O paradoxo do valor de água e diamantes

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user f.k.a. Cabeção
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Re: O paradoxo do valor de água e diamantes

Mensagem por user f.k.a. Cabeção »

Acauan escreveu:
user f.k.a. Cabeção escreveu:De fato.

A moral e um produto racional. Para ser operada, ela exige capacidade silogistica, o reconhecimento de principios e suas implicacoes. Seu ambiente e a razao humana.

O socialismo pertence antes ao dominio fisiologico mais baixo. E uma especie de secrecao impensada, derivado de algum institinto gregario residual. Nao pode ser moral, pois e pre-racional. Nao precisa prestar tributos a moral ou mesmo a logica. Alias, para prevalecer precisa ser hostil as duas.

Nao e a toa que em suas diversas manifestacoes esta sempre presente o caractere de revolta contra a razao, contra o saber. A revolucao subsiste como impeto de negar o que se aprendeu no passado, como se pudessemos de alguma forma aprender com o futuro. E a completa subversao do pensar. Uma especie de insanidade.


Pois é Cabeça,

Recomendo um exercício excelente para compreender como esta turma pensa: a autobiografia do Pablo Neruda, Confesso que Vivi.
Que pese eu não morrer de amores pela poesia dele, mas o cara ganhou o Nobel de literatura, o que, talvez, queira dizer alguma coisa.

Primeiro achei que Neruda era um completo idiota, dada a análise pueril que faz de suas lembranças. Depois conclui que devia haver mais podres por trás disto, já que ninguém consegue ser tão bobo quanto o chileno se descrevia.

O que fica claro na leitura que Neruda faz de sua vida é que esta leitura é marxista-leninista até a raiz dos cabelos, ou seja, por absurdo que pareça, o sujeito perdeu a capacidade de enxergar a si mesmo que não através de sua ideologia política.




Devo dizer que sou um ignorante voluntario e esclarecido a respeito da obra e vida de Pablo Neruda.

A unica coisa que sei a respeito dele e que ele veio no Brasil recitar versos durante comicios comunistas organizados por Prestes por volta da epoca do suicidio de Getulio Vargas.

Ah, e assisti (sob livre e espontanea pressao) a um filme agua-com-acucar sobre um carteiro que ele ajuda a conseguir uma namorada.
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Huxley
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Re: O paradoxo do valor de água e diamantes

Mensagem por Huxley »

user f.k.a. Cabeção escreveu:

Voce esta fazendo presuncoes erradas sobre o que eu escrevi.

Essa nao e uma situacao estatica, como os seus graficos poderiam presumir.

Terminado o exemplo, o que deve ser assimilado e que o custo e um conceito secundario, derivado de categorias fundamentais que sao a utilidade de um bem para o consumidor e sua escassez, que originam o conceito de utilidade marginal e permitem definir custos para as coisas. E que tudo isso existe antes de qualquer abstracao monetaria.


Você parece ter dificuldade com o conceito de equilíbrio (interpretando-o como "repouso"). Não há nenhuma situação estática de utilidade nos gráficos que mostrei. Principalmente porque, como eu disse, a variação da utilidade também pode ocorrer com uma simples alteração no custo de produção. Basta ocorrer um choque de oferta. Imagine só que haja uma entressafa que atinja todas as empresas de um setor de agrobusiness particular e/ou a presença de um terrível vírus nos computadores de empresas de uma mesma estrutura de mercado. A firma representativa, em qualquer uma destas situações, só vai maximizar o lucro se repassar algo do valor do aumento do custo de produção para o preço. E ela praticaria um preço menor se não fosse o choque de oferta (consequentemente, a utilidade atribuída ao bem pelo consumidor seria outra). Há uma variação na utilidade atribuída ao consumidor, mas a origem disto está na alteração do custo de produção. Por isso que na citação da paper que já citei, aparece isso: “Nas palavras de Hawkins, comentando a análise de Jevons: 'Apesar desta rejeição dos custos de produção e, em particular, das teorias do valor-trabalho, ele algumas vezes atribui-lhes um efeito indireto sobre o valor na medida em que afetarem a oferta do produto, levaria a uma variação na utilidade." No exemplo que dei, não há nenhuma variação na função utilidade, apesar de haver variação na utilidade.

user f.k.a. Cabeção escreveu:

De novo voce da claras demonstracoes de que nao entende nada, ou e simplesmente cinico.

Ja que voce nao consegue abstrair de exemplos com personagens reais em situacoes puras, vamos para um exemplo completamente imaginario:

No planeta A existem mosquitos. No planeta B nao. No mais, eles sao similares em praticamente tudo, porem, suas civilizacoes sao isoladas uma da outra. As pessoas do planeta A desenvolveram meios industriais para produzir repelente para mosquitos. No planeta A existe um preco para o frasco de repelente. Facamos a suposicao adicional que o repelente so sirva para repelir mosquitos, e para mais nada (apenas para evitar certas refutacoes idiotas).

No planeta B, os custos para produzir o repelente seriam similares: equipamentos industriais, insumos, salario dos engenheiros e operarios das fabricas. Mas ninguem iria comprar, pois nao ha nada para repelir. O repelente de mosquito nao teria valor.

Era evidente que no exemplo do esquimo e do arcondicionado estavamos supondo a sociedade esquimo como isolada, mas capaz de incorrer nos custos de producao de tal dispositivo. Sua "refutacao" so mostra o quanto sua capacidade de raciocinio abstrato e limitada.


Eu entendi perfeitamente o que você quis dizer. Você está tentando provar a inexistência de valor de uma não-mercadoria, coisa que o repelente é, pelo menos no planeta B. Afinal, mercadoria, por definição, é um objeto externo que satisfaz uma necessidade humana de qualquer espécie. Valor é um conceito que só faz sentido na análise de preços relativos. Para haver esta análise, deve existir pelo menos duas mercadorias. Tentar provar a inexistência de valor de uma não-mercadoria é análogo a tentar provar a inexistência das propriedades de viscosidade da água a nível subatômico ou a tentar provar que o número 9 não é feliz.


user f.k.a. Cabeção escreveu:


E assim nasceu a economia monetaria dando lugar ao escambo primitivo.

Isso e simplesmente falso. A economia monetaria e apenas um tipo avancado de escambo, no qual as pessoas descobriram algum bem cujo valor pudesse ser bem estimado por qualquer um, que fosse portatil, que fosse facil de dividir, e etc. E esse bem calhou, em varios lugares, de ser o ouro.



A economia monetaria não é um tipo avançado de escambo coíssima nenhuma. Em uma economia de escambo, as pessoas podem decidir o quanto gastar e o quanto receber. Numa economia capitalista que usa moeda, as pessoas podem decidir o quanto gastar, mas não o quanto receber.

Se houver "equilíbrio de mercado no mercado de investimento e poupança", mesmo que os salários reais sejam rígidos e haja escassez de consumo devido ao desemprego dos trabalhadores, a produção de todos trabalhadores empregados poderá ser vendida se o mercado de capital se equilibrar. Neste caso, o que ocorreria seria tão somente que o produto potencial ficaria abaixo do produto de plena capacidade. Caso não haja este equilíbrio no mercado de capital, mesmo qualquer macroeconomista neoclássico considera que o valor REAL da oferta agregada NÃO É igual ao valor REAL da demanda agregada. Esta não é uma questão teórica e sim uma questão de ARITMÉTICA. Nesta situação, é impossível que não haja discrepância entre o preço da oferta agregada e o da demanda agregada, já que negar isso equivale logicamente a tentativa de se desenhar um triângulo quadrado.

Austríacos continuam acreditando que a Lei de Walras é válida em qualquer situação imaginável, o que ajuda a entender porque eles estão submundo das idéias macroeconômicas no que diz respeito ao reconhecimento acadêmico.

user f.k.a. Cabeção escreveu:

Novamente, voce esta errado.

O valor novo de uso cria valor de troca novo, desde que esse valor seja considerado positivo por mais de um individuo.




Eu só vou responder a duas primeiras frases, porque o resto do não teve nenhum nexo com o que escrevi anteriormente.

Você até agora não respondeu como se dá a tranformação de dinheiro em capital em um "tipo de escambo avançado". Imaginemos uma economia em que só haja comerciantes. Suponhamos que eu seja um comerciante que esteja abrindo um pequeno negócio. No início da circulação, eu tenho um montante de dinheiro. A capacidade que o meu montante de dinheiro tem em realizar preços de mercadorias no início da circulação é menor do que a que surge no fim (isto não é uma discussão sobre valores nominais!). Afinal, está se querendo provar que, neste tipo de economia, o lucro origina-se do segundo ato de circulação, a revenda de mercadoria. Afirmar que o lucro para os produtores surge de que os consumidores pagam as mercadorias acima do valor significa apenas mascarar essa simples frase: "o possuidor de mercadorias possui como vendedor o privilégio de vender caro demais". Isso pressupõe a existência de uma classe que só compra sem vender, e consequentemente, só consome sem produzir. A existência desta classe, do ponto de vista da circulação simples, ainda não foi explicada até aqui.
Editado pela última vez por Huxley em 18 Out 2008, 19:49, em um total de 4 vezes.
“A boa sociedade é aquela em que o número de oportunidades de qualquer pessoa aleatoriamente escolhida tenha probabilidade de ser a maior possível”

Friedrich Hayek. “Direito, legislação e liberdade” (volume II, p.156, 1985, Editora Visão)

"Os homens práticos, que se julgam tão independentes em seu pensar, são todos na verdade escravos das idéias de algum economista morto."

John Maynard Keynes

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m!9
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Re: O paradoxo do valor de água e diamantes

Mensagem por m!9 »

O que é escambo? :emoticon16:

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user f.k.a. Cabeção
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Re: O paradoxo do valor de água e diamantes

Mensagem por user f.k.a. Cabeção »

    Substantivo

    es.cam.bo masculino

    1. Troca de bens ou serviços sem intermediação de dinheiro.

    [...]

http://pt.wiktionary.org/wiki/escambo
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Re: O paradoxo do valor de água e diamantes

Mensagem por user f.k.a. Cabeção »

Huxley escreveu:Você parece ter dificuldade com o conceito de equilíbrio (interpretando-o como "repouso"). Não há nenhuma situação estática de utilidade nos gráficos que mostrei. Principalmente porque, como eu disse, a variação da utilidade também pode ocorrer com uma simples alteração no custo de produção. Basta ocorrer um choque de oferta. Imagine só que haja uma entressafa que atinja todas as empresas de um setor de agrobusiness particular e/ou a presença de um terrível vírus nos computadores de empresas de uma mesma estrutura de mercado. A firma representativa, em qualquer uma destas situações, só vai maximizar o lucro se repassar algo do valor do aumento do custo de produção para o preço. E ela praticaria um preço menor se não fosse o choque de oferta (consequentemente, a utilidade atribuída ao bem pelo consumidor seria outra). Há uma variação na utilidade atribuída ao consumidor, mas a origem disto está na alteração do custo de produção. Por isso que na citação da paper que já citei, aparece isso: “Nas palavras de Hawkins, comentando a análise de Jevons: 'Apesar desta rejeição dos custos de produção e, em particular, das teorias do valor-trabalho, ele algumas vezes atribui-lhes um efeito indireto sobre o valor na medida em que afetarem a oferta do produto, levaria a uma variação na utilidade." No exemplo que dei, não há nenhuma variação na função utilidade, apesar de haver variação na utilidade.




O que voce acabou de citar resume meu ponto de vista: os custos de producao e suas variacoes afetam a oferta de bens e portanto a utilidade marginal dos mesmos. Maior a escassez, maior a utilidade das unidades a serem negociadas no mercado.

Se voce estivesse lendo o que eu escrevi perceberia que essa e exatamente a forma como eu descrevi o efeito indireto dos custos nos precos, que nao tem nada a ver com a sua visao de "complementaridade logica", como se tudo que tem valor tivesse custo e tudo que tem custo tivesse valor. Adiante nos veremos como voce lida com esse problema de uma forma completamente falaciosa.


Huxley escreveu:Eu entendi perfeitamente o que você quis dizer. Você está tentando provar a inexistência de valor de uma não-mercadoria, coisa que o repelente é, pelo menos no planeta B. Afinal, mercadoria, por definição, é um objeto externo que satisfaz uma necessidade humana de qualquer espécie. Valor é um conceito que só faz sentido na análise de preços relativos. Para haver esta análise, deve existir pelo menos duas mercadorias. Tentar provar a inexistência de valor de uma não-mercadoria é análogo a tentar provar a inexistência das propriedades de viscosidade da água a nível subatômico ou a tentar provar que o número 9 não é feliz.



Ou seja, voce esta apenas inventando conceitos para evitar de assumir que o meu ponto de vista esta fundamentalmente correto: o seu conceito de nao-mercadoria e exatamente o que eu vinha dizendo a respeito de existir uma infinidade de bens ou servicos concebiveis e potencialmente realizaveis, cujo custo de producao seria alto e o valor seria baixo. Nao ha necessidade mesmo para o valor ser nulo, algo pode ser em alguma medida util, mas seu custo ser tao grande que ninguem se interessara em produzir.

O que voce implicitamente alega ao dizer que seu raciocinio sobre custos nao se aplica a nao-mercadorias e que implicitamente voce ja esta considerando que a utilidade marginal daquilo que sera produzido supera a utilidade marginal daquilo que e sacrificado, para os agentes envolvidos na sua producao e comercializacao. Esse tem sido exatamente o meu ponto desde o comeco. Que o valor de um item nao se calcula naquilo que e sacrificado para que ele seja obtido, mas que esses dois valores tendem a ser marginalmente iguais na medida que esperamos que as pessoas tomem decisoes racionais ao planejarem suas producoes e consumos.

Alem disso existem artigos que possuem valor de uso e troca, sendo portanto mercadorias potenciais, e para o qual nao faz sentido falar de custos, pelo menos nao de forma completa. Uma bela voz ou uma bela aparencia, por exemplo, nao sao produzidas por meio de investimento de recursos. Ainda que muito tenha sido desenvolvido nos ramos ligados a estetica, ainda nao somos capazes de transformar qualquer ser humano num exemplar de beleza, ou fazer emergir talentos significativos em pessoas que nao apresentavam predisposicoes para tanto.

Essas predisposicoes e qualidades inatas nao sao derivadas de um custo racional, sao resultado de acidentes fortuitos, ou de uma feliz convergencia de fatores. Mas ainda assim possuem valor, haja vista as remuneracoes que sao oferecidas pela industria da imagem.


Huxley escreveu:A economia monetaria não é um tipo avançado de escambo coíssima nenhuma. Em uma economia de escambo, as pessoas podem decidir o quanto gastar e o quanto receber. Numa economia capitalista que usa moeda, as pessoas podem decidir o quanto gastar, mas não o quanto receber.


Errado.

Voce nunca pode decidir o quanto voce vai receber. Se assim o fosse, todos escolheriam receber tudo em troca de nada, o que e evidentemente absurdo.

O mercado funciona com ou sem dinheiro, ainda que com dinheiro (nao falsificado) ele funcione melhor. Mas na base ele e o resultado das ponderacoes dos individuos sobre o valor subjetivo que eles dao aos intens marginais de seus estoques de bens (sejam eles materiais ou imateriais, como tempo disponivel, paciencia e esforco), e as trocas que eles estao dispostos a realizar por artigos que do seu ponto de vista parecam mais adequados para aumentar seu nivel de bem estar.

O dinheiro nao muda nada disso, ele e apenas mais um bem que e estocado e para o qual nos atribuimos valor as unidades marginais. Suas obvias vantagens permitem calcular precisamente os valores de outras mercadorias em termos dele, e assim o tornam um eficaz meio de troca, e de tais propriedades e deduzida boa parte do seu valor.


Huxley escreveu:Se houver "equilíbrio de mercado no mercado de investimento e poupança", mesmo que os salários reais sejam rígidos e haja escassez de consumo devido ao desemprego dos trabalhadores, a produção de todos trabalhadores empregados poderá ser vendida se o mercado de capital se equilibrar. Neste caso, o que ocorreria seria tão somente que o produto potencial ficaria abaixo do produto de plena capacidade. Caso não haja este equilíbrio no mercado de capital, mesmo qualquer macroeconomista neoclássico considera que o valor REAL da oferta agregada NÃO É igual ao valor REAL da demanda agregada. Esta não é uma questão teórica e sim uma questão de ARITMÉTICA. Nesta situação, é impossível que não haja discrepância entre o preço da oferta agregada e o da demanda agregada, já que negar isso equivale logicamente a tentativa de se desenhar um triângulo quadrado.



Voce esta apenas empregando random talk como se fosse um argumento.

Veja, voce ja deu claras demonstracoes de desconhecer os fundamentos basicos de um mercado simples como o do escambo entre duas pessoas e dois artigos.

Antes de fazer hipoteses avancadas sobre conceitos complexos e necessario estar bastante seguro de compreender o que se passa na base, como o ser humano age e como o processo de mercado se produz.

Primeiro, ao analisar essas situacoes como se fossem dados da natureza que podemos hipotetizar, e que nao tivessem causas ligadas a fenomenos mais simples, e a principio um erro.

"Desemprego", "escassez de consumo", "rigidez do salario real" sao todos resultados de certas interferencias no funcionamento do sistema de precos do mercado, e sem compreender a natureza dessas interferencias, fazer qualquer suposicao ou hipotese arriscada sobre o comportamento dessas variaveis e um simples exercicio de futilidade.

No livre mercado existem dois e apenas dois tipos de desempregado: aquele que nao quer trabalhar (por nao precisar, por esperar por uma melhor ocasiao para comecar, por estar desenvolvendo habilidades novas que serao melhor remuneradas que as suas atuais) e aquele que nao tem como realizar absolutamente nada de produtivo do seu proprio ponto de vista e dos outros da sociedade.

Desemprego estrutural decorre de uma medida de autoridade que proibe a (quase) qualquer um de exercer um trabalho que seja menos remunerado e que recolha menos em impostos do que uma determinada quota estabelecida por um comite de burocratas. Assim, qualquer um cuja capacidade de producao seja inferior a essa remuneracao esta automaticamente fora do mercado formal de trabalho e entra em estatisticas de "desemprego".

Da mesma forma, empresas no livre mercado podem errar ao fazer prognosticos de mercado, mas esses erros tendem a ser amenizados pelas perspectivas dos prejuizos futuros que fazem com que projetos ruins sejam interrompidos. O sistema se corrige. Uma crise de superinvestimento, onde empresarios sistematicamente investem numa determinada linha de producao para a qual nao existe perspectiva de mercado futuro so pode logicamente se produzir enquanto os mecanismos de controle automatico forem neutralizados, seja mediante garantias governamentais de compra de excedente, seja atraves de emprestimos facilitados e outros subsidios especiais para certas empresas, conseguidos atraves de politicas inflacionarias (falsificacao do dinheiro) ou atraves de impostos (extorsao dos outros setores economicos), seja atraves de reservas de mercado que finalmente expiram.

Falar de situacoes de equilibrio de mercados dentro de um contexto de intensa falsificacao de precos nao pode ser mais patetico do que falar de castelos construidos em nuvens.

Precos informam as pessoas, dao a elas o conteudo necessario de informacao para que elas calculem suas acoes. Precos falsificados por burocratas modificam esses calculos, e fazem as pessoas agirem acreditando estarem inseridas numa situacao que na verdade e falsa. Durante um certo tempo, calculam mal suas producoes e tem uma ideia errada do seu proprio lucro, ate que finalmente descobrem que a unica fonte do seu alto padrao de vida no perido tinha sido o consumo do seu capital. E nessa situacao, desperadamente correm para fechar as torneiras do desperdicio, dando inicio a fase mais visivel de uma crise, que nao surgiu do nada, ou dito de forma ideologicamente mais interessante, "das falhas inerentes ao capitalismo", como muitos acreditam e repetem histericamente, mas de falhas reais de calculo muito anteriores ao panico, realizadas durante a euforia dos entorpecidos por numeros falsos.

Acreditar na racionalidade individual demanda acreditar no sistema de precos reais, que informa as pessoas e permite que elas ajam, e nao nas mentiras que os burocratas tentam injetar nele de acordo com suas ideologias e interesses particulares.


Huxley escreveu:Austríacos continuam acreditando que a Lei de Walras é válida em qualquer situação imaginável, o que ajuda a entender porque eles estão submundo das idéias macroeconômicas no que diz respeito ao reconhecimento acadêmico.



Errado. Alias, o conceito de equilibrio geral Walrasiano sequer e tido como fundamental pelos Austriacos. Em Acao Humana, Mises o tratou como "Economia uniformemente circular", que seria o estado de alocacao de recursos para o qual convergiria um determinado sistema economico se os dados como preferencias subjetivas, conhecimento cientifico e tecnologico, e potencialidades para producao de novos estoques fossem conservados constantes, o que nao e uma hipotese realista. E um conceito util como constructo mental para uma situacao ideal, e que pode servir como explicacao para o transcorrer instantaneo dos eventos numa sociedade, mas que nunca se realiza como estado da natureza.

Quanto a sua tentativa de depreciar as ideias que nao consegue refutar com argumentos, e realmente impressionante o impacto de uma ideia tao "fringe" quanto a Economia Austriaca, que e ativisticamente combatida dentro do meio burocratico-academico, pode ter no ambiente cultural e intelectual global, que escapa das paredes das universidades financiadas pelo governo. Uma das pequenas, porem incrivelmente satisfatorias demonstracoes de que o real poder da verdade e da razao contra o obscurantismo mais fanatico nao reside em determinacoes de autoridades, mas na atividade descentralizadas de individuos que ousam livre-pensar.


Huxley escreveu:Você até agora não respondeu como se dá a tranformação de dinheiro em capital em um "tipo de escambo avançado".



Eu nao demonstrei isso porque isso nao ocorre. O que ocorre e a evolucao do escambo primitivo de artigos de uso final para o escambo de artigos intermediarios de alto valor de troca, que finalmente torna viavel a selecao espontanea e o uso geral de uma moeda especifica escolhida dentre esses artigos usados para trocas intermediarias.

Disse que foi assim que o ouro se tornou uma moeda internacional, raciocinio para o qual voce nao foi capaz de escrever uma linha de argumentacao.

A nocao de formacao de capital e mais simples, e deriva da nocao de poupanca, ou nao-consumo presente de bens produzidos. Quem deixa de queimar madeira para se aquecer estocando-a para construir um abrigo armazena capital. Quem deixa de trocar todo ouro que conseguiu nas suas atividades comerciais por bens de consumo, procurando aumentar seu padrao futuro de consumo, tambem esta poupando.

Se voce nao aprendeu isso nas suas aulas de economia isso mostra o quanto a educacao padronizada atualmente sobre o tema esta desviada do que realmente deve ser o pensamento economico, para as analises de puro non-sense.


Huxley escreveu:Imaginemos uma economia em que só haja comerciantes. Suponhamos que eu seja um comerciante que esteja abrindo um pequeno negócio. No início da circulação, eu tenho um montante de dinheiro. A capacidade que o meu montante de dinheiro tem em realizar preços de mercadorias no início da circulação é menor do que a que surge no fim (isto não é uma discussão sobre valores nominais!). Afinal, está se querendo provar que, neste tipo de economia, o lucro origina-se do segundo ato de circulação, a revenda de mercadoria. Afirmar que o lucro para os produtores surge de que os consumidores pagam as mercadorias acima do valor significa apenas mascarar essa simples frase: "o possuidor de mercadorias possui como vendedor o privilégio de vender caro demais". Isso pressupõe a existência de uma classe que só compra sem vender, e consequentemente, só consome sem produzir. A existência desta classe, do ponto de vista da circulação simples, ainda não foi explicada até aqui.



Eu nunca disse que o "lucro para os produtores surge de que os consumidores pagam as mercadorias acima do valor". Eu disse, com outras palavras, que os consumidores pagam mais do que o vendedor aceitaria receber e menos do que eles aceitariam pagar.

A sua sociedade nao serve como um exemplo razoavel, pois mesmo a operacao comercial consiste em acrescimo de valor. Se eu apresento um item desconhecido e novo para um potencial consumidor, por ter procurado entre variadadas categorias e selecionado aqueles que possivelmente lhe interessariam; ou faco itens distantes chegarem ate ele, eu estou criando valor, mesmo que nao tenha eu mesmo fabricado o artigo. E sobretudo dessas acoes que derivam os lucros dos comerciantes intermediarios entre produtores e consumidores.

Eu nao quero ter que me deslocar para fabrica ou para o ponto de extracao ou cultivo de cada item que eu quiser consumir. Tambem nao quero checar todos os catalogos existentes de todos os potenciais artigos de consumo para tomar uma decisao de compra (ou de venda). A divisao do trabalho na sociedade permite que certas pessoas se especializem em fazer certas etapas especificas desse servico para as outras, e assim produzirem valor para aquelas que procuram seus servicos comerciais.

Podem existir pessoas que so consomem, sem produzir, desde que outras pessoas se ocupem delas. Criancas, pessoas invalidas, herdeiros afortunados e ociosos ou idosos (quando nao consomem sua poupanca acumulada) sao um exemplo. O resto das pessoas deve adquirir seus direitos de consumo por meio do valor que o mercado (ou seja, o processo derivado das valoracoes subjetivas dos individuos da sociedade) aos frutos do seu trabalho, designando-lhe uma remuneracao em dinheiro com a qual ele podera executar suas intencoes de consumo completando o fenomeno de troca indireta, do ponto de vista daquele agente.

Existe uma segunda classe de consumidores nao-produtores, mas que e na verdade apenas uma subclasse da primeira: o Estado. Ele nao so extorque mediante o imposto direto e evidente, ele pode tambem fabricar seu proprio dinheiro, e assim consumir sem produzir uma contraparte valorizada pelo mercado. Mas esse consumo so e possivel por ser financiado involuntariamente pelo resto da sociedade que produz e usa o dinheiro que foi falsificado, e que fara face a precos maiores gracas a escassez promovida pelo aumento do consumo pela maquina estatal. O dinheiro que eles tem em maos, ao desvalorizar-se, paga o consumo realizado pelos burocratas como uma forma indireta de imposto. Esse mecanismo explica porque essa categoria e apenas uma subcategoria da classe de individuos sustentados pela producao alheia, com a peculiaridade notavel de que esse sustento e adquirido via coercao. Mas existem outros individuos tambem vivem da coercao dos membros da sociedade: eles sao chamados de marginais. A diferenca entre eles e que os primeiros nos escolhemos (ou pelo menos temos essa pretensao), enquanto os ultimos nos escolhem.
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Huxley
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Re: O paradoxo do valor de água e diamantes

Mensagem por Huxley »

user f.k.a. Cabeção escreveu:
O que voce acabou de citar resume meu ponto de vista: os custos de producao e suas variacoes afetam a oferta de bens e portanto a utilidade marginal dos mesmos. Maior a escassez, maior a utilidade das unidades a serem negociadas no mercado.

Se voce estivesse lendo o que eu escrevi perceberia que essa e exatamente a forma como eu descrevi o efeito indireto dos custos nos precos, que nao tem nada a ver com a sua visao de "complementaridade logica", como se tudo que tem valor tivesse custo e tudo que tem custo tivesse valor. Adiante nos veremos como voce lida com esse problema de uma forma completamente falaciosa.


Ter valor de troca não é sinônimo de ser valioso. “Ser valioso” é até uma medida obscura. Um Honda Biz é valioso? Depende. Ele tem pouco valor se comparado a um Audi A8. Valor de troca é um conceito que envolve um exercício comparativo.

Em determinadas circunstâncias, variações nos custos de produção DETERMINAM TOTALMENTE as variações no grau de utilidade marginal. Imagine duas mercadorias (A e B) que tenham os mesmos custos de produção e a mesma função utilidade. Se só há um aumento no custo de produção, haverá um choque de oferta desfavorável. Se esta causar um aumento de 10% no preço de A em relação a B, então se pode dizer que a variação no valor de troca entre estas duas mercadorias foi TOTALMENTE DETERMINADA pela variação nos custos de produção. Este é o caso de uma função de função. Outro exemplo similar. Se só A determina B, e se só B determina C, então A determina C e B é uma mera variável INDUZIDA. Se B não fosse determinada por A ou por qualquer outra variável, ela seria uma variável AUTÔNOMA e totalmente responsável pela determinação de C. No exemplo hipotético que dei, a variação do grau de utilidade marginal faz o papel de variável INDUZIDA pela variação nos custos de produção.

user f.k.a. Cabeção escreveu:

Ou seja, voce esta apenas inventando conceitos para evitar de assumir que o meu ponto de vista esta fundamentalmente correto: o seu conceito de nao-mercadoria e exatamente o que eu vinha dizendo a respeito de existir uma infinidade de bens ou servicos concebiveis e potencialmente realizaveis, cujo custo de producao seria alto e o valor seria baixo. Nao ha necessidade mesmo para o valor ser nulo, algo pode ser em alguma medida util, mas seu custo ser tao grande que ninguem se interessara em produzir.


Não-mercadoria não é um conceito que inventei. Não-mercadoria é apenas aquilo que não é mercadoria. Mercadoria, por definição, é um objeto externo que satisfaz uma necessidade humana de qualquer espécie. Da mesma forma que não se pode dizer que Michael Jackson é mais feliz do que o número 9, você não pode dizer que uma mercadoria tem mais valor de troca do que uma não-mercadoria. É só imaginar a resposta a esta pergunta: "O número 9 é feliz?". Resposta: Não. Ele não é. Mas também, ele NÃO NÃO É. Da mesma forma que o conceito de felicidade só é aplicável a seres sencientes, valor de troca só é um conceito aplicável se houver pelo menos duas mercadorias em discussão. Algo só é mercadoria se é produzido para ser trocado. E valor de troca é algo que tem haver com a idéia de PREÇOS RELATIVOS.

Se você disser que valor de troca deveria ser aplicável a não-mercadorias, então estaria entrando em contradição, porque isto seria o mesmo que invalidar a sua teoria da utilidade marginal favorita. Eu já respirei milhões de litros de ar em toda minha vida. Mas, COM CERTEZA, a soma da utilidade marginal dos litros de ar respirados não foi igual a zero. Entretanto, eu jamais paguei um único centavo por uma tragada de ar atmosférico.

user f.k.a. Cabeção escreveu:
Errado.

Voce nunca pode decidir o quanto voce vai receber. Se assim o fosse, todos escolheriam receber tudo em troca de nada, o que e evidentemente absurdo.



A comparação que você estava fazendo era entre uma economia de escambo e uma economia capitalista que usa moeda. Na economia de escambo, É POSSÍVEL SIM decidir o quanto vai receber. Se fulano é um padeiro e sicrano um é pizzaiolo, ambos podem chegar a um acordo para trocar um quilo de pão por um quilo de pizza. Neste caso, obviamente eles estão postulando o valor de troca “um quilo de pão= um quilo de pizza”. Em uma economia de escambo uma decisão de ofertar um certo montante de produtos necessariamente implica também uma decisão de aceitar como pagamento, e portanto de demandar, uma quantidade de produtos do mesmo valor. Logo, neste caso, o valor real da oferta agregada sempre é igual ao valor real da demanda agregada. E isso NÃO necessariamente acontece numa economia capitalista que usa moeda.


user f.k.a. Cabeção escreveu:
Voce esta apenas empregando random talk como se fosse um argumento.

Veja, voce ja deu claras demonstracoes de desconhecer os fundamentos basicos de um mercado simples como o do escambo entre duas pessoas e dois artigos.

Antes de fazer hipoteses avancadas sobre conceitos complexos e necessario estar bastante seguro de compreender o que se passa na base, como o ser humano age e como o processo de mercado se produz.

Primeiro, ao analisar essas situacoes como se fossem dados da natureza que podemos hipotetizar, e que nao tivessem causas ligadas a fenomenos mais simples, e a principio um erro.

"Desemprego", "escassez de consumo", "rigidez do salario real" sao todos resultados de certas interferencias no funcionamento do sistema de precos do mercado, e sem compreender a natureza dessas interferencias, fazer qualquer suposicao ou hipotese arriscada sobre o comportamento dessas variaveis e um simples exercicio de futilidade.

No livre mercado existem dois e apenas dois tipos de desempregado
"Desemprego", "escassez de consumo", "rigidez do salario real" sao todos resultados de certas interferencias no funcionamento do sistema de precos do mercado, e sem compreender a natureza dessas interferencias, fazer qualquer suposicao ou hipotese arriscada sobre o comportamento dessas variaveis e um simples exercicio de futilidade.


Você é que está entendendo nada. Eu falei da diferença entre economia de escambo e uma economia capitalista que usa moeda. Na primeira, o valor da oferta agregada sempre é igual ao da demanda agregada. No segundo caso, se não há equilíbrio no mercado de capitais, o valor REAL da oferta agregada NÃO É igual ao valor REAL da demanda agregada. Só há equilíbrio no mercado de capitais desde que: as taxas de juros reais sejam perfeitamente “flexíveis” e que exista uma função investimento “bem comportada” e elástica em relação à taxa de juros. Se isto não acontece, como no caso de a taxa de juros for rígida por algum motivo, dizer que a queda do preço do fator de produção que está em excesso de oferta iria trazer a economia de volta ao "equilíbrio de mercado no mercado de investimento e poupança" é errado, porque a queda nos salários nominais no caso de desemprego certamente AUMENTARIA a taxa real de juros, uma vez que a deflação de salários e preços ocorreria tendo como pano de fundo uma taxa nominal de juros fixa, causando uma queda no investimento. Todas estas coisas podem ocorrer mesmo que os preços de TODOS os fatores de produção (capital e trabalho) sejam INFINITAMENTE FLEXÍVEIS.

user f.k.a. Cabeção escreveu:
Errado. Alias, o conceito de equilibrio geral Walrasiano sequer e tido como fundamental pelos Austriacos. Em Acao Humana, Mises o tratou como "Economia uniformemente circular", que seria o estado de alocacao de recursos para o qual convergiria um determinado sistema economico se os dados como preferencias subjetivas, conhecimento cientifico e tecnologico, e potencialidades para producao de novos estoques fossem conservados constantes, o que nao e uma hipotese realista. E um conceito util como constructo mental para uma situacao ideal, e que pode servir como explicacao para o transcorrer instantaneo dos eventos numa sociedade, mas que nunca se realiza como estado da natureza.


Eu falei em “Lei de Walras”. Você sabe o que é isso? Ela afirma que todo excesso de oferta de um bem implica num excesso de demanda por outro bem. A conseqüência disso é que a superprodução relativa seria possível, mas a superprodução absoluta supostamente seria algo impossível (o valor real da oferta agregada sempre seria igual ao valor real da demanda agregada). O Mises foi para o túmulo achando que ela era válida em qualquer situação imaginável (http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=159 ), o que mostra que ele ignorava um princípio básico da macroeconomia moderna que já demonstrei aqui.

Os esclarecimentos terminam por aqui, porque a discussão já está tomando caminhos diferentes do objetivo deste tópico.
“A boa sociedade é aquela em que o número de oportunidades de qualquer pessoa aleatoriamente escolhida tenha probabilidade de ser a maior possível”

Friedrich Hayek. “Direito, legislação e liberdade” (volume II, p.156, 1985, Editora Visão)

"Os homens práticos, que se julgam tão independentes em seu pensar, são todos na verdade escravos das idéias de algum economista morto."

John Maynard Keynes

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Herf
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Re: O paradoxo do valor de água e diamantes

Mensagem por Herf »

THE FAMED ENGLISH economist Alfred Marshall criticized Carl Menger’s concept of consumer utility as the sole source of value. Surely, he claimed, market prices are determined by both the utility of the good in question to consumers and the objective, monetary cost of producing it. His famous metaphor was that utility and cost were like the blades of scissors, and that it was foolish to debate which blade did the cutting.

But we must conclude that Marshall hadn’t understood or fully grasped Menger’s vision. As Israel Kirzner emphasizes, Menger was after the essential cause of economic phenomena, not incidental factors determining their magnitude. A price is paid for a good because someone values it. The price will not exceed that value, whatever the cost of producing it may have been.

Perhaps I want to sell illuminated manuscripts of The Life and Times of Gene Callahan. I contract with a monk in the Carpathian Mountains to produce the book, at $10,000 per copy. After the first copy is made, I start trying to sell it. Due to consumers’ lack of interest in the finer things in life, I find that I am unable to sell even my sole copy at that price. Since I’ve already paid for the darned thing, I finally sell it for $9.95 and cut my losses. Even though my costs were over $10,000 per copy, I was not able to sell this book at a price anywhere near that.

It would have been useless for me to attempt to drive up the price by adding more cost. If no one was willing to pay more than $9.95 for such a book, doubling the amount of time the monk spent producing it, and therefore doubling my cost, wouldn’t have budged the price a penny.

It is true, as Austrian economist F.A. Hayek pointed out, that in the long run the sale price of a good will tend toward the cost of producing it. But this is not because costs cause prices to be paid. Rather, if the price fetched for the good is below the cost, the good won’t be produced anymore! After suffering a $9,990.05 loss on the first sale of my book, I’ll be very unlikely to want to continue production. And if the price fetched is above the cost, the market will attract other sellers who hope to take advantage of this profit opportunity, driving the price down toward the cost of production. In the meantime, valuations will change, new data will appear, and new profit opportunities, where prices paid will exceed costs, will emerge. Although in the long run, prices will equal costs, we will never arrive at that long run. The notion that prices equal costs must be taken as the expression of a tendency in the market, not as a description of a state that the market ever achieves.

Taking this long-run view, we might say Marshall was right after all. Don’t “objective costs” eventually help determine price? However, Menger’s deeper point is that the costs of producing a good are simply what the producer estimates the demand for the necessary factors of production would be in an alternate use. The cost of the monk’s time for me arises from the subjective demand of others for alternate uses of his time. Costs are not objective. Both blades of Marshall’s scissors are honed by subjective valuation.

Menger’s insight is relevant to some policy debates, where we might see critics of an industry contending that its prices are “too high” and are not justified by the industry’s costs. Whether or not they realize it, such critics are using a Marshallian notion of objective costs to make their case. The fact that costs are subjective derails such arguments.


Trecho do livro Economics for Real People de Gene Callahan.

Trancado