Apocaliptica escreveu::emoticon8:![]()
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Perdi...tópico excelente e série excelente.
Continuo não entendendo porque o cristianismo seria responsável pelos valores aqui citados. Não existiam piedade, empatia, remorso e compaixão antes do cristianismo? E depois dele? Quem não é criado na moral e valores cristãos é incapaz de tais sentimentos? E o mundo não cristão? Também não entendo - e não concordo - com a "religiosidade sincera" se ela for baseada nestes preceitos que não sejam apenas o das perguntas e dores da perda da existência acerca de si mesmo e dos outros seres amados, mesmo aqueles que amamos por serem humanos, não apenas a esposa ou filho , enfim...
Bom, vou dar uma olhada no próximo domingo.
Este que é o ponto, a idéia de amar alguém apenas por ser humano é intrinsecamente cristã.
A idéia, não necessariamente a prática, bem entendido.
Piedade, compaixão, empatia, remorso e compaixão existiam antes do cristianismo, mas como sentimentos pessoais, não como entidades claramente definidas por uma cultura institucionalizada ou por um sistema filosófico.
Os gregos antigos, por exemplo, desenvolveram os conceitos de BEM e justiça, mas não viam nada de mal ou injusto em os gregos escravizarem outros povos.
A moral e a filosofia cristã construíram um meio de expressão inteligível dos sentimentos altruístas que os humanos empaticamente mantinham entre si, mas não tinham como comunicar ou transmitir por falta de uma codificação filosófica que lhes desse um caráter social.
Ou seja, antes do cristianismo os sentimentos citados eram percebidos individual e intuitivamente, sendo que depois se tornaram passíveis de ser percebidos social e racionalmente.
Note que se trata de um processo longo, que se inicia séculos antes da fundação da religião cristã – com os filósofos gregos e os profetas judeus - e termina séculos depois – com a filosofia cristã medieval Escolástica e Tomista, no qual o simbolismo religioso serve como uma espécie de argamassa entre as filosofias e culturas agregadas no período para formar os valores da civilização ocidental.
Assim, não é que a religiosidade individual dos romanos fosse mais ou menos sincera ou mais ou menos desprovida de valores, o problema é que estas sinceridades e valores que existiam no indivíduo não dispunham de meios para se expressar na sociedade, daí o simbolismo cristão do homem prisioneiro em si mesmo, que é libertado pela verdade.