Acauan escreveu:Abmael escreveu:Acauan escreveu:
Antes note que vários aqui associaram moral a "bem estar", coisa bem mais difícil de transformar em juízo de fato, mesmo porque poucos hão de duvidar que uma das necessidades do bem estar é o belo.
- Isto depende do quão humano se é, como determinar se o homem primal, sem a lapidação da civilização e da cultura, teria o belo como necessidade?
- Em algum ponto distante de nossa história isto surgiu, mas tal é tão misterioso quanto o surgimento da moral em si, só este parágrafo em si já geraria páginas de debate.
Isto está suficientemente documentado nas pinturas rupestres, instrumentos musicais primitivos e mitologias antigas.
Note que as roupas cerimoniais usadas nos ritos religiosos primitivos provam uma associação de longa data entre beleza e elevação espiritual. Não importa quão primitivo seja o povo pesquisado, sempre se descobre algum rito de significado místico-espiritual e algum conjunto de ornamentos cerimoniais ligados a estes ritos.
- Quando a abstração e a imaginação se materializaram em nossas mentes nos tornamos capazes de representar a natureza e atribuir novos signigicados a objetos, estados e situações que são comuns a todas culturas, como caça, jarros, família, morte, dentro deste cenário o conceito de belo é construído pelo homem, o objeto jarro, por exemplo, foi testado por gerações até chegar à forma e tamanho ideais para carregar, manufaturar e manusear, a este resultado final pode ter ganhado a primeira atribuição de belo e daí o conceito pode ter sido extendido aos enfeites cores, etc, mas o atributo vem do homem e não do vaso, não há, como você afirma, formas na natureza que são mais belas, há formas que são mais utilitárias ou/e cuja história ancestral nos inspira a beleza.
Acauan escreveu:
Abmael escreveu:Acauan escreveu:[color=yellow]
É importante neste caso não confundir juízo com racionalização, uma vez que se você racionaliza o belo ele passa a ser outra coisa, mas não é difícil entender a harmonia, equilíbrio ou simetria da representação de uma forma produzindo efeito universalmente reconhecido, em maior ou menor grau, como inspirador da perfeição da forma em questão.
- harmonia e equilíbrio são valores universais sem dúvida, mas não creio que sejam intrínsecos ao belo e sim resultado da valoração do prazer humano em criar, desafiar e vencer a natureza, enfim, são valores da civilização.
Você pode encontrar muita harmonia em pinturas de cavernas feitas milhares de anos antes da primeira coisa parecida com civilização ser erigida. Estas pinturas não representam uma tentativa de vencer a natureza, mas de extrair dela sua essência e assim poder entendê-la melhor e conviver melhor nela e ou com ela.
- Mas a intenção não era chegar ao belo e sim representar, a partir da sistematização da forma se chega ao belo, veja bem, as formas de representação ou foram sendo aprimoradas ao longo de gerações até que se chegasse à forma de um búfalo, por exemplo, que fosse imediatamente identificada por todo o grupo, ou então, o grupo convencionou que um búfalo deveria necessariamente ter requisitos básicos em sua forma de representação (ou símbolo), daí chegou-se a um padrão de beleza mensurável inclusive, mas, mais uma vez, o padrão vem do ser humano e não de fora.
Acauan escreveu:
Abmael escreveu:- A valoração da simetria provavelmente provêm de nossa natureza diplóide, se nós fossémos seres assimétricos valorizaríamos tanto a simetria?
[color=yellow]O fato é que não somos e não somos por motivos óbvios, que refletem uma ordem natural que busca o equilíbrio.
- Ou somos devidos a um enorme acaso da natureza?
Acauan escreveu:
Abmael escreveu:- Logo, a idéia de "belo" não é absoluta ou universal, ela vem do observador, tudo que você demonstrou é que alguns atributos do que consideramos "belo" é ditado por valores culturais que são universais ou por valores especicistas.
[color=yellow]De novo esta história de valores culturais como explicação para tudo. Note que os valores estéticos são parte primitivamente formadora da cultura e assim não pode ser um produto dela.
- Desculpe aborrecê-lo, não é a intenção, tanto que não estou colocando valores culturais como explicação para tudo, coloco nossa natureza também, com certeza se fóssemos parecidos com polvos ou tivéssemos organização social igual às abelhas ou olhos multifacetados como as moscas teriámos padrões de beleza bem diferentes, porisso digo que alguns padrões são universais pois estão intimamente ligados à nossa natureza humana.
- Quanto a sua afirmação de que
"valores estéticos são parte primitivamente formadora da cultura", eu concordaria dentro dos termos do parágrafo acima.
Acauan escreveu:
Abmael escreveu: - Outro ponto que discordo é que tais valores necessariamente apontem beleza, de fato, a natureza não preza necessariamente pela simetria, pelo equilíbrio ou pela harmonia, prova que nós tendemos a relaxar e ser contemplativos quando observamos a natureza, em arte, procura-se de fato evitar a simetria em paisagens e naturezas mortas, é outra forma de beleza, mas ainda assim o é.
[color=yellow]Se atentar ao que eu disse, verá que falei de simetria e equilíbrio das formas, que são conceitos perfeitos e ideais. Você, muito certamente, fala de composições, que são combinações de formas, nas quais a harmonia do conjunto não depende, obviamente, de simetria, mas que necessariamente é tão belo quanto harmônico. Daí quadros pintados por macacos e arte moderna serem discutíveis como padrões universais de beleza e a Pietá não.
- Como já disse antes, simetria e equilíbrio são atributos definidos por nós e não valores intrínsecos à natureza das coisas, pelo menos vejo assim até prova em contrário.
- E a pietá é um padrão universal porque é uma figura humana representada de forma ultra-realística oras, qualquer humano se reconhece nela, isso é tão natural quanto sentir nojo de fezes e/ou gostar de doces, o correto seria comparar a apreciação de quadros pintados por macacos com a apreciação de quadros montados a partir de tintas jogadas aleatóriamente na tela.
Acauan escreveu:
Abmael escreveu: Acauan escreveu:[color=yellow]Pode-se dizer que o belo é questão de gosto, o que seria uma discussão inútil, pois os gostos são preferências por determinadas representaçòes de formas em detrimento de outras, enquanto o belo é intrínseco a cada representação da forma, independente das preferências individuais.
- Discordo, a apreciação vem do observador, tudo que você provou é que algumas medidas são universais, mas não porque são absolutas e sim porque as circunstâncias que as moldaram nos parecem absolutas.
Daqui a pouco alguém vai falar em física quântica para provar que a beleza não pode existir em uma realidade ponteada pela dualidade onda-partícula.
De novo, formas perfeitas são belas por definição, independem da apreciação do observador e sua perfeição pode ser provada conceitualmente.
Sabe-se lá porque tendemos a apreciar estas formas perfeitas e quanto as representamos de modo imperfeito em nossa realidade, identificamos não apenas as frações da beleza original perfeita, mas a inspiração que conduz àquela.
- Como já disse antes vemos o Sol e a Lua como esferas perfeitas devido à imperfeição de nossos olhos incapazes de ver as imperfeições da forma, daí chegamos ao conceito do ideal de esfera, existe um porquê para cada valoração que vem de nós e não de fora.
(Santo Agostinho, héin?)
Abraços,