Let me think for a while escreveu:Gostei deste "skipperj05". Não parece o Alfredão?
Parece mesmo, Let (permita-me abreviar). E também parece normal que você simpatize com esse tipo de atitude, em virtude da conveniência e senso de oportunidade, presente em todos nós.
No entanto, alguma coisa foge ao lugar-comum. Alguma coisa não está muito de acordo com o padrão. É aí que o discreto alarme dispara. Fiquei impressionado com seu discurso sobre astrofísica em outro tópico. Tirando todo o palavreado técnico e específico, como os efeitos quânticos de Schwarzenegger, eu poderia ter dito tudo aquilo a um ateu. Possivelmente já o fiz, com minhas palavras, meu estilo, mas sem fugir à essência.
Eu nunca tentei provar nada a ninguém, desde que aqui cheguei, por dois motivos: primeiro porque acredito ser uma tarefa impossível e, segundo, porque não tenho interesse real nisso. Meu interesse neste fórum é bem mais modesto e começo a aceitar o fato de que até mesmo esse modesto objetivo escapa à possibilidade humana. Minha, pelo menos.
Eu vejo as pessoas, Let. Nada parecido com I see dead people. Elas estão bem vivas. Talvez, no máximo, dormindo. É uma visão que eu não posso compartilhar, mas sempre insisto em dizer “vá em frente! Tente!”. Bem, veja você mesmo:
Sim, sua curiosidade é o começo. Mas vai ficar só com ela? Sua curiosidade lhe é inútil se não ires adiante. Seja sincero consigo mesmo, alimente sua curiosidade e a sacie com PESQUISA
É disso que eu estou falando. É isso que eu estou vendo. E seria fascinante, se não tivesse fronteiras. Vejamos mais um pouco:
Agora, se não querem acreditar porque não "vemos", apenas captamos uns sinaizinhos do céu, então também não deveriam acreditar em tudo o que sabemos a respeito da constituição do nosso Sol e também de nossos planetas vizinhos.
Esse não é dos meus preferidos, dificilmente tomo esse atalho, mas contém alguma lógica. Podemos dar um passo melhor:
E se o que você acha que é lógica é o que aporta seu pensamento, então por favor nunca tente estudar algo mais elementar sobre cosmologia, relatividade ou física quântica.
Eu nem saberia mais como falar de lógica sem repetir uma idéia. Até com o Alfredão eu já tentei (ele não respondeu) em tempos pré-históricos. Tentei com muitos outros. Pena que você não estava por aqui. O texto a seguir, eu também já usei:
Pois a sua lógica verá contradições em todo o lugar para onde dirigires teus olhos.
Mas nada foi tão perfeito quanto isto:
Sua lógica baseada no senso comum de apreensão do que convencionamos chamar de fenômenos físicos é seu pior inimigo
Sem ironias, fico emocionado. São coisas assim que ainda me fazer apostar neste fórum.
E, claro, para não perder o mau hábito de ser chato, faço minhas suas palavras:
Ser cético sobre algo cujos princípios explicativos subjacentes se desconhece não é ceticismo. É outra coisa.
Pois é, Let, que você é um cara inteligente, ninguém duvida. Mas você demonstrou mais que isso, quando eu esperava apenas inteligência. Infelizmente, por força da conveniência, você dá seu aval silencioso a coisas como estas:
por constatar o nível de idiotices, imbecilidades e boçalidades
Quando vi que a estupidez e ignorância eram os pontos em comum entre todos os teístas
casos terminais de idiotice e imbecilidade
da nossa auto-conceituada superioridade filosófica
abandonando as múmias ao limbo de seus túmulos
Se fizéssemos um apanhado de todas as minhas participações no RV, seria fácil perceber que sempre fui mais incisivo com os religiosos do que com os ateus. Existem ateus aqui que conquistaram minha admiração eterna, mas o joio é onipresente. Nunca nos livraremos dele. Eu simplesmente ignoro (como farei com a maioria dos novos foristas a partir desta postagem – chamo a isso de bom senso).
Com os teístas eu tenho mais dificuldade de ficar indiferente. Talvez porque quando eles dizem bobagens indiretamente respingue em mim. Faz algum sentido, ou não? A mente humana é fortemente atraída pela máxima que diz “por um, pagam todos”. Exceções à parte, é assim que funciona. Eu me protejo quando não apoio aquele que renuncia à razão, seja ateu ou teísta. Puxar brasa para minha sardinha é menos importante do que sentir-me lúcido e em paz com minha consciência. Sou daqueles que se sentem esmagados quando traem a si mesmos.
Do outro lado, a lógica parece ser outra. Tudo é aceito. Tudo é bem vindo. Desde que engrosse suas fileiras, está recrutado. Pouco ou nenhum filtro é utilizado e, no máximo, fecham-se os olhos aos excessos. “Eu não faço, mas deixem que façam, é bom para a causa”. Mais ou menos assim. Será que é bom? Muito questionável. Para mim, garanto, não seria, e tenho provado isso.
Não quero que pareça uma reclamação, mas este fórum está cada dia mais distante do ambiente que, há dois anos, me deixou fascinado. A ponto de, pela primeira vez, tomar a decisão de participar de debates virtuais. Cara, era incrível. Eu cheguei aqui por acaso, por acidente e, durante dias, não conseguia desgrudar os olhos dos debates acirrados e inteligentes. Era quase uma hipnose. Aí resolvi entrar na briga e o resto vocês já sabem.
Sinto muita falta da sabedoria do Flávio Costa. O Acauan, embora tenha nos brindado com mais um de seus inigualáveis textos, anda meio sumido também. Tranca, Abmael, Res, Bruno, Lígia, Alter, entre outros da velha guarda, estão por aí, mas com participações mais acanhadas, mais rarefeitas. É como se o brilho tivesse diminuído. Era ofuscante. Jovens-gênios como o Samael e o Cabeção, por exemplo, estão mais focados em política, economia, assuntos que sempre orbitaram este espaço, mas não com tanta expressividade. Não está errado, não é uma recriminação, mas por essas e outras vão-se abrindo lacunas irreparáveis na formidável arena que um dia foi o Religião é Veneno. E para quem não abre mão de provas, a prova de que é irreparável está aí, diante de vossos olhos, em tópicos como este, em palavras e pessoas lamentáveis.
Pronto, perdi o rumo. Eu estava falando com o Let e viajei. Voltando a pisar no chão, eu gostaria de encerrar com este último comentário.
Let me think for a while, se e apenas se, você achar que tudo o que eu falei (bem lá em cima, claro) tinha a intenção, e a ilusão, de fazê-lo “aceitar” uma idéia, qualquer idéia, digo, esperando não ofendê-lo, que você não entendeu suas próprias palavras.
Cordiais saudações e, aos “outros”, até nunca mais.