Acauan escreveu:Isto é um fato histórico.
Houve no passado um tipo de capitalismo em que crianças eram exploradas até a exaustão para garantir a lucratividade de alguns processos.
Hoje é inadmissível uma empresa se valer deste tipo de recurso.
Note que isto independe de legislações trabalhistas, pois produtos fabricados por crianças em países onde tal trabalho é legalizado tendem a ser rejeitados em mercados capitalistas mais avançados, única e exclusivamente porque o próprio capitalismo demonstrou que há caminhos melhores para se chegar à riqueza dentro do próprio capitalismo.
No mais, toda atividade humana é passível de aperfeiçoamento via correção de falhas, não havendo porque ter o capitalismo como excelsa exceção.
Considerar um sistema econômico como perfeito e destinado a ostentar tal perfeição por toda eternidade futura é coisa de marxistas.
Apenas não gostei do que disse sobre o "outro capitalismo". O capitalismo é sempre o mesmo, em todos os tempos e todas as regiões. O que muda são as condições de vida das pessoas, e, coseqüentemente, a aceitação de determinadas condições de trabalho. Que, como você disse, independe de leis trabalhistas.
Não é difícil ver a relação entre "padrão de vida" e "condição mínima aceitável". Trabalhar em uma fábrica tijolos 9 horas por dia debaixo do sol com um salário de R$ 500,00 pode ser algo extremamente degradante para uma pessoa de classe média baixa, mas não é algo que um pobre a procura de emprego para sustentar a sua família vá esnobar. Talvez até fique muito feliz com o emprego conseguido. Pergunta para ele se ele tem alguma objeção moral no que se refere às condições de trabalho a que se submete. Imagine se uma fábrica destas chegasse em um bairro de classe média baixa e oferecesse emprego. Não iria conseguir nenhum empregado.
Ou então, o exemplo mais óbvio de todos: se as leis trabalhistas impõem que há um salário mínimo a ser pago a um empregado, por que vemos oportunidades de emprego (mesmo as que estão livres de pisos salariais estabelecidos por conselhos) que superam em muito esse valor?
É o que foi dito. Melhoras nas condições de trabalho independem de leis trabalhistas. Dependem do grau de exigência do empregado, que está ligado ao seu padrão de vida. Quanto melhor o padrão de vida de uma sociedade, melhores serão as condições de trabalho disponíveis,
independente de leis trabalhistas. Se leis trabalhistas resultam em melhorias de condições e de salários, o fazem de uma maneira artificial, que não corresponde à melhor alocação possível dos recursos da sociedade.