user f.k.a. Cabeção escreveu:Voce quer ter uma conta bancaria, o banco quer te oferecer o servico dentro de algumas condicoes. Voce e que julga se essas condicoes valem ou nao a pena.
E de novo: quando eu trabalho em uma empresa, não sou eu que escolho o banco. Eu só posso receber meu salário no banco com o qual a empresa trabalha. Por uma questão de segurança ou distância, a maioria das pessoas mais simples ( não staff de diretoria e presidência, claro) acaba tendo que usar o serviço daquele banco. Portanto, quer dizer uma tremenda sacanagem.
E mais, em algumas épocas, todos os bancos cartelizam esta cobrança de seguro. Você não tem como escapar. Veja, por mais avessa ao socialismo ( e eu sou totalmente avessa ), algumas armadilhas de mercado não o tornam tão livre assim. Pelo menos no Brasil.
Claro que nao. Eu apenas digo que luxos podem ser fornecidos muito bem pelo livre Mercado, e que as pessoas nao precisam do Estado para consegui-los.
Eu não disse que precisam. Eu disse que coisas básicas como geladeira, por exemplo, não é supérfluo, como você disse que podemos viver sem uma série de coisas. Não podemos. A estas coisas que estou me referindo.
O Estado, no meu entender, consome recursos que seriam usados para o luxo porque existem coisas que nao sao luxos, e que sao necessarias para a propria existencia da sociedade, como Seguranca e Justica.
Sim, e daí?
Eu nunca disse, e jamais direi que voce esta errada ao querer consumir um luxo. Eu disse que voce esta errada no que pretende que o Estado facilite sua aquisicao de luxo, ou que as empresas de luxos devam se curvar as suas exigencias de contrato.
Eu nunca defendi que o Estado deva facilitar. Eu defendo que o Estado deva ser acionado por mim e pela sociedade, como parte dela e do mercado. Minha visão de mercado inclui o Estado praticamente como mais um fornecedor. Não há exigências minhas, há exigência de, quem sabe, um questionamento do que seja uma nova forma de ver o negócio em si. Um novo paradigma, como era quando se pagava milhares de reais por uma linha telefônica, se vendia, no mercado negro inclusive, se fazia negociatas envolvendo um serviço que, para mim, deve ser considerado básico: uma linha telefônica nos dias de hoje, em grandes e complexas cidades, onde precisamos do serviço para vários fins. Antes não havia multimedição, era tarifa única. Desta vez, considerou-se injusto alguém pegar uma única ficha e ficar pendurado horas num telefone público e no seu próprio telefone. Então valeu o bom senso. O mercado teve que assimilar. Capitalismo de senso comum, onde todos saíam perdendo, menos o que estava o serviço abusivamente naquele momento.
Apo, nao reduza o mundo inteiro a sua propria realidade, isso e ridiculo.
Não entendi o que isto tem a ver com a minha vida. E nem o que tem a ver com a fatia excluída da população. Mesmo esta quer ver tv e ter água e luz em casa. Ou geladeira.
E mesmo que hoje toda pessoa civilizada tenha essas coisas, nao e por merito do Estado, mas das empresas que conseguiram distribuir todos esses luxos e melhorar a qualidade de vida das pessoas.
E quem disse o contrário? Mesmo assim, há regras gerais de distribuição. Há tecnologia é pesquisa por trás de tudo. E quase tudo é administrado em sua base pelo Estado, QUE DEVE NOS SERVIR NESTA PLATAFORMA. QUANDO FOR NECESSÁRIO. Eu não disse que ele deve SE METER QUANDO NÃO FOR CHAMADO.
Por objetos domesticos voce entende ponto de TV a cabo?
Você sabe que coisas que são supérfluas passam a ser suplantadas por supérfluos que evoluem para básico e assim se evolui um mercado e uma sociedade. Mas eu não quero dizer com isto que agora, neste momento, todo mundo tenha que ter ou mereça, ou precise de um ponto extra de tv a cabo. Embora todo mundo queira computador e celular, embora qualquer faxineira ou pedreiro os tenha, a tendência é que alguns destes objetos passem a ser banais e não haja como viver sem eles mesmo. Quem sabe se TV a cabo não está tendendo para tal? Quem sabe não é interessante que um novo paradigma seja favorável aos dois lados, projetando-se este investimento para um futuro logo alí? É tão difícil que uma mínima visão mercadológica possa ser o pontapé para uma era de tv a cabo mais popular? Por que não? O mercado é livre até para isto! Renegociar! Onde já se viu estancar negócios? Ficar preso em contrato, em lei, em conversa que servia há 5, 10 anos? Isto não serve para nada. Depois o resto do mundo capitalista amadurece e a gente fica inerte, por umas bobagens contratuais. Isto engessa o desenvolvimento, que engessa a informação, que engessa o mercado!
So que renegociar perde completamente o sentido quando o Estado obriga um dos lados a fazer o que nao quer, ou simplesmente nao pode.
De novo: O ESTADO ME SERVE DE PLATAFORMA PARA ORGANIZAR O QUE ME INTERESSA. SEM ABRIR UMA PAUTA DE NEGOCIAÇÃO, NÃO SE SABE NEM O QUE ENVOLVE A MUDANÇA. PODE? NÃO PODE? PERAÍ! NEM CONVERSAR SE PODE? Absurdo, cabeção. Não vejo liberdade nesta tua visão de mercado.
O que voce fala nao tem coerencia nenhuma. Qual o papel que voce entende para o Estado? Fixar os contratos ou interceder quando as partes discordam a respeito de um contrato ja fixado? Isso muda tudo.
Tem toda coerência. Já respondi exaustivamente qual a minha posição do Estado dentro do processo de livre mercado. Que contrato já fixado, nada. Grande coisa um contrato. Muda o contrato. Basta haver estudo de viabilização, negociação entre as partes e tudo se readapta.
Apo, e voce quem esta defendendo o Estado em interceder na formacao de contratos livres entre empresas e clientes. Logo, voce e uma dessas pessoas que critica.
Pelo amor de Deus, não é nada disto. É muito mais delicado do que isto. Esta visão que separa completamente o Estado ( e suas obrigações COM O MERCADO) é muito hermética. Este afastamento faz dele um monstro com o qual guerreamos. O capitalismo tem que trazer o Estado para perto de si, acabar com esta mentalidade de que ele é o vilão. Ele é nosso serviçal ( pois pagamos impostos). Quanto mais perto chegarmos deste ente venenoso, melhor para dominá-lo. Ou deixá-lo nas mãos de bem sabemos quem...
De novo, voce esta querendo as vantagens de um servico de exclusividade ao comprar um servico massificado.
Você está se contradizendo: é massificado ou é elitizado? Em qualquer caso, tem que haver mais fluidez entre mercado e Estado. Não tem outro jeito.
Existem bancos com planos que mantem um gerente a sua disposicao 24h por dia. Ocorre que esses planos sao para pessoas dispostas a pagar o preco desse tratamento de exclusividade, ja que ele incorre num enorme custo por cliente para o banco.
Isto é extremo de novo. Mas e se o mercado, as pessoas, evoluírem sua mentalidade em querer melhorar cada vez mais? Vamos parar o processo? Pode parecer socializante isto, mas não é. Ainda assim, há classes, há níveis de serviços, há planos e há preços diferenciados. Mas sempre deve haver uma janela para a negociação.
E errado tambem acreditar que por se tratar de uma sociedade de livre contrato, nos teremos entao acesso direto aos diretores ou as pessoas com poder de negociacao. Se essas pessoas nao quiserem negociar com a gente, nos nao podemos obriga-los. Se o servico intransigente que eles oferecem e desvantajoso, procuremos um outro servico intransigente ou um servico exclusivo altamente negociavel.
Não sei porque tanto hermetismo. Esta noção de capitalismo em cima da intransigência é danosa. As necessidades podem ser tão diferentes quanto os méritos que temos para exigí-las ( e eu concordo com isto). Mas daí a engessar todo o processo há uma falta de abertura extremada a uma das mais sagradas leis de mercado: a negociação ( e por que o Estado não nos pode servir?). Assim você endossa que leis de defesa do consumidor por exemplo não devem existir. Tudo bem, eu concordo que nem deveriam. Mas para isto, é necessário mudança de mentalidade. Aqui no Brasil, compra-se uma jóia na HStern, por exemplo e se houve desaforo do gerente da loja! Mas que inversão é esta? Troco de joalheria? Troco. Mas mesmo assim, esta mentalidade empresarial burra de tratar mal cliente ( inclusive classe A) é subdesenvolvida. Se tá cheio de ignorante ainda em empresas que se vendem como VIP, e eu tiver que processá-las através do Estado, vou fazê-lo.
Má analogia porque não é serviço? Sim e não. É só para demonstrar a mentalidade empresarial tacanha que emprega gerentes mal preparados para atender seus clientes ( preferenciais ou não ).
E esta mentalidade ocorre nos serviços ( massificados, mas que saem caro de certa forma).
Agora ficar se queixando da intransigencia do servico massificado, quando e exatamente dessa intransigencia e massificacao que eles conseguem custos baixos refletidos em tarifas baixas, e que e absurdo.
Isto é que é absurdo. Eles lucram muito, ou são imbecis completos. Sou defensora do empreendedorismo, assim como sou defensora da excelência. E sou a favor da renegociação. Não neste caso específico da TV a cabo apenas, mas em tudo. A menos que se trate de commodities inegociáveis de uso comum internacional.
Ter liberdade de escolha nao significa poder escolher todas as vantagens daquilo que extremamente caro, pelo preco daquilo que extremamente barato, porque isso nao faz nenhum sentido.
Isto é coisa de barraqueiro. Eu nunca propus isto. Sou contra. Estou falando de negociação em outro nível.
Mas e verdade. Muita gente se queixa de como determinadas empresas operam de forma similar, achando que elas poderiam ter lucros maiores e precos mais baixos operando de outra maneira.
Essas pessoas ate podem estar certas, e se convencerem outras disso, podem reunir capital para conquistar o mercado. Michael Dell superou a IBM com uma empresa que abriu com o enorme capital de 1000 dolares.
Mas e evidente que em geral as pessoas nao compreendem bem o complexo de fatores que atuam na gestao empresarial de um determinado tipo de servico, e por isso tiram conclusoes precipitadas sobre como eles poderiam funcionar.
O pior e que as opinioes e pitacos desses desentendidos encontram eco no poder politico, que toma decisoes para todas as empresas baseadas simplesmente em achismos baratos.
Isto é apenas uma saída. Há outras menos pretensiosas ( não que pretensão seja algo pejorativo, mas seria meio utópico imaginar que todo mundo é um empreendedor ou empresário viável).
Ninguem assina nenhum contrato dizendo que tera que manter relacoes sexuais mesmo quando doente, ao se casar. “[…] na saude e na doenca …”, no meu entender, tem outro significado.
Não e sim. Casamentos que não se consumam podem ser revogados.E tem mais riscos e responsabilidades. É enfrentar o que vier. É como uma amiga minha. Casou, engravidou em seguida e ganhou a filha. Com 8 meses de vida, a menina precisou ser internada com pneumonia. O cara estressou e saiu de casa enquanto ela dormia com a filha no hospital. Era um contrato tácito. Quebrado. E com conseqüências danosas. Cadê o investimento? Excasseou derepente?
Veja bem, embora possa-se julgá-lo um canalha, é preciso se eximir deste julgamento aqui. Ele teve os limites deles e o contrato se rompeu. Ninguém previa que uma daquelas partes iria achar insuportável levar aquele "contrato" só até a primeira distorção do que parecia ser um artigo banal: um bebê doente.
Mas ai eu posso me apoderar da sua analogia com relacionamentos, e dizer que o Mercado e livre: eu posso tentar negociar com uma garota de leva-la para cama, e se ela nao topar posso partir para outras, ou posso colocar uma arma na cara dela se ela nem as outras toparem.
Nem eu disse que pode. Era apenas como se processa um contrato em cima de renegociações viáveis. Abandonar mulher e filho não parece ser. Ele poderia ter pensado em contar a ela que estava se sentindo sozinho e estressado, com um bebê pequeno doente em plena lua de mel ainda...Mas ela sentia as mesmas necessidades. Arcou sozinha. Quem sabe um Estado ( terapeuta de casal, amigos ou parentes, ou um calmante na veia)?
E exatamente isso que ocorre quando voce fala de “apelar para instancias legais”. Ninguem esta querendo prestar o servico que voce quer da maneira que voce quer pelo preco que voce quer, e por isso voce tenta forcar atraves da violencia politica. Isso nao e livre mercado.
Acho que já expliquei mais do que o suficiente. Violência política é ooooooutra coisa, beeeeem diferente.
Acontece que o direito de insatisfacao deve existir apenas quando algum termo contractual nao for cumprido, nao quando voce, depois de aceitar o contrato e seus termos, achar que pode extrair uma vantagem ainda maior se apelar para o Estado.
Errado, porque engessa a evolução em todas as suas premissas. Contrato é relativo. Há alterações em contratos retroativos, em contratos com vigência transitória, em contratos futuros e por aí vai. Não se fecha questão assim. O mercado merece mais do que isto.
O Estado nao deve funcionar como brutamontes de mafiosos, conseguindo o fechamento de contratos na base da forca bruta. Nao e assim que funciona o mercado libre, e exatamente o oposto.
Já entendeu né? Não preciso nem comentar isto aqui.
Pelo amor de Deus, Apo, NAO.
Voce pode exigir, enquanto parte da demanda. As marcas de sabao em po melhoraram ao longo do tempo nao porque o Estado defende os pobres, mas pela competicao pelo mercado de pobres que compram sabao em po.
E quem disse que é por força do Estado, cabeção? Quem disse que há defesa dos pobres neste processo? É o mercado todo. Há uma demanda usando o Estado ( como amparo legal) para que as embalagens e conteúdo sejam normatizados, mesmo que para isto, a tecnologia e as diretrizes estejam nas mãos de ABRINC, ABTN e outros. Mas negar que exista amparo legal para tal é estranho.
Apelar para o Estado impedir certos contratos como forma de melhorar as condicoes unilateralmente e apenas uma forma de brutalizar a oferta. O Estado nao deve servir a esses fins. Ele nao e um mafioso a quem voce recorre. Ou pelo menos nao deve ser.
É. Não deve mesmo. E nem defendo isto. Interne-me quando eu defender.
Dizer que isso e o livre mercado e invertir completamente o seu sentido.
Não é inverter, não. É agregar, usando o Estado quando necessário. Mas não precisa. É só quando necessário. De outro modo, ele deve ficar ali plantado, esperando ordens.
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Claro que nao, e a unica interpretacao possivel da livre associacao de individuos para realizacao de trocas mutuamente vantajosas, que caracteriza o livre Mercado.
Nem sempre é mutuamente vantajosa. Às vezes penaliza um lado, às vezes outro. Sentemos para negociar. Talvez não dê em nada. Mas o bom senso pode prevalecer. Seja lá qual o veredicto.
Se eu contrato uma TV a cabo e porque eu acho que o servico recebido vale mais que o preco pago. Se eu nao achasse isso nao contrataría. Entao eu nao estou sendo lesado, a nao ser que eu contrate o servico e nao o receba corretamente.
Não. Muitas vezes estamos pagando e pensando que seria mais viável, mais lucrativo para todos se outro formato mais inteligente passasse a ser proposto. Isto é sempre conversa corrente em mercados dinâmicos.
O Estado nao tem que se meter, exceto no ultimo caso.
Não sei o que seria o último caso prá você. Para mim, o mercado decide se é o caso ou não. Em casos ultimíssimos, deve agir sempre, e não se esquivar.
Isso vai depender do que foi acertado previamente entre voces. Se ele disse que voce teria o direito de nao pagar se nao gostasse, tudo bem. Se ele exigiu pagamento previo e voce confiou nas suas habilidades, e nao gostou do resutado final, voce assumiu um risco e se ferrou.
Isto SE foi acordado assim. Nem todo risco é previsto. Mas no caso da TV, não é risco, é apenas quebra de paradigma. Tipo: será que não é melhor para as duas partes que algo mude um pouco? Quem sabe eles não faturariam mais, com isto, haveria expansão de mercado para outras classes? Quem sabe a necessidade de expansão imediata possa reverter em um prazo médio numa outra forma de negócio diferente? Quem sabe....muita coisa.
Agora se a coisa nao ficou bem acertada desde o comeco, ou se uma das partes se recusar a aceitar os termos pre-definidos, ai temos um problema, que pode tentar ser negociado por ambas as partes tambem, ou ser levado a justica, que tentara fazer a melhor avaliacao possivel.
Hermético, engessado, marasmo mercadológico. Atraso.
De novo, vale o que eu escrevi logo acima.
(Quanto à incapacidade dos pintores que a Arquiteta me indicou)
Mas posso apelar para o Estado? Posso. Se houvesse alguma empresa por trás destes incompetentes, taais contratos simplesmente seriam considerados rasgados. Mas como tudo é discutível, precisa ser comigo mesmo a conversa.
Acontece que não há muito para onde correr. É um pior do que o outro. Então...paciência na negociação. Ou...lei neles. Perdas e danos e blablabla.
Sim, mas ai o proprio contrato ja fixa a observacao dessas normas, o que permite uma avaliacao menos subjetiva.
Fixa nada. É tanto detalhe que estas coisas nem passam pela cabeça. O cara nem sabe o que é ABNT. E muitas vezes o contratante também não. Você só descobre quando o problema aparece. Infelizmente é assim. E há falácias, não é? Milhares delas. A arquiteta que detonei aqui, usava várias:
- Mas eu sempre fiz assim e nunca deu problema.
- Mas na casa do fulaninho ( que tem bastante grana) nunca tive reclamação.
- Mas esta marca sempre foi usada assim, só se mudou agora...
- Mas o pintor me disse que pode ser feito assim...
E haja inversão de ônus!
Mas Apocaliptica, entao voce nao esta entendendo o que eu estou falando.
Se houve quebra de contrato, e evidente que voce pode acionar a justica. Mas se o contrato nao garantía satisfacao do cliente, voce nao pode entrar na justica apenas por conta da sua insatisfacao, voce precisa provar que o contratado nao trabalhou o numero de horas combinados, nao fez o que havia prometido e com os recursos que havia requisitado.
Entendi perfeitamente. Você que não está entendendo que contratos são armas frágeis e passíveis de interpretação, manipuláveis e principalmente suplantáveis por uma série de variáveis de mercado. Pode ser que durem e tenham vida longa. Pode ser que precisem ser revistos. Como Constituições. Não com decretos e medidas provisórias, mas com diálogo por demandas.
Agora se ele decorou sua sala de estar e voce achou o resultado final de mal gosto, isso e culpa sua por ter confiado o trabalho a tal arquiteto. A justica nao serve para garantir a satisfacao dos consumidores, muito menos o preco que eles pretendem pagar.
Não funciona assim. Há todo um processo de brainstorming, anamneses, papo furado, mais ou menos papo técnico e psicológico. Há também níveis de conhecimento de ambas as partes. Muitas vezes um dos lados erra feio, ou nas escolhas, ou na confiança depositada no outro. Mas além de satisfação pessoal, há perdas embutidas que ocorrem durante o processo. Muitas você só se dá conta depois, porque o papel permite tudo. São dissonâncias cognitivas. Não tem jeito.
E se instala um diálogo inviável depois de determinadas tentativas de acerto civilizado. O desgaste esgota possibilidades. Ou você avalia que insistir é mais penoso para o processo e o resultado final e manda andar a fila, ou você segue apostando, tira daqui , joga ali, compensa e tal.
Nestas horas, o contrato é só um papel com diretrizes tão gerais que seria preciso um século para que ele previsse todas as fases e riscos da reforma.
Nesse caso sim, pois houve falha num servico definido por contrato. O que nada tem a ver com o caso dos pontos adicionais, onde o contrato e para um ponto apenas de decodificacao de sinal.
Nada precisa ser para sempre. E nem sempre previsível em contrato. De novo, não sou a favor de gatarias. E sim de acertos civilizados.
Existem instituicoes que possibilitam a existencia do mercado. Propriedade privada, a liberdade contratual, o imperio das leis.
É isto mesmo. Possibilitam, mas não engessam. Ou não devem engessar.
Voce mesma disse que se a falacao da midia criar uma opiniao publica consensual o Estado deve rever essas instituicoes.
Sim.
Ou seja, se a midia convencer o publico (seja la o que quer dizer convencer o publico aqui) que e roubo cobrar pelo ponto adicional, o Estado tem o direito de definir que o comercio de TVs por assinatura nao podera ser feito dessa forma.
Cabeção...não é mídia monstro perverso. É a mídia natural, qualquer forma de que se apropria a soociedade para fazer ouvir sua voz. Se há um onbudsman do lado de lá da linha ( honesto e não fake), ele será o canal direto desta satisfação ou insatisfação. Mudam os meios, mas as coisas acabam aparecendo. Pode ser mídia boca-a-boca, somado ao chá das senhoras da Igreja, mais a gurizada da pelada, mais o Círculo de Pais e Mestres da escola, mais a passeata de uma organização de bairro, o jornalzinho de bairro e a grande mídia. Tudo forma consenso ( ou não).
Isso nao e nem um pouco diferente de se o falatorio da midia convencer o publico (de novo, sem explicitar o que isso quer dizer realmente) de que o Movimento dos Sem Terra esta certo, o Estado deve abolir a propriedade privada rural.
Aqui não há mercado. Não há contrato e nada que legitime uma invasão. E há o fator agressão, invasão e barbárie. A "mídia" não toleraria isto e é tal realidade tem sido evidenciada todos os dias.
De novo, seria como a analogia com a gataria. Não é este o nível da negociação.
Quem te disse que o Estado deve te server? Voce e a reencarnacao de Luis XIV, ou algum despota?
O Estado deve servir as instituicoes fixadas na Constituicao, nao aos individuos. Essas instituicoes existem para que os individuos sejam soberanos de si mesmos, e nao vivam as custas dos outros.
Cabeção: As instituições fixadas na Constituição englobam mercado, que é constituído por pessoas, que votaram em representantes para elaborá-la e que pagam impostos. O Estado não faz sentido por si só. A Constituição não surgiu do cosmos e nem segue as mesmas regras para todas sociedades. E muito menos deve ser eternizada.
Viver às custas uns dos outros é a tal gataria. Não é disto que estou falando. E nem vou repetir mais isto de novo, já enjoei.
A sua definicao de Estado e exatamente aquela que muitas pessoas adotaram, tanto ontem como hoje, e que so levou a miseria. Leia na minha assinatura, Bastiat foi um dos primeiros homens de genio a observar essa natureza do Estado tal como mecanismo no qual todos se valem para explorar e viver as custas de todos.
Em que tipo de organização social e sistema? No meu modo de ver o capitalismo "usando" o Estado ( no mais bom sentido), não.
Isso e absurdo na sua propria essencia, e dispensa maiores explicacoes.
Evidente.
Voce se cofunde, e mistura verdade com mentira, fatos com engodo ideologico.
É? Estou aberta a esta crítica. Vamos ver.
Primeiro, “o mercado nao e livre ate nisso”, o que voce descreveu e exatamente um fenómeno de mercado obstruido pelo Estado, logo, dizer que tal fenomeno caracteriza um livre mercado e um contra-senso enorme.
Seria, na sua tese sobre a minha visão. Mas apenas parcialmente, caso usufruíssemos dele apenas em nosso benefício, sem senso de justiça algum.
Segundo, voce pode negociar com acougueiro, e justamente disso que eu estou falando, de pessoas negociarem entre si. E voce pode processar o dono do supermercado por vender produtos fora do prazo de validade, ou fazer uma denuncia a vigiliancia sanitaria ou ao orgao responsavel.
Mas nada te autoriza a processa-lo por “praticar preco abusivo” pois esse conceito nao existe.
Posso denunciá-lo, sim. Além de virar as costas para ele. É como um posto de gasolina ou como um médico que cobra extra por atendimento do SUS. O Estado junto ao mercado, participante.
Preco e uma quantidade de dinheiro fixada por um comerciante que dispoe de um produto para o qual existe uma oferta. Ele e o dono do produto antes de vende-lo, e desde que nao tenha se servido de nenhum privilegio legal ou de meios criminosos para obte-lo, pode fixar o preco que quiser, sendo que tera que arcar com a reducao da demanda caso o preco fixado seja alto demais.
Isto em condições de oscilação suportáveis. Se houver uma crise naquele mercado específico, e ele insistir ( porque é o único no bairro, porque as pessoas não tem como comer outra coisa), a sociedade consumidora pode denunciá-lo.
Mas isto são extremos. Vamos voltar ao chão.
O Estado nada tem que se meter, ele ja causou o problema ao embargar a carne bovina estrangeira. Se ele fixar precos no mercado de frango, o que vai acontecer e simplesmente desaparecer a oferta desse produto. E fato simples e cristalino, que se repetiu diversas vezes na historia do nosso e de outros paises e se repete ate hoje.
O pão tem seu preço fixado. Qual o problema? Tem quem tente burlar o controle, sem o consumidor se dar conta ( gramas aqui, gramas ali...).
Nao, isso e uma lei irrevogavel dos custos. Se o Estado indexa o preco de um produto no preco de outro, o que forcosamente ocorrera e que ou o produto com maior custo desaparecera, ou o preco do produto de menor custo aumentara.
Não sou a favor de indexações. Mas pode ser necessário temporariamente ou quando o produto final depende de commodities, por exemplo.
Vejo que o seu problema e nas definicoes, nao nos raciocinios.
Voce parte de definicoes estranhas de mercado e livre mercado, de Estado, de contrato, de justica. Nao e estranho entao que suas conclusoes sejam viciadas nessas definicoes.
Na verdade, as definições de escolas nem sempre se adequam à realidades esdrúxulas. Por isto parecem estranhas. Tenho os pés no chão neste assunto, e não nos bancos acadêmicos. Estou falando de Brasil, não sei se de algum outro lugar.
Nao tenho tempo para explicar para voce o que cada um desses elementos querem dizer, mas devo deixar claro que o Mercado nao e uma entidade coletiva, nem existe uma situacao de mercado a ser avaliada coletivamente para que o Estado decida se um contrato e justo ou nao.
Não precisa. Sou oriunda de escolas de marketing e administração aplicada ao mercado. O que vejo é teorias variadas, oriundas de mercados diversos, com culturas diversas. Mas nem sempre se consegue juntar alhos e bugalhos. O que mais tem aqui no Brasil é especialista em economia e em mercados. Não se entendem.
Numa sociedade como a nossa, onde se confunde capitalismo com abuso do poder do dinheiro e vitimização do menos esforçado, certas leis ( princípios, teorias )precisam ser revistas, inclusive as de mercado. O Estado manda demais onde não deve, e é omisso onde deveria estar presente, não prepotentemente, mas prontamente.
Esta discussão é interessantíssima. Mas não vejo princípios mercadológicos de palestrantes mundialmente famosos batendo com o mercado brasileiro. Temos coisas paradoxais aqui.
O mercado e o conjunto das acoes individuais, e ele e livre na medida em que as acoes individuais sao livres. Tudo que o Estado faz e obstruir por leis determinadas acoes e possibilidades de associacao entre individuos. Isso pode ser uma forma de “modelar o mercado” ou “flexibilizar”, mas isso e o exato oposto de um livre mercado que se ajuste de acordo com as acoes das pessoas.
Isto é muito bonito na teoria de um mercado moderno e ideal. Mesmo assim, prefiro o Estado a serviço do mercado e cúmplice de seus movimentos, do que armando por baixo dos panos.
Mas o Estado nao e nosso capanga. Alguns políticos querem fingir que sao, que podem nos fazer “favores”, como os antigos mafiosos da Sicilia. Mas todo favor que fazem, fazem as custas dos outros.
Posso estar utopizando a relação entre mercado e Estado. Mesmo assim, está longe de ser um capanga ou testa de ferro. Não é para ser usado, ou usurpado, ou relegado a um segundo plano. O que se precisa e envolver mais o mercado com as possibilidades encontradas num Estado representativo deste mercado. Seria comunismo ou socialismo, se fosse uma única lei e uma uniformização. Mas não é isto que penso: são várias demandas e várias possibilidades de renegociação. Quando houver consenso sobre abuso e uma rua sem saída, o Estado pode dispor de ferramentas para reorganizar algumas diretrizes. Eu me sinto mais segura comprando pão a quilo do que pão cada dia de um tamanho, peso e de acordo com o humor do padeiro.
Se o Estado instaura uma situacao onde um lado e explorado se sente explorado pelo outro, a única forma dele conseguir que o lado explorado nao se rebele e presionando-o violentamente a colaborar. E isso o que acontecía nos regimes socialistas da Alemanha, da Russia, da China e etc.
Não precisa me dizer. Não quero que seja instaurado nada. Apenas que se tenha uma mesa ( forum) comum de negociação. Não é papo socializante isto. É custo-benefício mesmo.
O Estado nao deve estar ai para te servir, os políticos nao devem ser votados segundo suas promesas de privilegios e vantagens exclusivas para grupos de pressao. O Estado deve existir para conservar o ambiente institucional no qual as proprias pessoas procuram extrair o máximo de vantagens para si, colaborando com os demais no Mercado.
As palavras " privilégios e vantagens" estão fora do contexto a que me refiro.
Extrair o máximo de vantagens é gataria igual. Não é coerente com "colaborando com as demais".
É o oposto do socialismo e por incrível que parece, mostra como funcionava um fila de pão na Rússia Comunista.
Sim, tudo a ver. Voce acha que os politicos devem estar a sua disposicao para obedecer as suas reivindicacoes de privilegio, mas pensa que o mesmo nao e valido para sem terras e para os que pedem bolsa miseria ou cotas universitarias.
De novo, nada a ver comigo isto! De onde tirou estas coisas? Sou contra privilégios. Muito menos advindos do Estado como senhor de seus próprios interesses ideológicos e mais nada!
Eu nao estou dizendo que voce deva continuar pagando se uma lei de proibicao de cobranca de pontos extra passar a vigorar. Isso e ser estúpido e idealista, e dar murro em ponta de faca.
Mas defender que essa lei e um direito seu, e que o Estado deve se preocupar em te conceder tais privilegios e absurdo.
Viajando demais, cabeção...Parece que está falando com algum representante de minoria vitimizada pelos erros do passado. Mas naaaaada a ver.
Mas o mercado nao e a senhora, sozinha, absoluta.
O mercado e a senhora e a compania de TV a cabo. Nao tem porque o Estado servir a voce e nao servir a eles. Principalmente nesse caso onde, se a negociacao nao funcionar, as duas partes podem ir cuidar das suas vidas e simplesmente nao firmarem nenhum contrato.
E quem disse que sou EU? EU é o nicho de mercado! EU é aquela fatia de consumidores E a prestadora de serviço. Que papo é este de individualizar? Tá vendo uma literalidade no EU? Não é nada disto.
De novo, o mercado nao e voce. O mercado nao e alguem com vontade, mas a manifestacao de diversas vontades individuais, algumas delas conflitantes, outras nao.
Cansei.
E a empresa cobrar por um servico nao e “a coisa da(ndo) errado”. E a simples realidade de que nao se conseguira a prestacao de tal servico de graca, porque ninguem quer faze-lo.
Eu não estou defendendo a gratuidade. E não estou pensando em mim. É estranha esta tendência aqui no RV de achar que o pensamento de uma pessoa se refere à ela apenas. É como achar que defendo que um carro deva ter 8 lugares sem que eu ao menos dirija ou tenha carro. Apenas tenho uma opinião sobre o mercado de carros para famílias grandes. Não posso? Não tenho 8 pessoas na família, mas penso coisas hipótéticas sobre um nicho de consumidores com 8 pessoas por família.
E mesmo que uns quisessem faze-lo, isso nao diría nada sobre outros. Algumas pessoas programam de graca e distribuem gratuitamente e livremente suas criacoes para outros usarem e alterarem.
Isso nao forcara outras pessoas a fazerem o mesmo, exceto se elas mesmas considerarem essa a forma mais vantajosa de trabalhar.
E daí? Pode funcionar gratuitamente, pode funcionar como venda casada ( o que é considerado incorreto com o consumidor atualmente)e pode ser embutido em alguma promoção, pode ser mais 1 ou 2 pontos sem cobrança e os outros com cobrança Price. Podem ser um número enorme de possibilidades. Basta colocar a cabeça para funcionar.
Mas quem esta definindo o que e “funcionar a contento”?
O mercado. Uma força motriz que é dinâmica. E que tem voz própria. Basta abrir um site de reclamações contra a líder de mercado de colchões aqui. Só se encontra lojas deles em tudo que é esquina. Os caras têm uma das maiores redes de franquias do setor. A gente acaba cansando de procurar e acaba comprando deles. Alguns são novos consumidores, não sabem se é bom ou ruim. Não é sempre que é ruim,mas há muitos insatisfeitos. O site de reclamações mostra quantos insatisfeitos. Eu nunca tive problemas com os 2 ou 3 colchões que comprei deles. Então, quando 2 amigos reclamaram, ficou a minha impressão ( positiva) contra a deles( negativa). Depois comecei a falar com mais gente e vi de tudo. Abri o site e me defrontei com reclamações impressionantes. Resultado: não sei o que fazer. Tem lojas deles em tudo que é esquina, meus 2 colchões não deram grandes problemas, o concorrente principal já me deu dor de cabeça ( e de coluna) e eu não sei se devo apostar ou não. É uma opinião se formando. É minha, mas faz parte do todo.
Se para a empresa esta bom, e para o cliente esta bom; porque diabos voce, externa a essa situacao, pode dizer que nao ha funcionamento a contento?
PUTZ! NÃO SOU EU! É O PRÓPRIO MERCADO. EU NÃO SOU BOSTA NENHUMA!
Caso nao estivesse bom para uma das partes, a outra teria que rever. Pois a empresa depende do cliente, e o cliente quer os servicos da empresa.
Sim, e é isto que os consumidores estão querendo que a empresa faça, pois demonstram insatisfação.
Uma ansia genuina do mercado e respondida por uma empresa que atenda a essa ansia. As pessoas, dispostas a comprar um tal servico, migrariam rápidamente para essa empresa caso ela o fornecesse.
Que ela surja, então. Enquanto isto, pressionamos a que temos e que não sentou ainda para discurtir. Mas pode ser que esteja tão disposta quando o seu cliente. Simples.
Agora se essa empresa nao conseguir clientes suficientes, ou se falir por conta dos altos custos e baixo lucro, revela-se entao que ansia do mercado nao era tao grande assim, e que havia um motivo claro para as outras empresas nao estarem prestando tao aguardado servico.
Isto é um dos finais da novela, escrito por você antes de se sentarem à mesa de negociações.
Isto é final da novela, previsto por você antes de sentar à mesa de negociação.