"Debate do Século" - Constantino X Ciro Gomes

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Samael
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Re: "Debate do Século" - Constantino X Ciro Gomes

Mensagem por Samael »

user f.k.a. Cabeção escreveu:
Samael escreveu:Constantino é um idiota. No debate entre o MA Garcia e o Bob Fields a coisa se desenvolveu de forma muito mais interessante.


Nao, Constantino nao e um idiota. Ele nao e brilhante como Roberto Campos foi, e seu trabalho no blog e nos livros que escreve consiste basicamente em resenhar autores (esses sim, em grande maioria geniais). Mas eu diria que so pela sua escolha de autores ele ja se separa da gigantesca massa de opinadores e articulistas debeis mentais que temos no Brasil.

Mas qualquer comparacao com Roberto Campos e injusta, tanto por este ter sido um intelectual de primeira linha, quanto por ele tambem ter tido sua experiencia politica de longa data, como ministro, deputado e senador. Ou seja, "Bob Fields" tambem conhecia as malandragens da profissao e sabia desarmar bestas-quadradas como Marco Aurelio Top-Top.

Agora botar um moleque como Constantino para bater de frente logo com um "peixe grande" como Ciro Gomes e desleal.

Se fosse alguem de maior calibre, iria usar a conversa que o Ciro puxou sobre a Colombia contra o governo, dizendo que o governo de Alvaro Uribe procura restaurar a democracia em seu pais, com coragem e amplo apoio dos cidadaos colombianos, mesmo se for preciso atacar o inimigo no seu refugio atras da fronteiras. E que a hostilidade "pseudo-democratica" contra a acao de Uribe e na verdade uma fachada para a alianca formal com as FARC, e uma subserviencia as atas do foro de Sao Paulo. Guerrilheiros estavam enviando assassinos para aterrorizar os camponeses colombianos, e esses assassinos vinham da fronteira com o Equador, que nada fez quanto a isso. Deveria ter dito tambem que se a auto-determinacao dos povos interessasse tanto ao governo ele teria investigado melhor as operacoes do exercito venezuelano no espaco aero e terrestre brasileiro, dentro de reservas indigenas na Amazonia, onde o Exercito Brasileiro nao tem autonomia para operar. Teria acusado o governo Lula de traicao a Constituicao brasileira e de substituicao da mesma pelas atas do Foro.

Ficar nesse papinho de "Michael Dell isso, Sony Vaio aquilo", isso nao ganha esse tipo de debate, mesmo que sejam exemplos validos.


Eu não entrei no mérito do debate. Constantino escreveu alguns textos ridiculamente idiotas, como aquele sobre a questão do desmatamento da Amazônia ou aquele sobre o livre-arbítrio. Ainda assim, eu não sou economista e não vou discutir economia nos textos dele.

Eu só fiz essa afirmação baseado numa coisa muito simples: Ciro pode estar o quão errado quiser, ele apresenta números e não fica num blá blá blá de citar frase clássica de algum grande autor e numa teórica lógica mecânica que o mercado ou o que quer que fosse deveria assumir. O Campos se deu ao trabalho, tanto quanto em respeito a si mesmo quanto ao adversário ideológico, de trabalhar com a realidade, de citar fatos, questões, números. Eu não critiquei o SPAMTA pelo espectro ideológico, mas sim, pela total incapacidade que ele teve de defender uma causa que outros defenderiam de modo muito mais rigoroso e inteligente.

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user f.k.a. Cabeção
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Re: "Debate do Século" - Constantino X Ciro Gomes

Mensagem por user f.k.a. Cabeção »

E nesse quesito nos concordamos.

A unica diferenca e que, embora eu pense que o Constantino pudesse ter se preparado melhor, esse tipo de debate nao serve para nada. Um lado esta preocupado com a demagogia e outro tenta elaborar argumentos logicos. Nao e preciso entrar no merito de quem e mais competente que quem para saber qual vai ser o resultado, em se tratando de um debate televisivo onde os participantes tem tempo restrito e podem interromper uns aos outros.

Roberto Campos, alem de ter sido um sujeito muito bem informado e brilhante, esteve no olho do furacao a maior parte da sua vida, e portanto sabia jogar os dois jogos, o do debate intelectual e o do debate politico. E obvio que colocar um gigante como ele para debater com um vira-lata ridiculo como o Top-top daria no que deu.

Com relacao aos "numeros", qualquer idiota consegue decorar uma serie de estatisticas e dados numericos e lanca-los nesse tipo de debate, mas estabelecer as correlacoes que demonstrariam a validade das proposicoes extraidas desses dados ja sao outros quinhentos. O governo Lula se especializou na arte de propagandear "numeros fantasticos", ajudados pela maior parte da midia chapa branca. Mas nenhum arauto da prosperidade se propoe a fazer uma analise minuciosa dos dados apresentados, mediante um estudo comparativo com paises do mesmo grau de desenvolvimento e interesse internacional, ou apresentar uma correlacao sistematica de causa e efeito das medidas economicas (alias, quais?) do governo Lula e os respectivos resultados anunciados. Se limitam apenas a esses anuncios propagandisticos e a acusacoes contra o mercado quando as coisas dao errado (como no caso da inflacao recente, que a intelligentsia atribuiu a crise de alimentos).

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DIG
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Re: "Debate do Século" - Constantino X Ciro Gomes

Mensagem por DIG »

Aff, que burro, da zero pra ele :emoticon8:

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Apáte
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Re: "Debate do Século" - Constantino X Ciro Gomes

Mensagem por Apáte »

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Jack Torrance
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Re: "Debate do Século" - Constantino X Ciro Gomes

Mensagem por Jack Torrance »

Assisti o finalzinho do repórte no CQC esculachando o Ciro. Muito louco.
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Apáte
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Re: "Debate do Século" - Constantino X Ciro Gomes

Mensagem por Apáte »

Só um comentário que esqueci de fazer.

Ciro discursando sobre no futuro o auto-juízo ser absoluto foi impagável.

Ciro Gomes soltar um "não existe almoço grátis" dando entender que o ESTADO deveria gastar mais para cumprir seu papel. Só não sei se foi uma ironia grosseira onde o político podia colocar os pés pelas mãos (se o oponente não fosse tão coitadinho) ou se ele não tinha nem noção de quem era autor da frase.
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Huxley
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Re: "Debate do Século" - Constantino X Ciro Gomes

Mensagem por Huxley »

Ciro não tem nada de esquerda ou de direita. Ele é apenas um coronel cearense que se beneficia por dá apoio a um governo que tem aprovação elevadíssima. Qualquer canalha faria um discurso de esquerda petista se estivesse lá dentro do governo.

Por outro lado, Constantino disse que deveríamos cortar gastos públicos para aumentar a poupança [agregada] e, consequentemente, o crescimento. Mas a poupança não precede o investimento, porque ela não precede nem temporal e nem logicamente, o investimento. Ela é um fluxo simultâneo ao investimento e por ele determinado. Ademais, não é a poupança quem financia o investimento e sim o crédito, este sim, um estoque criado ex nihilo pelo sistema bancário. Nenhuma queda do consumo gera, por si só, aumento na poupança.

Algo que contraria a tese da contração fiscal é a observação da conjuntura econômica atual. Aumentar a poupança pública significa diminuir o déficit público. Mas a Alemanha recentemente eliminou o déficit público e ainda não deixou de crescer a taxas "íncríveis" de 2,5%:
http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinh ... 3513.shtml

Algo semelhante ocorreu com muitos outros países da União Européia que cumpriram com rigor (e mais do que o exigido) o requisito fiscal pelo Tratado de Maastricht.

Nem o tamanho da dívida pública pode ser usado como justificativa para se "cortar gastos e diminuir a taxa de juros", ainda mais para um país que já atingiu o “investment grade”. Não há NENHUMA relação entre o tamanho da dívida e taxas de juros. Vejam o gráfico da página 2 do artigo abaixo com dados comparativos de diferentes países: http://www.desempregozero.org.br/artigo ... jantar.pdf

Quem quiser concordar com o Constantino, me explique como a Indonésia consegue ter uma taxa de juros muito mais baixa que a nossa com uma relação dívida/PIB de 70%.

E nunca ouvi falar de país que enriqueceu através de um aumento permanente da poupança pública. As pessoas acreditam nestas besteiras porque querem.
“A boa sociedade é aquela em que o número de oportunidades de qualquer pessoa aleatoriamente escolhida tenha probabilidade de ser a maior possível”

Friedrich Hayek. “Direito, legislação e liberdade” (volume II, p.156, 1985, Editora Visão)

"Os homens práticos, que se julgam tão independentes em seu pensar, são todos na verdade escravos das idéias de algum economista morto."

John Maynard Keynes

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Apáte
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Re: "Debate do Século" - Constantino X Ciro Gomes

Mensagem por Apáte »

Usuário deletado escreveu:Astúcias de Chapolín

Olavo de Carvalho
Diário do Comércio (editorial), 02 de maio de 2008


Num recente debate com o economista Rodrigo Constantino, no programa “Conversas Cruzadas” da TV gaúcha ( http://www.youtube.com/watch?v=xxnn-lPglz4 ), o deputado Ciro Gomes assegurou que o único gasto excessivo do governo federal é o pagamento dos juros da dívida externa e que seria praticamente impossível sugerir, fora isso, qualquer corte de despesas que chegasse a um bilhão de reais. Aparentemente, nem ele nem seu interlocutor tinham a menor idéia de que a pletora de indenizações a terroristas – o gasto mais inútil e mais indecente que se poderia imaginar -- já ultrapassou essa cifra há muito tempo. Também nenhum dos dois deu sinal de saber que, no orçamento deste ano, as despesas da Presidência estão em quase três bilhões, e os ministérios inventados pelo governo Lula, que não faziam a menor falta quando não existiam nem farão quando retornarem ao nada, estão consumindo 8 bilhões. Com toda a sua responsabilidade de ex-ministro da Integração Nacional, o sr. Ciro Gomes mostrou recordar, do Orçamento da União, só aquele detalhe que lhe dava a oportunidade de malhar uma vez mais o seu judas predileto, o “neoliberalismo”, esquecendo tudo o mais. Se não o esquecesse, não poderia conciliar sua ojeriza aos credores externos com a afirmativa esdrúxula de que o governo deveria é gastar mais em vez de menos. Pois, afinal, foi para gastar mais, e não menos, que se fez a dívida externa. Ou estou enganado?

Mesmo quanto ao alvo predileto dos seus ataques o sr. Gomes mostrou não saber grande coisa, pois voltou a insistir no cacoete mais estúpido da retórica oficial, os tais “quinhentos anos” de exploração capitalista, como se o “neoliberalismo” (seja isto lá o que for) tivesse começado com Pedro Álvares Cabral e como se toda a nossa história administrativa não tivesse sido, bem ao contrário, – e desde os tempos das Capitanias Hereditárias – uma novela de centralização, burocratismo e gastos públicos freqüentemente até maiores do que aqueles que o ex-ministro recomenda.

Presto sempre atenção ao que diz o sr. Ciro Gomes, porque é quase inevitável que mais dia, menos dia, ele se candidate de novo à Presidência, recuperando a chance que perdeu quando, em 2002, consentiu abjetamente em servir de sparring na farsa eleitoral mais grotesca da nossa História, uma festa em família entre companheiros de esquerdismo, todos empenhados em não bater demais no candidato petista cuja vitória pré-decidida era a única razão de ser daquela palhaçada toda.

Notem bem: o sr. Gomes não é nenhum idiota, é um dos homens mais inteligentes e uma das personalidades mais interessantes que já passaram por qualquer ministério desde a inauguração da Nova República. Seu problema não é burrice: é o oportunismo escorregadio que o faz querer passar por muito mais esquerdista do que é e comprometer-se com as políticas erradas mesmo quando está com a idéia certa na cabeça. Muitas vezes, no curso deste debate como em outros pronunciamentos, ele expressou opiniões gerais muito sensatas, mas entremeando-as de concessões de ocasião ao esquerdismo mais vulgar e estúpido, arruinando com uma profusão de detalhes falsos a verdade geral do que dizia. Ele faz isso porque padece de espertismo , a doença endêmica dos políticos brasileiros, que consiste em acabar virando bobo de tanto querer bancar o esperto. Se fosse mesmo esperto, o sr. Gomes jamais teria apostado nas luzes de meio watt do filósofo Roberto Mangabeira Unger, que é o pior tipo de visionário, o visionário sem visão. Nem daria como exemplo de interferência estrangeira danosa aos nossos interesses, como o fez neste debate, a pressão americana contra a venda de aviões à Venezuela. Não que ele seja bobo o suficiente para imaginar que um assunto desses pode ser enfocado só do ângulo econômico, ignorando as implicações militares mais patentes que determinam a atitude americana e a tornam, aliás, benéfica ao Brasil. Mas fazer-se de bobo só para não perder a chance de dar um agradinho nos chavistas de plantão não é esperteza nenhuma: como sempre acontece nessas ocasiões, a diferença entre a bobagem fingida e a bobagem autêntica tornou-se perfeitamente irrelevante, e a astúcia verbal do sr. Gomes acabou não se distinguindo em nada da do saudoso Chapolín Colorado.

Se o ex-governador do Ceará, com todo o seu talento, não se decidir a tornar-se ele mesmo em vez de continuar se amoldando por falsa esperteza àqueles que só pretendem utilizá-lo para fins que não são os dele, dificilmente virá a desempenhar na política brasileira um papel mais honroso do que na eleição presidencial de 2002.

Fonte

É por isso que eu gosto do Olavo. Ele só devia ter criticado também a mula do Constantino que deixou isso barato. Ciro Gomes usar o nome do Santo Friedman em vão, ainda pra justificar os gastos do Estado (aparentemente gratuitos à população) com não existe almoço grátis não dá.
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Trancado