respondendo-a no mesmo tom se necessário); de modo que se questiona onde, no passado, o islã perdeu a capacidade de manter o diálogo com o "outro" e manifestar de modo pacífico, ordeiro e racional seu descontentamento com o que quer que seja, além de sua capacidade de auto-avaliação e autocrítica.
Editado pela última vez por Tranca em 20 Set 2006, 10:29, em um total de 1 vez.
Palavras de um visionário:

"Seria uma ressurreição satânica retirarmos Lula e Brizola - esse casamento do analfabetismo econômico com o obsoletismo ideológico - do lixo da história para o palco do poder."

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Re: Re.: Muçulmanos ficam irritadinhos com o Papa

Mensagem por Ateu Tímido »

Fernando Silva escreveu:
Alter-ego escreveu:1. Maomé não trouxe nada de novo.
2. Maomé trouxe violância. Isso é história.

Qual é mesmo o problema com a frase do papa? :emoticon5:

Absoluta irresponsabilidade num mundo prestes a explodir.

A menos que sejamos otimistas e esperemos que, ao precipitar as coisas e forçar a discussão, evitemos que a coisa continue queimando em fogo brando por muito mais tempo.


Exato.
Dos líderes muçulmanos radicais, pode-se esperar qualquer coisa. Especialmente que tentem usar o que aparecer, no sentido de fomentar o ódio ao ocidente. Já usaram um trecho de um romance, caricaturas do "profeta"...
Com muito mais razão usariam declarações do líder máximo da maior seita cristã.
Ratzinger, no seu afã de fazer a igreja andar para trás, pensou apenas em favorecer os "baixos sentimentos" dos europeus, externando seu preconceito. Deve ser sempre lembrado de que, gostemos ou não, o mundo fica sabendo do que diz o papa.

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Re: Re.: Muçulmanos ficam irritadinhos com o Papa

Mensagem por Tranca »

Ateu Tímido escreveu:
Fernando Silva escreveu:
Alter-ego escreveu:1. Maomé não trouxe nada de novo.
2. Maomé trouxe violância. Isso é história.

Qual é mesmo o problema com a frase do papa? :emoticon5:

Absoluta irresponsabilidade num mundo prestes a explodir.

A menos que sejamos otimistas e esperemos que, ao precipitar as coisas e forçar a discussão, evitemos que a coisa continue queimando em fogo brando por muito mais tempo.


Exato.
Dos líderes muçulmanos radicais, pode-se esperar qualquer coisa. Especialmente que tentem usar o que aparecer, no sentido de fomentar o ódio ao ocidente. Já usaram um trecho de um romance, caricaturas do "profeta"...
Com muito mais razão usariam declarações do líder máximo da maior seita cristã.
Ratzinger, no seu afã de fazer a igreja andar para trás, pensou apenas em favorecer os "baixos sentimentos" dos europeus, externando seu preconceito.
Deve ser sempre lembrado de que, gostemos ou não, o mundo fica sabendo do que diz o papa.


Sim, Ateu.

E mesmo que as palavras do papa pouco eco encontrem no ocidente, mesmo entre muitos dos praticantes do catolicismo, elas ainda podem causar mais dificuldades nas relações entre ocidente cristão e o mundo muçulmano.
Palavras de um visionário:

"Seria uma ressurreição satânica retirarmos Lula e Brizola - esse casamento do analfabetismo econômico com o obsoletismo ideológico - do lixo da história para o palco do poder."

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Mensagem por spink »

Folha de S.Paulo escreveu:Bento 16 quis dizer exatamente o que disse

DOMINIC LAWSON
DO "INDEPENDENT"

Existem apenas duas religiões que procuram converter o mundo inteiro. Uma é o cristianismo, a outra o islamismo. Talvez o islã agora seja o único credo dotado da energia vital necessária para se dedicar a uma missão tão improvável; talvez o cristianismo esteja ocupado demais defendendo seus territórios espirituais existentes. Mesmo assim, uma coisa fica clara: existe uma incompatibilidade doutrinária fundamental entre as duas fés, e o papa Bento 16 está servindo à verdade ao apontá-la.
A despeito de seu cargo anterior como principal ideólogo do Vaticano, Josef Ratzinger não aprovava a extensão do diálogo promovido por João Paulo 2º com o islamismo. O cardeal alemão havia chegado à conclusão de que o absolutismo islâmico tornava impossível qualquer discussão teológica significativa; tudo que restava seria, na melhor das hipóteses, uma série de declarações insípidas sobre "valores compartilhados". Na pior, o endosso de uma manobra política para ocultar a opressão que os cristãos sofrem em terras muçulmanas.
Não foi por acidente que um dos primeiros atos do novo papa tenha sido remover o arcebispo Michael Fitzgerald da presidência do Conselho Pontifício para o Diálogo entre as religiões, e a seguir decretar uma redução radical no papel do conselho.
Os ecumênicos estão absolutamente certos ao apontar que o islã e a Igreja Católica além dos judeus, obviamente, reverenciam o Deus de Abraão. As três religiões compartilham muitos profetas, e como resultado efetivamente compartilham alguns valores, que deram forma às sociedades em que elas predominam nos dois últimos milênios. Mas o cristianismo existe apenas com base na crença de que Jesus Cristo é o filho de Deus; o islã existe apenas com base na crença de que Deus ditou suas palavras a Maomé, e que o Alcorão contém efetivamente as palavras do Senhor.
Os cristãos, porém, não acreditam que o Alcorão apresente as palavras de Deus em transmissão direta.
Portanto, só podem imaginar que Maomé estivesse iludido, ou que estivesse mentindo. Evidentemente, a grande maioria dos cristãos é bem educada ou covarde demais para fazer uma afirmação como essa. Os muçulmanos, igualmente, parecem surpreendentemente relutantes em expressar a lógica de sua fé aos cristãos. Raramente se referem a Jesus sem acrescentar a elogiosa expressão "que a paz esteja com ele".
No entanto, se observarmos o Alcorão, não há qualquer possibilidade de equívoco: "Aqueles que pregam que "o Deus da Misericórdia" concebeu um filho estão praticando uma monstruosa falsidade, diante da qual os céus podem rachar".

Incompreensão
O papa Bento 16 está muito mais capacitado do que qualquer pessoa para compreender esse ponto e, como a maioria dos intelectuais, têm profunda aversão a deixar de lado uma discussão. Ele não é um líder político.
Os editorais de jornais que sugerem que o papa exiba mais consciência sobre suas palavras, demonstram completa incompreensão quanto ao caráter do homem que ocupa o Vaticano, e quanto à missão que ele quer realizar.
Bento 16 deseja expressar a batalha de idéias. E não quer que profundas divergências ideológicas sejam varridas para baixo de um tapete de boas intenções. Josef Ratzinger nunca poderá ser acusado de falta de clareza. A mais detalhada exposição de suas opiniões surgiu 10 anos atrás, em uma entrevista a Peter Seewald no livro "Salt of the Earth" (sal da terra).
O então cardeal declarava que "o islã simplesmente não dispõe da separação entre as esferas religiosa e política de que o cristianismo dispunha desde o princípio. O Alcorão... insiste em que toda a ordem da vida seja islâmica... É preciso compreender que o islã não é só um credo que possa ser incluído no reino livre de uma sociedade pluralista".
"Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil como ela mesma." (Joseph Pulitzer).

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Mensagem por Lord of Dreams »

"o islã simplesmente não dispõe da separação entre as esferas religiosa e política de que o cristianismo dispunha desde o princípio.


:emoticon266:
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Mensagem por Alter-ego »

Uma avalanche de respostas desde ontem... Algumas bem lúcidas, independentemente de minha concordância, outras nem tanto.
Vou respondendo até o fim do dia.
De qualquer forma, acho bom trazer o que vi em uma matéria de Tv, ontem à noite.

Bento XVI é um intelectual de pensamento muito sofisticado e elaborado. E boa parte das reações negativas ao que ele disse parecem ser fruto de pouca informação.
As palavras pronunciadas pelo Papa constam da aula magna que ele deu na semana passada na universidade de Regensburg, no sul da Alemanha, onde fora professor de teologia. O título da aula era “Fé e razão – e como é possível, através da razão, entender Deus”.

Para explicar porque a fé e a razão excluem a violência como forma de se propagar uma religião, o papa reproduz diálogos travados há mais de 600 anos entre um imperador bizantino, Manuel Segundo Palaeologos, e um prelado persa de nome desconhecido. Era um diálogo sobre a relação que cristianismo e o Islã mantém com fé e razão.

Naquela época, por volta do ano 1400, Constantinopla, a capital do império Bizantino, estava cercada por exércitos muçulmanos – que acabariam conquistando a cidade 53 anos depois, uma das datas mais traumáticas para a cristandade.

“O imperador conhecia perfeitamente as definições, contidas no Corão, sobre a guerra sagrada", diz o Papa. "E ele se dirige a seu interlocutor de forma muito brusca, com a questão central por excelência da relação entre religião e violência, e diz: ‘mostre-me o que o profeta Maomé trouxe de novo (na questão da Guerra Santa) e você só vai encontrar coisas ruins e desumanas, como a crença, que ele propagou, que a fé dele tem de ser espalhada através da espada’ ".

“É uma palestra muito mais acadêmica que religiosa. É fácil descontextualizar esta frase e instrumentalizar esta frase. Mas essa instrumentalização também é entendível, por parte dos muçulmanos, porque a fala aconteceu no dia 12 de setembro, uma dia depois da comemoração dos atentados contra o World Trade Center”, avalia Frank Usarski, professor de Ciências da Religião da PUC-SP. “E ainda, esse discurso público no mundo Ocidental inteiro, repercutiu na alma, na consciência coletiva dos muçulmanos”.

Fonte: http://jg.globo.com/JGlobo/0,19125,VTJ0 ... 10,00.html

Em vídeo: http://jg.globo.com/JGlobo/0,19125,VTJ0 ... 0,00.html#
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Re: Re.: Muçulmanos ficam irritadinhos com o Papa

Mensagem por Alter-ego »

Lord of Dreams escreveu:1 - Você pode discordar, mas não significa que não pode ser alegado, tal qual foi alegado a respeito de Maomé. :emoticon4:

Como já disse, continuo discordando. Me diga em qual dessas religiões ou doutrinas que você citou, podemos encontrar um conceito semelhante ao da instituição da Eucaristia por Jesus Cristo?

Lord of Dreams escreveu:2 - "Não penseis que vim trazer paz à terra; não vim trazer paz, mas espada. Pois vim causar divisão entre o homem e seu pai; entre a filha e sua mãe e entre a nora e sua sogra. assim os inimigos do homem serão os da sua própria casa." (Mt, 10: 34 - 36)

"Então lhes disse...o que não tem espada, venda sua capa e compre uma." (Lc 22:36).

Quanto a guerras que ele chefiou, etc.., isso não sabemos, mas a Bíblia só conta parte de sua vida, não é verdade? No entanto, Davi, Salomão e Moisés fizeram guerras e mataram muitos, às vezes com ordem direta de deus (como se diz que fazia Maomé).

Se a intenção é classificar o cristianismo da mesma forma que o Papa fez com o Islamismo, desculpas e trechos de livros sagrados não vão faltar, Alter-Ego. A questão a se fazer é: para quê fazer isso? O que se ganha? No que isso vai resolver algum problema? Bom senso até o Papa tem que ter.

Jesus está dizendo que por causa dele família se dividirão. Bem como reinos, através da espada; é uma profecia sobre o futuro, não um incentivo. Mas, que quem o ama ainda assim o seguirá. Ele não está dizendo que vai liderar uma guerra pela espada.
Quanto à vida oculta de Jesus, não dá para imaginar que ele tenha liderado uma guerra com 12 ou 13 anos, correto?
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Re: Re.: Muçulmanos ficam irritadinhos com o Papa

Mensagem por Alter-ego »

Samael escreveu:
Alter-ego escreveu:
Spitfire escreveu:E a cristã não, né? :emoticon5:

É o sujo falando do mal lavado.

Discordo...

O cristianismo não é irracional. Pode ser ilógico, se analisado sob certos pontos da nossa razão e ciência. Mas ela busca, incessantemente, a razão. Por isso mesmo, sua história está repleta pela presença de filósofos e pensadores.
Também não está intimamente ligada à violência, não. Embora haja casos na história, como Inquisição e Cruzadas, basta ver suas origens, como foi perseguida, o trabalho social que fez em Roma pagã, sua influência na desagregação do sistema imperialista que então imperava.
Igualmente, no mundo moderno, não se vê católicos se explodindo, nem explodindo ninguém, nem matando clérigos maometanos ou saindo por aí feito franguinhas frenéticas, pulando, porque fulano de tal disso algo sobre sua crença.


Engraçado que Aquino tenha tanto copiado Avicenas, um filósofo islâmico. Como já referi em outro tópico, durante a idade média, a filosofia muçulmana estava anos luz à frente da católica. Até porque seu objetivo final não era legitimar Deus, mas sim, o conhecimento do mundo. E, violência por violência, a associação do cristianismo com os órgãos de poder de sua época e a própria utilização da força para fazer valer suas idéias demonstram o quanto esse seu argumento é parcial. O sujo falando do mal lavado, como bem referiu o Spit.

O problema muçulmano é histórico. O Ocidente se desenvolveu sobre certos valores e instituiu um mundo laico onde essa não agressão entre partes é o fator dominante. O islão está agora absorvendo gradativamente esses valores e, obviamente, as alas mais radicais estão reagindo.

E, nesse ponto, as palavras desse hipócrita apenas gerarão mais conflito.

Avicenas era um islâmico, que "praticava" a filosofia. Já Aquino era um filósofo do Catolicismo. A diferença é imensa.
No mais, a palavra hipócrita cabe a quem prega uma coisa e pratica outra. Bento XVI estava apenas defendendo aquilo que pratica: o catolicismo. Logo, por mais que você tenha ânsia de vomito ao vê-lo, isso não o torna um hipócrita. Ao contrário da multidão ensandecida de islâmicos, praticando violência, para dizer que não são violentos... A isso chama-se hipocrisia.
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Re: Re.: Muçulmanos ficam irritadinhos com o Papa

Mensagem por Alter-ego »

Fernando Silva escreveu:
Alter-ego escreveu:Embora não seja "meu livro", cite-me uma passagem em que a Biblia, ou apenas o Pentateuco, permita o uso do terror como forma de disseminação da religião.

O A.T. é uma longa lista de ameaças: "Ou crê em mim ou sofrerá".
Os javistas vivem exterminando os que cultuam outros deuses nos "lugares altos".
Deus ameaça com fome, seca, guerras, grávidas com barriga rasgada, filhas prostituídas etc.
E cumpre, várias vezes.
O livro de Josué é um exemplo de terrorismo em nome da religião: "Temos direito a matar todos os cananeus porque Deus nos deu essa terra e, além do mais, eles adoram ídolos de pedra".

Boa tentativa, Fernando. Porém furada...
Pedi para que "cite-me uma passagem em que a Biblia, ou apenas o Pentateuco, permita o uso do terror como forma de disseminação da religião.". E nenhuma, repito nenhuma, dessas passagens faz isso. Vejamos:

"Ou crê em mim ou sofrerá".
É uma regra para crentes. Pois imaginar que se sofrerá por deixar crer, pressupõe uma crença anterior. Não serve para "converter infiéis".

Os javistas vivem exterminando os que cultuam outros deuses nos "lugares altos".
Uma Lei de um Estado teocrático, para pessoas que aceitaram viver como tal; não uma imposição ao mundo.

Deus ameaça com fome, seca, guerras, grávidas com barriga rasgada, filhas prostituídas etc.
Idem ao primeiro ítem.

E cumpre, várias vezes.
Provas? Isto também pressupõe a crença na veracidade da Bíblia.

O livro de Josué é um exemplo de terrorismo em nome da religião: "Temos direito a matar todos os cananeus porque Deus nos deu essa terra e, além do mais, eles adoram ídolos de pedra".
Na verdade, os hebreus (se este episódio, de fato, ocorreu) estavam travando uma guerra nacionalista contra um outro povo que havia ocupado "seu" espaço. O elemento religião é apenas um fator de coesão.
Não se pode dizer o mesmo quanto a Maomé (não resta dúvidas de que existiu e matou) e fez isso sobre territórios sobre os quais não possuía qualquer raiz histórica ou pretensão nacional mas, apenas, por fundamentalismo religioso, o qual serviu, em toda a sua história, como fator de legitimação da violência. Ao contrário do judaísmo e do cristianismo, com outras origens e que hoje ocupam papéis bem diversos na história humana.
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Re: Re.: Muçulmanos ficam irritadinhos com o Papa

Mensagem por Alter-ego »

Ateu Tímido escreveu:
Fernando Silva escreveu:
Alter-ego escreveu:1. Maomé não trouxe nada de novo.
2. Maomé trouxe violância. Isso é história.

Qual é mesmo o problema com a frase do papa? :emoticon5:

Absoluta irresponsabilidade num mundo prestes a explodir.

A menos que sejamos otimistas e esperemos que, ao precipitar as coisas e forçar a discussão, evitemos que a coisa continue queimando em fogo brando por muito mais tempo.


Exato.
Dos líderes muçulmanos radicais, pode-se esperar qualquer coisa. Especialmente que tentem usar o que aparecer, no sentido de fomentar o ódio ao ocidente. Já usaram um trecho de um romance, caricaturas do "profeta"...
Com muito mais razão usariam declarações do líder máximo da maior seita cristã.
Ratzinger, no seu afã de fazer a igreja andar para trás, pensou apenas em favorecer os "baixos sentimentos" dos europeus, externando seu preconceito. Deve ser sempre lembrado de que, gostemos ou não, o mundo fica sabendo do que diz o papa.
O fato de podermos esperar qualquer coisa dos líderes radicais, não pode permitir que isso nos torne refens de um cativeiro sem muros. Se deixarmos de dizer o que pensamos, por conta dos líderes radicais, eles apenas serão, cada vez, mais radicais e nós, cada vez mais, refens.
No mais, como esclarece a matéria que postei, Ratzinger não estava defendendo um ponto de vista. Mesmo que ele creia piamente no que disse, naquele momento ele não estava a dizê-lo. Estava apenas conferindo uma palestra acadêmica e repetindo a frase de um outro personagem histórico. A frase foi descontextualizada, propositalmente, pelos tais líderes radicais com um único intuito: ter um motivo para ameaçar o Vaticano e inflamar as massas, para que atuem como macacas no cio, pulando e vociferando. E, enquanto isso, pessoas inteligentes como você, Bruno, continuam fazendo o papel de ignorantes da história e defendendo o direito desses líderes de atacarem a liberdade de pensamento.
A isso se chama Guerra assimétrica. Os líderes radicais exigem de Bento XVI aquilo que eles não praticam: o tom moderado no discurso...
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Re: Re.: Muçulmanos ficam irritadinhos com o Papa

Mensagem por Lord of Dreams »

Alter-ego escreveu:
Lord of Dreams escreveu:1 - Você pode discordar, mas não significa que não pode ser alegado, tal qual foi alegado a respeito de Maomé. :emoticon4:

Como já disse, continuo discordando. Me diga em qual dessas religiões ou doutrinas que você citou, podemos encontrar um conceito semelhante ao da instituição da Eucaristia por Jesus Cristo?


"o sangue de deus" e "o corpo de deus"? Mitologia Celta. No caso não era a hóstia e o vinho, mas a carne e o sangue de um gamo, representando este gamo Cernunnos, a personificação da virilidade masculina e da força reprodutiva da natureza. Se não me engano o livro "As Brumas de Avalon" tem uma passagem que menciona, ainda que de forma muito tosca e errônea, o antigo ritual.

A propósito, os muçulmanos também discordam da afirmação de que "Maomé não trouxe nada de novo".

Alter-ego escreveu:
Lord of Dreams escreveu:2 - "Não penseis que vim trazer paz à terra; não vim trazer paz, mas espada. Pois vim causar divisão entre o homem e seu pai; entre a filha e sua mãe e entre a nora e sua sogra. assim os inimigos do homem serão os da sua própria casa." (Mt, 10: 34 - 36)

"Então lhes disse...o que não tem espada, venda sua capa e compre uma." (Lc 22:36).

Quanto a guerras que ele chefiou, etc.., isso não sabemos, mas a Bíblia só conta parte de sua vida, não é verdade? No entanto, Davi, Salomão e Moisés fizeram guerras e mataram muitos, às vezes com ordem direta de deus (como se diz que fazia Maomé).

Se a intenção é classificar o cristianismo da mesma forma que o Papa fez com o Islamismo, desculpas e trechos de livros sagrados não vão faltar, Alter-Ego. A questão a se fazer é: para quê fazer isso? O que se ganha? No que isso vai resolver algum problema? Bom senso até o Papa tem que ter.

Jesus está dizendo que por causa dele família se dividirão. Bem como reinos, através da espada; é uma profecia sobre o futuro, não um incentivo. Mas, que quem o ama ainda assim o seguirá. Ele não está dizendo que vai liderar uma guerra pela espada.
Quanto à vida oculta de Jesus, não dá para imaginar que ele tenha liderado uma guerra com 12 ou 13 anos, correto?


As palavras de Maomé também podem ser intepretadas como tendo sentido figurado, ou como sendo profecia, dependendo da linha que você seguir.
Com 12 ou 13 é realmente difícil imaginar jesus liderando uma guerra, mas com 25 ou 26 até que é fácil, não é?
Isso que você não respondeu sobre as guerras e assassinatos, entre outras barbáries, cometidas por ordem expressa de deus, segundo narra o Velho Testamento (que pela doutrina católica, tem a mesma validade que o Novo).

É como eu te disse, Alter-Ego, posso encontrar razões/desculpas para dizer que o catolicismo só trouxe violência na Bíblia e na história do cristianismo, tudo depende da visão que eu escolha adotar, da mesma forma que foi feito em relação ao islamismo. Da mesma forma, um muçulmano pode, como você, escolher o caminho da "profecia", ou "linguagem figurada", ou "os tempos eram outros", ou qualquer outro argumento que seja usado por cristãos no que tange as passagens "complicadas" da bíblia.

As denominações mudam, os livros sagrados mudam, os profetas/demiurgos/heróis mudam, mas a estrututura e argumentos continuam os mesmos.
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Re: Re.: Muçulmanos ficam irritadinhos com o Papa

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Lord of Dreams escreveu:
Alter-ego escreveu:
Lord of Dreams escreveu:1 - Você pode discordar, mas não significa que não pode ser alegado, tal qual foi alegado a respeito de Maomé. :emoticon4:

Como já disse, continuo discordando. Me diga em qual dessas religiões ou doutrinas que você citou, podemos encontrar um conceito semelhante ao da instituição da Eucaristia por Jesus Cristo?


"o sangue de deus" e "o corpo de deus"? Mitologia Celta. No caso não era a hóstia e o vinho, mas a carne e o sangue de um gamo, representando este gamo Cernunnos, a personificação da virilidade masculina e da força reprodutiva da natureza. Se não me engano o livro "As Brumas de Avalon" tem uma passagem que menciona, ainda que de forma muito tosca e errônea, o antigo ritual.

A propósito, os muçulmanos também discordam da afirmação de que "Maomé não trouxe nada de novo".

Conclusão irrelevante.
Embora eu aprecie, bastante, a cultura pagânica, este drama em especial, pensar em semelhança com a Última Ceia e Eucaristia é uma aproximação bem forçada...
Ademais, a maioria das lendas celtas só veio a ser compilada durante a Idade Média, descartando a possibilidade de que possa ter sido a fonte de inspiração para Jesus.
Agora, cite-me alguma novidade do maometanismo.

Alter-ego escreveu:
Lord of Dreams escreveu:2 - "Não penseis que vim trazer paz à terra; não vim trazer paz, mas espada. Pois vim causar divisão entre o homem e seu pai; entre a filha e sua mãe e entre a nora e sua sogra. assim os inimigos do homem serão os da sua própria casa." (Mt, 10: 34 - 36)

"Então lhes disse...o que não tem espada, venda sua capa e compre uma." (Lc 22:36).

Quanto a guerras que ele chefiou, etc.., isso não sabemos, mas a Bíblia só conta parte de sua vida, não é verdade? No entanto, Davi, Salomão e Moisés fizeram guerras e mataram muitos, às vezes com ordem direta de deus (como se diz que fazia Maomé).

Se a intenção é classificar o cristianismo da mesma forma que o Papa fez com o Islamismo, desculpas e trechos de livros sagrados não vão faltar, Alter-Ego. A questão a se fazer é: para quê fazer isso? O que se ganha? No que isso vai resolver algum problema? Bom senso até o Papa tem que ter.

Jesus está dizendo que por causa dele família se dividirão. Bem como reinos, através da espada; é uma profecia sobre o futuro, não um incentivo. Mas, que quem o ama ainda assim o seguirá. Ele não está dizendo que vai liderar uma guerra pela espada.
Quanto à vida oculta de Jesus, não dá para imaginar que ele tenha liderado uma guerra com 12 ou 13 anos, correto?


As palavras de Maomé também podem ser intepretadas como tendo sentido figurado, ou como sendo profecia, dependendo da linha que você seguir.
Com 12 ou 13 é realmente difícil imaginar jesus liderando uma guerra, mas com 25 ou 26 até que é fácil, não é?
Isso que você não respondeu sobre as guerras e assassinatos, entre outras barbáries, cometidas por ordem expressa de deus, segundo narra o Velho Testamento (que pela doutrina católica, tem a mesma validade que o Novo).
[/quote][/quote]
Cite um exemplo onde as ordens de Maomé possam ser entendidas como simples constatações históricas e não como ordens diretas.
E, se proferindo alguns discursos sobre o amor ao próximo, a Eternidade e a moral, o judeu Jesus tornou-se tão grande que não pôde ser comportado pela história, que racha-se em duas ante sua imagem, que diria-se caso tivesse liderado judeus em vitórias militares. Decerto os seus seguidores não teriam deixado de comentar.
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Trancado