NadaSei escreveu:O problema está em confundir o "parece ser", com o "é fato".
A teoria da evolução é linda, bem montada, faz muito sentido e, diante do conhecimento que temos (bem como da falta dele), tudo leva a "crer" que realmente ocorreu.
Mesmo com tudo isso não é "fato", mas sim uma boa teoria.
Uma teoria com previsões muito precisas, cumpridas apesar da improbabilidade - improváveis porque, é muito maior a gama de possibilidades de observações que refutariam a evolução do que aquelas que comprovariam, que são as únicas observadas.
Se não fosse fato, teriam ocorrido bilhões de coincidências absurdas, e é totalmente incógnito algo que daria conta dessas coincidências.
Como disse no post anterior, a causa mais provável para um efeito de genealogia é realmente a existência de uma genealogia, descendência.
Por muito tempo o Sol girava em torno da terra e, isso era tido como "fato".
Bastava observar o Sol nascendo, percorrendo o céu e se pondo do outro lado. Todo o conhecimento que o homem tinha na época, apontavam para esse fato.
Hoje isso parece não ser fato... mas quem sabe um dia descobrem novamente que é, não? Que o universo todo gira em torno da Terra, ou do meu umbigo?
Por isso, não se pode falar em "fatos", só existem teorias... "fatos" talvez até existam, mas a realidade é totalmente incogniscível e pode ser que a Terra seja na verdade plana apesar de tudo apontar para que seja esferóide, ou pode ser que seja esferóide mas "do avesso".
Hoje os genes nos parecem provas claras da evolução, amanhã podem nos parecer blocos de montagem como "legos" de um outro mecanismo que ainda nos é desconhecido.
Se é que existem genes...
Muitos teístas tendem a não acreditar na evolução, justamente por ela se encaixar perfeitamente em uma realidade materialista, coisa muito improvável de ser fato e, a questão Deus, cria sim uma dúvida a necessidade desse sistema, bem como não está de acordo com o funcionamento do mundo e das coisas, isso tudo mais o mistério em volta do que chamamos "consciência".
Pois é, pode ser, levando em consideração a hipótese Deus, que o mundo tenha só 2000 anos e que toda história aparente anterior seja coincidência. É só uma teoria materialista muito boa supor que a história tenha transcorrido mais do que meia hora ou qualquer período de tempo.
Pode ser que a realidade nem exista ainda, e que sejamos nesse exato momento apenas uma memória falsa implantada em nós mesmos, após a criação do universo, que só ocorrerá daqui a 15 minutos.
Pra vocês questões sobre como pode ter surgido a primeira espécie de seres macho e fêmea, ou como evoluíram as primeiras espécies conscientes, ou como toda essa variedade de vida pode ter evoluído de forma tão conveniente perfeita para nós humanos, não parecem muito relevantes.
Você por acaso procurou saber se essas coisas são simplesmente ignoradas, ou se as pessoas procuram saber de fato como ocorreram? Há sim teorias para a evolução dos sexos, para a multicelulariadade, e até para consciência.
Já a conveniência das outras formas de vida para os humanos especificamente é altamente questionável e qualquer conveniência pode ser explicada num âmbito mais geral, não sendo conveniente para os humanos especificamente, apenas o modo que as coisas eram que acabou determinando que as formas a seguir se adaptassem a situação, que lhes parece então ser "conveniente". De forma similar a que áreas montanhosas são "convenientes" à cabra montesa, rios e mares são convenientes aos peixes e etc.
Isso porque pra vocês a raciocínio parte não de um questionamento profundo do porque ou como, mas do isso é "fato" só falta descobrir como ocorreu.
Sem sentido o que está dizendo, além de estar sendo psicanalista de muita gente.
Por que apenas imaginar que foi inventado por algo "tipo um cara" seria um "questionamento profundo", e não os questionamentos sobre como ocorreu a partir de modificação na descendência?
Só para diminuir, sem mais nem menos, a hipótese que não trabalha com deuses, porque você prefere a última.
E ambos tipos de hipóteses dão a existência dessas coisas como fatos, igualmente, diferem apenas em que as hipóteses com deuses, mágicas e etc, requerem mecanismos e entidades completamente desconhecidos e inverificáveis, não pode fazer previsões razoáveis, enquanto a hipótese de modificação na descendência só requer a biologia que se "supõe" existir, e é de fato científica.
Todo esse raciocínio acaba sendo viciado e, tira da mente da pessoa o valor das duvidas sobre o assunto, pois toma um pré-suposto como fato.
A teoria da evolução é tão funcional quanto o materialismo no qual se apoia, entretanto, nenhuma das duas coisas é fato.
O materialismo e as coisas derivadas dele, possam ser consideradas como fatos por um niilista ou não, são as únicas coisas que produziram resultados mais tangíveis sobre conhecimento do mundo.
Devido ao contexto histórico, pressupostos sobrenaturais diversos podem até ter servido de base para conhecimentos reais, mas não os requerem realmente.
Em se tratando de conhecimento tangível, materialismo é o único jeito comprovado (para padrões não-niilistas de comprovação), "sobrenaturalismo" ou "imaterialismo", sendo coisas vagas e infrutíferas para dizer qualquer coisa certa sobre a realidade.
Questione a enormidade da questão que é uma bactéria unicelular evoluir em um homem, em uma linda borboleta, em seres com dois sexos, etc...
Só não vale usar a desculpa do: "isso é fato, só resta descobrir como exatamente ocorreu". entenda primeiro que não, isso não é fato, é uma teoria que faz "sentido", mas não um fato.
De forma resumida, a multicelularidade evoluiu a partir de colônias de seres até então unicelulares, levando vantagens adaptativas em seu estado colonial, e mais tarde em especializações celulares de indivíduos ou grupos na colônia, algo análogo à diferenciação celular dos organismos multicelulares, com essencialmente os mesmos mecanismos (epigenética). Nesses estágios, há análogos ainda existentes em espécies como Volvox.
Essas espécies vão se tornando cada vez mais dependentes da especialização colonial, e a colônia vai se tornando cada vez mais algo parecido com um indivíduo propriamente dito, de forma que gradualmente vão perdendo a viabilidade em sua forma de células ou fragmentos individuais, tanto por dependerem dos demais para umas coisas, tanto por terem perdido a capacidade de autonomia fora do "pré-organismo".
Há seres também mais ou menos nesse limiar. Vários organismos podem ser despedaçados, e seus fragmentos se regeneram originando novos organismos inteiros (planárias, se não me engano). Já outros tem maior especialização e não é qualquer fragmento que tem a capacidade de regeneração, e mais tarde, não é nem qualquer perda que pode ser regenerada, mesmo a partir do corpo principal.
Essa é a fórmula básica para evolução da multicelularidade. O caminho dum animal ou pré-animal multicelular até uma espécie atual qualquer, como pardais, tamanduás ou humanos, essencialmente se deu por sucessivas radiações adaptativas, uma sobre o que havia sido modificado nos estágios anteriores.
Os sexos (dois ou mais, existem cogumelos com milhares de sexos) por sua vez são especializações para recombinação genética, que é adaptativamente vantajosa em vários sentidos, se comparada simplesmente a continuidade duma linhagem assexuada. Nos casos em que há mais de um sexo sem o dimorfismo de macho e fêmea, de forma a garantir a efetividade da recombinação, um mesmo sexo tem mecanismos de se "reconhecer" e abortar o desenvolvimento dum novo indivíduo, "apostando" que assim reduziria a endogamia, deixando mais recursos ambientais para sua prole que encontrasse seres de outros sexos, com menos genes em comum.
No caso do dimorfismo de macho e fêmea, a explicação é diferente, tem a ver com "desequilíbrios" na isogamia (no estado em que há dois gametas iguais) e vantagens nessa situação. Há um "dilema" na produção gametas: ou se produz mais gametas, menos nutridos, ou menos gametas, mas mais viáveis, mais nutridos. Ambas as variantes tem suas vantagens. Os que investem em maior quantidade obviamente potencialmente terão mais prole, mas por outro lado, na medida em que isso se populariza, também passa a ser vantajosa a estratégia inversa, de menos gametas mais nutridos, para compensar pela desnutrição dos demais. Esse cenário favorece a polarização, a evolução dos extremos, de um lado produzir gametas menores e mais numerosos, e o outro produzir os poucos gametas dos quais os anteriores dependem.
Somos nós quem damos "sentido" ao mundo e, podemos explica-lo das mais diversas formas que façam o melhor sentido que nos convém.
Podemos sempre explicar as coisas de diversas formas segundo o que conhecemos e o que ignoramos. Se vamos apelar para o "não podemos ver porque leva milhões de anos para acontecer, mas é fato", então eu posso apelar para qualquer coisa e explicar o porque não podemos ver e, ainda assim dizer que é fato.
Acontece que não é nada disso. Você não vai encontrar nada assim na literatura científica, isso é só um espantalho esfarrapado. Não há artigos que dizem em páginas e páginas que, resumidamente, algo é fato apesar de não se poder ver porque levou milhões de anos para acontecer.
É uma teoria, uma teoria muito boa, mas uma teoria, não um fato comprovado.
Você não diria ser fato, mesmo sendo, a partir do ponto em que você reconhece toda e qualquer alternativa por mais estapafúrdia que seja como igualmente plausível. Você não pode dizer que qualquer coisa seja um fato comprovado, pois sempre se pode inventar contra-hipóteses que façam do fato aparente uma ilusão. E essas hipóteses não precisam de prova alguma.