Edson Jr escreveu:Acauan, leia só este outro texto de Cristovam Buarque!
Chupa essa manga!![]()
Espero que Cristovam Buarque seja apenas um demagogo mentiroso que para ganhar votos diz o que acha que o povo quer ouvir.
Caso contrário temos que encarar a realidade de que um ex-reitor de uma das principais universidades do país e ex-ministro da educação é um completo ignorante, o que tornaria o quadro da educação no Brasil ainda mais tenebroso do que parece.
Cristovam Buarque escreveu:17/10/2005 às 14:07
Libertação dos Ricos - O Globo - 15/10/2005
Cristovam Buarque
No final do século XIX, o Brasil aboliu o sistema escravocrata. Neste início de século XXI, é preciso libertar os ricos da prisão de ouro em que vivem. Para fazer esta nova abolição, é preciso completar a primeira.
A primeira abolição liberou os escravos da senzala, mas condenou os pobres às ruas e a favelas sem serviços urbanos, aprisionando os ricos em condomínios cercados. A abolição sem reforma agrária garantindo terra aos escravos levou-os a “invadir” os centros urbanos, e condenou os ricos à prisão de automóveis blindados, sinais de trânsito ameaçadores, seqüestros relâmpagos. A falta de escola para os filhos dos ex-escravos aprisionou os ricos na ineficiência social de um país sem educação. Essa abolição incompleta, sem escola, sem emprego e sem terra fez do Brasil do século XXI o campeão da concentração da renda, aprisionando os ricos na vergonha mundial de uma sociedade de muita riqueza para 10% da população, e de extrema miséria para quase 50%.
Já que o assunto é escravos e descendentes, eis aí um autêntico samba-do-crioulo-doido.
Cristovam Buarque traça uma correlação de causa e efeito entre a falta de assistência estatal prestada aos escravos após a abolição e a pobreza e violência urbanas do Brasil atual.
Ou seja, se hoje os ricos tem que trafegar em automóveis blindados, com medo dos sinais de trânsito e dos seqüestros relâmpagos é porque não houve uma reforma agrária que beneficiasse os escravos libertos ou escolas para os filhos deles.
Como felizmente ninguém pode me acusar de ser politicamente correto, posso dizer que a primeira coisa absurda no comentário do ex-ministro é o seu caráter racista. Se uma abolição mal feita é a causa da violência urbana, só posso concluir que ele está insinuando que todos os bandidos são negros ou a maioria deles.
Caso o ministro tenha usado o exemplo da abolição apenas para efeito ilustrativo, querendo dizer que a falta de assistência estatal pode levar qualquer grupo de pobres a degenerar para o crime, podemos concluir que por tal pensamento toda a população pobre brasileira do fim do século XIX que não foi beneficiada por uma reforma agrária ou acesso a escolas deve ter gerado descendentes que hoje assaltam e sequestram nos sinais de trânsito.
O problema é que este grupo era quase a totalidade da população brasileira, que a época era predominantemente agrária e analfabeta ou semi. Fossem estas as causas da degeneração social, qualquer brasileiro que não fosse descendente de um barão do café ou de um senhor de engenho seriam bandidos. Este Índio que vos fala, inclusive.
A estupidez da idéia é evidente demais para ser chamada por outro nome.
Estivesse certo o sr. Cristovam Buarque, os trabalhadores imigrantes italianos e japoneses que vieram para o Brasil trabalhar na lavoura, todos muito pobres, com muitos analfabetos entre eles, também deveriam ter sido condenados às favelas, uma vez que, ao que me consta, ninguém jamais deu terras de graça àqueles colonos e as escolas rurais não lhes eram mais abundantes do que para a população descendente de escravos.
Quem quiser tirar uma prova matemática sobre a correção das idéias do ex-reitor que vá à favela de sua escolha e conte a quantidade de descendentes de japoneses que habitam ali. Pela teoria do ministro deveria haver muitos, já que seus bisavós nipônicos chegaram aqui apenas com a roupa do corpo e algumas malas. Sem conhecer a língua e a escrita local foram lançados a um trabalho árduo, com baixíssima remuneração ou assistência, sem sequer sonhar com uma reforma agrária que lhes desse de mão beijada as terras que compravam com o suor do trabalho de muitos anos e uma cultura de discplina, poupança e perseverança.
Cristovam Buarque escreveu:A primeira abolição foi incompleta para os pobres, e aprisionou os ricos em uma sociedade dividida, insegura e ineficiente, que nos envergonha hoje tanto quanto envergonhava a escravidão no século XIX.
Envergonha a nós quem, cara pálida?
Cristovam Buarque escreveu:O Brasil precisa libertar os ricos da prisão dos condomínios cercados, dos carros fechados, dos centros urbanos intransitáveis, do susto constante, da incerteza do futuro, da vergonha internacional, da proteção permanente, do altíssimo custo de se viver em segurança numa sociedade desigual. Para libertar os ricos do século XXI, devemos completar a abolição do século XIX.
Entendendo que completar a abolição do século XIX significa dar aos pobres de hoje a assistência estatal que não foi dada aos escravos libertos, parece que o sr. Buarque acredita que se ampliarmos o bolsa família ou garantirmos uma renda mínima para todas as famílias pobres, os traficantes que hoje movimentam milhões de dólares e controlam vastos territórios urbanos sob seu poder armado renunciarão a esta riqueza e poder, se inscreverão para receber seus auxílios e cestas-básicas e todos os ricos poderão voltar a andar com a janela do carro aberta e morar em mansões com muros baixos.
É impressão minha ou este cara acha que todo mundo é idiota?
Mesmo que aceitássemos a hipótese frágil de que assistência estatal, por si só, no longo prazo elimina a violência urbana, coisa que ninguém até aqui demonstrou com dados objetivos ou exemplos da experiência internacional, é óbvio ululante que no curto e médio prazo não é isto que vai resolver o problema.
Entretanto o sr. Buarque coloca os termos como se com mais escolas no morro, silenciarão os fuzis no Complexo do Alemão.
Cristovam Buarque escreveu:É preciso antes libertar o pensamento brasileiro de três premissas que aprisionam as estratégias sociais: a idéia de que o crescimento econômico é suficiente para erradicar a pobreza; de que a riqueza de uma pessoa e de sua família depende apenas de sua própria renda; e de que pagar é perder.
O primeiro passo para completar a Lei Áurea é superar a lógica equivocada, que inspirou as estratégias sociais no século XX, de que o caminho para superar a pobreza e construir uma sociedade justa está no crescimento econômico. Os resultados da economia foram muito positivos para aumentar a riqueza, mas um fracasso para reduzir a desigualdade. Para chegar a uma completa abolição dos escravos que liberte os ricos, o Brasil precisa implementar políticas públicas que realmente enfrentem o problema da pobreza, sem a falsa ilusão de que o crescimento econômico realizará essa tarefa.
Seria muito interessante se o sr. Buarque citasse um único exemplo de sociedade que eliminou a pobreza sem crescimento econômico.
Também gostaria de ouvir uma explicação sobre o porquê de a expectativa de vida do brasileiro ao nascer em 1900 era de 34 anos e hoje está acima dos 70, se o crescimento econômico é um fracasso para produzir resultados sociais.
Se deixar de morrer antes dos trinta e cinco não é um resultado social muito positivo, quero saber qual seria.
Cristovam Buarque escreveu:O Brasil tem uma renda nacional anual próxima dos R$ 2 trilhões, e recursos públicos de cerca de R$ 700 bilhões, suficientes para os investimentos necessários para completar a abolição. Sabe muito bem quais políticas nas áreas de educação, saúde, transporte público, habitação, saneamento, água, esgoto, coleta de lixo, segurança, cultura, atenção especial às crianças, jovens e velhos permitirão ao Brasil chegar, em poucos anos, à plena abolição da pobreza e à libertação dos seus ricos.
Essas políticas não são plenamente implementadas porque os ricos e suas corporações acreditam que sua qualidade de vida depende tão somente da situação de sua conta bancária. Como conseqüência desse egoísmo pouco inteligente, a parcela rica que controla a aplicação dos recursos públicos pensa que financiar programas para os pobres acarreta uma perda para os ricos. Acha que pagar é sinônimo de perder. Não vê que ao pagar pode-se receber em troca um benefício maior do que o preço pago.
Nos parágrafos acima o ex-ministro troca os comentários estúpidos pela mentira sórdida.
Ver um político culpar a sociedade pelos erros de sua própria classe torna compreensível porque ele considera que os ricos e não os bandidos são os culpados pela criminalidade.
No Brasil a carga tributária é de 40% do PIB, uma das maiores extorções fiscais do planeta.
Na grande maioria dos casos, a classe média tem que trabalhar meses por ano para pagar tributos que não lhe resultarão em nenhum benefício. Assim, tem que pagar pela saúde, educação e segurança duas vezes, pela estatal que não lhes é provida e pela privada, à qual lhes resta recorrer.
Boa parte deste dinheiro vai para sustentar políticos vagabundos, incompetentes, mentirosos e ladrões, sendo que ainda temos que ouvir um membro desta turma (dos políticos, não necessariamente das outras associadas) querer assumir ares de superioridade moral para acusar aqueles que trabalham honestamente para ganhar a vida e são explorados pelo Estado.
E de que "parcela rica que controla a aplicação dos recursos públicos" este cara está falando?
Quem controla a aplicação dos recursos públicos são os políticos como ele, e todo mundo sabe que tipo de controle fazem os colegas do sr. Cristovam Buarque, principalmente os ligado ao seu partido de origem que hoje está no poder.
Cristovam Buarque escreveu:Este acaba sendo o maior dos complicadores atuais: os ricos criaram um sistema político viciado no qual eles próprios não confiam. Consideram que desviar uma parte dos recursos para políticas públicas levará a perdas, corrupção e ineficiência. E não admitem substituir o egoísmo burro por um egoísmo inteligente, porque entre o pagamento e o resultado há um longo período de investimento. Desconfiados - com razão - das instituições do Executivo, Legislativo e Judiciário, e para não terem de esperar por sua libertação, os ricos preferem continuar pagando o custo da própria prisão.
É impressionante que mesmo após assumir o poder a esquerda continua atribuindo todos os problemas do país aos ricos, culpando o sistema político criado por estes, como se a constituição de 1988 tivesse sido promulgada em uma assembléia da FIESP e não por um congresso no qual a esquerda era a força política dominante e influenciou decisivamente a redação da carta.
Comecei a responder considerando que a hipótese do autor do artigo ser burro era pior do que a de ser um safado.
Analisando melhor as alternativas, só posso lamentar o ponto a que chegamos.