Acauan escreveu:O problema está no "imagino que foi isso que o Gikovate quis dizer".
Notou que ele faz afirmações, previsões e recomendações taxativas, cheias de autoridade, sem deixar claro no que as embasa?
Foi uma entrevista onde ele deu sua opinião, baseada em suas reflexões e experiências pessoais. Pode ser que ele esteja certo ou errado. Qual o problema nisso?
Acauan escreveu:O método psicanalítico parte de uma teoria geral, com a qual analisa relatos, tira conclusões particulares e do conjunto tira conclusões gerais.
A confiabilidade destas conclusões gerais pode ser medida quando lembramos que as teorias gerais usadas em psicanálise nunca foram provadas cientificamente, que os relatos no geral provêm de pessoas confusas quanto aos próprios sentimentos (por que outro motivo consultariam um analista?) e que nunca foi demonstrado um vínculo claro entre conclusões gerais e resultados reais – o crivo da previsão.
Em outras palavras, Gikovate é um palpiteiro que quer reescrever os anseios da alma humana a partir das papagaiadas que ouve das dondocas dos Jardins e das patacoadas que vêm das leitoras de Contigo.
Pode ser que tudo dito por ele seja falso, ainda mais se tratando de uma análise tão subjetiva. Se você reparar bem, Gikovate não possui um grande vínculo pela psicanálise. Muitas de sua opiniões são claramente contrárias a alguns postulados psicanalíticos.
Ele, por exemplo, acredita que mais ou menos metade das pessoas não possuem superego, algo inaceitável sob à ótica psicanalítica. Quem está certo ou errado? Sei lá! É uma questão subjetiva, mas interessantíssima como exercício de reflexão. Ao menos para mim...
Acauan escreveu:Resumindo os conselhos dele, se o amor romântico cria expectativas que no geral não são atingidas, levando ao fracasso e infelicidade nos relacionamentos, então devemos abaixar nossas expectativas para níveis mais medíocres e adaptar nossos relacionamentos à esta mediocridade.
Mais ou menos como consolar o alpinista que não conseguiu escalar o Everest recomendando que suba ao topo do Pão de Açúcar usando o bondinho.
Hum...não vejo dessa forma. Nem faço idéia de como você tirou essas conclusões!
Sinceramente, Acauan, considero você brilhante nos mais variados assuntos, mas parece tropeçar bastante quando se trata de questões mais subjetivas.
Quando era pequeno, por exemplo, tinha expectativa de que poderia um dia voar que nem o super-homem. É claro que não espero mais isso, pois não é possivel. Segundo seu raciocínio tive que conduzir minha expectativas para um nível mais mediocre, como se ter falsas expectativas fossem sinais de elevação ou superioridade.
Gikovate também não pareceu ser contrário ao amor-romântico. Apenas questionou a maneira como ele é tradicionalmente compreendido. Se existem expectativas no amor-romântico que soam falsas, parece-me interessante repensar sobre o tema e conduzí-lo para um plano mais realista e saudável.
Acauan escreveu:A história do amor romântico na cultura ocidental, como descrita na alta literatura, não é a negação ou sacrifício da individualidade, mas a superação da individualidade em favor de um ideal de realização mútua entre homem e mulher, muito mais difícil de construir do que uma rotina individual de satisfação cotidiana, mas por isto mesmo com potenciais muito superiores a esta.
Sim, mas e na prática?! Alguma vez funcionou!?
Acauan escreveu:Dizer que só 5% das tentativas dão certo, logo devemos escolher objetivos mais modestos, é o cúmulo do derrotismo, já que se 5% dão certo, temos a prova de que pode dar certo e então tentar compreender os reais motivos de porque não se dá e corrigi-los.
Nossa..nossa...você leu muito rápido, Acauan!
O que ele quis dizer é que uma relação pautada em pessoas diametralmente opostas é muito improvável de dar certo. Os opostos se atraem, mas não se combinam. E a maioria dos casais (quase todos) são assim: um mais estourado e egoísta, outro mais calmo e generoso.
É por isso que não funciona! É como a relação de um parasita com um hospedeiro! O parasita abusando e sugando de um hospedeiro generoso. O generoso, pobre coitado, sempre cedendo e se desgastando demasiadamente com isso. São relações onde não existe uma troca saudável.
Os casos onde se é possível dar certo são as relações baseadas em afinidades, geralmente entre duas pessoas tolerantes e sensíveis. Relações assim, infelizmente, são as mais raras.
Acauan escreveu:Esta é a verdadeira individualidade fundamentada no auto-conhecimento, a que nos leva a aprender com nossos erros e buscar melhorar nossas vidas e não a sugestão de reduzir nossas vidas à uma dimensão compatível com nossos erros.
Acauan...com todo respeito...mas você viajou completamente...
"Três paixões, simples mas irresistivelmente fortes, governam minha vida: o desejo imenso de amar, a procura do conhecimento e a insuportável compaixão pelo sofrimento da humanidade." (Bertrand Russel)