Acauan escreveu:André TJ escreveu: 1)A concentração de renda excessiva é que é indesejável.Qualquer modelo que gere riquezas, com preocupação ambiental, respeito aos direitos dos trabalhadores, é passível de ser utilizado.Acredito que simultaneamente com a geração, medidas que ajudem a distribuir devem ser implementadas.Se existe liberdade claro que alguns vão concentrar mais, isso não é mau em si, pego exemplo do empresário, se enriquece de forma honesta e os que trabalham em sua empresa são beneficiados não a motivo para o Estado intervir.O Estado deve intervir, em nome dos mais vulneráveis justamente quando isso não ocorre.Além de procurar diminuir o desemprego.
Não fosse por duas dúvidas, o parágrafo acima se encaixaria no Credo Liberal.
1)A primeira dúvida é quanto a proposta de que "
simultaneamente com a geração, medidas que ajudem a distribuir devem ser implementadas."
Quando isto é possível, tudo bem.
O problema é que no mundo real nem sempre é possível fazer todo o bem, evitar todo o mal, comer o bolo todo e guardar uma parte.
Para economias subdesenvolvidas, carentes de poupança interna e de investimento externo, recursos destinados à promoção social precisam necessariamente ser retirados daqueles que promovem o crescimento econômico.
Promoção social não é de graça e nem o crescimento econômico. Se sobram recursos, pode-se implementar os dois simultaneamente.
Se os recursos são escassos, é necessário estabelecer prioridades e definir o quanto é viável penalizar uma das escolhas em benefício da outra.
A segunda dúvida, bastante comum, é dar entender que o Estado tem o poder de reduzir o desemprego. Esta é a base do Keynesianismo que defende que a intervenção do Estado é não só benéfica como indispensável para equilibrar a economia no pleno emprego.
Uma pá de economistas liberais demonstraram o erro de Keynes (refutados, é claro, por uma pá de economistas Keynesianos), mas não é preciso se aprofundar na teoria para perceber que se todo emprego é gerado pelo investimento produtivo e que o Estado só pode investir o que retira dos agentes econômicos na forma de impostos, é muito mais barato deixar que os próprios agentes econômicos promovam os investimentos produtivos que geram emprego.André TJ escreveu: 2)Discurso segundo analises de um conjunto de filósofos são atos.Curioso que "Teoria dos atos da Fala" é justamente o nome que eles dão.Sugiro o livro introdutório de Lupicinio Iñiguez, Manual de Analise do Discurso em Ciências Sociais.
Os filósofos que falo são:
‘filósofos de Oxford’ entre os quais se destacam, por exemplo, Gilbert Ryle (1900-1976), John Austin (1911-1960), Peter Strawson (1919) ou Paul Grice (1913-1988),...” . Esses que ampliaram o afastamento da tradição cartesiana por entender que a “... linguagem faz muito mais do que representar o mundo porque é basicamente um instrumento para ‘fazer coisas’. A linguagem não só ‘faz pensamento’ como também ‘faz realidades’.”
Dentro da perspectiva da “Teoria dos atos da fala” o discurso é “...uma ação equivalente a qualquer outra, ela é como um ‘estratagema’ capaz de ‘fazer coisas...’” .
Isso é de um trabalho meu tirei os trechos.Tem varias citaçoes mas o livro de Lupicinio já ajuda bastante.
2)
Filósofos são como trios elétricos. Cada um vai atrás daquele que gosta mais.
Eu, por exemplo, prefiro ficar com o velho Aristóteles nesta questão, para quem "discurso é a maneira pela qual o homem pode, pela palavra, influenciar a mente de outro homem ou a sua própria." E só isto e já está muito bom.
Sei lá o que o Estagirita diria dos tais filósofos de Oxford, que tanto se afastaram da tradição cartesiana, mas tenho a intuição de que ele perguntaria a eles por que, se a linguagem faz realidades e o discurso é uma ação equivalente a qualquer outra, não é possível alimentar um faminto falando a ele sobre comida ou construir uma casa discursando às pedras.
Tais teorias ecoam as cantilenas do desconstrucionismo e outras tais, que para quem gosta são um prato cheio, desde que o apreciador esteja disposto a renunciar a crença em uma realidade objetiva.
Para os que seguem o mesmo trio elétrico que eu, isto é coisa de doido.André TJ escreveu: 3)Sei que nossos talentos em área de ponta são insuficientes para inverter, mas investimento em tecnologia, ciência, e aproveitamento desses talentos, é bom por vários motivos, inclusive o de gerar rendas.Sozinho não resolve, mas não somente estimular empresas, mas o próprio governo nas Universidades publicas, penso deve investir em pesquisa, ciência e tecnologia.
3)
Dizer isto é como dizer que o governo deve fazer coisas boas e evitar coisas ruins. É discorrer sobre o óbvio.
O problema é como operacionalizar propostas e estabelecer prioridades quando os recursos são limitados.
Uma questão simples, as universidade federais são caras, ineficientes, burocráticas e de escassos resultados quanto a pesquisas relevantes.
Vale mais a pena investir em tal modelo, reformá-lo ou abandoná-lo em preferência de outro?
São estas as questões que se põe diante do Estadista, não coisas simples como "investir em ciência e tecnologia é bom".4)
André TJ escreveu: Eu não desenvolvi sobre Democracia Ampliada mas tem uma perna local e uma perna nacional ou até em política internacional.Claro que nesse caso seria por exemplo, na mesma eleição que escolhemos o presidente votariamos em uma proposta de grande interesse.Para pegar o gancho 3 propostas, digamos acerca da Previdencia.
Você acha que alguém no mundo, quanto mais no Brasil, votará a favor do corte nas aposentadorias, redução dos benefícios da previdência ou aumento da idade mínima para se aposentar, mesmo que provado que esta é a única maneira de liberar a economia para o crescimento?André TJ escreveu:Vamos supor que uma delas cria-se limites para os super salarios como uma forma de limitar os gastos publicos, alterando logicamente a legislação.
5)
Como disse, qualquer proposta do gênero teria que confrontar o Poder Judiciário que fechou questão quanto à inviolabilidade dos direitos adquiridos, mesmo diante de mudanças na lei ordinária ou na constituição. O único modo de contornar isto é por uma ruptura institucional.
Pode-se, no máximo, evitar que quem entra hoje no serviço público não tenha direito aos tais super-salários, o que implica que daqui a quarenta anos o problema estará resolvido, quando toda esta geração de funcionários públicos se extinguir.André TJ escreveu:Eu por exemplo seria favoravel.Não tenho bola de cristal para saber se essa venceria, mas a vencedora em processo democratico teria que ser seguida.Fora que teria 2 anos para meios de comunicação divilgarem as 3 propostas.E os politicos vinculariam muito de sua campanha na proposta que defendem.Assim a votação seria no candidato e na proposta relativa a essa questão.Claro que um colapso ou claramente fracasso de uma proposição poderia levar a essa em 2 anos ser votada novamente.Isso decidido pelo dialogo entre Congresso, e os novos mecanismos do poder local.
6)
Ainda temos o problema de que propostas demagógicas serão sempre mais populares que projetos auto-sustentados de longo prazo.
Gente como Hugo Chavez se fez em cima desta história de democracia direta, que é um prato cheio para os populistas.André TJ escreveu: Acredito que o melhor caminho é ampliar o poder popular.Claro que com limites, prazos, respeito as instituiçoes, porém justamente para fazer alteraçoes que vc falou algumas que eu concordo, nada mais legitimo do que o povo escolher.Seria bom até para os debates que fugiriam do personalismo e teriam que entrar fundo nas questoes relevantes.
Sei lá.
7)"Poder popular" é uma expressão que dá margem a todo tipo de interpretações, uma vez que "o povo" é uma abstração e portanto não pode ser sujeito efetivo da realidade.
"O povo" se manifesta na realidade através de seus representantes, que defendem, cada qual, seu respectivo grupo de interesse, disputando com os demais que compõe a coletividade.
Para isto existe o Congresso Nacional, que pode não ser grande coisa, mas se não conseguimos melhorar nem aquela porcaria, que esperança temos de que milhares de pequenos comitês populares espalhados pelo país serão melhores moralmente ou mais eficientes operacionalmente?
1)Considero uma sem a outra gera problemas e como não são incompatíveis, geração e distribuição as entendo como complementares.Uma questão de ponto de vista.Concordo que prioridades são necessárias, mas as minhas tendem em favor dos mais desprovidos, dos trabalhadores.Além do que prioridade ao meu ver deve ser a vida não o capital, ou a ganância, sendo que essa em momentos obscurece o respeito a vida.
Quanto a intervenção Estatal, essa para mim quando ocorre, deve ser respondendo a anseios populares, ou da maioria.Por isso princípios democráticos mais amplos são tão essenciais.
2)Nenhum dos filósofos de Oxford diria que é possível alimentar famintos com conversa.Mas diriam que discursos poderiam levar a transformações nas praticas, e políticas, e essas poderiam levar comida aos famintos.Logo discursos podem criar realidades, e levar a construções na realidade objetiva.O discurso então é um ato, falar é um ato, se ele se transforma em algo mais, ou não, dependendo do eco que tem naqueles que ouvem.
3)Reforma-lo transformando ciência, tecnologia, e conhecimento de ponta prioridade em alguns pólos ou centros.Não da para fazer isso com todas as Universidades, as melhores por região, devem ser selecionadas, e nessas isso desenvolvido.Essa é uma clara escolha de uma prioridade.
4)Aumento da idade mínima é algo que não tenho certeza se seria benéfico, cada caso deve ser analisado.Mas o corte nos super salários criando um limite do tipo nenhum funcionário publico pode ganhar mais que 12 salários mínimos depois de 5 anos de aposentadoria.Seria um limite de uns 4200 reais.Todos os superiores seriam reajustados para isso.Não sei se é impossivel aprovar isso democraticamente.Eu votaria a favor de limites.Justamente para evitar os super salários.
5)Eu sei.Dentro da minha idéia da Democracia Ampliada uma consulta, no mesmo período de eleição, poderia antecipar essa solução, e a vontade popular iria valer(alterando inclusive o que diz o Judiciario).Claro que não da pra prever qual seria a decisão popular da maioria, mas mesmo discordando, respeito decisões democraticamente construídas.
6)E aqui com o populismo de Lula e afins.Acho ele melhor que a extrema direita do PFL, mas não sou nenhum fan.Além do que não sei, ou melhor, não julgo saber como o povo vai decidir, e nisso rejeito muito a visão elitista que diz que o povo vai errar.Até pq o erro além de ser um julgamento com boa dose de opinião, mesmo que seja reconhecido, serve como aprendizado.Prefiro que seja o povo a errar, do que os políticos.Nas grandes decisões, como as que estamos discutindo, claro que os políticos são necessários para a administração do dia a dia e a Democracia Ampliada não é convocar o povo toda hora, mas permitir de forma facultativa, sua participação nas decisões, abrindo espaços e de forma periódica (respeitando prazos e planejamento) para que a maioria possa decidir, acertando ou errando, sobre os caminhos das nações.
7)Eu não reduzo democracia Ampliada a pequenos comitês.Se pareceu isso foi um equivoco meu.A minha idéia é muito mais ampla, trata de uma alteração de princípios, da participação da maioria, em decisões de forma periódica, tanto em 2 anos, com propostas de alcance estadual e nacional, como propostas de alcance local.Mas não vou discorrer sobre essa teoria, que é uma crítica da Democracia Representativa, entendo essa como o mais avançado sistema político que já houve no Brasil, por exemplo, (pq alguns lugares já existe Democracias mais avançadas) e a defesa de uma ampliação democrática.
Conhece "O poder emana do povo e em seu nome deve ser exercido"? Provavelmente sim.Pois bem como ele não é exercido em nome do povo geralmente, o povo (Que sei não é uma entidade homogênea não precisa repetir) deve ter mais poder sobre o Estado, para fazer valer seus anseios, e para que esse de fato atue concordante com seus interesses.
PS: Gostei que disse "Sei lá".Tem muitas coisas que eu não sei, e não tenho medo de dizer.Gosto muito do pensamento sócratico."Somente sei que nada sei" da humildade do sábio.Alias utilizo o método socratico para alguns textos em dialogo, trabalhei com ele a algum tempo.