Sessão de homenagem a Che Guevara critica 'imprensa reacioná

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Samael
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Re: Re.: Sessão de homenagem a Che Guevara critica

Mensagem por Samael »

RicardoVitor escreveu:Eu gostaria que os tais "jornalistas" apontassem os erros da Veja, ao invés de ficar fazendo biquinho malcriado à infame reportagem...


A resposta do Anderson mais abaixo responde à sua pergunta, Liquid.

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Aranha
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Re.: Sessão de homenagem a Che Guevara critica

Mensagem por Aranha »

- Para mim Che era um bosta, mas que a reportagem foi uma merda, isto foi !!!

Abraços,
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Ben Parker

Thiago C. Santos
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Erros na "reportagem" de Veja sobre Che

Mensagem por Thiago C. Santos »

Pois é, ninguém fora o tal biográfo de Che falou sobre os supostos erros da "reportagem" (na verdade, um texto opinativo) que a Veja publicou sobre o guerrilheiro.


Alguns erros que eu identifiquei (superficialmente):

1- Argumento contra pessoa (Ad Hominem): Uma fálacia comum nos textos de Veja, que é simplesmente transformar o "alvo" da revista numa caricatura, ao invés de apresentar argumentos relevantes sobre a figura em questão.

Exemplo: "Che fedia como rim fervido", ora cabe aqui perguntar como o autor do texto sabe como é o cheiro de um "rim fervido". De toda forma, tal "informação" não diz absolutamente nada sobre a postura política ou ideológica do guerrilheiro.


2- A "reportagem" assumiu apenas um ponto de vista. Como ensina Sagan em "Mundo Assombrado...", o ceticismo sempre requer "um debate substantivo sobre as evidências, do qual participarão notórios partidários de todos os pontos de vista"

Exemplo: "Che está na mesma lata de lixo que Stalin, Lenin e Marx". Ora, tratando-se de uma "reportagem", a revista deveria ter ouvido pessoas que têm opiniões diferentes. Não feito isso, podemos classificar a "reportagem sobre Che" como um artigo tendencioso e nada profissional sobre Che.

3- Novamente, Dr. Sagan: "Devemos poder verificar as alternativas. Os céticos inveterados devem ter a oportunidade de seguir o nosso raciocínio e ver se chegam ao mesmo resultado". Veja fala apenas aos seus "convertidos", ou seja, pessoas que concordam abertamente com o ponto de vista da revista. A revista não apresenta evidências que podem convencer céticos como eu.

Exemplo: As fontes ouvidas pela Revista se resumem a pessoas que não são imparciais em suas análises. Alguns dos entrevistados moram em Miami e fazem lobby anticastro, ou seja, só têm um ponto de vista a nos apresentar. Em compensação, "Veja" não entrevistou ninguém que falasse a favor de Che.

4- "Se há uma cadeia de argumentos, todos os elos na cadeia devem funcionar (inclusive a premissa)- e não apenas a maioria deles". A premissa é que Che está no mesmo lixo que Stálin e Lênin, ótimo. Mas fora a opinião do autor do texto, o que mais sustenta tal hipotese?

Exemplo: A revista não ouviu historiadores imparciais, apenas pessoas que têm posições ideológicas contrárias ao regime cubano ou a ideologia comunista. Por que Veja não tentou entrevistar, por exemplo, Eric Hombsbawm, considerado o maior historiador vivo? A revista pode até ter tentado e não ter conseguido, mas neste caso que informasse aos leitores.

O que não pode é vender opinião como se fosse informação, texto opinativo como se fosse reportagem.

* A diferença entre texto opinativo e reportagem:

O texto opinativo (artigo) representa o ponto de vista de um único indivíduo sobre determinado assunto, embasado ou não em dados e fontes de sua conveniência.

A reportagem se caracteriza pela isenção, imparcialidade, negação do pensamento único. A reportagem não pode ser unilateral, ou seja, deve abrir espaço para partidários de opiniões divergentes sobre o assunto abordado.
DH-4

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Samael
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Mensagem por Samael »

Diminua o avatar, pelo amor de Deus.

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Samael
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Mensagem por Samael »

spink escreveu:
zencem escreveu:.
Isso é campanha de fábrica de camisetas, cujas vendas devem ter despencado com a reportagem da Veja.

Tinha cara que usava, pensando que era "in", e nem sabia quem era a figura.

Os esquerdoides que vão se escorando na demagogia do Lula, nos mensalões e na compra oficial dos votos dos marginalizados.

Se dependerem da juventude mais esclarescida, vão se danar.

A juventude está começando a dar importância à liberdade.




http://www.padrelevedo.hpg.ig.com.br/le ... oLero.html


Cara, isso foi simplesmente perfeito! :emoticon12:

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spink
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Mensagem por spink »

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Jornalismo na Guerra: Jon Lee Anderson bate-papo na Abril
21 de Julho de 2005, 17:24


Foi uma aula de jornalismo. Entrevistado no dia 13 de julho pelo editor-executivo da revista Veja, Carlos Graieb, o jornalista americano Jon Lee Anderson, colaborador da revista New Yorker, falou sobre sua brilhante trajetória profissional, desde quando era um jovem correspondente na América Central até o reconhecimento internacional. O encontro integrou o Ciclo de Palestras que comemora os 30 anos do Prêmio Abril de Jornalismo.

Fruto da geração que assistiu à capitulação dos norte-americanos no Vietnã, Anderson integra a turma dos coleguinhas céticos quando o assunto é a política internacional dos sucessivos governos de seu país. O jornalista definiu o conflito no Vietnã, na década de 70, como marco histórico na cobertura de conflitos. Pela televisão, a população assistiu às mortes dos soldados e pôde protestar.

Essa visão autônoma, muito próxima do ideal de jornalismo, fez de Anderson voz destoante na mídia. Três meses antes dos ataques norte-americanos em 2003, ele já estava no Iraque, pronto para cobrir o conflito com independência. Da mesma forma, foi ao Afeganistão, logo após os atentados ao World Trade Center, para provar para si mesmo que não era apenas um bando de terroristas que vivia lá. Ele queria ver tudo de perto.

Poucos são os profissionais que se atreveram a contar uma história como a de Anderson em A Queda de Bagdá (2004, Objetiva). Mesmo assim, ele não condenou os companheiros. Reconheceu a região do conflito iraquiano como a mais perigosa para trabalhar nos últimos 40 anos. Explicou que os jornalistas ocidentais são reféns de uma situação em que não conhecem o lugar, desconhecem o idioma e a única proteção deles são as tropas aliadas. O envolvimento emocional é inevitável. Não há cobertura, por maiores que sejam os esforços de isenção, que sobreviva a essas interferências.

Mas há governo que se beneficie com elas, sugeriu um irônico Anderson. Afinal, que mal uma cobertura emotiva e favorável às tropas faria, por exemplo, a George W. Bush?

A vontade de testemunhar os fatos, de estar onde a história está acontecendo, conduziu o norte-americano para o jornalismo. O interesse por conflitos viria como conseqüência da formação pessoal. O domínio da língua espanhola e a afinidade com a América Latina empurraram-no para a turbulenta área central do continente. Lá, trabalhou como correspondente da Time. Foi caminho sem volta.

Durante toda a palestra, Anderson defendeu o jornalismo que fala com a fonte e não dorme no ponto. Provou que era possível fazer uma boa cobertura no Iraque ou no Afeganistão em condições adversas. Provocou a platéia ao lembrá-los da liberdade com que pode escrever na The New Yorker. Não satisfeito, ainda defendeu a existência de mais publicações que não sejam necessariamente lucrativas, mas façam bom jornalismo. "Para que ganhar muito dinheiro?" bradou. Que inveja, Jon Lee, que inveja!

Veja aqui vídeos do bate-papo com Jon Lee Anderson

Confira crítica de AQueda de Bagdá (Objetiva, 2004)

Dica de mestre: Etiqueta Negra, revista peruana recomendada por Anderson

é... como os conceitos mudam ao sabor ds conveniências.
"Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil como ela mesma." (Joseph Pulitzer).

Thiago C. Santos
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Registrado em: 25 Out 2007, 17:06

Mensagem por Thiago C. Santos »

Não conheço profundamente o trabalho de Jon Lee Anderson, mas recomendo o filme "Boa Noite e Boa Sorte", de Edward Murrow, considerado um dos maiores jornalistas dos EUA.

E pensar que os jornalistas provavelmente sabem das regras básicas de uma boa reportagem desde o primeiro ano de faculdade (até mesmo nos cursos de jornalismo literário o tema é enfatizado). Com certeza, isso é elementar.

Pena que a Veja não se leve a sério.....
DH-4

Trancado