Poindexter escreveu:ímpio escreveu:..."transem com responsabilidade" não vai evitar que hajam filhos indeseados pelos pais, que não tiveram culpa disso (do ponto de vista de quem não crê em carma).
Claro que têm, ímpio (do ponto de vista de quem não acredita em concepção pelo "Espírito Santo")! Assumiram o risco! Será que é tão difícil assim para entender?
Ficou mal escrito, os pais tem culpa, os filhos indesejados não tem culpa de nascer, nem de serem indesejados.
As pessoas não vão desejar os filhos indesejados só por dizermos "deseje aí, vaí", nem vão ser responsáveis só porque o videomaker lembra a todos que se pode usar preservativos, e como eu não vejo no aborto até dado grau de desenvolvimento algo moralmente condenável, acharia melhor que o aborto fosse legalizado para aqueles que não vêem nada de errado com isso abortassem se achassem conveniente.
Quando o carro bate, dá para a sociedade tentar aliviar um pouco o motorista imprudente de sua própria responsabilidade, não deixando ele simplesmente "à própria sorte", porque é possível tentar reverter sua situação sem matar ninguém mais, mas no caso da gravidez isso não é possível, porque "tentar reverter" isso significa matar uma terceira pessoa, motivo pelo qual a sociedade não pode ficar dando uma de permissiva neste caso!
Toda essa analogia de carro e trânsito não lida com a parte mais moral da coisa, se aborto seria igual assassinato.
Tem a ver com a idéia de que se fosse liberado o aborto, todos iriam querer só abortar em vez de usar contraceptivos. Acho que da mesma forma que a sinalização e socorro médico garantem uma segurança extra no trânsito, e mesmo assim as pessoas não ficam significativamente mais irresponsáveis por isso, o mesmo valeria para o aborto, bem como deve ser o caso para muitas outras áreas da saúde em que há opções não só de prevenção como de remediação, por exemplo, transplante cardíaco e cuidados preventivos com a saúde, ou manter-se em forma com exercícios e dieta em vez de lipoaspiração.
Mas só faz sentido argumentar isso do ponto de vista de alguém que já não considerasse aborto sempre como assassinato (não entendo bem porque o videomaker entra nesse ponto se evidentemente não é a visão dele), pois considerando, tanto faz que fossem tão freqüentes ou mais do que são na ilegalidade, seria "legalização do assassinato". Tem tanto sentido quanto falar que "se o assassinato fosse legal, mais assassinatos aconteceriam".
Do ponto de vista de quem não considera como assassinato até dado estágio, também não tem tanta relevância, no sentido moral, da mesma forma que não seria imoral se fazer um monte de lipoaspirações, ou elas aumentarem de freqüencia ao serem legalizadas, se fossem ilegais.
Haveria algo a ser discutido no sentido prático, quanto a saúde, o que é uma questão médica mas obviamente abortos não são recomendados de forma nenhuma e devem sempre ser vistos como último recurso; ou também, do lado econômico, se a saúde pública fosse fazer abortos gratuitos, o quanto isso custaria para o estado. Eu não sei, mas tenho a impressão que menos do que sem, pois de outra forma poderia se ter no lugar do custo de um aborto, um monte de bolsas-esmolas diversas por vários anos para cada pessoa que nascesse. Sem falar na possibilidade dessas bolsas incentivarem a gravidez na adolescência, como cogitou a Heloisa Helena, mas aí já é praticamente outra questão toda, e nada disso tem muita relevância de qualquer forma para quem considerasse aborto como assassinato.