Fernando Silva escreveu:André escreveu:O seu grau de solidariedade humana ninguém tem direito de exigir, eu não posso dizer o quanto deve ter. Posso apenas avaliar, como vc pode avaliar o meu. Como os pobres não podem exigir de vc pessoalmente, vc não pode exigir que eles tenham menos filhos. Tratar dessa forma é tratar de forma privada, estou tratando no público, e no público uma questão dessas não é no particular é uma questão de Estado e como tal deve ser decidida democraticamente, sendo universal ou válida para todos, pobres e ricos. Deve também representar os anseios da população.
1-Só que não é uma questão retórica nem um problema que acontece do outro lado do mundo. Acontece na minha rua. Eu me sinto ameaçado por esse bando de menores que vive por aí, sem querer nem voltar para casa nem ir para um asilo, vivendo de pequenos e grandes crimes e sabendo-se inimputáveis e intocáveis segundo a lei.
2-Você disse que os pobres têm muitos filhos para ter certeza de que alguns vão sobreviver ou para que eles os sustentem na velhice. Acho que isto pode até acontecer, mas me parece uma visão romantizada da pobreza.
3-Pobreza resulta em ignorância, promiscuidade e violência. E esse bando de crianças indesejadas, nascidas de relações casuais (e não de famílias estáveis), acaba nas ruas e no crime por não ter quem as eduque ou por se sentirem um incômodo.
1-Claro que entendo que a lei tem que ser cumprida e impunidade é um grande problema. Eu tb quando volto tarde da noite tenho medo, o condomínio tem a 2 quilômetros uma favela, e sabemos de crimes por perto. Agora se direitos sociais forem garantidos, maior qualidade de vida for alcançada, e oportunidades fora do crime forem mais claras e palpáveis a tendência é que menos gente entre nessa. Isso tem que ser uma política do Estado exigida, regulada, democraticamente pela população. Em nome do seu bem estar, e não apenas dos pobres, mas nosso tb, afinal uma sociedade com menos violência beneficia a todos.
2-Na verdade existem estudos sobre isso (posso perguntar para o pessoal que trabalha em setor de planejamento da Saúde da Família, conheço alguns). Claro tb que não estou dizendo que são todos os pobres tem mais filhos devido a essa razão. Mas boa parte sim e não me baseio em uma visão pessoal mas em estudos sobre o assunto que já lí.
3-Boa parte sim. Mas convêm lembrar que muitos pobres são pobres pq ganham salário mínimo, e para tanto são trabalhadores. As domesticas, e a infinidade de trabalhos de salários mínimos, muitos sobrevivem com isso.
Se vc admite que pobreza tem essas conseqüências, e para mim tem mas não em todos, já que conheço muitos pobres trabalhadores, honestos, e pacíficos. É relevante pensar que diminuindo a pobreza a tendência é a diminuição desses índices. A questão é como fazer isso? Programas sociais condicionais, e melhoria da garantia dos direitos sociais ( e esses definem bem o que é o básico), está no âmago de como se começa a resolver isso.
Agora para ter mais recursos tem que se limitar se possível acabar com corrupção, e além de eliminar a impunidade, mecanismos de controle social são essenciais para esse objetivo. Acreditar na figura de um juiz ou um promotor justiceiro é romântico, mas pouco prático, mecanismos de controle e denuncia, e espaço para pressão da população, são essenciais. Se isso houver, e a corrupção continuar a responsabilidade não será apenas dos corruptos, mas de todos que são coniventes com o fato. Já em uma democracia restrita fica muito mais difícil, e ficamos muito na dependência do judiciário.