Washington escreveu:Fernando, a correlação clima e desenvolvimento é mais uma mistificação tanto quanto àquela da ética protestante.
Eu não suporto o calor e não consigo imaginar pesquisas científicas e produção intelectual sendo feitas por gente encharcada de suor. Quando está muito quente, eu mal consigo pensar.
Você já foi a Belém do Pará? O calor e a umidade são tão altos que tiram o tesão de fazer seja lá o que for. Às vezes parece que você está numa sauna, com um nebulizador.
Citar regiões isoladas de Minas Gerais, onde o clima é mais fresco, não resolve. É preciso mais do que isto para se fazer um país.
O fato é que estações bem marcadas produzem,
a longo prazo, uma cultura de "é preciso fazer agora" e não "um dia a gente faz, não há pressa". Os imigrantes chegaram ao Brasil com esta cultura e, a despeito do calor, trabalharam duro (se bem que a maioria não se instalou nas regiões mais quentes...).
Nos países onde há um inverno de verdade, até a natureza é assim: o inverno termina e a terra está nua e as árvores sem folhas, parecendo mortas. Um mês depois, está tudo verde e florido. É uma explosão de vida. A plantas e os animais têm pressa. Eles "sabem" que têm um tempo limitado para se reproduzirem antes que volte a neve e o frio.
Nos países quentes, não há essa urgência. Tudo pode ficar para depois. E, com o calor, diminui ainda mais a pressa e a disposição.
Como eu disse antes, o ar condicionado é responsável por grande parte do desenvolvimento científico do Brasil.
Faça a experiência: se em algum dia bem quente você tiver algum trabalho para fazer, não fique no ar condicionado. Vá para o lugar mais quente de sua casa, com o suor pingando, e tente pensar.
Washington escreveu:Com relação ao Egito realmente havia o regime de cheias anuais, mas era quente o tempo todo.
As cheias marcavam o tempo. Obrigavam as pessoas a se mexerem, a plantar e colher na hora certa. Isto faz toda a diferença.
E havia escravos à vontade para as classes mais ricas, que podiam se dedicar a ocupações intelectuais.