Acauan escreveu:Então você admite que o problema não está na universalidade da aplicação da regra e sim no fato de esta universalidade ferir os interesses de quem tem atrações específicas?
Não, eu defendo que a distinção do beijo entre um casal gay e um casal hetero, é tão sem sentido e preconceito, quanto a distinção entre o beijo de um casal negro e um casal branco, ou de um casal jovem e um casal idoso, por mais que existam diferenças óbvias e significativas entre cada grupo.
É você quem apela a uma suposta universalidade da regra e tenta negar a óbvia discriminação sem sentido.
Acauan escreveu:NadaSei escreveu: Ou aceita-se que pessoas beijem pessoas no estabelecimento ou não, qualquer outra coisa além disso que tente excluir grupos é discriminação.
Você usa o termo "discriminação" ideologicamente, ou seja, lhe confere uma carga de injustiça que nem sempre existe.
O banheiro feminino é discriminatório, já que homens não podem usá-lo.
E daí?
A questão aqui não é a discriminação em si, mas o conflito de direitos e liberdades entre donos de estabelecimentos comerciais e grupos de comportamento sexual específico e até onde é justo que o poder do Estado seja usado para obrigar o primeiro grupo a ceder às exigências do segundo.
A palavra discriminação é a que descreve tal atitude, banheiros femininos e masculinos tem por objetivo segregar os dois sexos por motivos óbvios de pudor, nem todo homem quer ser visto por mulheres enquanto está urinando e vice versa.
Já no caso do beijo gay, primeiro que não existem alas em todo estabelecimento segregando gays e heteros e mesmo se existissem seria um absurdo e é justamente o que tal coisa proporciona, segrega um grupo da sociedade criando apenas guetos onde esses podem se comportar com a mesma liberdade que o outro grupo tem em qualquer lugar.
Voltamos a inegável questão, esse tipo de regra não é diferente de regras como as que mantinham os negros no fundo dos ônibus e com bebedores específicos.
Acauan escreveu:
Talvez sua confusão se explique pelo seu desconhecimento sobre restaurantes que pedem aos cavalheiros que usem paletó e gravata, sendo que os que chegam à casa sem esta vestimenta podem dispor, se quiserem, de um conjunto emprestado pela casa.
Eis aí uma solução de meio termo bastante razoável.
Nem o dono de restaurante expulsa aos pontapés quem chega em mangas de camisa e nem estes se mobilizam para impor seus gostos em ambientes que preferem outros.
Então trata-se de discriminação que deve ser coibida.
Acauan escreveu:Você tem uma definição um tanto, digamos, dengosa do que seria opressão.
Para a maioria das pessoas, ser oprimido significa submeter-se sob coerção violenta ao sofrimento ou degradação.
Também para a maioria das pessoas, poder ou não dar uns amassos em um restaurante é um pequeno prazer, diversão ou comodidade, os quais não elevam à condição de drama universal quando, por alguma regra, não podem realizá-lo em algum lugar específico.
E pra outros, não gozar das mesmas liberdades as quais os demais possuem, mesmo que não por coerção violenta, é opressão o bastante.
Para quem está sendo reprimido por puro preconceito isso pode ser muito mais degradante do que possa te parecer.
Agora, tentar diminuir o problema dizendo que ele é pequenino e sem grande importância não serve como argumento nem vai salvar o seu discurso.
Acauan escreveu:NadaSei escreveu: Eu, por outro lado, defendo que se o dono do estabelecimento acha repulsivo duas pessoas se beijando, ele pode simplesmente não permitir que pessoas se beijem no local.
O dono do estabelecimento não precisa achar isto ou aquilo repulsivo, ou mesmo ter qualquer opinião pessoal sobre determinados comportamentos, apenas definir quais são mais adequados ao perfil da casa e quais não.
E eu não disse o contrario, se por qualquer motivo ele julga o beijo inadequado que o proíba, só não tem como direito tentar permiti-lo a quem ele julga mais adequado, pois discriminar certos grupos permitindo uns e proibindo outros não é "direito" de ninguém.
Acauan escreveu:NadaSei escreveu: Ele pode proibir ou permitir, é livre pra isso... só não pode discriminar pessoas tentando oprimir certos grupos dizendo que uns tem liberdade pra isso e outros não.
Voltamos à questão da universalidade da regra.
Sim e como sabemos a regra não é universal, visto que não se aplica a todos e sim discrimina entre heterosssexuais e homossexuais, dizendo que os primeiros podem e os segundos não.
Acauan escreveu:É uma tática bastante primitiva, mas de impacto emocional garantido, associar opiniões diferentes ao nazismo, principalmente quando se assume por conta própria o papel de vítima sofrida e delega ao oponente a cara de opressor vil e desprezível.
Só que não cola.
Primeiro porque o nazismo representava a opressão do Estado sobre determinados grupos, impondo pela força bruta os ditames de uma ideologia.
Já ficou mais que claro aqui, quem quer impor os ditames de sua ideologia pela força bruta do Estado.
Primeiro que você fugiu da questão, visto que eu me referi ao ponto de vista de neo-nazistas de que negros e brancos se beijando são coisas diferentes.
Proibir o beijo entre dois homens não é diferente de proibir o beijo entre um branco e uma negra.
Você faz a distinção entre o beijo hetero e homo alegando que são coisas distintas e que não é universal a idéia de que sejam a mesma, assim como neo-nazistas dizem o mesmo sobre o beijo entre negros e brancos.
Você apela a não-aceitação universal do beijo gay e eu apenas mostro que também não é universal a aceitação do beijo inter-racial.
Segundo que a propriedade privada é uma garantia do estado e é ele o tutor legal incumbido de limitar os poderes do titular da propriedade quando esse esbarra nos direitos alheios.
Não se trata então de impor ideologia pela força do estado, mas sim impedir o titular da propriedade de impor regras contrarias aos direitos dos cidadãos.
Acauan escreveu:
Depois, por mais que queiram atrair para si a legitimidade da luta pela igualdade racial, o fato é que julgar comportamentos é diferente de julgar raças e, queiram ou não, as semelhanças entre um homem branco e um homem negro são tão óbvias, em todos os sentidos, quanto são óbvias, em todos os sentidos, as diferenças entre homem e mulher.
Dois homens são sempre dois homens, não importa sua cor, tanto quanto duas mulheres. Já um homem e uma mulher, dois homens ou duas mulheres são três combinações completamente distintas, que ideologia nenhuma do mundo pode transformar em iguais e, portanto, nem as situações que os envolve.
E eu posso defender o contrario, as diferenças entre negros, indios, brancos e orientais também são bastante óbvias, assim como são óbvias as semelhanças entre casais homossexuais e heterossexuais.
Diferenças e semelhanças existem em todos os casos, mas isso não dá a ninguém o direito de com base em preconceito usar dessas diferenças como suposta justificativa para a discriminação de certos grupos.