Argumento Kalam.

Fórum de discussão de assuntos relevantes para o ateísmo, agnosticismo, humanismo e ceticismo. Defesa da razão e do Método Científico. Combate ao fanatismo e ao fundamentalismo religioso.
Avatar do usuário
Fernando Silva
Administrador
Mensagens: 20080
Registrado em: 25 Out 2005, 11:21
Gênero: Masculino
Localização: Rio de Janeiro, RJ
Contato:

Re: Argumento Kalam.

Mensagem por Fernando Silva »

Sócrates escreveu:
Fernando Silva escreveu:E o que prova empiricamente a existência desta Causa Primeira Não Causada?
O que faz com que ela passe de especulação vazia a realidade comprovada?

Segunda Lei da Termodinâmica + Cosmologia do Big Bang + Princípio Antrópico.

A Segunda Lei da Termodinâmica apenas descreve o que vemos no atual universo, nas condições atuais. Em nível subatômico, ela deixa de se aplicar. E também não tem aplicação fora do universo que conhecemos.

A cosmologia do Big Bang é uma das explicações possíveis para a expansão do universo. Há uma teoria que diz que o universo apenas oscila, sem se compactar inteiramente. Seja lá como for, não sabemos o que havia antes da explosão. Pressupor um deus requer evidências.

Quanto ao Principio Antrópico, é apenas uma manifestação da arrogância humana, um sobrevivente da época em que se achava que o homem era uma criação especial de Deus e que a Terra era o centro do universo.

Avatar do usuário
Fernando Silva
Administrador
Mensagens: 20080
Registrado em: 25 Out 2005, 11:21
Gênero: Masculino
Localização: Rio de Janeiro, RJ
Contato:

Re: Argumento Kalam.

Mensagem por Fernando Silva »

Sócrates escreveu:
zumbi filosófico escreveu:Se supõe-se que pode existir um "ser eterno e auto-existente, não causado", e isso é visto como necessário para explicar o universo, o mais parcimonioso é assumir que esse objeto é o próprio universo. E voilà, deus sumiu, sem fazer falta.

Extrapolação da navalha de Ockam.

O universo existe. Nós o vemos. Deus é uma entidade inventada para explicar o universo. É supérflua e apenas implica em se empurrar a questão com a barriga, sem respondê-la.
Que tal ficarmos só com aquilo que vemos?
Só espero que você não responda que também não vemos o vento...
Sócrates escreveu:Além disso,na teologia clássica,Deus é considerado absolutamente simples por ser um Espírito transcedente.

Disse tudo: "na teologia clássica".

Avatar do usuário
marta
Mensagens: 9656
Registrado em: 23 Out 2005, 01:40
Localização: São Paulo-SP

Re: Argumento Kalam.

Mensagem por marta »

Sócrates escreveu:
Azathoth escreveu:Oi, pensador

15 refutações do Argumento Cosmológico de Kalam, maioria por filósofos profissionais:

http://www.infidels.org/library/modern/ ... html#kalam

Com direito a todas as minúcias sobre infinitos atuais e matemática transfinita. Ver também o Apêndice B do Capítulo V de Logic and Theism de Jordan Howard Sobel.

Tchau, pensador



Sou eu mesmo :emoticon16: .Obrigado pelo material.


Putz! E eu que pensava que vc era irmão do Raí
:emoticon105: :emoticon105: :emoticon105:
marta
Se deus fosse bom, amá-lo não seria mandamento.

Sócrates
Mensagens: 9
Registrado em: 03 Jun 2009, 18:29
Gênero: Masculino

Re: Argumento Kalam.

Mensagem por Sócrates »

A Segunda Lei da Termodinâmica apenas descreve o que vemos no atual universo, nas condições atuais. Em nível subatômico, ela deixa de se aplicar. E também não tem aplicação fora do universo que conhecemos.


A nível subatômico,em uma eternidade de tempo, todos os prótons e elétrons teriam decaído.Ou seja,o fato do decaimento radioativo desmente o que vc disse sobre a Segunda Lei se aplicar apenas ao universo clássico.

A cosmologia do Big Bang é uma das explicações possíveis para a expansão do universo. Há uma teoria que diz que o universo apenas oscila, sem se compactar inteiramente. Seja lá como for, não sabemos o que havia antes da explosão. Pressupor um deus requer evidências.


A Ciência mainstream oficialmente postula o Big Bang como a tese padrão da cosmologia moderna.É uma teoria altamente corroborada por evidências empíricas,ao contrário de muitas de suas rivais.


Quanto ao Principio Antrópico, é apenas uma manifestação da arrogância humana, um sobrevivente da época em que se achava que o homem era uma criação especial de Deus e que a Terra era o centro do universo.



O Princípio Antrópico reconhece que a vida como conhecemos teve de seguir uma série extraordinária de variáveis altamente restritas ,o que subentende claramente um projeto.Se trata de uma tese respaldada por cálculos matemáticos e constantes antrópicas.

Avatar do usuário
Tarcísio
Mensagens: 237
Registrado em: 18 Out 2007, 00:22

Re: Argumento Kalam.

Mensagem por Tarcísio »

zumbi filosófico escreveu:Se supõe-se que pode existir um "ser eterno e auto-existente, não causado", e isso é visto como necessário para explicar o universo, o mais parcimonioso é assumir que esse objeto é o próprio universo. E voilà, deus sumiu, sem fazer falta.


Na verdade não. Impossível conter todos os atos perfeitos num mesmo corpo único universal e esse não sê-los em si mesmo. Não existe possibilidade de conceber a consciência, mas não ser consciente de forma perfeita nessa situação. É diferente do ser humano que julga conhecer sem ser. Como diz o ditado "só sabe quem sente na pele".

O real problema aqui é que não existe possibilidade lógica para que nós conheçamos tal consciência perfeita, o que sempre faz com que uma consciência atemporal/espacial pareça não existir.

Isso no ramo hipotético apresentado, obviamente.

Gorgeas escreveu:O Princípio Antrópico reconhece que a vida como conhecemos teve de seguir uma série extraordinária de variáveis altamente restritas, o que subentende claramente um projeto.Se trata de uma tese respaldada por cálculos matemáticos e constantes antrópicas.


Uma série extraordinária de variáveis altamente restritas corroborada por cálculos matemáticos não muda nada, apenas reforça o que sempre se soube, existem constantes. Acho que ninguém aqui vai negar a existência de constantes. As mesmas que podem através de uma organização caótica produzir Fernandinho Beira Mar, plutão, elétrons, Jesus e uma pedra.

No fim das contas, tanto faz colher amostras simétricas no reduzido universo de informações humano ou usar todo o universo como argumento, as constantes estarão lá e sempre dependerá muito mais de te parecer um projeto do que da ciência de ser um projeto.

Avatar do usuário
Fernando Silva
Administrador
Mensagens: 20080
Registrado em: 25 Out 2005, 11:21
Gênero: Masculino
Localização: Rio de Janeiro, RJ
Contato:

Re: Argumento Kalam.

Mensagem por Fernando Silva »

Socrates escreveu:O Princípio Antrópico reconhece que a vida como conhecemos teve de seguir uma série extraordinária de variáveis altamente restritas, o que subentende claramente um projeto.Se trata de uma tese respaldada por cálculos matemáticos e constantes antrópicas.

Não importa como fosse o universo: como é atualmente ou qualquer outra configuração.
Sempre haveria alguém para dizer que a vida como conhecemos blá-blá-blá.

Somos o resultado de as coisas serem assim e não o motivo de as coisas serem assim.
Somos consequência, não causa.
Até prova em contrário, não houve um propósito.

Avatar do usuário
Fernando Silva
Administrador
Mensagens: 20080
Registrado em: 25 Out 2005, 11:21
Gênero: Masculino
Localização: Rio de Janeiro, RJ
Contato:

Re: Argumento Kalam.

Mensagem por Fernando Silva »

Sócrates escreveu:
A Segunda Lei da Termodinâmica apenas descreve o que vemos no atual universo, nas condições atuais. Em nível subatômico, ela deixa de se aplicar. E também não tem aplicação fora do universo que conhecemos.

A nível subatômico,em uma eternidade de tempo, todos os prótons e elétrons teriam decaído.Ou seja,o fato do decaimento radioativo desmente o que vc disse sobre a Segunda Lei se aplicar apenas ao universo clássico.

Ela se aplica ao universo que conhecemos e mais nada.
Seria muita arrogância acharmos que conhecemos tudo. Nosso universo pode ser apenas uma bolha num oceano de universos.
Sócrates escreveu:
A cosmologia do Big Bang é uma das explicações possíveis para a expansão do universo. Há uma teoria que diz que o universo apenas oscila, sem se compactar inteiramente. Seja lá como for, não sabemos o que havia antes da explosão. Pressupor um deus requer evidências.

A Ciência mainstream oficialmente postula o Big Bang como a tese padrão da cosmologia moderna.É uma teoria altamente corroborada por evidências empíricas,ao contrário de muitas de suas rivais.

Continuamos sem saber o que havia antes do <nome da teoria aqui> e sem motivos para achar que havia um deus.

Avatar do usuário
Reid
Mensagens: 2057
Registrado em: 26 Dez 2008, 10:17
Gênero: Masculino

Re: Argumento Kalam.

Mensagem por Reid »

Fernando Silva escreveu:
Socrates escreveu:O Princípio Antrópico reconhece que a vida como conhecemos teve de seguir uma série extraordinária de variáveis altamente restritas, o que subentende claramente um projeto.Se trata de uma tese respaldada por cálculos matemáticos e constantes antrópicas.

Não importa como fosse o universo: como é atualmente ou qualquer outra configuração.
Sempre haveria alguém para dizer que a vida como conhecemos blá-blá-blá.

Somos o resultado de as coisas serem assim e não o motivo de as coisas serem assim.
Somos consequência, não causa.
Até prova em contrário, não houve um propósito.


concordo :emoticon45:

não só nos mas talvez tudo

sera q as coisas n podem apenas existir sem razao nenhuma e com isso haver consequencias? :emoticon26:

Avatar do usuário
mig....
Mensagens: 23
Registrado em: 07 Jun 2009, 19:53
Gênero: Masculino

Re: Argumento Kalam.

Mensagem por mig.... »

Segue uma refutação do argumento Kalam:


kalâm cosmological argument,
which is drawn from Islamic theology.15 The argument is
posed as a syllogism:
1. Whatever begins to exist has a cause.
2. The universe began to exist.
3. Therefore, the universe has a cause.
The kalâm argument has been severely challenged by philosophers
on logical grounds,16 which need not be repeated here
since we are focusing on the science.
In his writings, Craig takes the first premise to be self-evident,
with no justification other than common, everyday experience.
That's the type of experience that tells us the world is flat. In fact,
physical events at the atomic and subatomic level are observed to
have no evident cause. For example, when an atom in an excited
energy level drops to a lower level and emits a photon, a particle
of light, we find no cause of that event. Similarly, no cause is evident
in the decay of a radioactive nucleus.
Craig has retorted that quantum events are still "caused," just
caused in a nonpredetermined manner—what he calls "probabilistic
causality." In effect, Craig is thereby admitting that the
"cause" in his first premise could be an accidental one, something
spontaneous—something not predetermined. By allowing probabilistic
cause, he destroys his own case for a predetermined creation.
We have a highly successful theory of probabilistic causes—
quantum mechanics. It does not predict when a given event will
occur and, indeed, assumes that individual events are not predetermined.
The one exception occurs in the interpretation of
quantum mechanics given by David Bohm.17 This assumes the
existence of yet-undetected subquantum forces. While this interpretation
has some supporters, it is not generally accepted
because it requires superluminal connections that violate the
principles of special relativity.18 More important, no evidence for
subquantum forces has been found.
Instead of predicting individual events, quantum mechanics
is used to predict the statistical distribution of outcomes of
ensembles of similar events. This it can do with high precision.
For example, a quantum calculation will tell you how many
nuclei in a large sample will have decayed after a given time. Or
you can predict the intensity of light from a group of excited
atoms, which is a measure of the total number of photons
emitted. But neither quantum mechanics nor any other existing
theory—including Bohm's—can say anything about the behavior
of an individual nucleus or atom. The photons emitted in atomic
transitions come into existence spontaneously, as do the particles
emitted in nuclear radiation. By so appearing, without predetermination,
they contradict the first premise.
In the case of radioactivity, the decays are observed to follow
an exponential decay "law." However, this statistical law is exactly
what you expect if the probability for decay in a given small time
interval is the same for all time intervals of the same duration. In
other words, the decay curve itself is evidence for each individual
event occurring unpredictably and, by inference, without being
predetermined.
Quantum mechanics and classical (Newtonian) mechanics are
not as separate and distinct from one another as is generally
thought. Indeed, quantum mechanics changes smoothly into classical
mechanics when the parameters of the system, such as
masses, distances, and speeds, approach the classical regime.19
When that happens, quantum probabilities collapse to either zero
or 100 percent, which then gives us certainty at that level. However,
we have many examples where the probabilities are not zero
or 100 percent. The quantum probability calculations agree precisely
with the observations made on ensembles of similar events.
Note that even if the kalâm conclusion were sound and the
universe had a cause, why could that cause itself not be natural?
As it is, the kalâm argument fails both empirically and theoretically
without ever having to bring up the second premise about
the universe having a beginning.

THE ORIGIN
Nevertheless, another nail in the coffin of the kalâm argument is
provided by the fact that the second premise also fails. As we saw
above, the claim that the universe began with the big bang has no
basis in current physical and cosmological knowledge.
The observations confirming the big bang do not rule out the
possibility of a prior universe. Theoretical models have been pub
lished suggesting mechanisms by which our current universe
appeared from a preexisting one, for example, by a process called
quantum tunneling or so-called quantum fluctuations.20 The
equations of cosmology that describe the early universe apply
equally for the other side of the time axis, so we have no reason
to assume that the universe began with the big bang.
In The Comprehensible Cosmos, I presented a specific scenario
for the purely natural origin of the universe, worked out mathematically
at a level accessible to anyone with an undergraduate
mathematics or physics background.21 This was based on the no
boundary model of James Hartle and Stephen Hawking.22 In that
model, the universe has no beginning or end in space or time. In
the scenario I presented, our universe is described as having "tunneled"
through the chaos at the Planck time from a prior universe
that existed for all previous time.
While he avoided technical details in A Brief History of Time,
the no boundary model was the basis of Hawking's oft-quoted
statement: "So long as the universe had a beginning, we could
suppose it had a creator. But if the universe is really completely
self-contained, having no boundary or edge, it would have neither
beginning nor end; it would simply be. What place then, for
a creator?"23
Prominent physicists and cosmologists have published, in
reputable scientific journals, a number of other scenarios by
which the universe could have come about "from nothing" naturally24
None can be "proved" at this time to represent the exact
way the universe appeared, but they serve to illustrate that any
argument for the existence of God based on this gap in scientific
knowledge fails, since plausible natural mechanisms can be given
within the framework of existing knowledge.
As I have emphasized, the God of the gaps argument for God
fails when a plausible scientific account for a gap in current
knowledge can be given. I do not dispute that the exact nature of
the origin of the universe remains a gap in scientific knowledge.
But I deny that we are bereft of any conceivable way to account
for that origin scientifically.
In short, empirical data and the theories that successfully
describe those data indicate that the universe did not come about
by a purposeful creation. Based on our best current scientific
knowledge, it follows that no creator exists who left a cosmological
imprint of a purposeful creation.



Retirado de "God the failed hypothesis de Victor Stenger

Trancado